O Garoto da Casa Verde escrita por Giihcoruja


Capítulo 3
Capítulo III




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No meio do ano quando eu já tinha meus 15 anos, meus pais me vieram dizer que estavam com uma condição econômica um pouco melhor e que agente iria se mudar para uma casa mais perto do centro da cidade, que consequentemente iria mudar de colégio. 

        Não fiquei muito feliz com a ideia por que as minhas fantasias provavelmente iram chegar ao fim, mas por outro lado estava feliz pelos meus pais, e talvez eu fosse para um colégio melhor, não que eu não gostasse daquele colégio, só que eu estava aberta a novas experiências.

        Com a ajuda de mais dois homens, ficamos dois dias encaixando as coisas e colocando nos caminhões de mudança. Não tínhamos muita coisa, então fazer isso não foi muito difícil. 

       Nos últimos meses meu pai tinha me convencido a acordar cedo, ir caminhar pelo bairro e pelos parques que era bom respirar novos ares, sair um pouco do meu quarto, ficar em "forma", como ele chamava aproveitado que eu era nova por que quando for  mais velha segundo ele será mais difícil, então naquele ultimo dia, acordei cedo com a saudade na ponta da língua sabendo que iria fazer isso pela ultima vez na minha vida naquele lugar que passei a vida  toda, aproveitei e fui a um parque com quadras perto de casa.

      Por alguma coincidência do destino ele estava caminhando e correndo ao mesmo tempo com o seu cachorro, lindo e grande era um Labrador branco, nunca tinha reparado que na casa tinha um cachorro, mas duvidava que por aparentar ser filhote era uma coisa recente.

        Assim que me encostei perto de uma árvore ofegante da caminhada, bebendo um pouco da garrafa de água que tinha nas mãos, ele se sentou em um banco, dando água para o cachorro e para si. 

Então aproveitei a oportunidade e me aproximei, sentando ao seu lado e passando a mão no cachorro que ficou todo alegre com o carinho, quase pulando em cima de mim, quando ele o afastou, então eu falei:

—Que lindo!

Sorri para ele e continuei acariciando o cachorro, então eu vi seus olhos brilharem de reconhecimento:

—Você é a garota que ganhou de mim no vídeo game ano passado!

Eu ri daquela observação, o senti rir também e falei:

—Bela lembrança que você tem.

E continuamos a rir, até que ele parou e respirou apenas dizendo:

—Você está indo embora não?

Eu parei de rir junto, suspirei, abaixei a cabeça, continuei a acariciar o cachorro, não queria admitir que por algum motivo sentisse algo por ele, então eu simplesmente, dei um pequeno sorriso torto e confirmei com a cabeça, então ele disse entre risos:

—Vou sentir falta de quando você me olhava pela a minha janela.

Assim que eu ouvi aquelas palavras, as minhas mãos que estavam no cachorro, foram para a minha perna e senti as bochechas da minha face se esquentarem de vergonha, não fazia a menor ideia que ele sabia, então num súbito segundo eu me levantei, apertei a sua mão formalmente de vergonha e simplesmente disse me afastando:

—Preciso voltar, para ir embora. Foi um prazer conversar com você.

Eu vi que ele ficou com semblante de que não estava entendendo coisa alguma, mas ele apertou a minha mão e por alguns segundos eu o senti passar os dedos com alguma espécie de carinho e me soltou dizendo:

—Foi um prazer, sentirei falta.

Eu o ouvi dar uma risadinha quando eu fui embora. 

Não sabia que aquilo tinha mesmo acontecido, parecia alguma ilusão de realidade.

Entrei em casa, me arrumei e fomos embora para a nova residência.

Estava eu vagando nas minhas memórias e nas minhas lembranças durante o caminho para a nova casa, o encontro que eu tive com ele lá no parque como as coisas podem acontecer e como que as coisas podem mudar, fiquei admirada com a forma como me tratou, sendo gentil e carismático comigo, como aquele sorriso poderia encantar a todos, ele não era um garoto de referências ou de personalidade forte, rígida pelo ao contrário seu semblante me trazia uma tranqüilidade transformada em paz, muito diferente do que se pode esperar de algum garoto que se goste ou admira, mesmo quando me causou constrangimento pelo meu ato, não foi algo que me deixou triste ou me colocou para baixo.

Certamente que gostava dele pela sua aparência linda e exótica de todos daquele bairro, que estava tão acostumada a freqüentar, mas sabia que tinha muito mais que isso, era como se guardasse dentro de si alguma espécie de mistério e que ao mesmo tempo tivesse a consciência e achava isso engraçado e debochasse sobre, mas sem ao menos saber o real motivo, era isso o que mais atraia atenção para mim ele tinha um carisma que me cativava sempre que eu conversava ou simplesmente o olhava.

                A pequena viaje só demonstrou que a distância até a nova casa era realmente muito curta, apenas nos aproximamos um pouco mais do centro da cidade, tento as mesmas ruas, os mesmos bairros, a única diferença era que para entrar na rua de casa se dava de frente ao novo colégio.

            Eu reparava na fumaça que fazia no vidro do carro com o bafo do aquecedor ou simplesmente com o bafo da minha boca, ao assoprar coisas bobas, mas as vezes reparava em algum casal que andava nas causadas, tentava desenhar como apenas um rascunho algum casal de namorados, alguma criança com seu balão de coração, algum senhor andando com sua bengala com dificuldade em atravessar a rua. 

                Assim que o carro passou em frente, só deu para ver o enorme prédio com vários andares, pintado de azul e com uma enorme quadra de esportes, pelas referências na entrada dava para se garantir que era um ótimo colégio.

                Ao entrar na nossa rua, dava para ver a larga rua que era, tinha varias árvores dos dois lados das causadas, pareciam fazer um arco se encostando, tampando um pouco do sol, fazendo uma adorável sombra.

                Apesar dos meus pais fazerem questão de uma boa vida, com uma confortável casa, eu realmente não me importava, conseguia sentir prazer nas pequenas coisas e adorava ver a beleza nos pequenos detalhes, como por exemplo, uma pequena flor azul com pequenas pétalas na nossa causada perto do portão, enorme de madeira. Dessa vez os meus pais tinham me surpreendido com o tamanho da casa, continha três andares enormes e um grande quintal me sentiam um pouco mal com o tamanho sentia que certamente iria me perder naquele lugar.

                Eu estava vendo que aquele dia iria se revelar várias surpresas, começando com a entrada da enorme sala, com uma enorme escadaria de mármore ao meio, como aquelas escadarias antigas, a primeira coisa que veio na minha cabeça era o castelo da Bela e a Fera, a minha terceira surpresa foi ver todos os móveis nos seus devidos lugares provavelmente o meu pai tinha pagado para alguém já preparar o lugar com os nossos móveis, faltando apenas algumas portas retratos, roupas nos quartos, panelas, talheres e pratos, que foram colocados em seus devidos lugares por nós.

Eu pegava secretamente meu caderno e quando ia visitar cada canto,  cada detalhe me pegava desenhando até as hachuras e texturas das madeiras, como a luz batia em cada comodo, me perdia em horas desenhando.

                O meu quarto era o mais alto perto do sótão, enorme igualmente com uma macia cama de casal no meio, segurava a minha caixa com meus pertences, eu estava com a boca aberta de espanto pela imensidão do quarto e não conseguia fechar meus lábios, eu não me sentia daquela vida, era uma garota simples de casa pequena de poucas coisas.

                Quando estava deitada, na cama macia, aliviando as dores nas costas a minha mãe apareceu na porta se sentando ao meu lado, com um longo sorriso ao dizer:

—Filha como você pode ver, não teremos dinheiro no momento para viajarmos e seu pai vai sair ao trabalho nesse feriado e a matriculei esse feriado e nos finais de semana quando começar as aulas numa escola de pintura, já que você já me pediu tanto.

                Eu fiquei muito contente com a notícia e abracei e dei um beijo na bochecha apenas dizendo:

—Obrigada por tudo mãe. Te Amo.

Fui até a minha janela de madeira, me apoiei num canto, fiquei desenhando as enormes copas de árvores, estava pegando o jeito com os desenhos, estavam ficando cada vez melhores mas por ser critica, sempre ficava apagando com a borracha e recomeçando, desenhava até as suas folhas secas de outono.


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