O Diário de Katrina Dickens escrita por KayMine


Capítulo 3
Capítulo três – City Of Hope: Cidade da esperança.


Notas iniciais do capítulo

Oláá!!!
Sei que estou postando muito rápido, mais é porque eu estava ansiosa para postar!

Obrigada a Rosa16 pelo seu ilustre comentário e por estar também acompanhando a fic.

MUSIC: https://youtu.be/diaHnF-zfEg

2bj de luz e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/691259/chapter/3

Capítulo três – City Of Hope: Cidade da esperança.

“Naquele momento, eu me sentir viva. Me sentir real. Sentir-me fazendo parte daquele mundo outra vez. E sabe o melhor de tudo?”

“Não foi um sonho...”

“Foi real... Por breves e pouquíssimos segundos, mais real“

 

Levamos o último lote de caixa para dentro da nossa nova casa. A nova vizinhança era pacata e simples, mais de algum jeito acolhedora.

Recebemos sorrisos verdadeiros, apesar de suas feições esconderem mistérios ocultos. Talvez esquecidos pela dor que os faziam lembrar.

— Aí! – uma caixa escapuliu da minha mão. Já estava entrando em prantos, quando outra mão surge no meu campo de visão, capturando-as com as mãos.

Estava prestes à abrir à boca para agradecer a alma boa que havia me ajudado, quando sentir que às palavras simplesmente me abandonaram, restando apenas uma saliva seca dentro da boca.

Seus olhos verdes-florestas me hipnotizaram de uma forma tão descomunal e desconhecida, que eu me desconectei do mundo à volta.

Levei um choque extremo quando nossos olhares se cruzaram. Parecia algo tão simples, tão simplório. Mais por dentro, uma parte de mim dançava numa alegria que fazia todos meus pelos arrepiarem, até não sobrar nenhum que estivesse alinhado!

Sua boca rosada se formou um sorriso, mostrando o quanto perfeito seus dentes eram. Suas bochechas eram coradas, e seu cabelo aos tons de um mel queimado, formado em um topete bem cuidado e muito bonito.

Naquele momento, parecia que era só eu e ele, banhados pela luz da Lua, que brilhava no céu!

— Desculpe! – sua voz altamente delicada e doce se repercutiu nos meus ouvidos como uma melodia – Deixou isso cair! – e estendeu-me à caixa, qual continha coisas do meus falecidos pais. Peguei-a desajustada, e sentir-me a pessoa mais patética do universo inteiro!

— Eu sou uma desastrada! – soltei um suspiro frustrado e ri quando o mesmo riu também, liberando uma gargalhada gostosa de se ouvir.

— Ethan! – ele estendeu à mão e sorriu simpático.

— Katrina! – coloquei a caixa pesada no chão e peguei em sua mão. Afastei-a rapidamente quando um choque elétrico se apoderou da mesma. Passei a mão pelo pescoço, sem graça.

— Acho que vamos ser vizinhos! – ele olhou em direção à minha nova casa e voltou a me encarar, com um sorriso alegre – Pena que moro na outra rua. Então vamos ser vizinhos distantes! – e liberou mais uma risada. Acompanhei-o no gesto. – Vejo que é nova na cidade... Não gostaria de passear comigo? Sei que é um pouco estranho, já que não me conhece e já estou oferecendo esse...

—  Tudo bem! — interrompi-o, com a voz mais agitada do que o normal – Eu aceito! É bom conhecer a cidade!

— Te pego as 20:30h, está bem?

Assenti rapidamente com à cabeça e peguei à caixa no chão.

— Até mais, Katrina! – ele gritou, quando já estava um pouco afastado.

— Até mais, Ethan! – fiz pequenos gestos pela dificuldade que o peso da caixa impôs. Abrir a grade com mais dificuldade ainda e enfim, havia entrado.

A mobília havia sido comprada junto com a casa. Só oque trouxemos foi nossas coisas pessoais e alguns utensílios para deixar à casa com a nossa cara.

— Quem era? – Lisa perguntou-me, tirando a caixa de minhas mãos. Soltei um suspiro aliviado e joguei-me no sofá fofo. Apoiei minha cabeça em seu braço e soltei mais um suspiro.

— Acho que um novo amigo... – e sorri, com o peito ofegante ao lembrar-me de Ethan.

(...)

Amarrei meu cabelo longo em um rabo de cavalo tradicional. Vestir uma calça jeans desgasta e uma blusa de mangas pretas, e um all star marrom surrado.

Olhei pra minha cama recém forrada e permitir-me dá um sorriso pequeno ao vê o meu diário ali.

— Escrevo quando eu voltar! – peguei-o e beijei sua capa, logo o aconchegando no meu peito, e soltando um suspiro risonho.

Guardei-o na gaveta da escrivaninha. Antes de sair, passei no quarto do meu irmão. A música de rock ressonava pelo quarto inteiro, mesmo ele escutando em seus headphones.

— Alexy, eu vou sair tá? – incrivelmente, ele girou a cabeça em minha direção, com à expressão mais dura possível. Depois voltou a encarar os posters de suas bandas recém colocados nas paredes. Soltei um suspiro triste e fechei a porta.

— Tia, eu vou sair... – pronunciava-me, descendo os últimos degraus da escada.

— Vai sair?! – ela surgiu na minha frente com um pano de prato em mãos e uma feição surpresa. – Bom, não que eu esteja reclamando. Só fiquei surpresa... – jogou o pano por cima do ombro e voltou à cozinha. Seguia-a.

— Vou conhecer a vizinhança... – abri a geladeira e peguei uma garrafa. Lisa jogou-me um copo de plástico e eu agradeci prontamente por não ser um de vidro. Acho que ela pensou o mesmo pela feição de medo e alívio que fez quando o copo quase caiu de minha mão. Despejei o líquido no copo e tomei-o em um gole só.

— Amanhã mesmo já vou procurar escolas para matricular você e o Alexy.

— Espero que não demore muito. – voltei à guardar a garrafa na geladeira – Ah, tem que consertar aquele chuveiro! À água está parecendo um iceberg derretido.

— Tenho que vê isso amanhã também. O gás também não está funcionando direito, além de outras coisas. Mais não se preocupe, eu resolverei tudo!

Então beijou-me minha testa e sorriu. Uma coisa que minha mãe sempre fazia.

Estava ciente que minha tia estava dando o melhor de si. Quando soube da morte dos meus pais, minha tia quase entrou em surto. Lisa, na adolescência, havia tido sérios problemas com drogas. E ela quase se enfiou naquele mundo de novo, se não fosse por mim e pelo Alexy. Nos primeiros meses foram bem difíceis. Quase impossíveis, eu diria. A convivência era à pior. Nós três mal nos falamos. Minha tia saia de manhã e voltava de madrugada. Alexy se desligou totalmente do mundo e eu... Bem, eu tenho uma terrível mania de sofrer pelos outros. Então isso meio que me afunda ainda mais no poço.

Não posso negar que os primeiros meses foram os piores dias da minha vida. Eu chorava compulsivamente e anotava cada detalhe depressivo em meu diário. Cada momento dolorido e sofrido estava anotado naquelas linhas.

A superação não foi fácil. 

Aí eu paro, e penso:

Será que a gente superou mesmo? Eu acho que nunca iremos nos superar de uma perda. Com o tempo, aquela saudade imensa vai pouco a pouco diminuindo e você se acostuma com à nova realidade. A sua realidade! Mais depois tudo volta como um avalanche carregado da mais pesada neve, cobrindo você com lembranças dolorosas, que dói cada centímetro do seu coração.

Olhei pra Lua por um momento e parei com toda aquela reflexão sobre alguns meses atrás. Eu deveria focar no ali e agora! Eu, enfim, estava fazendo um amigo no meio de tudo que estava acontecendo e era bom.

— Pensativa olhando pra Lua? Pensei que era o único com essa mania! – sobressaltei-me pelo chão, e coloquei a mão no peito, ofegante. Encarei Ethan um pouco indignada e assustada.

— Não foi minha intensão. – ele demonstrou-se preocupado e desfez o sorriso que carregava nos lábios – Você está bem?

— Sim, sim... Você só me assustou... – tentei controlar minha respiração acelerada ao máximo que podia. Então sorri forçadamente e o encarei. – Vamos?

Ele sorriu, e eu não pude negar o quanto ele estava bonito. Vestia uma jaqueta de couro por cima dos ombros, uma blusa branca e uma calça jeans. Seu cabelo estava com alguns fios bagunçados, mais aquilo servia para deixa-lo mais atraente.

Balancei a cabeça de um lado pro outro, tentando afastar aqueles pensamentos que sucumbia meu subconsciente. Tentei dá um sorriso forçado, mais saiu um verdadeiro quando olhei em seus olhos. Escondi meu sorriso atrás dás mãos e abaixei a cabeça.

— Então, conte-me mais sobre você! – ele pronunciou, quando começamos a caminhar.

— Minha vida é um pouco complicada... Bastante complicada, na verdade... – minha voz saiu num tom de confissão. Ele estreitou os olhos e fitou-me com curiosidade. Suspirei – Meus pais morreram em um acidente de carro. Minha tia Lisa ficou com à minha guarda e à do meu irmão, e nos mudamos pra cá. Na verdade, a gente até tentou ser uma “família feliz”, na nossa antiga cidade, mais tudo lembrava eles e então... – suspirei novamente, tentando controlar às benditas lágrimas que insistiam em escapar dos meus olhos – Minha tia comprou essa casa faz quase um mês. Mais infelizmente só conseguimos nos mudar agora!

Ele me escutava atentamente. Não desfocou de mim um momento sequer. Ouvia minha história trágica de vida com toda sua atenção, uma coisa que até me surpreendeu.

— Triste... – foi a única coisa que saiu de sua boca – Eu te entendo, porque eu também perdi minha mãe quando era pequeno. Perdi ela pra Leucemia. Uma coisa trágica, mais, – ele fez uma pequena pausa e raciocinou, logo voltando a sorrir – Eu me lembrava dela como um anjo protetor. Até hoje é assim. Porque quando perdemos alguém, Katrina, essa pessoa ganha mais espaço no nosso coração. E a dor que vem junto dela, é insuportável. A falta que ela faz é insuportável! 

Me debruçava sobre às lágrimas. Ethan percebendo isso, tirou um lenço do seu bolso e parou de caminhar, ficando na minha frente. Recuei com alguns passos para trás, com sua aproximação inesperada. Encolhi-me contra mim mesma, enquanto eu derrubava lágrimas sem fim.


      — Ei, ei, calma... – ele lançou-me um olhar tranqüilizador, agarrando meu pulso com sua mão macia. Enquanto que me reaproximava, utilizava à outra mão para enxugar minhas lágrimas.

— Me desculpa por isso. – ri amargamente, quando ele terminou de enxugar meu rosto – Olha, eu acho melhor eu ir! – estava prestes a virar quando ele segurou meu pulso novamente, dessa vez, com mais firmeza.

— Não se ache fraca por isso. – sua mão deslizou sobre meu rosto e acariciou minha bochecha. Fechei os olhos por um segundo, e abri-os, tentando tirar aquela sensação do meu corpo. – Você sabe o porque dessa cidade se chamar de cidade da esperança? – neguei com a cabeça.

— Será porque ela simboliza a esperança? – chutei, com um leve sorriso. Ele largou o meu pulso, imitando o gesto.

— Quase isso! Vem! – e puxou-me pela mão. Aquele choque fez-se de novo sobre mim.

       — Chegamos! – exclamou, e o encarei com um sorriso bobo, logo voltando o olhar pra frente.

Era um linda praça. Era um pouco simples, mais bonito e aconchegante. Havia apenas uma árvore ali, que ocupava quase todo espaço do terreno. E quando me aproximei, mal contive a surpresa.

— Um Salgueiro? – voltei a olhar Ethan, que fitava aquela árvore apaixonadamente. Após ouvir-me, tirou os olhos dá árvore e os focou em mim.

— A última da cidade. Ela é pequena porque a plantaram não tem muito tempo.

— Ela é linda, Ethan... – passei a minha mão pelo tronco dá árvore.

— Pra você! – ele surgiu na minha frente, carregando uma linda flor em mãos.

Quando peguei-a, voltei à olha-lo surpresa e depois olhei novamente para flor.

— Essa flor tem na capa do meu diário... – alisei-a, com um sorriso bobo e surpreso. Ao vivo ela era verde, tão viva quanto o Salgueiro.

— Essa é a esperança... Quando estavam colonizando à cidade, os ingleses perceberam que essa flor era muito rara. E ela só crescia em um lugar: aqui! Então deram o nome da cidade de esperança, por causa da flor. E deram o nome de esperança pra flor, porque ela simbolizava exatamente isso: esperança!

Durante sua explicação, alternava meu olhar maravilhado entre a flor e Ethan.

— Infelizmente, essas flores estão sendo raras até na cidade. Por isso fiquei surpreso quando vi uma perto do Salgueiro.

— Ela é tão linda... – minha voz estava distante e o olhar vago. Apesar de estar olhando fisicamente pra flor, meus olhos a atravessaram e foquei-me no seu interior. – Me lembra seus olhos, Ethan. – falei automaticamente. Percebi oque eu disse quando meu cérebro reprogramou meus dizeres. Balancei minha cabeça, e afastei-me dele...

— Me desculpe, Ethan, -e-eu tenho que ir. – sacodi minha cabeça e comecei à correr.

TENHO ESPERANÇA, KATRINA! – ouvi-o gritar atrás de mim. Com muita coragem, girei minha cabeça e o encontrei apoiado no Salgueiro, com às mãos ao redor da boca. Ele às tirou e pude contemplar seu sorriso. Voltei a cabeça para frente, e apertei a flor contra o peito.

Eu teria esperança! 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Oque acharam do Ethan?
Obrigada por me acompanharem até aqui! 2bj de amora, e até o próximo! (que não tarda em sai)