I have a heart. And you know it. escrita por Shellhead


Capítulo 3
Buscando um pequeno pacote.




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Uma janela surgiu no campo de visão, pulsando, com um quadrado no centro, onde havia a imagem de uma Hello Kitty e tinha um telefone desenhado, o contorno da pequena janela era vermelho, estava recebendo uma chamada.

Com um comando visual, Tony atendeu-a.

— Boa tarde, Voss–

— Pare.

Tony parou no ar, planava agora sobre a capital de Wakanda.

— Ok. Estou parado, Vossa Majestade.

— O que te trouxe aqui? – T’Challa tinha um sotaque carregado e parecia bem mais forte nos falantes do capacete. Julgando o tom, não estava feliz em vê-lo.

— Conversar. Pacificamente. Eu juro.

T’Challa hesitou.

— Eu posso te ver daqui. – Ele deu uma pausa. – Estou em um terreno baldio. Creio que dê para ver daí. Fica entre dois prédios.

Stark rodou lentamente em seu próprio eixo, olhando o local cuidadosamente, mapeando-o até localizar o terreno.

Fora localizado.

— Estou chegando.

Ele começou a perder altitude até pousar no meio do gramado do terreno, que visivelmente não era aparado há anos.

O rei estava vestindo um terno impecavelmente arrumado, com uma mão no bolso e a outra segurando o smartphone.

— Stark.

— Majestade.

A viseira da armadura levantou-se.

— O que te traz aqui tão repentinamente? – Ele repetiu a pergunta, querendo saber mais.

— Lembrei de uma coisa... E é meio urgente.

Ele olhou para Tony da cabeça aos pés. Tony percebeu e ergueu as mãos.

— Vim em paz. – Ele sorriu, encarando o outro nos olhos, fazendo o símbolo da paz com a mão. – Quero apenas conversar.

T’Challa o encarou nos olhos por alguns segundos.

— Tudo bem. – Ele cedeu. – Siga meu carro.

—Quando quiser.

O rei de Wakanda entrou no carro, que arrancou logo em seguida.

— Nossa, isso que eu chamo de pressa.

Os propulsores ligaram-se e a viseira abaixou. Levantou voo, seguindo o carro.

Não demorou muito para que o palácio real aparecesse. Era grande, imponente. Tony registrou a imagem e salvou em nuvem.

O carro parou e T’Challa acenou para que Tony descesse.

— Só peço que tire a armadura.

— Que?

— Tire a armadura. Questões de segurança.

Ele estranhou.

T’Challa parecia desconfiado, em constate alerta.

“Ele viu alguma coisa.”

Tony franziu o cenho e agradeceu por estar com a viseira fechada ainda.

“Ou está escondendo alguma coisa.”

Seus olhos arregalaram-se involuntariamente, como se tivesse descoberto algo muito importante.

“Bingo.”

Tudo parecia fazer mais sentido agora.

“Anthony, dessa vez não será seu jogo.” – Pensou.

T’Challa guiou Tony até uma sala espaçosa com tecnologia de ponta.

— Leve o tempo que precisar. – Ele disse, olhando para a sala. – Depois você será levado para a sala em que vamos conversar.

— Olha só. Horário marcado?

— Não.

Anthony sorriu de modo nervoso. Não era uma estadia confortável, mas tinha tudo o que precisava para a armadura.

Havia um assistente para Tony, um cientista, já familiarizado com a tecnologia impressionante de Wakanda para auxiliá-lo.

O inglês do cientista tinha um sotaque pesado, bem mais pesado do que o de T’Challa.

“Talvez seja falta de contato com o idioma.” – Pensou Tony, ouvindo as instruções dele.

De uma forma que seria facilmente assustadora para pessoas comuns, a armadura de Tony Stark foi retirada. A velocidade em que a máquina trabalhava em destravar travas de segurança entre outras partes da armadura foi de fato assustadora, mas como nós estamos falando de Tony Stark – o gênio, bilionário, playboy e filantropo –, aquilo foi incrível.

Anthony virou-se para encara a máquina que havia tirado sua armadura como uma criança tira o vestido de uma Barbie.

— Essa máquina é excepcional.

— Tecnologia de ponta de Wakanda. Muitos dizem isso sobre coisas mais simples.

— Teve mão do T’Challa?

— Obviamente. – O cientista virou-se para o painel de controle. – Sem ele, não iriamos conseguir projetar isso para sua armadura em especial.

— Nossa. – Stark observou a máquina de cima a baixo. Olhava para ela como se aquele robô fosse seu primeiro amor. – Posso levá-la para estudar?

— De jeito nenhum. – O homem respondeu de uma forma curta e grossa.

— Ah, tudo bem... Não está mais aqui quem perguntou.

Perdido, sem saber o que fazer ou onde ficar, sem sua parte de “ferro”, Tony dirigiu-se para a grande janela com vista panorâmica. Wakanda era cercada por uma aparência desértica, a cor bege predominava. Quanto mais perto da civilização a paisagem chegava, mais ela se parecia com uma típica savana africana. E então, gradativamente, surgiam construções, ruas, pessoas, automóveis e enfim, uma paisagem contrastante de grandes prédios, casas e muita vegetação tipicamente tropical.

“Que lugar intrigante.”

— Senhor Stark, gostaria de dizer que você não está apresentável.

— Bem, isso é no mínimo obvio.

— Temos uma troca de roupa para você. – O cientista fez os últimos ajustes para assegurar que a armadura estaria protegida e bem guardada. – Por favor, vista-se. – Ele entregou um terno em um cabide. – Há um banheiro ali. – O homem apontou para o fim do painel de controle. Entre o fim dele e a janela de vista panorâmica, havia um vão, e ali, uma porta. Era o banheiro.

— Obrigado.

— Logo sua Majestade requererá sua presença na sala de negócios.

— Obrigado por avisar. – Tony agradeceu, mostrando não ser de bom grado.

Estava irritado. Tanta burocracia para falar com o T’Challa. Mas ele não havia vindo com aviso prévio nem pronto para isso, logo pensou que tudo fazia sentido, apesar de ser bem irritante para ele tirar e colocar roupas para pedir Bucky Barnes.

Pedir Bucky Barnes.

Exatamente. Tudo isso porque ele precisa do corpo dele.

“Em momentos de raiva, eu não estaria fazendo isso de modo algum.” – Pensou, sentindo seu orgulho reduzir-se a algo um pouco menor do que ele realmente é. – “Não estou fazendo isso por ele. É isso ai.”

—-

A hora finalmente havia chegado.

Um homem vestido como um mordomo veio buscar Stark. Tony seguiu-o em silêncio, o que não era normal. Sentia-se tenso.

Observou os corredores com certa curiosidade, distraindo-se.

Quando chegaram a sala de reuniões, Tony demorou um pouco para entender o que estava acontecendo.

— Stark. – T’Challa chamou.

Como se saísse de seu próprio mundo, ele piscou e balançou a cabeça. Fez um gesto de agradecimento para o que parecia ser um mordomo e adentrou a sala, ajeitando o blazer de seu terno.

Sem cordialidades, Tony desabou sobre uma cadeira e virou-se para T’Challa.

— Então?

Tony espreitou os olhos e inclinou-se para frente.

— Vou ser direto, gatinho. – Ele disse com um tom de ironia.

“Gatinho”? – Questionou ele, erguendo uma sobrancelha.

— Eu preciso do Barnes. – Stark ignorou a pergunta anterior.

T’Challa arregalou os olhos, mas logo se recompôs e ficou sério.

— Se é isso, aconselho que volte aos Estados Unidos o mais rápido possível. Não tem nada aqui.

Tony suspirou e passou a mão no próprio rosto.

— T’Challa. – Ele fez uma pausa. – Você tem todos os motivos para não confiar em mim. Você me viu no pior momento possível, mas a última vez que Barnes foi visto, foi aqui. – Hesitou. – Eu tenho olhos em tudo.

— Veio por vingança?

— Poderia ter vindo. – Admitiu. – Mas na verdade, eu estou trabalhando em uma cura para ele.

O rei de Wakanda olhou para Tony, desconfiado.

— Olha... – Bufou. – Assim como Capicolé errou comigo, eu errei com ele... Com todos. – Tony revirou-se na cadeira. – Ele... A amizade do Steve é muito importante para mim. – Ele disse olhando para as próprias mãos. – E Barnes é importante para ele. Não quis ouvir o fato de que ele estava sendo controlado. Errei. Por isso quero concertar as coisas, mas não superficialmente.

T’Challa olhou para Anthony. Seu olhar carregava compreensão. Já esteve tão cego quanto Tony esteve. Ele pode ver o arrependimento dele, e já havia visto a importância de Rogers para Tony. Era uma decisão difícil, mas ver o outro derrotado daquela forma não deixou-lhe dúvidas sobre suas intenções.

— Por favor. – Tony pediu, olhando-o nos olhos.

Ele suspirou. – Tudo bem. Siga-me.


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