I have a heart. And you know it. escrita por Shellhead


Capítulo 2
Lembranças... E um pequeno detalhe.




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O sol matinal já deixara de incomodar Tony faziam anos, já era parte de sua rotina ir dormir com o sol levantando-se no horizonte, ou se não, nem ao menos dormir.

Ele estava deitado em sua grande cama de casal, sozinho, coberto até metade de seu tronco com um lençol fino, sendo banhado pela luz do sol que entrava pelas grandes janelas.

Era raro ele ir dormir relativamente cedo, e foi o que havia acontecido.

Eram onze horas da manhã. Tony começara a se revirar na cama, de um lado para o outro, até abrir os olhos.

Ele tateou a cama e pegou o celular e a carta.

— Bom dia. – Ele murmurou olhando para a parede, que, de modo meio cômico, havia um quadro do Capitão América pendurado, “olhando” diretamente para ele.

Tony encarou o quadro. Franziu o cenho e sentou-se na cama.

— Anthony Edward Stark. Você não tem mais 5 anos para ficar falando “bom dia” ao Capitão América.

Virou-se para a janela. Olhou a luz do sol batendo nas cortinas, sentiu-se cansado, com vontade de passar o dia deitado, mas isso não fazia seu tipo.

Espreguiçou-se de um modo preguiçoso e olhou para a parede atrás da TV tela plana e o escudo do Capitão estava pendurado logo acima dela, como um troféu.

Sentiu-se enjoado, sentiu nojo e desgosto de si mesmo.

Colocou o celular no bolso da calça de seu pijama e colocou a carta na primeira gaveta de seu criado-mudo.

“Isso está errado.” – Ele passou a mão pela superfície do escudo. Ela já não era mais lisa, era irregular e havia três finos sulcos descendo por ele, como se rasgasse-o, tirando sua pintura impecável. – “Ele não devia estar aqui. Ele não... Não me pertence.” – Ele sorriu. – “Seu lugar não é aqui.” – E tirou-o da parede. Girou-o em suas mãos e fingiu colocar nas costas. Riu. – “Mas antes de voltar para o seu lugar, temos algumas coisas pra arrumar.”

— Quem usa um escudo em pleno século XXI a não ser ele?

Com os escudos em mãos, saiu do quarto, passou pelos cômodos até seu laboratório. Percebeu a estranha calmaria do local, estava vazio.

Calmamente, Tony botou o escudo sobre uma mesa e deu meia volta. Havia uma cafeteira em seu laboratório e era só isso que precisava no momento.

A cafeteira emitiu um som alto e logo começou a fazer café.

De um modo preguiçoso, Tony pegou uma caneca vermelha e esperou de pé.

Olhou para todo seu laboratório. Agora tinha duas prioridades que tinham a ver com o mesmo homem.

Com um simples comando, toda sua pesquisa sobre seu projeto em relação ao Bucky foi retomada. Rapidamente selecionou os novos arquivos que Sexta-feira selecionou enquanto dormia para analisa-los agora.

O barulho parou. O café estava pronto.

Sem muita vontade, Anthony pegou a jarra e despejou o café em sua caneca, dando um grande gole logo em seguida, enquanto reorganizava a ordem dos arquivos.

“Um certo livro, é?” – Essa informação estava pairando em sua frente, com uma foto de baixa qualidade de um livro vermelho com uma estrela preta na capa. Junto com os anexos de imagens haviam também fotos da máquina usada.

Suspirou. – Vai ser mais complicado do que eu imaginei.

Sua mente parecia nublada. Mesmo com tudo pronto para uma pesquisa mais profunda com associações e extrações de informações, Tony não conseguia concentrar-se nem pensar com clareza. Sentiu-se irritado.

Deu outro grande gole. Sua caneca de café estava com menos da metade do conteúdo. Bebeu rápido demais.

Sentia-se ansioso.

Sabia que não conseguiria fazer as coisas com perfeição desse modo.

Uma sensação estranha tomou conta dele ao olhar o escudo e as pesquisas rodeando-o.

Lembrou-se dos momentos que tiveram juntos como Vingadores; não era uma relação clara de amizade, viviam brigando e discordando, mas lembrava-se claramente como ele tentou ajuda-lo quando foram atacados por Clint e outros controlados por Loki – lembrava-se do toque quente de suas mãos em seus braços assim como lembrava-se de ter negado a ajuda, lembrou-se do rosto de Rogers repleto de alivio ao ver que Tony estava vivo após sua queda ao fecharem o portal. Lembrou-se de seus momentos de discordância com ele quanto ao modo de parar Ultron, lembrou-se do rosto de desaprovação dele ao saber que ele e Bruce haviam construído uma inteligência artificial na qual não tinham controle, lembrou-se de dividir o quarto com ele, lembrou-se dele quebrando a madeira em dois com as mãos na residência de Clint – riu.

— Aquilo foi chocante, não esperava aquilo. – Murmurou.

Lembrou-se da saída que Rogers deu para a situação. Um sorriso bobo surgiu em seus lábios, enquanto tocava a superfície do escudo.

— Como o velhinho disse: Juntos...

Ele franziu o cenho de novo. Lembrou-se da despedida deles.

Eu vou sentir sua falta... – Disse tão baixo que parecia apenas um grunhido sem sentido.

E como se não bastasse as tantas vezes que havia lembrado de tudo, lembrou-se da guerra deles. Sentiu-se quebrado. Traído e muito triste. Parecia que iria chorar. Sentia o choro preso na garganta, seus olhos encheram-se de lágrimas.

Tony respirou fundo, olhou para o teto e inspirou.

— Não tenho tempo para isso.

Começou a sentir-se fraco.

Colocou a caneca na mesa e cobriu os olhos com as mãos.

“Perdi tudo.”

Ele deu o último gole.

— Sexta-feira, prepare a armadura.

— Sim, chefe.

— Preciso esfriar a cabeça.

E no momento em que Sexta-feira preparava a armadura, Tony percebeu algo estranho.

“Eu estou fazendo tudo isso... Por ele.”

Ele tirou o celular do bolso. Jogou ele de uma mão para a outra, era leve e pequeno, além de ser flip. Descontraído, ele abriu o velho celular e ligou. Bateria cheia, fundo de tela padrão, horário e data errados. Selecionou “contatos”, havia um único número – “S.R.”.

Stark ouviu um zunido.

— Está pronta, chefe.

Ele estava totalmente distraído e desligado do mundo, foi como saísse de um transe. Calmamente, ele desligou e fechou o celular, encarou-o por alguns segundos e então deixou-o dentro de uma gaveta de sua mesa.

Trocou-se e caminhou em direção à saída, a cada passo que dava, um braço mecânico o vestia com parte de sua armadura, tão rapidamente que agora já estava pronto.

— Se Rhodes perguntar onde fui, diga que fui comprar donuts.

— Entendido, chefe.

Tony ativou os propulsores e decolou.

Sobrevoou o mar, com a cabeça a mil. O mar estava tranquilo, sem chamadas de emergência em lugar nenhum, era um dia perfeito para realmente ir comer donuts tranquilamente, mas não estava com vontade.

Olhando as pessoas abaixo, Tony teve um momento de clareza em sua mente nublada.

“Estou fazendo tudo isso por Steve e...” – Hesitou ao admitir isso e pensar em seu nome. – “Bucky. Mas...” –  Ele parou no ar, acompanhando o andar apressado das pessoas com os olhos. – “Mas eu nem sei onde ele está agora.”

Lembrou-se do celular. Pensou em finalmente ligar, mas sabia que Steve temeria que Tony o atacasse novamente.

Teria que acha-lo sozinho.

— Sexta-feira, consegue rastrear James Buchanan Barnes? Pelo menos a última vez que foi visto?

Uma janela abriu, seguida de várias outras no canto inferior de seu campo de visão, como sempre, seus sistemas operacionais eram prestativos e muito competentes.

“Claro, fui eu quem os criou.” – Ele sorriu.

— Chefe, última vez que ele foi visto foi em Wakanda. Depois desta localização, – uma imagem surgiu na tela. – não há mais informações.

Wakanda? – Stark sorriu. – Isso não me parece tão fácil.

— Certamente não será, chefe.

— Preciso das coordenadas exatas, transfira para os drives da armadura.

— Transferindo coordenadas.

As coordenadas foram implementadas ao sistema de navegação da armadura.

— Quem diria, uma viagem de última hora. Me parece uma ótima ideia.

— Acredito que não vá ser tão agradável.

— Obrigado por me lembrar dessa parte.

Tony acionou a força máxima de seus propulsores, para chegar o mais rápido possível a Wakanda.

— Sexta-feira, avise a Hello Kitty gótica que eu estou a caminho.

— Sim, senhor, chefe.

“Tenho a leve impressão que ele não vai interpretar do modo que eu estou esperando que interprete. ”

 


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