O Garoto Búlgaro escrita por Annabeth Grace da Ilhas do Sul


Capítulo 1
Prólogo




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Minha mãe Helena e minha irmãzinha Caroline estavam me ajudando a fazer as malas, já que dali á sete horas, eu estaria embarcando num avião com destino á Sófia, capital da Bulgária. Era época de inverno por lá então além de um tempo para conhecer o lugar, também não haveriam aulas no campus da faculdade,o que me deixava meio aliviada quanto ao fato de ter que me comunicar com os nativos búlgaros, já que assim como muita gente que viajava para o exterior, meu medo em não ser compreendida por eles era evidente.

Há algumas semanas atrá eu havia conversado com o reitor Georgiev pelo Skype, que falava inglês muito bem e parecia ser uma pessoa simpática e divertida,ele me antecipou sobre algumas regras e prós/contras de eu ser uma intercambista,e para minha sorte, ele também mencionara haver outros intercambistas por lá e passei a cruzar os dedos torcendo para haverem suecos e coreanos no campus,já que eu era apaixonada por ambos os idiomas e fazia uns cursos pela internet graças ao Youtube e ao meu site de idiomas preferido SUPER CONFIÁVEL chamado 50 languages.

De malas prontas, mamãe desceu junto com a Caroline para a cozinha para que ela preparasse minha refeição favorita como última coisa que eu comeria em casa antes de ir para o aeroporto de madrugada.Ao descer as escadas,não só me deparei com meu irmão mais velho Nicolas que estava com papai e seus amigos de colégio como também fiquei louca de vontade de comer a macarronada de mamãe, cujo cheiro dava para sentir do meu quarto. Ao entrar na cozinha, quase babei ao ver o banquete especialmente preparado para mim: Macarronada com salsicha e carne moída bem molhada no molho de tomate do jeitinho que eu gostava,suco natural de laranja e de maracujá, bolo de chocolate com prestígio,pudim de leite condensado com calda de ameixa em conserva,um pequeno frango assado,feijão tropeiro com uvas passas e uma xícara enorme de cappuccino cheia até a borda.

— Mamãe, vocé está tentando me engordar? - Perguntei após olhar para todas aquelas coisas, Caroline riu e mamãe olhou para mim com um sorriso bobo no rosto enquanto lavava alguns copos na pia.

— Relaxa Isa, a maioria dessas coisas você irá levar na bolsa térmica. E não é só isso,tem mousse de limão quase saindo da geladeira.

— Mamãe, você é demais. - Abracei ela por trás pela cintura. - Mas lá eles tem lanchonete,restaurante e essas coisas.

— Mas algum desses lugares serve comida igual á minha? - No passado,mamãe havia sido chefe de cozinha e de confeitaria, mas então ela ficou grávida da Carol e aí teve de parar para cuidar da minha irmãzinha. Então, a expressão em seu rosto se tornou tristonha e soube que havia um aperto em seu coração por estar me dando tanta liberdade para que eu pudesse estudar.Senti seus olhos se enchererm de lágrimas e soube que ela iria desabar no chão.

— Carol,vai pegar um pedaço de papel higiênico depressa! - Gritei, desesperada.- Mamãe, não precisa chorar, ficarei bem e nada de ruim irá acontecer comigo. Prometo que vou falar com vocês todos os dias pelo Skype e que sempre vou dar notícias.

Carol voltou com o pedaço de papel higiênico e o dei para mamãe assoar o nariz e secar as lágrimas. - Melhorou? - Perguntei, ela assentiu com a cabeça.

— Diga ao seu pai para já colocarmos as malas no carro, e traga as bolsas térmicas enquanto faço mais cappuccino,chá-mate e chocolate quente para colocar nas suas garrafas térmicas. - Então,já recomposta ela se virou para Carol.- Carol, pode por favor começar á fatiar o pudim,o bolo,o frango e o mousse? Eu cuido do resto assim que terminar com as garrafas.

Fui até o meu quarto na parte de cima do guarda roupa para pegar as bolsas térmicas, eram três ao todo e seria mais do que suficiente para guardar o meu banquete. Quando voltei para a cozinha, vi que praticamente todo o meu banquete estava guardada naqueles potes roxos de açaí e em alguns potes de sorvete. E havia um prato de macarrão com um copão de suco de maracujá ao lado e então supus que aquele seria o meu último jantar pré-viagem. Dei as bolsas para Carol e para mamãe que começaram a guardar tudo enquanto eu comia e bebia sentada á mesa, saboreando cada mordida só de saber que seria minha última refeição em meses feita por minha mãe.

Após terminar tudo, mamãe pediu para eu pegar as coisas que levaria na mala de mão e então me apressei para pegar meus livros,meu notebook e meu celular, que coloquei no bolso da minha calça. A viagem até a Bulgária seria meio longa, o avião faria escala em Paris, e só então iria direto para Sófia.Faltavam sete horas para o meu vôo e só aí que meus pais e minha irmã e eu entraram no carro após eu me despedir de Nicolas, que só não foi conosco porque queria ver o jogo de futebol do Corinthians. Minha casa ficava á umas duas horas do Aeroporto de Guarulhos,portanto teríamos de partir cedo,pois meu vôo sairia as quatro da manhã e seria por volta das sete ou oito da noite quando eu tivesse pisado em solo búlgaro pela primeira vez.

Era por volta de meia noite quando chegamos no Aeroporto Internacional de Guarulhos e papai estacionou o carro. Após isso, tiramos ás pressas as malas do porta malas, separando no processo as minhas malas de mão e colocando todas as outras num carrinho ali perto para que não tivéssemos que garregar tudo, assim ele foi empurrando enquanto mamãe e eu tentávamos nos localizar quanto á onde era a porta certa para o check-in. Ao identificarmos o local, enquanto eles aguardavam na fila de check-in,fui até a área onde era feito o câmbio monetário, onde troquei os 17 mil reais em 42 mil leva (a moeda búlgara). Em seguida guardei o dinheiro dentro do meu chapéu preto após amarra-lo com aquelas borrachinhas fedorentas e voltei correndo para a fila do check-in, como eu sabia que as malas excederiam o peso permitido, eu havia trazido uns cem reais para pagar por elas ao mesmo tempo que pagaria por algum lanche no vôo.

A pior parte em fazer o check-in era que a partir dali teria de seguir caminho sozinha, me despedindo da minha família sabendo que não os veria por um longo tempo. Após me despedir, fui para a área do aeroporto permitida apenas para passageiros após passar pelo detector de metais e pelos seguranças que checavam os vistos de viagem. Então me sentei e fiquei mexendo no celular até que quatro horas depois ouvi o chamado para embarcar no avião que iria para Paris e de lá para Sófia. Peguei minha bagagem de mão, fui até o portão indicado e entrei na fila de passageiros,ao chegar minha vez, os seguranças olharam minha passagem e só então permitiram minha entrada. Ao entrar no avião, senti um vento leve,porém frio passando por todo o meu corpo e me dirigi até ao meu assento, coloquei as malas no compartimento acima e só então me acomodei no banco da janela, do qual eu via não só vários homens trabalhando ali embaixo como tambén vi várias luzinhas que deveriam ser de postes. Afivelei os cintos e enfiei os fones no ouvido e apertei a playlist no celular, que começou a tocar "Love Is An Open Door" em sueco, e animada com o ritmo contagiante e agitado da música, coloquei ela para repetir até que eu me enjoasse. Então caí no sono, mas acordei assustada sentindo alguém me cutucar, quando vi que eram as comissárias passando com o carrinho de alimentos. Elas me serviram um pãozinho con queijo,presunto e maionese,alguns biscoitinhos salgados, um copo descartável de refrigerante e umas torradas com Polenguinho. Após comer elas recolheram tudo e voltei a domir após tomar uns comprimidos. Quando acordei novamente descobri que faltava pouco mais de meia hora para pousarmos em Paris e a partir daí fiquei acordada para sair o mais rápido possível quando ele pousasse.

Por sorte, ao desembarcar, minhas três malas foram algumas das primeiras a passar na esteira, as peguei e corri para a fila de embarque do avião para Sófia.Descobri que havia uma turma de intercambistas de várias nacionalidades que iriam fazer faculdade no mesmo campus que eu e aproveitei para me misturar com eles. O primeiro intercambista do grupo que conheci era uma dinamarquesa e se chamava Annette, naquele grupo também haviam suecos,italianos e franceses, lógico. Nós embarcamos todos juntos e ao embarcarmos, fiquei feliz de saber que eles nunca tinham conhecido algum brasileiro antes e por conta disso pudemos trocar várias experiências,fiz alguns amigos e fiquei lisonjeada por saber que alguns deles queriam aprender o português. Pelo que conversei em inglês com eles, soube que haveria um ônibus especial que nos levaria direto para o campus e que ele estaria no aeroporto nos esperando.Apesar de no grupo haverem mais mulheres do que homens,também conheci alguns rapazes,entre eles Tuükka e Erik e Hans, um finlandês e um par de gêmeos suecos. Tuk (como chamavam ele por seu nome ser de difícil pronúncia) iria fazer engenharia civil, Erik faria Letras e Hans faria História assim como eu.Ao que parecia, por terem gostado de mim,os meninos me esperaram pegar a bagagem na esteira para só então irmos todos juntos para o ônibus e de lá para a faculdade.Pelo que vi quando entrei no ônibus,lá havia Wi-Fi e isso me animou para falar com meus pais.Mandei mensagem pelo WhatsApp para que ela soubesse que eu já havia chegado e fiquei feliz de ver que ela visualizara a mensagem minutos depois e respondeu com o emoticon da carinha com coração nos olhos e depois com o emoticon mandando beijo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comemtem por favor



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