Meu Pequeno Amor 2 - Segunda Geração escrita por FireboltVioleta


Capítulo 2
Meu Pequeno Malfoy




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ROSE

 

Eu não devia ter deixado ele me convencer.

Eu não devia ter sugerido uma idiotice daquelas.

Minhas mãos suavam, enquanto segurava o menininho loiro em meus braços - que me recusava a mencionar outro nome - dirigindo-me a diretoria com passos acelerados.

Nunca pensei que uma criaturazinha de quatro anos - pelo que via - pesaria tanto. Senti meus olhos arderem, porém, não cedi.

Mas como eu não entraria em pânico agora? Era tudo culpa minha!

Como eu pude fugir da aula daquele jeito? Ir para a Sala Precisa e não perceber a montoeira de Vira-Tempos naquela maldita estante? Alguma coisa certamente daria errado.

Scorpius e seu irresistível espírito rebelde... como me deixara seduzir... de novo?

E se ele ficasse daquele jeito para sempre?

E se fôssemos expulsos?

E se...

Não. Não. Tudo ia se resolver. Tinha certeza que McGonagall saberia cuidar disso. Precisava me acalmar e...

— Senhorita Weasley - tarde demais. Minerva me encontrou nos corredores. - Não deveria estar em sua turma de Runas Antigas está tarde? – ela guinchou, surpresa - quem é esta criança?

Abri e fechei a boca várias vezes, como um peixe fora d'água.

— Senhorita? Este menino está bem? - A diretora se aproximou, e eu recuei três passos para trás, acolhendo ainda mais o pequeno em meus braços.

— Diretora... bem...- pigarreei  - Diretora, eu sinto muito, muito mesmo. Scorpius e eu fugimos da aula e acabamos na Sala Precisa... houve um acidente... uma estante de Vira-Tempos caiu em cima de nós e... aqui, aqui está!

— Como é? - ela perguntou com a testa franzida, alternando o olhar de mim para o garotinho diversas vezes. - a senhorita não está me dizendo que...- assenti diversas vezes, fungando. - onde está o Senhor Malfoy?

A senhora está surda ou o que?

Eu poderia ter dito.

Mas claro, não disse.

— Diretora, estou com Scorpius agora mesmo, aqui.

Quando McGonagall fitou o garotinho em meus braços com aquela expressão de assombro, eu soube exatamente o que estava por vir.

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— Não tenho palavras para descrever o quão irresponsável a senhorita foi hoje!

Já na diretoria, depois de McGonagall permanecer mais de quinze minutos do lado de fora, fazendo sabe-se lá o que, e levar Scorpius - ou quase isso - para Madame Pomfrey, com um pedido de total discrição, ela frisava toda a culpa que já me consumia desde que vi o menininho loiro de olhos incrivelmente cinzas, jogado no chão da Sala Precisa.

— Professora... engasguei, sem conseguir falar.

— Está ciente do problema que temos em mãos, Senhorita Weasley!?

Eu apenas assentia, enxugando as lágrimas que deslizavam compulsivamente por minha bochecha.

Foi quando chamas verdes tremeluziram ao meu lado e nada mais nada menos que Kingsley, o Ministro da Magia, e Oliviene Stark, sua assessora, surgiram diretoria adentro.

O que diabos eu fui aprontar!?

— Kingsley, que bom revê-lo! - McGonagall contornou a mesa para cumprimentá-lo, parecendo ansiosa - Oliviene. - apertou a mão da mulher de cabelos negros ao seu lado. – temo, infelizmente, que não seja nas circunstâncias mais agradáveis.

— Dificilmente é, Minerva. - o Ministro respondeu, esquadrinhando a sala rapidamente. - Rose Weasley?

Assenti, enxugando as bochechas.

Oliviene abriu um pequeno sorriso.

— Se parece muito com seu pai. – comentou. Não pude deixar de sorrir levemente.

— Bem, creio que vocês poderão reverter o problema que lhes mencionei antes, não? - Perguntou McGonagall, torcendo uma mão na outra, o que foi terrivelmente interpretado por mim como apreensão.

A diretora de Hogwarts estava apreensiva. Como eu não poderia ficar?

— Absolutamente. - respondeu Kingsley. - Mas precisamos de um tempo. Acidente com Vira-Tempos não é uma coisa que se vê todos os dias. Mas claro, não impossível... - olhou para o nada, parecendo perdido em seus pensamentos. Não pude deixar de pensar que ele deixara algo no ar. - mas, certamente...

Antes que pudesse prosseguir, as duas pessoas que eu menos queria ver adentraram ao local.

Meu estômago afundou.

— Onde está meu filho!? - Astoria Malfoy passou a frente do marido para chegar primeiro nos presentes. Eu poderia sumir naquele exato momento, me encolhendo daquele jeito na cadeira. - Ele está bem?- ela apertava um lenço de seda nas mãos, os olhos marejados.

Senti meus olhos arderem de novo e sufoquei um soluço.

— Acalme-se, Tori. - Draco pousou a mão nos ombros da esposa, surgindo ao seu lado. - tudo vai ser concertado, não vai, Ministro?

— Sabemos que com um pequeno tempo, conseguiremos, Sr. Malfoy. - poderia ser loucura minha, mas jurei enxergar um olhar cúmplice entre os dois.

— Fique tranquila, Sra. Malfoy. - Oliviene tocou o ombro da loira. - Vamos começar a trabalhar na reversão hoje mesmo, pode confiar. Seu filho ficará bem, como sempre esteve.

— E enquanto isso...- McGonagall lançou um olhar duro para mim. Esperava que continuassem ignorando minha presença. Teria sido mais fácil. - Seus pais já estão a caminho, senhorita. Acho que o melhor a fazer é deixar os pais do Sr. Malfoy decidirem seu castigo.

Lágrimas voltaram a cair quando me levantei e me dirigi até eles.

— E-eu...eu sinto muito, sinto tanto...- simplesmente não conseguia encará-los e por isso, meus olhos percorriam o escritório inteiro. - Foi tudo culpa minha. Vou ajudar no que for preciso, eu prometo. - minha voz saiu vacilante, mas esperei ter me feito entender.

Para minha surpresa, Astoria suspirou.

— Como você poderia imaginar que tudo isso aconteceria, Rose? - Astoria maneou a cabeça, como se espantasse uma mosca. Parecia mais aliviada depois do que Oliviene dissera. - Não seja boba. Em momento algum te culpamos pelo que houve.

— Astoria tem razão. - Draco concordou, me olhando com empatia.

Senti um peso enorme ser tirado dos meus ombros.

— Acho que o melhor a se fazer é manter Scorpius em Hogwarts. É mais seguro e prático que ele seja supervisionado por todos aqui, Não queremos espalhar pânico. Podemos usar alguma desculpa, e manter isto sobre sigilo absoluto - sugere Kingsley.

— Tem razão, Ministro - prosseguiu Oliviene. - e acho que ninguém melhor que Rose para cuidar do pequeno. Ele irá confiar nela mais do que ninguém.

— Bom ponto, Oliviene. - concorda Minerva, se virando em minha direção - afinal, você... claro que não intencionalmente... foi a responsável por isso, e creio que será um castigo suficiente.

Ergui a cabeça.

Castigo? Mas o que eu mais queria era ficar perto de Scorpius!

Achei melhor não pôr isso em discussão.

— O que acham, senhores? - pergunta a diretora a Draco e Astoria.

— Bom, eu queria poder ficar perto do meu filho neste momento, mas creio que por agora, é o melhor para Scorpius... - responde Astoria. - e confio em Rose para cuidar dele.

Tentei sorrir, mas o peso instalado em meu coração não passava.

— Também acho o melhor para Scorpius, Minerva. - Draco disse. - Qualquer problema, não deixe de nos contatar.

— Evidente,  Sr. Malfoy.

Astoria abriu a boca para falar algo, mas outro estrondo fez a porta se abrir violentamente.

— Uma estante de Vira-Tempos caiu em cima de Scorpius, e agora ele voltou a ser criança? Foi isso mesmo que eu entendi?! - as palavras se atropelavam, enquanto meu pai entrava apressado na diretoria, com minha mãe logo atrás, parecendo querer revirar os olhos. - isso só pode ser piada!

— Desculpem por isso. - minha mãe suspirou. - Olá Diretora, Ministro, Oliviene. - os três assentiram, sorrindo, e mamãe se virou para Astoria – Lamento pelo que aconteceu, Astoria, mas vai ficar tudo bem. Confie em mim, eu sei. - ela apertou a mão da loira, em sinal de conforto, e Astoria sorriu. - olá, Draco.

— Hermione. - Ele também maneou a cabeça, colocando as mãos nos bolsos.

Foi a vez de meu pai querer revirar os olhos.

— E você, Rosie - papai se virou para mim, abruptamente, me olhando de modo nada satisfeito - por acaso acha que Hogwarts virou um parque temático para fazer tour por aí?

— Ronald - mamãe segurou seu braço, exasperada - Tenho certeza de que Rose já pagou o suficiente por tamanha irresponsabilidade. - ela me olhou severamente, porém, condescendente.

— Podemos ver nosso filho? - Astoria pediu a Minerva.

— Claro. Acompanhem-me - A diretora foi até a porta com os Malfoys em seu encalço. - Podem vir também. -

Ela acenou para meu pai, minha mãe e eu.

Kingsley e Oliviene anunciaram sua saída e logo as chamas os engoliram.

No corredor, a alguns metros da enfermaria, quando meus pais, Astoria e McGonagall estavam a alguns passos adiante, Draco me interceptou.

Era o momento perfeito para ele me dizer tudo que eu merecia ouvir.

Engoli em seco, sentindo novas lágrimas se formarem.

— Escute, Rose - começou ele, me olhando, para meu choque, de um modo penalizado - fique tranquila. E não se sinta mais culpada... apenas cuide dele por nós. Astoria e eu.

— Eu vou cuidar, Sr. Malfoy. Pode ter certeza. - pigarreei, torcendo a ponta do meu cabelo.

Seria melhor se ele tivesse gritado comigo.

— Quantas vezes devo pedir para que me chame apenas de Draco?

— Desculpe, senhor.

Malfoy suspirou pesadamente.

— E não se preocupe, sei que vai ficar tudo bem.

— Como o senhor sabe? - em seguida, mordi a língua. Quando eu havia ficado tão abusada?

— Isso já aconteceu antes. - respondeu apenas.

— Co-como assim? - Senti meus olhos se arregalarem.

Ele balançou a cabeça, parecendo levemente arrepiado.

— Só o que precisa saber... é que isso já aconteceu antes, e que tudo acabou bem.

Antes que eu pudesse responder mais alguma coisa, a voz de Astoria encheu os corredores.

— Draco! - ela chamou o marido, a voz rouca de animação.

— O que aconteceu?

— Scorpius, ele acordou!

Respirei fundo.

Enquanto arrastava meus pés para a enfermaria, várias perguntas rondavam a minha cabeça. Dentre elas...

Como eu cuidaria de uma criança?

E pior.

Como eu cuidaria do meu namorado?

 

 


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