A Garota da Lua escrita por calivillas


Capítulo 38
O CAVALO – seguindo em frente




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— Senhor dos Ventos, é um prazer tê-lo em nossa casa – On se curvou diante de Gabriel, quando ele cruzou a porta e parou imponente diante de todos.

— O prazer é meu ser recebido pelo Senhor – Gabriel respondeu também se inclinando.

Meu coração sempre batia mais forte quando eu via Gabriel, não só porque eu o amava, mas ele era uma figura impressionante e bela, ainda por cima, entrando naquela sala cheio de decisão, dono completo da situação. Ao meu lado, notei o alvoroço das mulheres mais jovens e alguns risinhos nervosos.

— Por favor, junte-se a nós na nossa humilde refeição, será uma imensa honra. – On o convidou, gentilmente.

— Será um prazer! – Gabriel aceitou, um lugar à mesa se abriu, imediatamente, ao meu lado, pois ele era um guerreiro, mas também um diplomata, sabia quando era o momento de lutar e de ser complacente, fazendo tudo de maneira civilizada, não havia motivo para arranjar uma briga agora, principalmente, quando o equilíbrio de forças entre o Oriente e Ocidente estava tão delicado, não queria que ter problemas com a família de Su, que já era muito próxima de meu pai, Salvatore, o Senhor do Ocidente.

— Como me achou? – perguntei baixinho, quando ele se sentou ao meu lado.

— Ama nos avisou sobre você, vim o mais rápido possível, ficamos monitorando seu cartão de crédito e conseguimos chegar até aqui – ele explicou segurando e beijando minha mão, não era lugar para trocar de carícias.

— Cartão de crédito? Muito esperto! E Alexandre?

— Está ótimo, mas, por segurança, mandei Helena para nossa casa. Ele a adora – Helena, a irmão de Gabriel e, consequentemente, tia de Alexandre era muito engraçada e divertida, éramos amigas antes mesmo de eu descobri quem ela era realmente.

No final do jantar, On veio conversar conosco, desculpando-se pelas atitudes intempestivas de Su, afinal, o Senhor das Tempestades sempre foi impulsivo e impetuoso, depois me deu um presente em um saquinho de seda azul, quando abri havia uma pedra de cristal branco, que brilhava na luz.

— Para ajudá-la na sua jornada. Use a quando estiver perdida, ela indicará o caminho certo a seguir.

— Obrigada – respondi, comovida.

— É o mínimo que poderia fazer por ter trazido Su de volta a família.

— Você acha que ele ficará bem agora, depois de encontrar Hoshi?

— Por algum tempo, seu espírito se acalmará, mas a tranquilidade não é da natureza dele, logo, haverá outra tempestade na sua alma. – On previu o futuro de Su e depois continuou: – Quando ao problema lá fora, tente saber sua origem, leve à para o lugar de onde veio, pois quando mais tempo passar aqui, mais rápido voltará a sua forma original, seja ela qual for.

— Obrigada, Mestre On, pela sua hospitalidade e seus conselhos — agradeci, Gabriel me olhava seu com ar de interrogação, sem saber do que falávamos.

Depois de uma série de despedidas, deixamos a casa de On, caminhávamos pelo jardim e Gabriel me informou que um carro esperava para levar nos ao aeroporto, onde um avião nos aguardava.

— Mas, preciso voltar ao hotel e pegar minhas coisas.

— Não se preocupe, já providenciei isso, seus objetos estão no carro – ele me respondeu, com um sorriso de satisfação.

— Só mais uma coisinha que tenho que contar para você, Gabriel.

— Sim. É sobre a conversa que teve com On?

— É sobre isso – respondi, apontando para trás dele, onde estava o espectro, ele olhou levantando um susto e sua espada flamejante apareceu em punho.

— Não será necessária – disse, abaixando o braço dele devagar, ele me olhou, intrigado. – Esse é meu novo ser de estimação. Vou contar tudo para você.

Assim, contei toda a história desde de Vancouver até agora, ele não tirava o olho da figura, que também ficou imóvel.

— Podemos mandá-la de volta pela espada.

— Não podemos fazer isso com alguém, que não fez nada.

Ele me encarou, sem entender meu raciocínio, me segurou pelo braço e falou no meu ouvido.

— Você sabe que ele foi mandado para o mundo de Eres, porque não era boa coisa.

— Você também foi mandado para lá – retruquei, também falando baixinho – Eu, também, fui punida por me apaixonar por você. Nós não sabemos o que ele fez. Não podemos condená-lo por toda a eternidade.

— Então, o que você está pensando em fazer? – Continuávamos a falar baixinho.

— Não sei. On disse que precisaríamos levá-lo ao seu lugar de origem e que, com o tempo, ele voltaria a forma original.

— Seja ela qual for. Onde será o lugar de origem dele?

— Não sei. Pensei ir até as terras de sua família, será um bom lugar para começar. – Ele me olhou desconfiado, sabia que eu não desistiria da ideia, seguiria em frente com ou sem ele.

— Está bem. Vamos para Istambul. Ainda bem que eu trouxe isso. – Ele me entregou meu passaporte, logo após deu um telefone em turco.

— Já comuniquei ao piloto nossa mudança de rota. Ele não vem conosco? — Gabriel perguntou, ao ver que o espectro permanecia parado, enquanto, nos aproximávamos do carro, uma enorme limusine preta clássica.

— Não se preocupe, ele me achará – respondi, com displicência.

— É esta parte que me preocupa – Gabriel comentou, abrindo a porta do carro para mim, então, pela primeira vez depois de muito tempo, ficamos sozinhos, bem sem contar com o motorista e o segurança no banco da frente.

— Olhe! Vou fazer uma mágica. – Ele brincou e apertou um botão na lateral do banco e um vidro escuro começou a subir entre a parte da frente e de trás do carro – Desculpe-me, rapazes, mas, há muito tempo, não vejo a minha garota. – E tenho certeza que escutei risinhos vindo deles, antes do vidro se fechar completamente.

Neste momento, ele me abraçou, puxando-me contra seu corpo e me beijou com paixão, eu estava com tantas saudades daquilo, ainda bem que os vidros do carro eram todos escuros, pois seria um escândalo se alguém visse o que se passou no banco de trás daquele carro, me surpreendi quando ouvimos batidinhas na divisória, anunciamos que tínhamos chegado ao aeroporto, levamos um tempinho para nos recompor.

— De quem é esse carro? – perguntei, quando saímos do carro, eu tentava arrumar meu cabelo e desamassar minhas roupas com as mãos e ajeitando a gola da camisa de Gabriel.

— Ama – Ele respondeu, a irmã de Su, a Senhora da Luz Celestial, era uma mulher poderosa, que dirigia um verdadeiro império.

— E o avião?

— É nosso.

— Como nosso?

— Na verdade, ele é de uma das nossas empresas. – Gabriel não precisava explicar mais nada, pois eu sabia que sua família, também, tinha participações em grandes empresas do oriente.

Já no avião, prontos para decolar, Gabriel ficou curioso, quis saber o que havia acontecido no tempo que passei com Su, então eu lhe contei sobre a visitas a família dele, a ida a floresta conhecida como “o Mar Sombrio das Árvores”, os suicidas e a criatura que se alimentava do momento da morte, a luta com os soldados do Senhor da Guerra, depois, continuei com a ida a ilha abandonada e a luta com o guardião da entrada do Yomi, Gabriel escutava tudo com atenção, no final, depois de toda a minha história.

— Você se divertindo, e eu negociando divisão de territórios. Isso não é justo!  — comentou, sorrindo.

Dormi o resto da viagem e devido ao fuso horário e o nosso voo durar menos tempo que o normal, pousamos em Istambul, ainda de madrugada.

— Você vai consegui um carro para nós? – interroguei, assim que passamos pela imigração.

— Não, depois do que aconteceu da última vez. Por isso, já temos um carro nos esperando.

Assim que saímos para o saguão um homem nos esperava, com uma plaquinha com o nome GALE escrito. Esse era o sobrenome falso que Gabriel nos deu, pois, significava vendaval em inglês, era uma brincadeira com as palavras já que ele era o Senhor dos Ventos. Mais de perto, pode ver um jovem de cabelos cacheados negros e um olhar afiado e escuro, não gostava muito de sorrir.

— Esse é Aslan – Gabriel me apresentou, o rapaz que fez um rápido movimento de cabeça e não disse nada, meu sorriso se congelou no rosto.

— O carro nos espera, senhor – Aslan anunciou.

— Aslan não é o nome do leão daquele livro? — questionei lembrando-me do clássico inglês.

— Aslan quer dizer Leão em turco.

O carro era um sedan preto de luxo de uma marca alemã famosa, dentro havia um motorista já aposto, eu e Gabriel sentamos no banco de trás e Aslan, sentou se no banco vazio à frente.

— Nosso motorista se chama Kadir – Gabriel me apresentou e ao contrário de Aslan, Kadir foi bem simpático.

— Vamos ficar com a sua mãe? – perguntei, receosa, pois não tinha boas lembranças da vez anterior que estive na casa de Kira, a mãe de Gabriel.

— Acho que ela poderá nos ajudar com seu novo amiguinho. Por sinal, onde estará ele? – Gabriel questionou, olhando em volta.

— Ele vai aparecer.

— Espero que não, com sorte, ele se perdeu em algum lugar acima da Ásia.

Mas Aslan nos interrompeu, sua voz soava preocupada.

— Senhor, acho que estamos sendo seguidos.

A feição de Gabriel ficou séria, olhei para trás e vi outro carro preto, bem próximo a nós.

— Kadir, ultrapasse este caminhão aí na frente. Vamos ver se estamos sendo mesmo seguidos — ele ordenou.

Mas antes que Kadir pudesse fazer alguma manobra, o caminhão freou, parando bruscamente a nossa frente, nosso carro, que vinha em alta velocidade, colidiu com toda força na traseira dele. Se fossemos humanos, estaríamos todos mortos, mas como não somos, ficamos muito zonzos e atordoados com a batida, pude ouvir os homens se mexendo e os seus gemidos de dor no banco da frente, assim como Gabriel ao meu lado. No entanto, quando tentei levantar a cabeça, senti a porta do carro ao meu lado se abrir e eu fui agarrada por algumas mãos e puxada para fora. Primeiro, pensei que era alguém nos socorrendo, mas depois me jogaram no chão de algo que parecia ser uma van, amarraram minhas mãos e colocaram um capuz na minha cabeça, senti um cheiro adocicado, fiquei tonta, tudo ficou preto e então desmaiei.


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