O Homem do Fim do Universo escrita por Vlk Moura


Capítulo 2
Capítulo 2 - Que as portas se abram!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/691291/chapter/2

Eu estava dando vários cochilos quando as luzes foram acionadas todas de uma vez, me cegando por alguns segundos, olhei o homem da cela ao lado: loiro, não muito alto, mas para minha estatura qualquer um é alto, blazer com um aipo, suéter e camisa, com toda certeza ele estava perdido no mundo da moda de décadas atrás, mas quem sou eu para julgar o jeito de alguém se vestir. Ele observava atento para fora da cela, acompanhei seu olhar, fiquei de pé e observei aquelas criaturas, meus olhos se impressionavam, mas minha mente parecia acostumada. Senti a dor de cabeça me atingir, apoiei na cela.

— Você devia cuidar do machucado - o tal Doctor falou, ele me analisou - E quem sabe vestir uma blusa, costuma ser bem frio durante a noite.

Olhei meu estado. Regata preta, jeans preto rasgado e coturnos. Meus pés deviam estar como batatas enormes dentro daquele estiloso sapato. 

— O que são essas criaturas? - perguntei confusa.

— São os piores malfeitores do universo.

— E essa é a prisão deles? - ele confirmou e observou algo ao longe, algo que eu não conseguia ver. - O que eu fiz para vir parar no lugar onde esses seres estão?

— Não sei, mas deve ter sido terrível - ele pensava em outra coisa enquanto falava, me lembrava alguém... Mas quem?

— Você também - ele me olhou.

— Não, eu não - ele sorriu rápido e voltou a pensar.

— Senão fez nada, então por que está aqui?

— É isso que estou tentando descobrir. 

Ele mergulhou em um longo silêncio, encostei na parede oposta da minha cela, o observei parado a frente da sua. Senti algo quente atingir minhas costas, virei bem lentamente e um ser de mais de dois metros me encarava enorme, ele fungava e babava, afastei num pulo e agradeci ter aquelas grades entre nós. 

— Ele não costuma fazer mal a ninguém, a menos que invada sua área. - olhei o homem que falava - Inofensivo, na maior parte do tempo.

— Mas está aqui! - eu falei com a voz esganiçada.

Deu de ombros.

Fui até a porta e reparei nos seres em volta da minha cela, uns mais estranhos que os outros. Um 'clic', a porta da cela começou a se mover, observei que as outras também.

— Não, não, não - comecei a segurar a porta para que ela não abrisse. Abriu. - Droga!

Olhei o homem loiro, ele estava parado entre a passagem da porta, eu estava pendurada na grade da minha, nós dois observamos a confusão, todos os seres começaram suas fugas. Eu não sabia o que fazer, ficar ali ou seguir, ficar ou...

— Você não vem? - olhei o loiro - Depois de um tempo será bem perigoso ficar por aqui.

Eu o segui sem ter muita certeza de que deveria fazê-lo. 

Alienigenas se digladiavam. Socos, pontapés e outros golpes que por não saber o nome daqueles órgãos não posso descrever, eram dados e nós desviavamos de toda a confusão.

— Vamos, menina, precisamos ser rápidos para chegarmos até o painel de controle.

— Painel...? - eu o observei mais uma vez, quem é esse tal de Doctor?

— Sim, precisamos saber como sair daqui. Ou você quer ficar presa aqui para sempre?

— Eu não sei, nem sei porquê estou aqui. 

— Então fugir é uma boa ideia, não acha? - concordei e o segui.

— Como você consegue ficar tão tranquilo com todos esses... essas coisas - eu dei um pulo para o lado e desviei de um corpo que era nocauteado - São horríveis.

— Para eles, você é quem é horrível. - ele observou - Seu tamanho de atrapalha tanto a andar mais rápido.

Odeio que me apressem. Dei uma corridinha e parei ao lado dele, coloquei as mãos no bolso da calça e agradeci por ela ser mais larguinha. O homem andava rápido entre as brigas. Passava por espaços que eu nem fazia ideia de como cabiamos ali ou para que serviam, ele parou de fora de uma porta a observou por alguns minutos. 

— É... Vai dar trabalho. - ele acionou um teclado. Começou a digitar códigos aleatórios que para alguém com aquelas roupas foi surpreendente.

Depois de muito tempo dele tentando entrar, e eu de guarda observando os quatro corredores que estavam ali. 

— Sai daí - eu o empurrei para longe. Prendi meu cabelo num coque, deitei embaixo do teclado - Por acaso você tem algo fino, tipo chave de fenda? - o olhei, isso me lembrou de algo, mas o quê?

— Espera, peguei isso de um dos guardas hoje cedo - ele tirou um canivete do bolso - Serve?

Confirmei e peguei a ferramente.

Comecei a desparafusar algumas peças, vários fios, eu não sabia como estava fazendo aquilo, mas estava. Alguns fios de cores bem florescentes, outros foscos, cortei dois, remendei outros. E encontrei uma peça ao fundo que eu arranquei, a porta fez um barulho de perda de pressão.

— Funcionou! - ele foi até a porta e a puxou. Se abaixou desviando de um tiro - Ei! Sou contra a violência. - ele gritou para dentro quando outro tiro saiu e quase o atingiu.

— Deixa comigo. - falei entrando correndo, a arma carregava, eu podia ver sua cor de aquecimento, pulei e acertei um homem com um soco, minha mão doeu, mas ele caiu desacordado - Pode vir.

— Eu não aceito esse tipo de violencia das minhas companhias - ele falou me analisando depois de ligar as luzes.

— Façamos assim, você é o cabeça, eu sou a força bruta, com isso sobreviveremos a isso aqui, seja lá o que isso for.

Ele reclamou, se aproximou de um enorme computador e começou a digitar várias coisas, parecia meio desesperado para encontrar informações.

— Achei! Nyssa! - eu observei a imagem da mulher que corria em meio as celas e desviava de ataques. - Agora... Por que estamos aqui?

— Boa, isso é uma boa busca - falei me apoiando ao lado dele ao verificar que ninguém estava ali. 

— Isso... Achei! - ele me olhou e sorriu apontando para tela - Carla, não é? - confirmei - Você está aqui... Uou, nossa, eu não esperava ver isso. - eu olhei a tela.

— O quê?

— Isso - apontou para a tela - Sou eu. - ele engoliu preocupado. - Vou focar com um nariz enorme - eu ri.

— Eu não faço ideia do que você quer dizer - observei o que estava escrito - Eu fiz o quê? - gritei ao ler - Eu achava que eu não conseguiria machucar ninguém...

— Acho que você não viu o tamanho da criatura que derrubou - ele apontou pro chão. Ele tinha razão. - Mas, então, você tem que encontrar o eu certo - ele apontou para uma versão nova e com um nariz um tento grande, e usava gravata borboleta - Ele deve saber como te tirar daqui.

— E você o que fará?

— Olha, veja - ele acionou algo - Parece que você teve um bom motivo para vir aqui - ele pegou algo como uma ficha criminal - Invadiu a área para resgatar seis caras - ele ampliou as fotos, aquilo pareceu mexer comigo, mas não sei exatamente porquê. - Os conhece?

— Eu estou surpresa por saber meu nome - respirei calma e um barulho de fora.

Apagamos as luzes. A porta foi aberta. 

Eu estava escondida, levantei correndo para atingir a pessoa, que se virou apontando uma arma para mim.

— River? - falei surpresa.

— Carla? - ela abaixou a arma.

— É ótimo te ver - falei aliviada - Está tudo bem, Doctor, ela está do nosso lado.

— Doctor? - River pareceu confusa, ela o viu e me encarou - Carla, ele é do passado ou do futuro?

— Eu não sei.

— Parece que você não está sabendo de muita coisa - o Doctor voltou pro computador.

— O que faz aqui? - ela me perguntou.

— Eu não sei porque estou aqui, viemos descobrir, ele, pelo menos veio.

— Alguma sorte?

— Parece que tenho que encontrar uma tal versão mais velha dele que parece mais nova, um cara de gravata borboleta, seja lá o que esse cara for todas as suas versões têm um péssimo gosto para roupas. E descobrimos que tenho que resgatar seis caras.

— 2PM... - River sussurrou - Você não se lembra deles?

— Eu nem sei quem é esse tal de Doctor-  falei meio irritada.

— Eu sou Doctor, ele - apontou para tela - é eu, logo, é Doctor, já são dois para sua lista. 

— Calma - River veio até mim - Droga! Eles brincaram com você, Carla. Isso é uma armadilha.

— Para quem? - perguntei olhando para ela.

— Para ele - apontou par ao loiro.

— Para mim?

— Para ele?

— Sim, mas não o você você, o você do futuro, no caso, ele - apontou para a tela.

— E por que me pegaram e a você e a ele? - apontei pro loiro.

— Eles erraram - o Doctor falou pensativo, River confirmou - Eles tentaram pegar o engravatado e não conseguiram, fizeram várias tentativas... Então, os outros eus estão por ai.

— Provável - River se aproximou da máquina, começou a digitar e várias imagens surgiram. 

— Ei! - eu aproximei - Eu lembro dele - apontei para um homem de óculos e magro.

— Lembra? - River pareceu surpresa, olhou o outro, os dois tinham percebido algo.

— Lembro, ele destruiu minha vida - falei brava.

— Não... - River falou.

— Ele não fez isso - confirmei - Carla - ela segurou meu rosto, parecia que um sentimento de raiva e vingança crescia em meu peito - eles querem que você sinta raiva, eles querem que você o destrua. Mas você não pode.

— Mas e essa lembrança?

— Você não se lembrava de nada - olhei o loiro - Como pode confiar nessa lembrança? - eu o observei, mas algo crescia dentro de mim, olhei a River.

— Tira isso de mim, por favor. - falei com a River - Eu quero saber das coisas que sei, quero  ter certeza das minhas lembranças.

— Eu não posso - ela falou parecendo cansada, era a primeira vez que a via assim - Tirar isso pode te matar.

— Então o que eu faço?

— Complete a missão - olhei o loiro - Resgate os seis e encontre esse eu do futuro, ele deve saber te ajudar.

— Mas qual deles? - falei confusa, minha mente parecia esquentar sobrecarregada.

— Os dois. - River falou - Doctor me contou algo, algo sobre isso aqui e eu me lembro vagamente - ela digitou algo no computador - Droga! Agora me lembro. - uma melhor corria valente por meio da confusão e derrubava vários seres - Carla... Você vai ter de me parar.

— Eu? Como assim? - ela apontou para a tela.

— Essa sou eu... Do passado. - ela olhou o loiro - Eu fui criada para acabar com você - apontou pro Doctor - E eu não vou parar até que alguém me barre e acabe com tudo isso.

— E está me dizendo que quem fará isso, sou eu? - ela confirmou - River... Eu não posso...

— Confie em mim, Carla. Eu sei o que estou falando, está tudo aqui - ela bateu na própria cabeça.

— Ta, e como eu faço isso?

— Confie nos seus instintos e não em suas emoções. E sobre as suas lembranças... Evite a maioria.

— E como vou sobrevier a tudo isso?

— Você vai... - olhamos quem entrava, era um senhor com um rosto bem enrugado. - Eu sei, eu já vivi isso.

— Quem é você? - perguntei arisca.

— Doctor.

— Mas ele e ele... Eu não estou entendendo...

— Logo você vai, não se preocupe. - o novo Doctor falou, olhei o loiro que se examinava. - Mas você tem de correr Carla, corra como se sua vida dependesse disso.

— Como posso confiar em você? - olhei a River, ela sorria. - Certo... - ele quase sorriu - Eu vou tentar.

— Ah! A prisão gosta de brincar com sua mente, não confie nela.

Confirmei e saí correndo daquele lugar sem entender nada. Mas eu precisava chegar a algum lugar, mesmo que eu não soubesse que lugar é esse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Homem do Fim do Universo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.