Mais que uma bruxa escrita por Favorite Girl


Capítulo 1
Não é mais ficção


Notas iniciais do capítulo

Primeira historia!! -Favorite



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/691587/chapter/1

Acordei com a luz do sol que vinha da janela me deixando cega. Sempre me arrependia de deixar as cortinas abertas durante a noite, mas na noite seguinte, lá estavam elas escancaradas. Me virei cobrindo a cabeça com o cobertor até que minha mãe o puxou de mim.

—Mãe!

—Eu já te chamei três vezes e essa é a última, se você não levantar vou sem você! Estou cansada disso, Bianca!

—Urgh.

Sentei e fiquei encarando a parede branca do meu quarto, deixei a mente voar até ver que realmente precisava me mexer. Fui e voltei do banheiro, coloquei me uniforme ao som de minha mãe gritando comigo novamente.

—Por que você simplesmente não levanta quando ela chama? - disse minha irmã quando me sentei pra comer.

—Porque eu não vejo ela me chamar, ué. Aliás, você também se atrasa de vez em quando, Mia.

—Mas não todo dia.

—Justo. - Ela se levantou para terminar de se arrumar e eu fiquei ali sozinha terminando meu café, que consistia em pão e chá.

No carro, fechei minha mente para qualquer conversa e me tele transportei para o mundo do mais novo livro que tinha pego na biblioteca. Era assim que eu me definia: leitora. Meu pequeno e pouco popular grupo de amigos era formado por leitores. Amava ler e por mais que lesse nunca me cansava, estava sempre pronta para começar uma nova leitura e tinha listas e mais listas de todos os livros que queria ler porém me faltava tempo para todos eles.

Cheguei na escola e logo saltei do carro, me despedindo da minha mãe e irmã e lhes desejando bom trabalho. Fui caminhando até minha sala e larguei a mochila junto ao pé da minha carteira, “mais um dia comum” pensei. Revirei meus cadernos para ter certeza de que tinha feito todas as tarefas em quanto ouvia as pessoas ao me redor conversando e rindo. Eu simplesmente não entendi o que poderia ser tão engraçado, mas, como sempre, ignorei o caso e voltei ao meu livro. Já era a terceira vez que lia Harry Potter e nunca ficava chato. A emoção era sempre a mesma e as descobertas eram sempre diferentes.

—Oi Bia – Me assustei com o cumprimento inesperado.

—Oi – Disse.

—Então, ainda lendo Harry?

—Não consigo parar! Queria que a autora escrevesse pra sempre, parece que a história acaba na metade. É frustrante!

—Ressaca?

—Sim. - Disse deitando a cabeça sobre os braços na carteira. - O que eu faço, Anne?

—Chorar sempre resolve. Se quiser posso te fazer chorar.

—Não, obrigada. Vou recusar a oferta.

—Você que sabe. - E ficamos assim, até que ela foi se sentar e me deixou ali, na pior.

As aulas e os professores vieram e foram, mas não consegui prestar atenção em nada mesmo com o maior esforço. Estava longe, voando. Até que não aguentei mais ficar ali sem fazer nada que valesse a pena e pedi para ir ao banheiro, dar uma saída me faria bem. Mas assim que abri a porta da sala percebi que minha ideia não foi tão boa assim. Todos os alunos mais velhos estava no pátio e eu teria que passar pelo meio de todos ele para chegar ao banheiro. Levantei a cabeça e fechei a porta atrás de mim, esperando que nenhum deles percebesse o meu desconforto.

—Olá – Disse um deles para me provocar, eles sabiam que nós detestávamos sair enquanto eles estavam lá fora, era vergonhoso. Para as meninas mais encorpadas era o momento de se exibir, para garotas normais como eu? Nos trancávamos dentro da sala.

—Olá? - Repetiu ele enquanto eu começava a andar. Ouvi risadas, mas não tive coragem de olhar para ver se era ou não de mim. Então fui até o banheiro e tranquei a porta antes que mais alguém pudesse me incomodar, odiava pedir para sair de sala sem calcular a aula que estávamos antes.

Lavei meu rosto e sai do banheiro, tendo o cuidado de fazer um caminho que não cruzasse com os mesmos meninos novamente. Entrei em sala notando que todos estavam quietos demais.

—O que deu? - Perguntei para a menina que sentava na minha frente, Camila.

—Você não viu?

—Não, eu estava no banheiro.

—Ah, é mesmo!

—Que conversa é essa que estou escutando? - Disse o professor olhando em nossa direção. Camila olhou para frente e continuou a falar entre dentes.

—A Anne e a Isadora brigaram.

—O que? Mas por que? - Sussurrei.

—Ninguém sabe. -Disse ela encarando o chão a seu lado para não precisar falar alto. -Elas só começaram a gritar uma com a outra do nada, então o professor tirou elas da sala.

—Ai céus – Disse dirigindo o olhar para duas fileiras a direita onde restavam apenas carteiras vazias. -Depois tenho que falar com elas, será que foi muito sério?

—Não sei, mas parece que foi fe…

—Agora já chega! Camila e Bianca, para fora!

—…io.

—Mais professor! - Disse

—Nem mais, nem menos. As duas, pra fora. - Senti uma espécie de fogo subir pelo me corpo e dei as costas pra ele com toda a força. Não sei como, mas, mesmo a dois metros de distância, ele foi jogado contra a parede sem que eu nem chegasse perto de tocá-lo. Peguei as minhas coisas e sai. Aquilo fora bizarro demais e me deixou um pouco confusa, mas não podia acreditar que tinha sido tirada de sala. Eu nunca era tirada de sala!

Fui até a secretaria e disse que não estava me sentido bem, o que não era totalmente mentira, então eles ligaram pra minha mãe e falei que estava passando mal e não conseguia mais ficar na aula. Ela estava vindo me pegar. Coloquei a mochila nas costas, fiz cara de doente e fui me sentar perto do portão para esperá-la. Peguei o celular e digitei para Anne: “Espero que a briga tenha valido a pena, fui expulsa de sala por perguntar oq deu para a Cami! Vc pode acreditar? To indo pra casa, fala pros profs que n tava legal. A gente se vê mais tarde, bjss.”. Guardei o celular novamente e fechei os olhos até que minha mãe buzinou pra chamar a minha atenção. Entrei no carro e encostei a cabeça na janela em quanto ela via se eu estava com febre, obvio que não estava e me senti mal por ela ter que sair do trabalho para ir me pegar, mas o que poderia fazer? Não ia aguentar ficar lá. Porem uma coisa me incomodava: o que exatamente tinha acontecido com o professor? Poderia ter sido só um desequilíbrio, mas parecia que ele tinha sido empurrado por uma mão invisível. Afastei esse pensamento e me concentrei na minha mãe, ela parecia estranha.

—Está tudo bem, mãe?

—Esta sim, é só que vou ter que voltar pro trabalho.

—Hm, mas você vai me deixar em casa não é? Queria deitar um pouco.

—Claro que vou. Nós vamos subir, vou te dar um remédio e você vai pra cama. Depois volto pra trabalho.

—Ok então. –E deixei por isso mesmo. Se minha mãe não queria falar, sabia que não adiantaria insistir. Eu era igual a ela psicologicamente, pois fisicamente não tinha nada dela nem do meu pai. Meu cabelo era castanho escuro, o deles era claro. Meus olhos eram castanhos, o do papai era verde e o da minha mãe era um caramelo. Era alta e não tinha muito corpo, eles eram mais baixos e por pouco não chegava ao meu pai e minha mãe parecia ter o corpo de uma modelo. Ressaltei todos esses pontos a minha vida inteira, tentava achar meu rosto no deles, porém sempre me frustrava até que desisti.

Chegamos em casa e pegamos o elevador para o decimo andar. Entramos em nosso apartamento, que era um pouco maior que o da maioria e logo me assustei por não ser recebida pela Amora pulando em nossos calcanhares. Ao invés disso ela estava latindo para alguma coisa em nossa sacada.

—Amora? O que houve? – Perguntei. Foi quando vi a linda coruja amarelada que repousava sobre o parapeito da sacada. Ela me olhou com a cabeça inclinada e esticou a pata, lá estava amarrado um envelope selado com a marca que eu tanto conhecia. Hogwarts. Peguei o envelope, maravilhada. O abri e lá estava meu nome com as palavras já decoradas na minha cabeça, porém, dessa vez, era o meu nome que estava lá e não o de Harry. Peguei o telefone e liguei para Anne, ela era a única que poderia ter mandado essa carta pelo site para mim. Enquanto isso alguém tocou a campainha e fui até a sala para falar que minha mãe tinha que abrir, eu estava no telefone.

—Alo?

—Anne! Como você fez isso?

—Isso o que, sua louca?

—A carta Anne! Como você conseguiu mandar? – Minha mãe abriu a porta e lá estavam dois homens com capas nos ombros e varinhas nas mãos.

—Senhora Miller? Precisamos conversar. – Disse um deles fechando a nossa porta com um aceno da varinha. Eu e minha mãe nos entreolhamos.

—Bia? – Desliguei o telefone.

Olhei para a carta nas minhas mãos e para os homens em minha porta. Aquilo não poderia ser real, os livros são ficção! Mas se realmente existia, eu era um bruxa?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mais que uma bruxa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.