Casa de Bonecas escrita por Ravenna Quagliarelli


Capítulo 2
♥ Traições ♥


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Demorei ;-;
Eu só poderia iniciar essa nota com duas coisas: o agradecimento e o pedido de desculpas.
OBRIGADA, MIL E UMA VEZES OBRIGADA A QUEM LEU, COMENTAR E, PRINCIPALMENTE, RECOMENDOU SZ ALINELPS, ALEPHCHAINS E THAIS ~mainha~ ESSE CAPÍTULO É PARA VOCÊS ♥

Tá menor que o anterior? Tá.
Então, ME DESCULPEM, SÉRIO T-T NÃO SEI O QUE DEU EM MIM, JURO TENTAR NÃO DEMORAR TANTO T-T
E não desistam de mim, por favooor.



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Dezembro, 2005.

Ele não sabia se era efeito do álcool ou se ela sempre foi daquele jeito, mas, naquele dia, Aline estava extremamente bonita. Talvez fosse o jeito que ela jogou o cabelo para o lado ou então o som que a sua risada produzia – coisa que ela não fazia muito no trabalho. –, ele não sabia. Só sabia que, talvez, estivesse se apaixonando por ela. O que não fazia o menor sentido já que estava completamente bêbado.

Era bem possível que no dia seguinte as pessoas falassem dele pelas costas, o quão ridículo ele estava, que um chefe não podia beber tanto assim na frente de seus funcionários, que tinha que dar exemplo... Ele praticamente podia ouvir os cochichos atrás dele e, pela primeira vez, não ligava nem um pouco para que as pessoas falariam no dia seguinte. Ou melhor, será que teria um dia seguinte?

— Amanhã existirá? — Ele questionou agarrando o primeiro ombro que viu.

— Depende muito. — O homem na sua frente respondeu, dando de ombros. — Se você não sofrer um acidente de carro, o que eu acho impossível, já que está extremamente bêbado, existirá. Agora se você sofrer um acidente e morrer não existirá, a não ser que exista uma vida depois da morte.

— Não foi isso que eu perguntei, imbecil! — Ernesto o soltou, gritando. — Amanhã terá trabalho?

O homem a sua frente engoliu em seco, assustado.

— Não, o senhor nos deu folga, não se lembra?

Automaticamente, Ernesto teve noção do mundo a sua volta. Aquilo era uma confraternização de fim de ano, ele havia dado folga as pessoas, sua vida familiar estava desmoronando então ele bebeu para esquecer tudo e, bem, esqueceu. Mas agora precisava voltar a realidade.

Pegou seu paletó – que só achou após muito procurar pelo bar – e as chaves do seu carro. Despediu-se das pessoas de forma calorosa, abraçando-as e desejando todas aquelas coisas que ele não queria desejar; não de verdade. Ouviu muitos conselhos para não dirigir embriagado, algumas pessoas também se ofereceram a leva-lo para casa, mas, como sempre, não aceitou nenhuma ajuda, fazendo aquele breve discurso que não estava bêbado. Até ela se oferecer.

Enquanto ele se dirigia até a saída do bar, ela o parou segurando seu ombro.

— Você não vai dirigir nesse estado. — Anunciou pegando as chaves da mão dele, o que não exigiu muito esforço. — Você está completamente bêbado, mesmo de longe consigo sentir seu bafo. — Disse fazendo cara de nojo, guiando-o até seu carro. — Imagina se o Dr. Paulo assumir a empresa o quão chato vai ser? Não, Deus me livre. Ninguém merece aquele velho ranzinza como chefe.

Ele queria retrucar, dizer que estava com condições para dirigir. Mas sabia que todos estavam certos. “O que será de Anabel sem mim? Aurélia fará a vida da garota um Inferno ainda maior.”, ele pensou, se lembrando do ódio que a mulher sentia pela caçula. Por isso ficou em silêncio, pela primeira vez em muito tempo.

 Aline abriu a porta do carro e ajudou-o a sentar, colocando o cinto de segurança delicadamente e fechando a porta. Entrou no carro e deu partida no carro.

A viagem seguiu na maior parte silenciosa, até Ernesto quebrar o silêncio que se instalava no automóvel.

— E você? Não bebeu?

 — Há sete anos prometi a mim mesma nunca mais beber. Quando eu prometo eu cumpro. — Respondera freando o carro no sinal vermelho.

— Certo... E como sabe o endereço da minha casa?

— Sou sua secretária pessoal, sei tudo sobre você.

— Tudo? — Perguntou arqueando as sobrancelhas.

— Tudo que é útil, pelo menos.

— E o que é útil para vocês?

— Endereço, telefone... Essas coisas normais. — Murmurou trocando a marcha.

— E isso incluí saber como chegar na casa do chefe? Porque para isso não é nem um pouco normal, senhorita. — Falou virando-se para ela, erguendo a sobrancelha esquerda.

Aline revirou os olhos, mas, mesmo assim, deu um pequeno sorriso. Talvez porque se lembrou que ele estava bêbado ou porque ele tinha razão. De qualquer forma, o sorriso dela fez seu coração parar por um segundo. Mesmo pequeno era extremamente lindo.

— Eu sei como chegar na sua casa porque moro perto de você. — Respondeu, lançando um confidente à ele, como se seu endereço fosse um segredo de Estado. — Sete quarteirões após sua “pequena” casa. —Ironizou. — Apartamento Marília, já ouviu falar? Sempre passo por sua casa quando volto do trabalho.

— Apartamento Marília. — Sussurrou, assentindo levemente. — Coincidência, não é mesmo? Será que nascemos um para o outro? — Perguntou em tom de brincadeira.

Aline o fitou, séria.

— Você é casado, Dr. Ernesto. Não pode brincar com essas coisas. — Falou após alguns segundos em silêncio, aparentemente analisando a situação. — Chegamos. Aqui tua maleta. — Disse virando-se para trás e pegando-a.

Depois disso eles ficaram se encarando. Ela, obviamente, desejando que ele saísse logo do seu carro e ele encarando-a com a expressão vazia.

— Vou providenciar que seu carro apareça aqui antes das seis horas. A chave está comigo, não se preocupe. — Aline murmurou, quebrando o silêncio. Ela queria jogá-lo para fora do carro, mas a educação não permitiu. “Bem que você poderia não existir agora, né?”, pensou.

Mesmo assim ele não fez ou falou nada. Ficou lá, encarando-a, aparentemente encantado. Olhava seus cabelos negros, sua pele bronzeada naturalmente e fitava seus olhos extremamente escuros. Reparou nas sardas que ela tinha pelas maçãs e que uma de suas sobrancelhas um pouco mais alta que a outra. Mas mesmo assim, para ele, ela era linda. Talvez aquilo fosse um grande pecado, mas o que ele podia fazer se a beleza de sua secretária era imensa? Não era aquele tipo de beleza ariana que sua esposa tinha. Era algo diferente.

— Você é linda. — Sussurrou, tocando a bochecha dela levemente. Por um momento ela relaxou, fechando os olhos, aproveitando o carinho que Ernesto fazia em sua bochecha, mas então, repentinamente, abriu os olhos e se afastou.

— E você está sem óculos. — Respondeu, virando o rosto. — Saía, por favor.

Ele assentiu, triste. Abriu a porta do carro e seguiu até seu portão com passos cambaleantes.

Quando ele saiu, um sorriso vitorioso surgiu em seus lábios. Aquele seria mais um milionário que ela daria o golpe. Mais um otário para sua lista.

Pena que o Amor não concordava com seus planos.

Ele sentiu uma dor insuportável em sua cabeça logo quando acordou, mas mesmo assim se levantou. Não era porque seus funcionários receberam folga que ele ficaria à toa, tinha que ir a empresa, resolver as coisas que deixou pendente e fecha-la até o início do ano que vem. Ou não. Talvez ele podia servir como um refúgio para ele, enquanto sua esposa tinha suas famosas decaídas, daquelas que ela não queria contato humano com ninguém. De qualquer forma, era sua obrigação ir trabalhar naquele dia.

Sacou a chave da porta dos fundos do escritório, porém ele já estava aberto. Por um momento ele sentiu o sangue gelar em suas veias, seu coração descompassar o ritmo, o ar faltar-lhe nos pulmões. Girou a maçaneta, devagar, alerta a qualquer coisa ou pessoa, quando notou-a debruçada sobre papeladas. Um café e um pão-de-queijo ao seu lado. Óculos na ponta do nariz. Expressão séria, concentrada.

— Aline? Hoje é dia de folga, o que faz aqui? — Perguntou, fechando a porta logo atrás de si.

Ela levantou a cabeça lentamente, um tímido sorriso enfeitavam seus lábios.

— Eu sei, mas, bem, sei lá... Eu vi ontem, antes de irmos para o bar, o quanto de trabalho que você tinha e depois que vi você bêbado... Bem, não achei que você estava nas melhores condições de trabalhar, então resolvi vim te ajudar. — Explicou-se rapidamente, organizando a papelada, estava um pouco corada e havia olheiras que o corretivo não conseguira apagar, mas, para Ernesto, ela estava tão linda quanto o dia anterior.

“Talvez ainda seja efeito do álcool.”, pensou atravessando a sala. “Ou então só agora você está se desgrudando daquele relacionamento doentio”, uma vozinha interior falou dentro de sua cabeça, aquela que ele sempre tentava calar. “Não, seu relacionamento não é doentio. Você é doentio.”, ela completou, mais baixo que antes. Ele sentiu como se uma faca estivesse sendo cravada nas suas costas, mas, mesmo assim, não falhou o passo.

— Hum, como eu pensei que você estaria cansado de ontem eu comprei um café e um lanche para o senhor. E aqui estão as papeladas que já organizei — Aline continuou, pegando um saco de papelão debaixo da escrivaninha e os papéis com outra mão, entregando à ele. — Se quiser que eu saia, eu saio. Só vim para ajudar mesmo, mas se não quiser... Tudo bem. — Completou, não conseguindo segurar um sorriso pretensioso.

— Não, não. Fica, por favor. — Pediu, aparentemente apreensivo. — Me ajuda, assim eu posso terminar mais rápido, certo?

Eu? — Ela questionou, cruzando os braços. — Eu jurava que seria nós. — Provocou.

— Foi isso que eu quis dizer, nós. E... Obrigada pelo lanche. — Disse, erubescendo e engolindo em seco. — Pode ser na minha sala?

 

Aline simplesmente assentiu, entrando na sala de Ernesto. Silenciosamente, sentou-se em frente à mesa de madeira envernizada e pôs-se a trabalhar.

— Então quer dizer que seu pai é dono de uma pousada, traiu sua mãe com uma turista e agora sua mãe vive viajando o mundo? — Ernesto perguntou, incrédulo com que a morena havia lhe dito.

Após meia hora em silencio quase absoluto – sendo interrompido apenas com o som das teclas sendo apertadas rapidamente, a caneta riscando o papel e o som que Ernesto produzia ao beber ou mastigar algo – Ernesto questionou Aline sobre sua vida. Bem, não era novidade que ele mal a conhecia – vulgo nunca deu a devida atenção a ela. –, depois da noite anterior só teve um maior conhecimento sobre a profunda beleza de Aline e que ela possuía uma mágica de conseguir controla-lo, então, nada mais justo, do que descobrir um pouco mais sobre sua vida. Certamente ela conhecia a dele – a pergunta a ser feita era: quem não conhecia ele e sua família? – por isso evitou falar de si próprio, apenas ouvindo-a atentamente.

Descobriu que ela nasceu e viveu até os dezesseis anos numa cidade serrana do Espírito Santo, que seu pai possuía uma pousada que era o sustento da família e sua mãe, de vez em quando, fazia doces para vender para outras estabelecimentos ou para festas. Seu pai se apaixonou por uma turista, se separou e, agora, sua mãe viajava o mundo inteiro. Enquanto isso, ela resolveu se mudar para São Paulo e fazer uma vida sem depender deles.

Tá dando certo até agora, sabe. E, sinceramente, estou gostando de ficar esse período longe deles... Jurava que ia enlouquecer a qualquer momento. — Revelara, com um sorriso cumplice. — Mas e sua vida? Só estou falando de mim até agora.

Ela engoliu em seco, mudando a posição do corpo, apoiando a cabeça com a mão. Com a mão canhota tamborilava os dedos na mesa, nervoso.

— A mesma coisa de sempre. Filho único, família rica, estudei em Coimbra, fui forçado a me casar por questões financeiras, minha família tinha feito um acordo com uma família falida. — Respondeu de mau grado, encarando sua aliança de ouro. Tirou-a do dedo e colocando sobre a mesa. — Já tenho dois filhos, um chifre e um casamento falido com trinta e três anos. — “Também é um monstro que maltrata sua mulher e seus filhos. Mas essa parte é melhor não contar para ela.”, a vozinha completou, fazendo-o tremer. E ele se odiou por deixar ela dominá-lo daquele jeito.

— Foi assim que meu pai arrumou uma amante. — Ela fez uma pausa. — Com o casamento falido, não com a amante. — Completou, constrangida.

Semana após semana eles se viam. Semana após semana ele a achava mais bonita. Aline virou sua amante e ele adorava sentir a adrenalina e a vingança percorrer pelo seu corpo.

Δ•Δ

Junho, 2006.

Já fazia dois anos que eles trocavam cartas e ligações. Tudo começou com uma carta dele, com seu número de telefone, endereço, CEP, o número da casa e uma pequena frase.

“Não desista de nós.”

Desde então ela mandava cartas de amor, que ressaltavam a saudade e o amor que ela sentia por ele. No começo, evitava ligar, por medo do que Ernesto pudesse fazer contra eles, depois, ao notar que ele não percebia – ou ao menos fingia que não. – ela relaxou e as ligações começaram a tornar-se mais presentes na vida dos dois. Em suas últimas conversas, ele havia feito proposta tão impossível quanto aquela que ela havia feito há quatorze anos.

— Fuja comigo, Aurélia. — Suplicava. — O que ele pode fazer contra você?

“Tudo”, ela pensava, ao se lembrar do rosto queimando por conta de um tapa que ele dava.

Obviamente, não contou a ele que engravidara e teve que abortar. Não contava das frequentes surras. Apenas dizia que estava infeliz com Ernesto, permitindo que Richard fizesse suas inúmeras perguntas, as quais ela quase não respondia.

Suspirou profundamente, dando mais um gole em seu copo de whisky. Era incrível como sentia-se vazia sem ouvir sua voz ou então sem saber se ele estava bem ou o que aprontaram com ele durante a aula. O vazio que sentia era imensurável e ela não podia acabar com ele. Não ali na frente de todas aquelas pessoas, pelo menos.

Ao seu redor podia sentir olhares e ouvir sussurros sobre ela, as vezes alguém lhe dirigia palavras e sorrisos reconfortantes como se ela fosse uma boneca de porcelana. Algumas pessoas entregavam a ela nomes de líderes religiosos, como se sua distemia fosse algo do capeta e uma reza fosse melhorar as coisas para ela. Tolos, se eles soubessem que sua cura tinha só um nome e que seu marido a privava de tê-la. Richard era sua cura e, com ele, vinha sua tão desejada liberdade. Mas nada disso era possível.

Ela varreu o local com os olhos, esperando ver alguma coisa minimamente interessante para chamar sua atenção e tirar Richard de seus pensamentos. E então ela viu. Foi um simples olhar, acompanhado de um simples sorriso, que não significava nada para outras pessoas. Mas ela entendeu tudo rapidamente. Não era besta, não tinha nascido no dia anterior e, principalmente, ela conhecia o olhar e o sorriso como ninguém. Ernesto estava traindo-a e ela sentiu-se imensamente feliz. Sentiu aquilo que não sentia durante meses, talvez anos.

Delicadamente tocou o joelho da anfitriã, com um belo e delicado sorriso.

— Joana, você poderia me dizer, por gentileza, quem é aquela moça ali. — Disse apontando com a mão livre para a morena que trocara olhares com seu marido.

— Ah, aquela? É Aline. — Respondeu Joana acompanhando o olhar de Aurélia. — Me surpreende você não conhece-la, afinal ela é secretária do seu marido.

— Secretária? — Perguntou arqueando a sobrancelha direita levemente. — É que eu quase não apareço lá na empresa e não faço questão de saber quem ele contrata ou deixa de contratar. — Esclareceu, com desdém. — Mas por que ela está na sua festa, minha cara? Não sabia que meros funcionários podiam comparecer em suas festas.

— E não podem. — Respondeu, aparentemente ofendida. — Ela é filha do mais novo esposo da minha filha, Débora. Aliás, foi eu que arrumei emprego para ela; será mesmo que não lhe contei?

— Se contou não me recordo. Mesmo assim, muito obrigada, mesmo. — Agradeceu, erguendo-se rapidamente, decidida do que faria.

— Mas por que você queria saber?

— Nunca tinha a visto em suas grandiosas festas, só fiquei curiosa. — Mentiu dando seu melhor sorriso. — Agora vou ligar para Marília, quero ver se as crianças estão bem. Já volto.

Com isso, girou os calcanhares e rumou em direção ao cômodo mais distante da sala de estar. Era incrível o fato dela ter sido feito de trouxa por tanto tempo e nem ter desconfiado. “Parabéns, Ernesto. Você é um ótimo ator”, pensou dobrando um corredor. Mas, mesmo tendo sido traída, se sentia feliz. Aquilo significava que Ernesto havia desistido do casamento assim como ela. Significava que eles poderiam seguir caminhos opostos, mas felizes. Significava um futuro melhor para ambos.

Entrou num quarto de hospedes, fechando a porta com as costas. Da sua bolsa de mão, tirou seu Blackberry, discando o número que já lhe era tão conhecido. Após quatro chamadas e uma quase desistência, Richard atendeu com uma voz sonolenta.

— Eu aceito. — Aurélia disse rapidamente. Não tinha tempo para enrolações.

— Aceita o quê?

— Aceito fugir com você, Richard.

Houve um grande momento de silêncio, que para ela parecia a eternidade.

— Onde você tá? — Ele perguntou.

— Numa festa. Bem, não é uma festa de fato... É só um jantar com música clássica no fundo.

— O que a fez mudar de ideia?

— Ernesto. — Ela engoliu em seco, ainda era difícil acreditar. — Ele está me traindo. Inacreditável, né? — Perguntou soltando uma risada.

— Ele tá o quê...? — Richard questionou confuso. Ela podia vê-lo balançar a cabeça, bagunçando mais ainda a cabeleira. — Como você...?

— Eu vi. Ele estava trocando sorrisos e olhares com uma moça. Era tudo muito óbvio, Richard! Pergunto-me há quanto tempo este caso começou.

— Olhares e sorrisos não significam nada, Aurélia. E se você estiver errada, hein? Vai perder seu casamento perfeito por nada?

Ela bufou, revirando os olhos e enrijecendo a mandíbula.

— Eu tenho certeza, certo? E se eu não tiver, tudo bem, eu me arrisco.

— O.K, se você tem tanta certeza assim... — Respondeu, após um momento em silêncio. — Para onde vamos? Quando vai ser?

— Não sei ainda... Olhe, acho melhor eu desligar. — Murmurou, completando com um grande suspiro. — Amanhã conversamos, certo? Agora não dá, é arriscado demais.

— E anunciar que você vai fugir não é?

— É diferente, Richard. Anunciar que vai fugir é uma coisa, anunciar para onde é outra completamente diferente. Enfim, boa noite e tente sobreviver ao dia de amanhã.

— Boa noite, meu amor. E tente sobreviver ao dia de amanhã.

Ela desligou rapidamente, apagando seu número do histórico e guardando o celular na bolsa. Voltou a abrir a porta, só que agora com a certeza de um melhor dia.

 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Odiaram? Gostaram?
E ME PERDOEM, DE NOVO T-T




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