O Garoto Búlgaro escrita por Annabeth Grace da Ilhas do Sul


Capítulo 2
Capítulo 2




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Se levar em consideração a viagem de ônibus, que foi de uns 45 minutos até a faculdade, toda a minha jornada desde minha casa até o campus foi de quase 24 horas, e isso só podia significar que eu havia passado quase um dia sem dormir sem considerar o cochilo no vôo até Paris. Ao chegar no campus, vi que era um lugar imenso,bem desportivo,acolhedor e hospitaleiro. Ao sairmos do ônibus, os outros intercambistas e eu nos deparamos com um homem, que só depois percebi ser o reitor Georgiev e uma mulher que trajava terninho,saia preta e portava uma prancheta.

— Sejam bem-vendos á Focauldadi de Sófia. - Disse o reitor num inglês arrastado.- Creo que falei com todus vocêis pelo Iskaipe. Sou o rreotour Georgiev e esta mouça é minia assisteinte. Nadejda chamara seus noumis e peço que deim un passo á frente.

—Annette Reinberg - Minha amiga dinamarquesa deu um passo á frente. - Paloma Giudarte - uma garota italiana de cabelos negros longos avançou um passo - Hans Segerstedt - o gêmeo ruivo ficou ao
lado de Annette. - Chiuka Alto. - Erik riu quando a assistente chamou Tuk erroneamente.

— É Tüukka! - Tuk corrigiu, ficando ao lado de Paloma.

— Desculpe. - Pediu Nadejda - Esobela Cheiroz.- Percebi que estava me chamando, mas não a corrigi para que não ficasse mais constrangida ainda. - Erik Segerstedt - o gêmeo de cabelos negros deu um passo. - Anneliese Werner. - Uma loira que supus ser alemã por seu nome deu um passo adiante e após isso Nadejda ficou chamando outros nomes até que um em particular me deixou surpresa e animada ao mesmo tempo:Guillaune Jeaubolais, o famoso (e charmoso) cantor francês que assim como Erik eram famosos em seus respectivos países,com isso acreditei que eles tinham vindo para a Bulgária por pensarem que talvez não pudessem serem reconhecidos,mas eu tinha esperanças de que eles não tivessem percebido eu os fitando com o coração á mil, afinal Love is An Open Door em sueco era uma música de Eric.Mas assim que os nomes foram chamados, fomos divididos em grupos femininos e masculinos, enquanto Nadejda nos conduzia para o lado esquerdo do campus, o reitor Georgiev guiava os rapazes para o lado direito e só depois percebi que estavámos indo para os dormitórios, onde quatro meninas ficavam em cada dormitório, a parte meio chata era que nós já tínhamos companheiras de quarto definidas,mas cada uma delas tinha uma nacionalidade diferente, o que seria legal no fim das contas.

Em meu dormitório ficaram uma sueca,uma chinesa e uma tailandesa. O que me deixou a bem surpresa foi o fato de que as três garotas também faziam parte do programa de intercambismo e assim como alguns dos outros, elas também queriam aprender o português,Hu Wei-Fa,a chinesa,Annika Sanden,a sueca e Chanjira Wichayanee a tailandesa.Do jeito que as coisas estavam indo naquele ritmo, daqui a pouco apareceriam mais intercambistas,o que me animava quanto á possibilidade de eu conhecer mais nativos coreanos e talvez uma nativa letônica.

Eu estava muito ansiosa em começar meus estudos para que assim me enturmasse com os estudantes búlgaros,mas enquanto essa hora não chegasse, eu iria conhecer melhor as proximidades da faculdade. Saí do campus com uns quinhentos levas para poder comer e possivelmemte comprar algumas roupas de inverno,já que o clima estava congelante. Descobri que as roupas de marca búlgara além de elegantes e confortáveis eram surpreendetemente baratas, comprei tudo o que precisava em dobro como forma de me prevenir,assim caso uma roupa sujasse ou rasgasse eu poderia trajar a outra sem muitos problemas, eu comprei as roupas e logo depois de conhecer um pouco os estabelecimentos e a praça onde havia um playground azul e vermelho decidi retornar para o campus.

Só então descobri que havia uma praça de alimentação na faculdade e que cada carrinho de comida/restaurantes e lanchonetes tinham cada qual um cardápio de comidas de diferentes países, e nas mesas do refeitório estavam vários estudantes búlgaros e intercambistas que eu não havia visto no ônibus e que provavelmente não falavam muito bem o inglês e pelo que eu escutava,vi que aquelas pessoas falavam línguas que eu quase desconhecia,indo de grego á hindi e de esloveno à croata. E isso era realmente impressionante afinal, como um país sem qualquer tipo de influência tanto cultural como comercial no mundo estaria recebendo a visita de tantos estrangeiros desse jeito?

Eu estava tão chocada com toda aquela difusão cultural que nem percebi que esbarrei num rapaz falando um idioma estranho e escorreguei na neve,caindo de bunda no chão e só então após ouvi-lo atentamente percebi ser algo que lembrava ZULU, um idioma africano que ficou conhecido depois que a Disney lançara O Rei Leão,ele saiu resmungando e então vi um rapaz vindo até mim.

—Você está bem? - Ele perguntou em búlgaro,respondi acenando com a cabeça ao mesmo tempo em que o rapaz estendeu sua mão para me ajudar a levantar. - Meu nome é Vladimir, mas se quiser pode me chamar de Vlado. É uma das intercambistas? - Perguntou como se já conhecesse a resposta. - Me perdoe, como se chama?

— Eu me chamo Isabela. E obrigada

— Parece o nome de um anjo. E não precisa agradecer - Dei uma risadinha.Os olhos castanhos de Vlado brilharam por um segundo e um terno sorriso se formou em seu belo rosto moreno.- O que uma brasileira veio fazer nesse fim de mundo que chamam de Búlgaria? - Senti os pelos da nuca se eriçarem, como Vlado sabia que eu era brasileira?

— Vim melhorar o meu búlgaro, adoro o seu idioma. - O sorriso terno de repente se tornou malicioso.

— Tem cara de quem gosta de idiomas.

— Na verdade eu adoro as línguas, é integrante crucial das culturas de cada nação e cada uma delas tem seu charme pra lá de especial.

— Também gosto, minha língua favorita é a lituana, mas o idioma mais sexy na minha opinão é o sueco, assim como o italiano. - Meu Deus, ou aquele garoto sabia demais sobre mim ou tudo aquilo não passava de mera coincidência, algo na qual eu me forçava a não acreditar. - Gosta de filmes?

— Amo, pode me chamar de criançona mas eu adoro os de animação.

—Disney?- Perguntou mantendo o sorriso.

—Obviamente. - Ele pareceu aliviado com minha resposta.

— Parece que temos gostos parecidos.Curte Pia Allgaier?

— Minha eterna Rapunzel e Anna alemã

— Raminta Naujanyte-Bjelle?

—Nunca escutei música dela com excessão de I See the Light,mas ela é uma ótima cantora lituana.

— Pensei que ninguém a conhecesse além de mim.Quer conhecer a ala masculina dos estudantes? Eu divido quarto com cinco intercambistas. Eles provavelenente devem estar lá jogando no X-Box. - Perguntou sem qualquer vestígio de malícia em sua voz e quando me dei por conta Vlado estava me guiando pela mão até seu quarto na ala masculina de dormitórios.

Quando chegamos onde deveriam ser seus aposentos, me deparei com um quarto cujas paredes eram pintadas de azul claro e o teto era preto, o espaço era enorme e aquilo não parecia um dormitório,mas um apartamento, á minha direita havia uma mesa de pebolim,ping-pong,pinball,mesa de bilhar e até uma máquina de fliperama. Já á alguns metros diante de mim havia um sofá vermelho de veludo e alguns puffs daqueles que se deitava em cima,ambos virados para a janela, quando me aproximei ainda mais, me deparei com uma tv de tela plana LCD que deveria ser de umas 30 polegadas e vi quatro rapazes sentados ali.

— Quem é essa Vlad? - Perguntou um rapaz de cabelos negros e olhos dourados se levantando para me ver melhor. - Como você pode ter as melhores somente para si e não dividir comigo?

—Calma aí Sohan. - Disse outro, se levantando para me ver.Tinha olhos verdes e cabelo loiro. - Não ligue para ele, Sohan é um idiota. Sou Vytautas. E estes dois aqui são Lokman e Sigurður. Apropósito,como se chama?

— Isabela, deixe-me adivinhar, Sohan é da Índia,você é da Lituânia,Lokman é da Malásia e Sigurður é da Islândia? - Os quatro ficaram boquiabertos.

— Como sabe?- Perguntou Vytautas,aparentemente chocado.

— Acredite ou não, pura dedução. - Dei risada.

— Onde está Erik? - Perguntou Vlado.

— Foi comprar sushi, você sabe como Lokman,Sid e ele são com isso. - Me assustei com algo que parecia ser um tiro e só então me dei conta de que era Sohan jogando Black,um dos meus jogos preferidos. Sid deu umas risadinhas e me convidou para jogar, ele jogou em modo médio e eu joguei em modo expert considerando o quanto eu jogara aquele jogo com os amigos de Nicholas e até com meu pai, que era um completo viciado em Black. Quando me dei por conta já eram seis horas e desde que eu chegara no quarto dos meninos havia comido pelo menos uns três pedaços de pizza e os rolinhos de sushi que sobraram que Erik tinha trazido do restaurante japonês do campus.

Quando voltara,percebi que o Erik do quarto dos meninos era o mesmo Erik que eu conhecera no aeroporto de Paris.Ao notar que já eram seis horas, tive de ir embora, pois os alunos podiam ficar fora de suas alas até as sete, então me despedi dos rapazes e saí correndo para meu dormitório.


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