Quando Ayato foi embora perguntei a Kaneki o que aconteceu depois que eu me transformei, pois eu não me lembrava, e ele disse:

—Você se descontrolou, bateu em mim e no Ayato como se fosse a coisa mais fácil do mundo.-disse ele se sentindo envergonhado.-Então eu tive um plano, pedi para que Ayato saísse sem que percebesse e chamasse o Coruja, e ele foi, enquanto isso ficamos lutando, minhas forças estavam ficando esgotadas, até chegar uma hora que eu achei que você fosse me matar, mas você não me matou, conseguiu se controlar, e ainda conseguiu lutar contra o Coruja mesmo estando fraca.-ele olhou nos meus olhos.-Estou orgulhoso de você Fukui.

Eu dei um sorriso.

—Acho que mereço uma recompensa.-disse eu olhando para ele.

—E o que você vai querer?-pergunta ele.

Eu já sabia o que eu queria, e eu tinha isso em mente faz algum tempo.

—Eu quero voltar para a minha faculdade, eu quero ter pelo menos metade da minha vida de volta.-disse eu com um olhar de esperança e saudades.

—Não posso permitir isso.-disse ele se levantando e colocando as mãos nos bolsos.

—Por quê?-perguntei estérica. 

—É muito perigoso. Muito arriscado.-ele fica olhando a cidade pela parede de vidro.-Os Pombos estão em toda a parte, e...-ele hesitou.-e também... eu não posso pensar em te perder.

Isso pegou em cheio o meu frágil coração. Como assim "eu não posso pensar em te perder"? Será que ele gosta de mim? Será que ele sente pelo menos algo por mim, nem que seja pena?

—Você pode ser forte, mas ainda não sabe se controlar tão bem, e precisa de técnica, precisa de mais treinamento.

—Eu acho que eu consigo passar despercebida pelos Pombos, eu já disse que eu sei como me comportar com os humanos.

—Eu sei disso, mas eles como eles mataram a sua mãe devem saber a identidade dela, e sendo assim eles sabem da vida dela, e você faz parte da vida dela, você precisa tirar o seu nome de todo o tipo de coisa que você tenha dado sua identificação.-ele se virou para mim.-Desculpe mas você não pode ir para a faculdade, mas você ainda pode sair por ai se quiser.

Assenti.

Ele tinha razão, eu não posso fingir que tenho uma vida normal quando eu estou sendo procurada pela CCG.

—Vou sair amanhã as oito e chego na hora do almoço.-disse eu indo para o meu quarto.

Fechei a porta atrás de mim e fui para o meu quarto tentar domir um pouco, coisa difícil de se fazer por causa dos hematomas, do colchão duro e frio e do lençol fino e pequeno.

Fechei os olhos e a imagem de minha mãe me veio a mente, fiquei chorando silenciosamente até eu cair no sono.

Seria tudo tão mais fácil se ela estivesse comigo.