Professores escrita por Vatrushka


Capítulo 10
Gina


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi
Gosta de humor nonsense? Se leu até aqui acho que sim né kkkkkkkk então talvez goste de "Raquelle", minha fanfic de Barbie Life in the Dreamhouse (disponível no meu perfil).
Não sei né, vai que kkkkkk



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Tinha acabado de acordar. Deviam ser 10 horas. A invenção do meu tio de fazer uma greve até tinha suas vantagens.

Espreguicei, cocei o olho, bocejei… Lentamente olhando para a paisagem do meu quarto.

Enxerguei que, agachado ao meu lado, Jonas me observava.

No primeiro momento, fiquei sem reação. Será que era uma paralisia do sono, e eu estava tendo visões de coisas que não existiam…?

Não. Como eu estava conseguindo me mexer, descartei a possibilidade.

Me levantei de súbito, assustando-o. Peguei a cafeteira que fica em cima do criado-mudo, ao lado da minha cama (porque não sou obrigado a levantar até a cozinha toda manhã pra pegar um café) e ameacei jogar nele.

Devo ter o xingado todos os palavrões que eu conhecia.

“O que você tá fazendo aqui, seu…” E por aí vai.

Jonas agora se encontrava encolhido em um canto do meu quarto, olhando para mim com aqueles olhos do gato de botas do Shrek.

Eu não caio nessa.

“Fala!!” Ameacei jogar a cafeteira.

E ele começou a chorar.

Revirei os olhos, colocando a cafeteira na cama. Me agachei do seu lado.

“Se você não me falar o que tá acontecendo, fica difícil te ajudar, concorda?”

Ele respirou fundo. “É a Gina!” Ele disse. “Eu não sei o que fazer!”

Me assustei. Ergui ele pelo colarinho. “O que tem ela? Ela não está tentando se matar, né?!”

Jonas se afastou de mim, recompondo-se. “Às vezes você me assusta, Leo.”

“Não sou eu que invado a casa dos outros e fico assistindo alguém dormir…” Insinuei.

“Olha, eu até podia ter te acordado de madrugada pra tentar resolver isso… Mas tive a sensibilidade de te esperar acordar! De nada!” Ele parecia indignado por eu não ter reconhecido seu esforço.

“Ainda sim, você invadiu a minha casa né princesa…” Reforcei.

Ele deu de ombros. “Não é muito difícil. Você só tem uma fechadura… Têm sorte de ter sido só eu.”

Revirei os olhos. Não adiantaria discutir com ele. “O que exatamente aconteceu com a Gina?”

“Ela tá trancafiada na casa dela! Não quer conversar com ninguém, e você sabe o quanto isso é grave!” Fui obrigado a concordar. Gina conversava até com a parede. “A gente tinha combinado de se encontrar ontem pra jogar sinuca, e ela não apareceu… Ela jamais faria isso se não estivesse profundamente transtornada!”

Cruzei os braços, ofendidíssimo. “Vocês iam sair e não me chamaram…?”

“... Ops.” Foi o máximo de reação que o infeliz pensou em esboçar.

Pensei em ligar o foda-se, deixar ela com os problemas dela - por raiva da falta de consideração por não terem me convidado.

Mas aí o meu lado bom - esse maldito - começou a martelar na minha cabeça o quanto a Gina sempre se preocupava com o meu tio, tentando de tudo pra ajudar ele… Que, afinal de contas, era ela que tinha pago a nossa viagem pra Itália e que ajudá-la nesse momento seria o mínimo que eu devia fazer…

Pff. Que merda.

“Tá, vamo lá. Mas se você, que é tão amiguinho dela, não conseguiu nada… Duvido que eu vá conseguir…” Falei “amiguinho” com um certo… Muito tom de sarcasmo.

“Você tá com ciúme, Leo?”

“Claro que não, porra.” Respondi, já saindo de casa.

Fui dirigindo na direção que o Jonas indicava… E me assustei ao ver que estávamos entrando em um condomínio de luxo.

“Tem certeza que é aqui, Jonas…?”

“Eu nunca me engano, Leo.”

Continuamos, com o meu humilde carrinho, trilhando naquele lugar que pouco ostenta. Todas as casas - perdão, mansões - tinham palmeiras.

Vocês já perceberam que palmeira é árvore de rico?

Devo ter visto uns 3 atores globais no caminho.

“Já aviso que se o Sidney Magal morar aqui eu paro tudo e corro atrás dele…” Comentei.

Jonas olhou pra mim, com uma sobrancelha erguida. “Por essa eu não esperava…”

Revirei os olhos. “Sabe pelo o quê eu não esperava? Um marmanjo me secando quando eu tava dormindo!”

“Ai, Leo, supera.” Jonas respondeu. “E você baba enquanto dorme.”

Vou ter que triplicar as fechaduras da minha porta…

“É aqui.” Jonas indicou.

Olhei pra casa, e então pra ele. “Duvido.”

Era uma mansão daquelas de novela. Gigante. Gramado imenso.

Olhando por mais algum tempo, fui reconhecendo a construção… Acho que já vi em alguma revista de socialite

Não que eu leia essas revistas. Minha mãe que lê.

“Aqui… Não é a casa daquela família asiática rica pra caralho…? Que tá aqui há bastante tempo, já tá comprou tudo que é rede de roupa e agora tá comprando as de supermercado…?”

“Sim, essa mesma.”

“Qual o sobrenome deles mesmo…? Aquela família importante que ninguém nunca lembra o nome…? Ai mano, esqueci agora…”

Jonas ficou um tempo tentando lembrar. “Rapaz, mas não é que eu também não lembro? Mas tanto faz, o que importa é a Gina.”

E fomos tocar a campainha.

Se a Gina fosse dessa família (realmente não me recordo qual), explicava o fato de ela ter pago todas as nossas passagens. Mas porquê demônios ela seria professora de matemática…?

Um mordomo nos atendeu. Falamos ser amigos e colegas de trabalho da Gina. Ele nos convidou para entrar, com uma clara expressão de alívio.

“Que bom que você veio de novo, Jonas! Ela está impossível!” Ele nos indicou o caminho até o quarto dela. “É aqui.”

A porta do quarto era uma daquelas portas de rico. Tudo parecia silencioso.

O mordomo se afastou um pouco. Penso ter o ouvido cochichar com um empregado “Quem são esses?”, “Acho que os namorados dela.”

Revirei os olhos, batendo gentilmente na porta. “Gina?” Perguntei. “Sou eu, Leo!”

“Vai embora!” Recebi de resposta.

Ergui os ombros e as palmas das mãos, dando passos em direção a saída. “Bom, creio que não deu certo…”

Jonas me puxou de volta. “Toma vergonha nessa cara, Leo! Você nem tentou direito!”

Suspirei. Voltei a parar na frente da porta. “Eu imagino que deve estar sendo difícil pra você.” Falei pra porta, esperando que a Gina me ouvisse. “O Fagonça parece ser alguém muito importante pra você. Receber uma bronca dele deve ser… Triste.”

Não recebi nenhuma resposta. Continuei: “Ainda mais com você sempre se esforçando tanto pra agradá-lo. Mas eu tenho certeza de que ele vai entender as suas boas intenções, é só dar tempo ao tempo…”

Ainda silêncio. Pelo menos parecia que ela estava prestando atenção em mim.

Só tinha uma coisa que eu não tinha entendido… Por que ela dava tanta importância pro meu tio…?

“Como vocês se conheceram?” Ousei perguntar.

A porta se abriu. Ela estava cabisbaixa, tentando esconder o rosto inchado. “Teve uma época…” Ela começou. “Que eu não tinha propósito nenhum na vida. Só ficava vagando por aí, me envolvendo em situações que não devia. Até… Acabar conhecendo o grupo de motoqueiros que ele participava.”

Jesus, mas será que todo mundo nessa cidade já foi motoqueiro…?

“E… Ele estava disposto a fundar uma escola. Fazer a diferença, ser alguém… E acabou me convencendo a fazer o mesmo. Ressuscitou a minha paixão por matemática, me contratou como professora. Sabe… É como se ele fosse um pai pra mim.”

Assenti. Ela continuou: “Mas com o tempo eu percebi que faltava alguma coisa nele. Que faltava alguém. E mexi nas coisas dele sim. Fiz a Stella voltar sim. Porque é isso que ele merece… Por tudo que ele fez por todo mundo naquela escola.”

Fiquei tentado a abraçar ela, confesso. Mas nunca gostei de contato físico com ninguém, então fiquei na minha. Mas aí o Jonas (já aos prantos) nos agarrou em um grande abraço de urso.

Ouvi mordomo e o empregado ainda murmurando no final do corredor: “Mas os três juntos…?”, “Poliamor está em alta, né?”


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