Os dois chegaram no motel rápido, Ariel deu uma ajuda nisso, conseguiu transportar os dois até o quarto dele. Dean se sentou na cama, tinha seu corpo dolorido e tinha certeza que tinha fraturado alguma coisa

— Homens – ela chegou perto dele e ao encostar em seu ombro, a dor passou e com ela a sensação de estar completamente machucado também – de nada.

— Você precisa me explicar o que está acontecendo contigo

— Você precisa parar de ser tão paranoico. Vamos lá, eu acabei de salvar o seu traseiro outra vez, deixa eu aproveitar o momento - Ariel caiu ajoelhada no chão com as mãos na cabeça

— Você não quer que essas coisas se tornem reais quer? – agora imagens bem mais fortes passavam por sua mente, todos que ela conhecia estavam mortos, em uma delas o Castiel era torturado e logo depois esquartejado e ela assistia aquilo tudo sem poder fazer nada – Não, acho que não. Eu ainda estou observando você e não pense que você vai se ver livre de mim Ariel

— Para! – a imagem eram duas gaiolas, duas grandes gaiolas. Sam e Dean estavam nelas, um separado do outro. Parecia tudo calmo demais, ela foi correndo para ajuda-los quando tudo começou a pegar fogo, os gritos dos dois irmãos eram escutados no fundo. Ariel não aguentou e gritou por ajuda. Parecia que ela tinha saído de um verdadeiro filme de terror quando voltou ao quarto aonde estava antes, Dean tentava fazer ela voltar ao normal, Ariel começava a se debater e bater nele quando percebeu que ele a segurava

— Ariel para, sou eu, para – ela perdeu as forças e o choro se tornou mais intenso. Ariel olhou para ele a sua frente e o abraçou. Apertando ele contra si

— Ele não pode fazer isso com vocês, não posso deixar, eu não posso... – Ariel não sabia o que estava acontecendo com ela naquele momento, ela olhou para o homem a sua frente e sorriu antes de beija-lo. Os dois se levantaram ainda se beijando. Dean puxou Ariel contra si, ela o empurrava até a cama, Dean sorriu antes de mudar de posição e cair deitado com ela na cama. Ao olhar para Ariel seu rosto tinha mudado, o olhar dela estava diferente. Ariel sorria de uma forma diferente. Dean se afastou mas ela não deixou, agarrando seu pescoço e voltando a beijá-lo, ele conseguiu se afastar mais uma vez – vamos lá, você sempre quis isso

— Para com isso – ela tentou beijá-lo mais uma vez, ele segurou seu rosto – Ariel para com isso

— Vai negar agora? – ela sorriu, o sorriso foi sumindo, Ariel tinha ficado ofegante de repente – Dean...

— O que está acontecendo contigo?

— Eu não sei – ela fechou os olhos e balançou a cabeça – eu não sei – o quarto começava a tremer. As luzes também piscava – me ajuda – ele se sentou trazendo ela junto. Dean segurava o rosto de Ariel com as duas mãos, Ariel ainda tinha os olhos fechados – me ajuda – lágrimas saiam dos seus olhos fechados. Alguns objetos do quarto começava a levitar – eu não consigo controlar

— Ariel olha para mim – ela abriu os olhos e focou nos olhos a sua frente – está tudo bem, está tudo bem – os objetos que levitavam caíram no chão e os tremores pararam junto com as luzes piscando

— O que está acontecendo comigo? – um barulho de asas foi escutado pelos dois, ao se virar, Dean viu Castiel parado na porta e vindo na direção da menina, Ariel fechou os olhos novamente e prendeu Castiel no meio do caminho – não deixe ele me levar

— Ariel por favor...

— Ele vai me levar para ela, não deixe – Dean se levantou

— Dean ela está te controlando, eu preciso levá-la – Dean parou na frente do anjo. Ariel estava sentada na cama, olhando para os dois – Dean...

 - O que está acontecendo? – Dean disse com uma certa dificuldade, era como se alguém tivesse controlando o que era para ele falar e ele lutava contra

— Eles vão me matar, não deixe

— Ariel! – ela tirou sua atenção do Dean e passou a olhar para o Castiel que ficou parado apenas observando a menina – Ariel para como isso

— Eu não posso, eu não consigo – Castiel se ajoelhou no chão – me desculpe

— Ariel para! – ela ainda mantinha o olhar fixado em Castiel. O mesmo agora gemia de dor. Ariel se levantou, com o olhar fixado no anjo, e foi andando até ele

— Você não vai me tirar daqui – a voz dela ficará mais grossa e assustadora – você não vai conseguir me controlar

— Ariel por favor – Castiel implorava, ela não escutou. Ariel agora tinha os olhos mais sombrios, pareciam estar ficando negros como os de um demônio

— Ariel! – Dean falou mais alto para a menina, Ariel olhou para ele e o mesmo caiu no chão se contorcendo de dor. Castiel se levantou com dificuldade e encostou nela, Ariel caiu em um sono profundo na hora. Estava mole nos braços do anjo – o que está acontecendo com ela?

— Ariel criou uma segunda versão dela quando eu dei sua graça, essa versão é sombria e perigosa. Ariel não é mais a mesma e eu tenho que leva-la para o céu, lá podemos controla-la

— Ela não quer isso

— Não era ela que estava falando aquilo, por algum motivo essa versão criada por ela tomou posse do corpo dela – Dean se calou por um momento – vocês não chegaram a...

— Pelo amor de Deus não – ele olhou para a menina desacordada nos braços do anjo – só mantenha ela segura

— Eu vou tentar – os dois sumiram. Dean suspirou e se sentou na cama. Por um momento pensou que iria ser morto por aquela pessoa que estava a sua frente e que ele acreditará que era a Ariel a segundos atrás.

—x-

Ariel acordou presa a uma maca, olhou para os lados e não tinha ninguém, o local era completamente branco, ela começava a entrar em desespero. Puxou os braços com toda a força que podia mas nada aconteceu. Ela olhou para a luz que estava em seu rosto, parecia uma sala de cirurgia. Ariel gritou com toda a força que ela tinha mas ninguém tinha aparecido.

— Socorro! – ela não recebeu nada em resposta – por favor me tirem daqui, por favor! – no lado de fora da sala Castiel observava a menina se debatendo para sair da maca – Cas! por favor! Me tira daqui!

— Ela vai ficar bem – uma mulher parou do lado dele sorrindo – vamos descobrir o que está...

— Isso não é certo – Ariel chamava pelo seu guardião que estava ali apenas observando e não podendo fazer nada para ajudá-la – eu prometi protege-la, não deixa-la presa que nem um animal

— Ela precisa ser controlada Castiel, se você não quer que matamos a coisa, pelo menos controla-la seria uma opção – Hannah, olhou para o anjo – não se sinta desse jeito, você não tinha obrigação nenhuma, ninguém...

— Foi uma promessa e eu quebrei. Eu falhei de todas as formas possíveis com Aurora. Eu dei minha palavra a ela e olha só o que eu transformei a filha dela – Ariel ainda se debatia na cama, chorava copiosamente e ainda gritava por ajuda – eu a transformei em um monstro

— Vocês não vão conseguir me controlar! Vocês não vão conseguir o que querem! Estão me ouvindo? – ela tinha parado mas ainda chorava. Castiel deixou de assistir aquilo e saiu do local. Hannah vinha logo atrás dele

— Você precisa se desligar dela, ela pode ser um perigo para você Castiel

— Me deixe em paz – ele sumiu da vista do anjo. Castiel se viu em uma praça vazia, tinha um banco de madeira mais a frente e ele foi até ele, ao se sentar olhou para o gramado aonde pisava. Olhou para cima – me desculpe Aurora, por falhar contigo mais uma vez eu tentei... eu tentei por várias vezes – ele sabia que a parceira não estaria aonde ele pensava que ela estaria, por tudo que ela fez, ela não estaria no céu ou ele saberia – seja aonde você estiver, me desculpe. Eu tentei – ele sentiu seus olhos arderem, o tempo que ele tinha passado com humanos tinha transformado ele por completo, a ponto dele conseguir sentir tristeza e outros sentimentos. Ele abaixou mais uma vez a cabeça agora derrotado. Ele tinha falhado com alguém que ele não queria, com a última pessoa que ele poderia falhar.

Hannah entrara no local aonde estava Ariel, a menina agora estava mais calma e olhava para a parede branca ao seu lado. Ouviu a porta sendo aberta e alguns passos vindo em sua direção mas não quis ver quem era

— Olá Ariel – a menina não respondeu – não quero te fazer mal nenhum, só estamos querendo entender o que está acontecendo com você – a menina virou para o anjo e sorriu. Hannah sentiu como se estivesse sendo controlada por alguém

— Você agora vai me soltar e vai me falar como eu saio daqui – Hannah não se moveu – eu disse que você vai me soltar e...

— Você não vai conseguir – Hannah sorriu e chegou mais perto da menina – não comigo Ariel, não temos nenhum tipo de ligação e você ainda é muito fraca para conseguir fazer isso com qualquer pessoa. Deixa de ser ingênua – Hannah verificou se Ariel estava bem presa – okay, você criou uma segunda persona, por que?

— Não te interessa – ela respondeu seca e virou o rosto novamente

— Com qual das versões eu estou falando agora? – a menina ficou calada – Ariel por favor não faça eu usar algo para te obrigar

— Vai para o inferno – Hannah arranhou a menina com a faca prateada, Ariel gemeu de dor – não adianta

— Vamos Ariel, eu não posso ficar aqui para sempre – ela continuou calada – droga – ela passou a faca pelo seu braço novamente, Ariel agora se controlou para não gritar, parecia que aquela faca queimava sua pele – você pode não ser um anjo, apenas ser uma parte dele, mas isso ainda te fere mais do que a qualquer pessoa normal, vamos responda as perguntas eu não quero perder a minha enorme paciência.

— Eu não sei okay? Eu acordei assim, eu voltei, seja lá de onde, assim. – Ariel parou de falar de repente e sorriu – e depois eu comecei a estudar a cabeça dessa pobre criatura e você não faz ideia das coisas que se passa aqui dentro – Hannah sorriu – das coisas que ela pensa em fazer com todos vocês por terem praticamente matado Aurora, ah! De todas as coisas que ela pensa em fazer com aquele winchester

— Quem é você?

— Ariel mas... de uma forma diferente, uma forma melhorada dessa idiota. Você disse que eu não sou forte o suficiente, você está enganada – Ariel conseguiu soltar as amarras e se sentou na cama. Hannah se levantou se afastando da menina, Ariel fez com que ela desmaiasse sem motivo nenhum aparente, a mesma sorriu e saiu do local arrancando a porta. Andou por todo o corredor prestando atenção em cada porta, em cada canto. Fechou os olhos e tentou sentir aonde era a saída. Sorriu e virou para o lado esquerdo. Uma luz forte invadiu seus olhos e ela se viu em um playground com várias crianças brincando e alguns adultos perto de onde ela apareceu. Essas pessoas olharam para ela e sacaram a mesma faca prateada, Ariel bufou e tirou eles de perto dela – bem melhor. Porque eles cismam em usar essa coisas? – ela pegou as facas que tinham caído no chão e elas se desmancharam em suas mãos. Ela olhou para todos os lados e sorriu ao ver um carro parado ali perto. Quebrou o vidro, abriu a porta, fez uma ligação direta e saiu dirigindo para aonde ela tinha como “lar”, ela precisava acertar as contas com um certo Winchester por ter deixado ela ser levada para aquele lugar.

Ariel chegou no bunker e não tinha ninguém. Estava escuro e vazio. Ela sorriu pois eles ainda não tinham voltado da caçada. Ela passou por todos os cantos do bunker e voltou para o hall quando ouviu a porta sendo aberta, ela tentou parecer o mais normal possível quando os irmãos viram ela ali, ficaram assustados

— I’m back bitches!

— Eu pensei que...

— Aliás sobre isso – ela sorriu e prendeu Dean contra a parede – sabe, talvez isso pode ser a fantasia mais louca que passa dentro dessa minha cabeça... e eu falo com você depois Sammy – o outro irmão também foi preso em um lado mais afastado – mas, não tenho tempo para isso – Ariel sorriu e passou a mão pelo rosto do irmão mais velho – meu deus você é realmente um pecado na Terra

— Ariel me escuta...

— Ela não vai escutar, na verdade aquela antiga Ariel se cansou de toda essa merda que está acontecendo e bem... eu tomei o lugar agora – ela sorriu mordendo de leve o lábio – vamos ver por quanto tempo o “irmãozinho” dela dura? – ela olhou para Sam e o mesmo gritava de dor – vamos, eu pensei que você poderia ser mais forte Sammy

— Ariel para! – ela olhou novamente para Dean – vamos lute contra isso

— Bullshit!— agora era ele que gritava de dor, Dean começava a sufocar e Ariel sorria com aquela cena – quem diria, uma menina frágil conseguir fazer isso com o cara mais durão da cidade, isso pode ser chamado de girl power— ela soltou uma risada baixa

— Ariel por favor – o olhar dos dois se cruzaram, Ariel foi deixando o sorriso e a cada segundo Dean sentia que ficava mais livre para se movimentar. Ela se ajoelhou ofegante, não conseguia entender o que estava acontecendo – Ariel?

— Eu não... – ela olhou para os dois que agora chegavam perto dela com cuidado – me desculpe eu...

— Está tudo bem agora – Sam olhou para a menina – bem-vinda de volta – Ariel se levantou e abraçou Sam com força

— Eu preciso de ajuda, por favor – Dean se afastou sumindo de vista, Sam olhou sem entender para o irmão mas não conseguia largar Ariel. A menina parecia frágil demais em seus braços, parecia muito diferente do que era a segundos atrás – eu...

— Vamos encontrar um jeito, eu prometo – ela apenas concordou com a cabeça mas não conseguia largar Sam, era o único que ela não queria machucar de qualquer forma e sentia que tinha quase feito isso. Ariel não conseguia mais entender o que estava acontecendo com ela, não entendia muito menos como ela tinha chegado ali mas agora estava se sentindo mais segura com Sam ali, com as pessoas que realmente se importavam com ela ali ao seu lado.

—x-

Ariel parou na frente do quarto do irmão mais velho, ele tinha o fone nos ouvido e os olhos fechados, ela iria bater no batente mas desistiu ao perceber que ele não ia ouvir. Dean abriu os olhos e viu a menina ali parada na porta e sorrindo. Ele tirou os fones e deixou eles na mesinha do lado dele

— Eu só queria...

— Você precisa voltar para o Castiel – ela não esperava ouvir isso dele, Dean sabia o risco que ela sofria voltando para o céu – você não está bem

— Você que não está bem okay? Eu consigo me controlar

— Sério? Comece a repetir isso para você mesma várias vezes até você se dar conta que é uma mentira – ele se levantou e foi até ela – você precisa de ajuda e não sou eu, nem o Sam, que vai conseguir isso

— Eu não posso...

— Você precisa do Castiel

— Eu não posso ficar longe de você okay? – os dois ficaram calados – eu não sei se isso vai dar certo eu só... não posso ficar longe de você – Dean respirou fundo e segurou o rosto da menina perto do seu – eu não sei o que está acontecendo mas sua presença faz eu esquecer de tudo. É estranho – Ariel colocou as mãos no peito de Dean e o afastou – só não me afaste daqui, eu preciso disso aqui

— Eu não posso prometer nada, Castiel é um anjo e eu sou...

— Por favor – ele ficou olhando para ela – sou eu, eu só não quero... por favor – ele beijou o topo da cabeça dela e largou seu rosto – sobre a sua marca...

— Eu já disse para você esquecer isso

— Dean, eu acho que posso ajudar – ele ficou calado – temos algum tipo de ligação que eu não sei o que é. Se você pode me controlar estando por perto, talvez...

— Esqueça, não vou deixar você fazer algo que possa te matar apenas para tirar essa coisa de mim, eu vou achar um jeito – Ariel olhou para baixo, começou a brincar com os dedos e sorriu – o que?

— Eu posso, passar a noite aqui? – Dean sorriu e não respondeu – posso ter isso como um sim?

— Que seja – ele deitou na cama, Ariel deitou do seu lado e encostou a cabeça em seu peito. Ariel sentiu ele mexendo em seu cabelo e sorriu, foi fechando os olhos aos poucos e pegou no sono. Daquela vez não teve pesadelos, sua mente estava focada em uma única coisa, ela não poderia perder a luta novamente, ela teria que ser forte pela pessoa que estava ali ao seu lado.