Dança da Extinção escrita por yumesangai


Capítulo 16
Seleção x


Notas iniciais do capítulo

#monsta x



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Eles correram em direção ao prédio, e logo perceberam que não era tão próximo quanto parecia, ao passar por uma, duas, três e mais ruas foram percebendo alguns sons roucos emitidos pelos errantes, eles já deveriam estar acumulando pelo menos uns dez atrás deles.

Não ajudou quando a chuva começou a cair, aquela que abafa os sons e que não permite que se veja muito adiante, o topo dos prédios e a bandeira do “Clã”, havia sumido no meio da névoa.

— Droga. - Minseok estava com um boné e não ajudava.

— Nós vamos perder a pouca munição que temos! - Sehun resmungou enquanto corria.

— Errantes não são a prioridade! - Minseok gritou para o grupo enquanto eles continuavam seguindo adiante.

Lay estreitou os olhos como se não tivesse ouvido, mas provavelmente não tinha entendido. Baekhyun apenas o puxou pela manga o fazendo aumentar o passo.

Kyungsoo foi a única pessoa que olhou para trás, mas o prédio de onde eles vieram já estava escondido.

— Deve ser uma chuva passageira. - Baekhyun falou quando eles pararam embaixo da marquise de um prédio comercial pequeno.

O vidro, assim como o da loja que eles vieram estava tampado. A cidade de modo geral parecia abandonada, porém era como se as pessoas tivessem se preocupado com as coisas antes de sair. Não havia carros nas ruas, não havia vidraças quebradas e coisas jogadas no chão.

— Mas nós estamos no meio da cidade e ouvi errantes, nós precisamos chegar naquela resistência. - Kyungsoo olhava ansioso.

Talvez fosse mais um quarteirão adiante.

— Aquele carro que nós vimos... - Sehun começou. - Pode ser deles, certo?


— Nós vamos bater e entrar pela porta da frente? - Baekhyun questionou olhando para Minseok.


— Eles são uma resistência, certo? Eles devem receber pessoas.

Três errantes se aproximaram batendo os dentes. Sehun bateu com a base do rifle no rosto de um. Baekhyun puxou a faca que estava presa em seu cinto. Lay chutou o peito de um e girou o cano que estava trazendo e afundou no crânio da criatura.

Minseok e Kyungsoo trocaram um olhar, até agora eles não haviam visto Lay em ação, eles também não confiaram nele para usar as suas armas, e ele era bom.

— Kung Fu? - Baekhyun perguntou com um sorriso.

— Um pouco. - Ele deu de ombros.

Sehun estreitou um pouco os olhos, o movimento dos pés não era Kung Fu, era coisa de dança, era algo parecido com os movimentos de Kai naquela plateia.

A chuva ainda caia de forma pesada. Sehun encarou a próxima rua.

— Nós temos que ir! - E começou a correr, obrigando o grupo a ir atrás dele.

Minseok gritou algo, Sehun não tinha certeza se era para parar, diminuir o passo ou qualquer coisa do gênero, mas Kai não estava muito longe, ele não queria mais perder tempo se escondendo entre prédios quando não havia ninguém para eles estarem fugindo.

Três errantes? Dez? Ele daria de conta de todos.

O corpo que eles viram caindo do alto do prédio deveria ser a mancha de sangue fresco no chão que escorria pela chuva que finalmente estava dando uma trégua. Havia pedaços que haviam sido arremessados contra tudo.

Sehun encarou lentamente, o sangue correndo pelo canto da calçada, o sangue escorrendo da parede dos prédios, das placas.

— Sehun! - Minseok colocou a mão em seu ombro e ele finalmente conseguiu ouvir a voz de seus amigos.

Das três ruas a frente, um grupo de errantes veio se arrastando, provavelmente atraídos pelo sangue, pelo barulho do corpo, ou pelo barulho deles se deslocando na cidade.

Não eram, três ou dez, deveria ser um grupo de cinquenta.

Sehun não tinha medo do apocalipse, não tinha medo de fechar os olhos, não tinha medo de errantes, ele não tinha medo de morrer. Ele tinha tantas pequenas certezas, que a única não-certeza era a porque ainda estava tentando e talvez essa fosse a questão.

Se parasse para pensar a respeito ele iria descobrir que não havia muitas ou talvez não houvesse nenhuma. E depois de tudo que aconteceu, era fácil demais desistir ou pular de um prédio.

No entanto, encarar o resultado disso, o sangue e o cheiro. Seu estômago embrulhou como não acontecia há meses. Seus olhos saíram da cena e seguiram para a rua da frente, para uma visão de errantes se aproximando.

— Não tem como entrar... – Kyungsoo comentou olhando em outra direção.

Ele olhava para os portões de ferro de um prédio comercial. Era O prédio Comercial do Clã. O pátio de entrada estava protegido por um portão pesado de ferro, em outra ocasião eles poderiam ter escalado, mas havia lanças improvisadas entre as barras, inclinada no chão com as navalhas apontadas para fora das grades, perfeita para se livrar de errantes que tentassem chegar muito perto e ameaçassem derrubar o portão.

Além disso, o pátio estava destruído e provavelmente era o único sinal de desordem que viram ao longo da cidade. O chão havia sido arrancado e havia pedaços de terra por uma extensão de aproximadamente quinze metros até um outro portão de grades de ferro, dessa vez, sem as lanças.

E então a entrada de acesso ao prédio Comercial.

— Quem fez isso não tinha a intenção de sair... – Baekhyun comentou olhando para a pesada corrente que segurava a porta principal.

— Nós precisamos sair. – Lay comentou recuando alguns passos.

— Então como eles saem com o carro? – Minseok perguntou olhando nervosamente para os errantes que se aproximavam.

— Eles não saem de carro... – Sehun comentou pensando alto.

— O que?

— O carro fica na calçada. – Sehun apontou para o espaço livre e depois apontou para o muro que envolvia o prédio Comercial e conectava com alguma construção não identificada. – Eles acessam pela mureta.

— Nós temos que escalar cinco metros de muro e andar por cima dele até o próximo portão. - Baekhyun apontou para o caminho. - Então descer naquele monte de entulho e vamos estar no prédio.

— E como vamos subir cinco metros de muro? - Kyungsoo questionou levando uma mão ao ombro machucado.

Lay foi tateando pelo muro que era coberto por hera, havia algumas raízes grossas que talvez servissem como um impulso inicial. A hera não era aparada havia algum tempo e estava crescendo por todas as direções.

O muro de Exodus havia sido bem mais fácil de subir, eles só precisaram empilhar algumas coisas, mas cinco metros de muro... eles trocaram um olhar rápido.

Baekhyun entendeu o que Lay estava planejando e tomou a frente. Lay entrelaçou os dedos e fez sinal que Baekhyun subisse em sua mão. Ele o fez sem hesitar e agarrou parte da raiz mais para o alto.

— Tem que ter outro jeito... - Minseok olhou nervosamente para os lados. - Deve ter uma porta nos fundos.

— Com certeza, mas tem vários errantes vindo nessa direção. - Sehun não desviou os olhos dos errantes.

Baekhyun tinha o melhor senso de equilibro, seus pés procuravam qualquer tipo de apoio.

— Tem uma espécie de escada! - Ele gritou olhando para baixo. - Como se tivessem tijolos para fora, dá pra sentir, dá pra subir!

Eles esperaram Baekhyun alcançar o topo, ele andou pelo muro que não era estreito, céus ele já havia passado por uma slack-line, andar por um muro fixo não era difícil.


Lay foi o próximo a subir.


— Isso não vai dar certo. - Kyungsoo comentou apreensivo.


— Por enquanto não tem opção. - Minseok deu um sorriso duro e o empurrou na direção do muro. - Sehun, você vai logo depois, eu seguro os errantes.

Sehun estreitou os olhos, não tinha como segurar os errantes uma vez que eles se aproximassem e também a raiz não era confiável, se algo agarrasse a perna de um deles, eles iriam perder o equilíbrio e cair no mar de errantes famintos.

Baekhyun já estava na ponta do muro, pronto para descer pelo entulho e alcançar a portaria do prédio, Lay já estava chegando no topo e Kyungsoo estava rangendo os dentes para não reclamar enquanto usava um ombro que fazia sua mão inteira tremer.


— Sehun! - Minseok gritou.

— Apenas vá primeiro!

Minseok voltou e o puxou pela manga, Sehun travou os pés no chão.

— Deixe de ser um pirralho teimoso e pelo menos uma vez faça o que eu peço!

— Apenas me deixe em paz!

— Você está tentando se matar por um acaso? Porque não vai funcionar, não sob a minha vigília!

— Você não tem que me proteger!

Os dois continuaram numa dança onde eles não saiam do lugar, até que o primeiro errante se aproximou esticando a mão podre entre eles.

— Subam logo! - Kyungsoo gritou lá de cima.

Sehun arregalou os olhos e esticou a arma que estava no coldre, estourando os miolos do errante e arremessando parte dele e sangue em seu rosto e no de Minseok.

Kyungsoo e Baekhyun começaram a gastar a munição nos errantes mais próximos, Sehun usou o rifle como um taco e Minseok pegou o bastão de ferro que Lay arremessou.

Não era o bastante, eles conseguiam se livrar dos que se aproximavam, mas eles não conseguiam espaço para virar as costas e tentar escalar a maldita raiz. Eles tinham pouca munição e estavam carregando armas de curta distância.

O que era apropriado para alguns errantes, não para encarar um grupo.

O carro de antes apareceu com os faróis acessos e veio avançando no final da rua livre. Sehun e Minseok se jogaram para a calçada. Do topo do carro alguém usando uma máscara protetora acionou o que lembrava um lança chamas, mas era um aparelho improvisado.

Sehun estava caído no chão olhando para o carro que literalmente salvara sua vida. Ele ficou no chão até o fogo eliminar todos os errantes, em muito menos tempo do que eles teriam conseguido.

— É bom te rever, Sehunnie. - Kai comentou com um sorriso enquanto se fazia visível no carro.

O mesmo sorriso de lado, mesmos cabelos brancos, mas ao invés do olho vermelho, havia um tapa-olho.

Sehun não pareceu surpreso, ele começou a rir.

— Então, vocês têm outra entrada ou nós adivinhamos corretamente? - Minseok perguntou chamando atenção do grupo.

— Vocês não estão errados. - Um garoto de cabelo castanho falou saindo do carro. - O que vocês querem?

— Nosso amigo. - Minseok respondeu apontando para Kai.

— Bom, vamos entrar e ser civilizados, certo? Eu sou Changkyun.

— Nós somos o grupo de controle. - Outro garoto se pronunciou. - Hoseok.

— Achei que nós éramos o grupo de extermínio. - Kai comentou com um sorriso.


— Semana passada nós éramos o grupo de exploração. - Changkyun girou os olhos.

Hoseok subiu rapidamente pelas heras, ele sabia exatamente onde colocar os pés. Baekhyun, Lay e Kyungsoo decidiram aguardar perto do Hall para liberar espaço no muro. Changkyun fez sinal para que Minseok subisse primeiro.

Kai parou na frente de Sehun que ainda estava sentado no chão.

— Você parece vivo. – Comentou com um sorriso de lado.

Sehun encarou o tapa-olho que ele usava. Kai esticou a mão e puxou Sehun.

***

A parede do piso térreo era de mármore, havia catracas desativadas e eles pularam as barras de ferro até em direção ao elevador que estava funcionando.

— Nós temos uma missão para reportar. – Changkyun disse encarando os números em vermelho do elevador. – Vou leva-los até a sala do—

— Hyungwon? – Minseok completou.

— Você conhece o chefe? – Hoseok perguntou descruzando os braços.

Eles pareciam novos, mas havia algo na postura deles, algo quase militar. Baekhyun tinha certeza que eles tinham algum treinamento, não eram somente sobreviventes. E ao julgar pelo fato de haver luz no prédio, eles sabiam exatamente o que estava funcionando.

O que os levava de volta a questão do trem em funcionamento.

— Não, mas ouvi falar que vocês são a resistência. – Minseok encarou Hoseok que sorriu orgulhoso.

— Não somos todos? – Kai comentou num tom despretensioso.

Kyungsoo se virou na direção de Kai, ele já havia visto o garoto, mas era diferente agora que ele estava mais próximo, se esticasse a mão poderia tocá-lo.

A porta do elevador se abriu e todos entraram, Kai puxou o braço de Sehun antes que ele pudesse pisar no elevador.

A porta se fechou.

Kyungsoo esticou a mão para apertar o botão para reabrir as portas, mas Hoseok o segurou.

— Kai está há pouco tempo conosco, mas eles obviamente precisam de um momento a sós.

O elevador subiu até o 13º andar.

Sehun não teve tempo de perguntar, pois Kai o empurrou contra a pilastra e o beijou de tirar o fôlego.

***

— Nós precisamos conversar. – Minseok começou enquanto todos encaravam a seta indicando que o elevador ainda estava subindo.

— Não me leve a mal. – Changkyun respondeu olhando por cima do ombro. – Mas eu preciso de um banho e francamente, vocês também, depois nós nos reunimos com Hyungwon.

Quando as portas se abriram, um rapaz alto e de ombros largos estava os esperando, ele tinha um comunicador na orelha, como um agente de segurança, ele certamente tinha o perfil.

— Hey Shownu. – Hoseok o cumprimentou com um high-five, que surpreendentemente o rapaz meio estoico retribuiu.

— Minhyuk ficou preocupado quando viu as câmeras. – O rapaz falou olhando na direção das novas pessoas.

— Nada para se preocupar. – Changkyun deu de ombros, mas uma mão bloqueou a passagem e segurou a porta, o garoto do outro lado era mais baixo do que Shownu, mas seu olhar não era menos intimidador.

— Você não decide isso.

Changkyun bateu os cílios adoravelmente.

— Eu fiz uma promessa.

— Pare de fazer promessas. – O outro rebateu.

— Ok, ok, chega. – Hoseok empurrou o braço que estava no caminho. – Kihyun, você está lavando roupa suja na frente deles, todos nós precisamos de um banho e foi isso que o Changkyun prometeu, ok?

— Eu levo eles. – Kihyun saiu andando pelo corredor e foi um sinal claro que os outros deveriam segui-lo.

Minseok apertou o passo e os outros vieram logo depois, eles passaram por um corredor estreito cheio de portas, próximo de uma sala toda de vidro havia um outro rapaz usando uma camisa social.

— Aquele era Hyungwon? – Minseok perguntou ficando ombro a ombro com Kihyun.

— Não, aquele é Minhyuk. – Explicou sem desviar o olhar.

— Você não parece feliz com a nossa presença. – Lay não poupou o comentário, Baekhyun olhou feio na direção dele, mas ele apenas deu de ombros.

— Eu não estou. – Kihyun respondeu parando e cruzando os braços. – Nossos recursos não são infinitos e nós temos outros problemas para cuidar.

— Tipo a pessoa se suicidando? – Kyungsoo chamou atenção para si.

— Bom, ela já está morta então não é um problema. – Kihyun deu esse assunto por encerrado e empurrou uma porta. – São suítes, todos têm banheiro, todos estão equipados com material de higiene. A água quente fica ligada por 10 minutos apenas.

— E depois?

— Depois cai água fria. – Kihyun respondeu girando os olhos.

— Não. – Baekhyun deu um suspiro. – Para onde vamos depois? Esse prédio é enorme e confuso.

— Shownu vai estar esperando perto do elevador, vocês vão deixar suas armas aqui fora, seguir com Shownu e serão entrevistados.

O grupo trocou um olhar preocupado. Kihyun apenas ergueu a sobrancelha.

— Vocês não são uma resistência? – Kyungsoo perguntou relutante e apertando a alça da bolsa que carregava.

— Resistência ou não, nós não somos uma instituição de caridade, vocês não podem chegar aqui armados até os dentes e esperar receber um tratamento VIP. Nós somos uma empresa e eu sou o gerente. Então vocês deixam as armas, aproveitam do nosso conforto, serão entrevistados, poderão comer, dormir e depois nós iremos nos reunir com Hyungwon.

— Você quer dizer, depois de você passar a sua impressão de nós para ele. – Minseok estreitou os olhos.

— Todos os andares têm câmeras e elas funcionam muito bem. Hyungwon já está de olhos em vocês no momento em que começaram a escalar aquele muro. Querem falar com ele? Falem comigo primeiro.

— E se nós nos recusarmos? – Baekhyun perguntou, mas seu tom não era de ameaça, apenas curiosidade. Ele fez questão de que Kihyun conseguisse ler isso em sua fala.

— A porta é serventia da casa.

O assunto pareceu encerrado, o grupo largou as mochilas nos pés de Kihyun que não pareceu impressionado com o gesto. E balançou a cabeça e Shownu apareceu recolhendo tudo e os dois deram as costas e seguiram pelo corredor sem nem olhar para trás.

— Isso parece outra furada. – Minseok comentou olhando para Baekhyun e Kyungsoo.

— É, mas Kai está aqui. – Kyungsoo deu de ombros. – Ele teria sinalizado.

— Ou ele pegou Sehun e os dois foram embora. – Baekhyun abriu a porta de uma das suítes.

— Nós precisamos falar com Kai antes dessa entrevista.

— O que vocês acham que eles querem? – Kyungsoo olhou na direção da câmera no teto.

— Se eu tivesse um prédio com toda essa energia funcionando, eu iria querer saber quantas pessoas vocês mataram. – Lay respondeu fazendo com que todos olhassem na direção dele. – Todos eles parecem hábeis, certo? Eu não fui a única pessoa a perceber isso. – Todos concordaram. – Uma resistência precisa de pessoas capazes para tomar algumas decisões difíceis.

— Como matar errantes. – Baekhyun completou.

— Ou matar aqueles que se transformam em errantes. – Minseok replicou não gostando do ritmo da conversa.

Sehun era exatamente essa pessoa e ele não estava ali no momento, ele não sabia se confiava em Kai.

— Bom, eu não vou negar a chance de tomar um banho de água quente, então com licença. – Baekhyun foi o primeiro a desaparecer no quarto.

Kyungsoo deu de ombros e foi para o outro quarto. Minseok girou os olhos e Lay ficou parado no corredor olhando de um lado para o outro.

— Só eu me preocupo em ficar vulnerável desse jeito?... Não? Ok então.

***

— Você vai me explicar o que acontece nesse lugar? Ou como parou aqui? – Sehun perguntou se fazendo confortável num sofá que ficava em alguma recepção.

— Peguei um carro que parou de funcionar quando cheguei na cidade, vi o trem circulando, achei que estivesse funcionando, mas é apenas uma linha circular para ocupar os errantes. Esbarrei com Changkyun, Hoseok e alguns outros fazendo a ronda, e aqui estou eu.

— Eles são confiáveis?

— Eles não mataram ou colocaram armas na minha cabeça.

— Então você pode ir embora?

— Quem disse que eu quero ir embora?

Sehun estreitou os olhos.

— Por que ficar?

— Pra onde ir?

Sehun abriu a boca, mas ele não tinha uma resposta. Ele pensou em Exodus, na Floresta, eles perderam pessoas em todas essas ocasiões, a Resistência em um teto sólido, eles estavam protegidos.

Mas o que Exodus e a Floresta tinham em comum, era que todas as ações foram tomadas por seres vivos.

***

Água quente era algo que Baekhyun achou que nunca mais iria sentir em sua pele, ele aproveitou a sensação e o fato de ter tempo para lavar os cabelos com calma, tirar toda a sujeira de debaixo das unhas e o sangue seco. Ele não duvidava que houvesse uma lavanderia no lugar, mas aproveitou para lavar as roupas ali também.

Se Chanyeol estivesse vivo ele poderia aproveitar isso também.

Baekhyun se encolheu e ficou agachado no chão enquanto a água caía, ele aproveitou o barulho do chuveiro e o silêncio do quarto e se permitiu chorar alto, chorar de soluçar.

Ele ficou ali mesmo quando a água caiu gelada, seu corpo não estava tremendo por conta da temperatura.

***

— Você não deveria estar zanzando assim. – Kihyun falou apoiado na porta, seu tom era sério, porém muito mais agradável do que ao falar com o grupo de estranhos.

— Eu fiquei curioso, Hyungwon-sshi ficou impressionado com o que viu. – Ele apoiou o rosto nas mãos.

Seu rosto estava pálido, ainda havia olheiras fundas, a manga comprida da camisa social estava dobrada, exibindo um corte profundo em seu pulso.

Kihyun se aproximou e ajeitou a manga dele corretamente. Minhyuk manteve o sorriso nos lábios.

— Hyungwon não gosta disso.

— Hyungwon não gosta de muitas coisas. – Repetiu inocentemente, como se não soubesse do que o outro falava. – Você vai recepciona-los?

— São um grupo grande, não confio neles.

— Kai os conhece.

— Mais um motivo.

Minhyuk riu.

— Você tem que dar mais crédito a essas pessoas, o mundo lá fora é assustador, se eles estão vivos esse tempo todo é algo admirável, não?

Kihyun cruzou os braços e afundou numa cadeira ao lado dele.

— Também significa que fizeram várias escolhas.

Minhyuk assentiu lentamente e colocou a mão sobre a dele.

— Nós também estamos fazendo várias escolhas, e eu não gosto delas no momento. Quando vocês vão me ouvir?

— É para o seu bem.

— Quanto tempo vocês vão continuar batendo nessa tecla? – Ele se levantou. – Eu agradeço tudo que vocês fizeram por mim, céus, Hyungwon move os céus, vocês movem montanhas, mas eu não sou infinito, nunca fui. Quando vão aceitar isso?

Kihyun balançou a cabeça negativamente.

— Um grupo é melhor do que uma pessoa, eles estão aí fora, eles conseguem entrar e sair, depois eles podem ir para onde quiserem e você vai continuar conosco pelo tempo que deveria ficar.

— Vocês não são Deuses.

— Não, porque Deus está morto, e isso é uma espécie de apocalipse. – Kihyun se levantou. – E se nós movemos montanhas, significa que nós não desistimos.

Shownu apareceu logo depois que Kihyun saiu marchando pelo corredor, ele estendeu uma manta que Minhyuk jogou sobre os ombros.

— Você concorda comigo, não?

— Não é o meu trabalho concordar. – Ele disse com um sorriso gentil.

— E qual é o meu trabalho? Tentar viver?

Shownu olhou bem na direção do garoto com os ombros caídos.

— Mantê-los juntos, todos eles. Sem você aqui... nada disso existiria, você é a resistência, Minhyuk. Eu sei que as circunstâncias não são favoráveis, mas...

— Mas tem pessoas se sacrificando por conta disso, eu não quero o sangue deles nas minhas mãos, eu nunca pedi por isso.

— Tudo na vida é uma lição a ser aprendida.

Minhyuk abriu a boca para questionar, mas ele sabia que não iria ganhar, ele seguiu até um quarto onde Hoseok já estava deitado na cama lendo um livro. Aparentemente ele precisava de vigia 24h, o que deveria ser hilário considerando que era o fim dos tempos.

— Eles são bons? – Perguntou ocupando a cama de Hoseok.

— Você viu melhor do que eu, eles têm boas armas, não tem muita munição, mas é o nosso dia de sorte, porque nós temos munição e poucas armas.

— Quando vocês vão?

— Amanhã provavelmente.

Minhyuk deitou e ficou encarando o teto.

— Changkyun já parou de brigar com Kihyun?

— A pergunta deveria ser... Kihyun já parou de brigar com Changkyun?

Minhyuk sorriu verdadeiramente.

— Kihyun briga com todo mundo, é um sinal que ele se importa.

— Ele foi duro com você?

— Nada que eu não esteja acostumado. – Ele pendeu o rosto e encarou Hoseok que tinha um sorriso comprimido nos lábios. – Eu só quero que vocês fiquem bem.

— E nós só queremos que você fique bem. Nós vamos conseguir MinMin, de verdade.

Minhyuk assentiu, mas ele não estava mais prestando atenção, ele pegou no sono rapidamente, Hoseok o ajeitou na cama e o cobriu com uma manta quente.

***

— Agora que seus amigos estão aqui, você quer ajudar na seleção? – Hyungwon perguntou pausando no vídeo antes de todos entrarem no elevador.

— Kyungsoo está machucado. – Kai apontou para a forma como ele não mexia muito o braço.

— Não me importo.

— Quem é o melhor atirador? – Changkyun perguntou, mas estava ocupado limpando uma arma.

— Sehun, mas ele não vai para a missão.

— Oh, E por que não?

— Porque se ele for, nós metemos o pé. Eu não me importo com o resto do grupo e eu certamente não me importo com o seu grupo. Eu derrubo o hospital na cabeça e todos vocês e a chance de conseguir o que vocês querem vai embora com a vida dos seus amigos.

Hyungwon não pareceu nem um pouco preocupado.

— Eu gosto de você.

— A sua preocupação é com Minhyuk, a minha é com Sehun, então ele fica. Minseok vai voltar por ele, aparentemente ele é o líder agora, então os outros devem fazer o mesmo. Kyungsoo vai onde eu estiver.

— E os outros dois? – Changkyun quem perguntou.

— Não conheço um. – Disse dando de ombros. – O outro eu não tenho certeza, talvez ele morra.

— Esses são seus termos?

— Carregue as nossas armas, nós vamos nessa missão suicida do hospital, pegamos o necessário. Sehun continua bem, todos nós pagamos nossa dívida pela sua benevolência e nós vamos embora. Que tal?

— Parece ótimo, onde você quer assinar? – Hyungwon riu.

Kai e Hyungwon apertaram as mãos. Changkyun bateu o carregador dentro da arma e puxou o ferrolho fazendo um barulho alto, ele sorriu satisfeito.


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