Me acordei cedo, para falar a verdade eu nem consegui dormir direito, além dos pesadelos que eu estava tendo com a minha mãe sempre que eu fechava os olhos, a cama também era dura e fria e o lençol era muito pequeno e fino para mim.

—Trouxe comida.-disse ele me entregando a carne de uma pessoa com sonhos, vida, filhos. Fiquei curiosa, pois eu nunca o vi comer, então perguntei:

—E você? Não vai comer também?

Ele olhou para baixo e pensou muito antes de falar.

—Eu não como carne humana.

Fiquei em choque, parada com a carne na mão. Um ghoul nunca sobreviveria tanto tempo sem comer carne humana, a não ser que... Meu Deus.

—Vou sair.-disse ele afastando meus pensamentos.-Não saía daqui. Entendeu?

—Deixa eu pelo menos dar uma volta por ai.-falei.-Eu sei como lidar com as pessoas, eu vivi entre elas a minha vida toda. Por favor, me deixe sair daqui, estou cansada daqui e acho que isso está me fazendo mal.-argumentei.

Ele virou de costa para mim. Achei que ele iria embora e não me deixaria ir, mas tive uma surpresa.

—Quero que esteja aqui na hora do almoço.-disse saindo.

Quando eu vi que ele já havia ido, pulei de alegria. Fui correndo me trocar para sair. Peguei um pouco de dinheiro e depois saí de lá.

                    ...

Eu peguei o metrô e fui até a faculdade em que eu estudava para cancelar a minha matrícula, pois eu sabia que eu nunca mais iria estudar lá.

—Yoki!

Ouvi uma voz me chamar, olhei para trás e vi Lizy, minha melhor amiga, nós nos conhecemos no colegial, eu era a novata e ela era a garota mais bonita e mais popular da escola. Lizy sempre foi alegre, doce e meiga, então logo ficamos amigas e fomos para a mesma faculdade juntas.

—Lizy!-disse eu sorrindete.

—Por que andou sumida?-ela perguntou preocupada.-Não mandou nenhuma mensagem, ou carta, ou qualquer coisa do tipo.-ela pensou um pouco.-Soube que a tia Karen morreu. E-eu não sei o que dizer.-ao ver meu semblante triste, ela disse:-Que tal tomarmos um sorvete? Sei que você adora o de menta com chocolate.-disse ela sorrindo.

—Prefiro café.-disse eu forçando um sorriso.

Ela assintiu.

—Como quiser.-disse ela docemente.

Lizy, doce como sempre. Ela também saber a dor que eu sinto. Sua mãe morreu quando ela fez 13 anos, seu pai virou alcoólatra, patia muito nela, depois ele ficou doente, cirrose, mas antes de morrer, ele pediu perdão para a sua filha, que nada tinha culpa da morte de sua mãe. Minha mãe tratava Lizy como uma segunda filha, então nós eramos como irmãs, Lizy passava a maior parte do tempo em casa, para falar a verdade ela praticamente se mudou para lá.

No dia em que a minha mãe morreu, ela foi visitar seus pais no cemitério.

Nós fomos para uma cafetaria que ficava ali perto. Quando entrei vi a garota em quem eu esbarrei quando minha mãe morreu, ela era uma garçonete e estava atendendo ao garoto que me segurou no metrô.

Meu Deus o que está acontecendo?, pensei.

Um garçom nos atendeu.

—Bom dia!-disse ele sorrindo.

—Bom dia!-dissemos Lizy e eu.

—O que vão pedir?

—Um capuccino e um sanduíche.-disse Lizy sorrindente.

—Um café preto.-disse eu tentando dar um sorriso alegre.

—Não vai querer um sanduíche Yoki? Os sanduíches daqui são ótimos.-disse ela sorrindo.

Balancei a cabeça.

—Não estou com fome.

Lizy e eu conversamos durante muito tempo, que nem percebi as horas.

—Tenho que ir.-disse eu ao ver as horas.

—Onde você está morando?-perguntou ela.

—Não sei direito... esqueci.-menti.-Tenho que ir, estou atrasada.-disse eu colocando o meu casaco.

—Tudo bem -ela sorriu.-Nos vemos amanhã então. Eu não disse nada, apenas saí dali.

Quando abri a portar esbarrei em um garoto loiro, ele era entregador.

—Desculpa.-disse ele com um sorriso envergonhado.-Tudo bem.-disse eu o ajudando com as suas entregas.-Obrigado.-ele deu um sorriso.

Retribuí e fui andando até o metrô para ir para o 20° distrito, pois Kaneki já deveria estar me esperando.