O Homem do Fim do Universo escrita por Vlk Moura


Capítulo 16
Capítulo 16 - Quem é você?




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Eu estava lendo algumas atividades que eu teria de fazer mais tarde, nos fones Slipknot tocava bem alto. Não era minha banda favorita, mas me ajudava a ignorar as idiotices de Owen e conseguir trabalhar. Depois de ler os papéis arrumei minha mesa, observei os outro, Tosh rastreava umas luzes que nossos satélites capturaram na noite anterior, Gwen interrogava uma vitima de um ataque misterioso. O Capitão estava sentado observando alguns papéis, normalmente o clima era bem calmo. Até os alarmes soarem. Eu não os ouvi, mas as luzes tomaram minha concentração, todos já estavam em volta da mesa da Tosh quando cheguei até eles e tirei um dos fones.

— O que está acontecendo? - perguntei observando as informações que chegavam.

— Um nave não autorizada pousou no campo - O Capitão falou e sequer nos olhou - Vamos.

Ele correu, eu o segui, não tinha ido muitas vezes para campo, mas as vezes que fui tinha sido divertido. Entramos no carro, no banco de trás eu me espremia entre Tosh e Gwen, as duas analisavam dados, o Capitão e Owen brigavam entre eles onde deveriam entrar. Eu me debrucei para frente e encarei o mapa.

— Na próxima - falei, o Capitão virou de uma vez, quase caí sobre ele, o encarei - Agora - eu comecei a passar par ao banco da frente, prensei Owen contra a porta, ele protestava, passou os braço pelos meus ombros para ficar mais confortável. - Ali, vira ali.

— Não tem estrada - O Capitão falou.

— Abra uma - ele me encarou, eu sorri.

Olhei Owen, peguei o cinto que o prendia e com dificuldade prendi nós dois, eu estava quase em seu colo, não que eu quisesse, mas senão o fizesse nunca chegariamos onde precisavamos. O Capitão começou a descer o que parecia um barranco, por vezes pensei que iriamos capotar, fechei os olhos com força e acabei apertando a cocha do Owen sem perceber. Quando o carro parou abri meus olhos e soltei o cinto, o radar indicava aquele lugar. Owen desceu quase caindo, eu fui atrás, mas com o radar em mãos comecei a seguir. 

— Carla! - Gwen me jogou uma arma e uma lanterna.

— Não sei usar isso - falei.

— Então é melhor ficar atrás de nós - Owen falou engatilhando a arma.

Peguei em meu bolso um par de soco inglês, os coloquei na mão. Segui o grupo depois de dar o radar para o Capitão. Ele seguia cauteloso e nós não faziamos diferente, a mata era fechada e por vezes eu afundava os pés na terra. 

— Vamos, eu vi algo - o Capitão começou a correr. 

Eu corria desajeitada, não conseguia carregar a arma e correr ao mesmo tempo, mas eu o fiz e pensei estar fazendo perfeitamente, até perceber que tinha me perdido do grupo, liguei minha lanterna e olhei em volta, perfeito, era tudo o que eu precisava. Andei com cuidado voltando para o carro quando algo me atropelou, caí na terra e senti meu corpo afundar, olhei par ao que tinha me atingido, era um ser humanoide, mas parecia mais confortavel em andar de quatro, as pernas e os braços eram longos e finos lembrando os membros dos cervos. A cabeça era pontuda como a de um lobo, mas o nariz na frente era humano e não um focinho. 

— Você - apontei a lanterna depois d eme levantar - Fica parado, não quero te machucar! - falei, ele me olhou, os olhos brilharam prateados. - Mas o que é essa coisa?

Ele guinchou para mim e saiu correndo, eu fui atrás, mas cansei rápido. parei de correr, escorei na árvore e peguei ar, o som de um tiro. Era de uma das nossas armas, corri em direção ao tiro, até que ele aumentou para dois, três, um tiroteio. Eu não sabia de onde vinham, apenas segui a  direção que pensei ser a correta. Sentei em umas raizes grossas, eu não ouvia mais nada, tudo tinha silenciado e eu estava esgotada, adormeci por ali.

Quando acordei já era dia, um hálito quente batia em minha bochecha, olhei o que poderia estar ali e era o mesmo ser da noite, eu apontei a arma de forma desastrada, ele guinchou e ficou em pé nas patas traseiras.

— Pa... Parado!

— Não vou te atacar - a voz era amedrontada - Eu quero ajuda - eu fiquei em pé com a arma abaixada - Eu só quero ajuda - ele começou a chorar.

— Calma, o que aconteceu? - perguntei me aproximando.

— Meus pais, eles estão com problemas - ele sentou ao meu lado - Quando nossa nave caiu eles se feriram e eu vim buscar ajuda.

— Os tiros...

— Me falaram que vocês eram cruéis, mas não pensei que seriam tanto.

— Cruéis?

— Um grupo pegou meus pais e levou para um galpão, querem estudá-los, me ajuda.

— Eu vou. - falei me levantando - Me leva até o lugar.

O extraterrestre começou a me guiar pela floresta, chegamos a uma pequena vila, vi o carro de Torchwood parado perto de uma das maiores casas. Eles tinham me deixado para trás, era o que eu pensava. 

Demos a volta na vila pela mata, ele se escondia nas árvore se quando chegamos no galpão vi a segurança que o matinha fechado, me daria trabalho durante o dia, eu precisava entrar e sair sem que me vissem. Informei que invadiria durante a noite para me camuflar. Com a ajuda do extraterrestre subi numa árvore e assisti a rotina de troca da segurança a cada quatro horas.  O sol se pôs, o carro da Torchwood não saiu do lugar, e nenhum dos membros caminhou pela vila o que era estranho. 

— Eu vou - falei descendo - Você espera aqui e qualquer problema... - eu pensei - Você corre e busca pelo Capitão Jack Harkness, ele é sua única salvação - o ser confirmou.

Joguei a arma para as costas, ajustei o soco inglês na mão e avancei, derrubei o primeiro guarda, escondi na parede, avancei, consegui escalar um dos lados, na janela olhei para dentro, mais três guardas estavam lá dentro, mas não tinha apenas os pais do extraterrestre, o Capitão, a Gwen e o Owen estavam ali, mas eu não vi a Tosh em lugar algum. 

Respirei fundo, e com a arma quebrei o vidro que ecoou pela noite, pulei para dentro do galpão, dois guardas apontavam as armas para mim, eu mirei e atirei, eles cairam, o outro veio até mim com um bastão, ele ia me acertar quando o bloqueei, acertei suas costelas repetidas vezes, acertei os joelhos até ouvi-lo estralar indicando sua quebra, joguei seu corpo par ao lado. Fui até o Owen, ele grunhia algo com a mordaça, tirei a fita da sua boca.

— Tem mais deles, estão armados - confirmei.

Peguei um caco de vidro, abriram o galpão, mais três apontavam as armas para dentro, das sombras mirei e atirei, o recuo sempre me pegava desprevenida. Agachei e acertei outro. O terceiro começou a atirar para todos os lados, Gwen se aproximou do Owen para tentar de soltar, os dois passavam por dificuldades quando outro guarda entrou e pegou um dos extraterrestres, eu tentei o acertar, mas errei. Levantei, minha munição tinha acabado, só me restava uma última coisa. 

Um dos guardas se aproximou do Capitão, pelas sombras eu o acertei no pescoço com o caco, arranquei e o usei para soltar o Capitão que tinha a roupa social toda suja, por alguma razão não usava o enorme casaco.

— Vá atrás do ET - falei - Eu cuido deles.

— Eu não vou te deixar sozinha com eles.

— Eu fico - Gwen falou - Vão vocês dois. - ela acertou um guarda que entrava no galpão. 

Os dois homens sairam correndo. 

Eu fui até o extraterrestre caído, soltei as patas amarradas, ele tentou ficar de pé e sentiu dificuldade, fui até as madeiras da janela, com um pedaço da minha camiseta amarrei a atadura. 

— Se apoia em mim, vou te levar para sua nave. - falei, ele estava com medo - Seu filho foi quem pediu minha ajuda-  o ser guinchou, eu sorri e comecei a guiá-lo para fora.

Gwen derrubava os seguranças conforme seguiamos para a mata.

— E a Tosh? - perguntei.

— Ela está na nave deles, conseguiu se trancar lá quando fomos rendidos.

Na mata seguimos cuidadosas, não conseguiamos ver nada. Algo pulou a minha frente, Gwen ia atirar quando eu a parei desviando o cano da arma, ela me olhou assustada. Guinchos, o filho se aproximou do que eu não sabia definir o sexo, lambeu-lhe a pata que logo estava boa para ser apoiada. 

Corremos para  nave quando algo explodiu, Gwen e eu olhamos aquele enorme cogumelo flamejante, e logo o ronco de um motor que parou quase nos atropelando. O Capitão e Owen desceram, abriram o porta-malas e tiraram o outro ser que foi amparado pelos outros que o lamberam permitindo que se curasse. 

— Pronto - Tosh saiu de dentro da nave - Ela é todinha de vocês-  entregou para um dos seres.

O outro se aproximou de mim e encostou a testa na minha, ou o que eu deduzi ser sua testa. Guinchou e correu para dentro da nave, depois de alguns instantes que os esperamos decolar, o mais novo do trio desceu correndo e me entregou um recipiente.

— Um agradecimento, nossa saliva cura qualquer coisa.

— Obrigada - sorri agradecida e desconcertada.

Ele voltou para a nave rapidamente. A porta se fechou, a nave se mexeu de forma engraçada e decolou, eu os observei sumirem.

— Ele gostou de você - o Capitão falou - Essa é a declaração deles - eu o encarei, ele tinha as mãos no bolso, um corte na sobrancelha.

— Vamos, vocês dois precisam se cuidar, estão horríveis.

— Você não está muito melhor - Owen falou rindo - Precisa cuidar dessa mão - olhei a mão cortada pelo caco, eu sequer tinha sentido.

— Você foi corajosa, hoje - O Capitão falou.

— Obrigada, eu acho. - ele confirmou com seu sorriso encantador que me fez corar.


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