A Sombra do Pistoleiro escrita por Danilo Alex


Capítulo 25
Momento Crítico


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Está chegando a hora da verdade.
Enrico está pisando na casa do adversário, o covil do pior inimigo. Ele vai conseguir se vingar? Façam suas apostas!

Meu forte abraço aos meus queridos Matheus Braga, Jessica, ArveeneNymeria, Lehh e Hellena, que sempre me apoiam e incentivam o Enrico!
Meu carinho também expresso a todos aqueles que não se manifestaram ainda.
Chega de prosa! Bora pra história!
Espero que gostem!
Boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/690826/chapter/25

Havia um homem de pé na pequena escada de madeira que dava acesso ao interior da luxuosa mansão. Estava usando seu corpo para bloquear a passagem do invasor. Tinha cabelos negros e lisos, estatura mediana, magreza quase esquelética, que lhe conferia um aspecto de espantalho quando as orlas do sobretudo escuro ondulavam ao vento. Tinha olhos ferinos e negros, e uma enorme cicatriz na face esquerda. Não parecia se importar com a tremenda e gelada chuva que lhe ensopava por inteiro.

Enrico conhecia aquele rosto; não era o de Francisco Herrera. Além do que, Herrera não teria coragem de esperá-lo daquele modo. Era só um verme repugnante, que mandava os outros fazer seu trabalho sujo. Sempre se escondia atrás de pistoleiros profissionais, talvez mal soubesse segurar uma arma.

Definitivamente aquele não era Herrera. Enrico sabia de quem se tratava.

O tal sujeito se chamava Johnny Harper, sendo, no entanto, mais conhecido como “Johnny Cicatriz”. Um dos homens mais perigosos e procurados de todo o país, carregando em seu “currículo” sinistro um total aproximado de trinta mortes, incluindo pistoleiros de fama, delegados federais, juízes e até um Rural do Texas. Seu rosto marcado pela horrenda cicatriz vivia estampado em jornais e cartazes de “Procura-se vivo ou morto”. Além da imensa lista de homicídios, pesavam sobre ele incontáveis acusações de assaltos a banco, estupros e roubos de gado. Perto de Johnny Harper, o primeiro homem que Enrico matou, Bob Indian, era praticamente um anjo.

E agora Harper trabalhava para Herrera. Um assassino de luxo, pode-se assim dizer. Por ser praticamente infalível, Harper era um pistoleiro que cobrava muito caro por seus macabros serviços. Quando Enrico pensou nisso, a sombra de um sorriso passou por seus lábios. Era quase tetricamente divertido para o rapaz imaginar que Herrera estava gastando tanto dinheiro para se ver livre dele, Enrico De La Cruz, a ameaça antiga vindo buscá-lo na sombra de um jovem pistoleiro, sedento de sangue e vingança.

Seu sorriso não se concretizou porque seus olhos cativantes e negros como a noite se fixaram mais uma vez em Johnny Harper, o homem que estava ali diante dele para impedir sua missão.

A postura ereta. O sorriso debochado pendurado nos lábios. O olhar de gelo. Harper era canhoto e, portanto, seu poderoso revólver dormia num coldre negro, preso à coxa esquerda por uma tira de couro. Tratava-se de um magnífico Colt 45, capaz de transformar o corpo de um homem em uma peneira, sarcasticamente apelidado de “Peace Maker”, o que chamaríamos por aqui de “O Pacificador”.

Johnny Harper cravou seu olhar no de Enrico De La Cruz enquanto acariciava sugestivamente a coronha de seu 45, entalhada com diversos riscos por um canivete; muito provavelmente cada um daqueles incontáveis riscos correspondia a cada uma das vidas tiradas pelo pistoleiro. Um lembrete sinistro. Um troféu diabólico.

Intimidado, Enrico mordeu o lábios inferior preocupadamente. Jamais enfrentara um homem tão rápido quanto aquele. Sabia do grande perigo que corria. Mas não viera de tão longe para desistir ali.

Os dois homens se encararam. Não disseram nada, porque nesses momentos as palavras são desnecessárias e o diálogo é outro. Sabiam o que tinham de fazer, da mesma forma que sabiam que apenas um deles iria viver. A chuva era a única testemunha do duelo prestes a se realizar.

Medo. Agonia. Adrenalina correndo com impetuosidade nas veias de ambos.

Uma faísca mortífera brilhou no olho de Harper. Enrico prendeu a respiração e se preparou. A mão ligeira de Harper puxou o 45 e o levantou, ao mesmo tempo em que as mãos de De La Cruz voavam para os Colts 38.

Enrico passou maus bocados porque, quando conseguiu sacar e disparar, a língua amarela de fogo já surgia na boca do cano do Colt 45 inimigo. Foi então que o jovem pistoleiro percebeu que não poderia vencer o duelo da maneira convencional. Não daquela vez. Precisou admitir a si mesmo que enfrentava um adversário muito superior.

Diante disso, num piscar de olhos Enrico De La Cruz deixou-se cair de costas ao passo em que sacava e disparava instantaneamente. Seus tiros partiram trovejando.

Sentiu uma pancada seca no ombro direito antes que suas costas tocassem o solo. Devido à queda que provocou e ao tiro que levou no ombro por se esquivar da morte certa, Enrico não pode ver as duas balas que enviou atravessando juntas o crânio de Johnny Harper, matando-o de imediato.

Caído, o jovem De La Cruz piscou os olhos devido à chuva gelada que lhe atingia o rosto. Sua obstinação ergueu-o lenta e corajosamente. Logo que se pôs de pé, subiu determinadamente os poucos degraus, passou sobre o corpo de Harper e entrou na mansão.

Uma vez no interior da mesma, recarregou suas armas, começando pelo par de Colts ainda quentes, e em seguida passando para seu Winchester, o qual trazia pendurado às costas. Esquecera-se de municiar seu potente rifle depois de usá-lo para derrubar os primeiros pistoleiros de Herrera, quando se escondera nas sombras e esperara Davis tocar o sino para que pudesse aparecer segurando os Colts.

Conforme carregava suas armas metodicamente, andava pela mansão gritando a plenos pulmões o nome maldito de seu inimigo. Não era apenas um grito, mas um brado furioso, convocando Herrera para a luta final, o ajuste de contas.

É claro que seu ombro ferido doía terrivelmente, e que a sensação do sangue sendo perdido empapando a manga da camisa incomodava bastante, mas nem assim ele desistiu. Seria preciso gastar mais de uma bala para detê-lo. Dava a impressão de que não se importava caso seu corpo fosse destruído, porque seu espírito obstinado e ávido por vingança iria prosseguir na missão perseguindo, localizando e abatendo o adversário.

Com passos rápidos, firmes, ele atravessou a imensa e luxuosa sala principal. A casa estava exageradamente iluminada pelas diversas velas ardendo nos candelabros de bronze e castiçais de prata. Acima deles, velas acesas estavam fixas no que parecia um lustre pendente do teto.

Depois de eliminar um ou outro pistoleiro escondido na opulenta residência, que se erguia atrás de algum móvel a fim de surpreendê-lo, Enrico subiu rapidamente a grande escadaria que levava ao segundo andar. Empunhando seus Colts, avançou cuidadosamente. Deparou-se com uma fileira de portas trancadas ao longo do extenso corredor. A primeira porta à direita da escada se achava aberta, e vinha luz de seu interior. Enrico decidiu entrar. Era o escritório.

Mal passou pelo umbral, ouviu uma voz seca ordenando:

— Fique onde está, rapaz.

Erguendo os olhos, avistou uma escrivaninha junto da janela.

Sobre o móvel havia um homem amordaçado e amarrado a uma cadeira, a qual estava praticamente encostada no vidro da janela. Um pouco à direita, um sujeito alto e magro, um rosto comprido e vincado de rugas, com olhar diabólico e esboçando um sorriso cruel sob o vasto e negro bigode.

Bastaria um simples toque no pé da cadeira para que ela perdesse o apoio e, se desequilibrando, quebrasse o vidro para despencar do segundo andar, arrastando para a morte o homem atado a ela.

Desde o início Enrico soubera que o refém na cadeira era Gregory Summers, o pai de Catherine. E o homem com olhar maligno ao seu lado era Francisco Herrera. O monstro. Seu pior pesadelo. Herrera falou:

— Se der mais um passo, esse pobre homem vai sofrer uma queda bem grande. Quer que esse inocente morra por sua causa?

Diante de tais palavras, Enrico estacou, engolindo saliva de raiva. Ao passo que Herrera gargalhava, subitamente o jovem mexicano ergueu os Colts, apontando-os para o rosto do bandido:

— Não preciso chegar perto de você para matá-lo, seu verme!

Herrera parou de rir e apoiou a mão esquerda sobre o pé direito dianteiro da cadeira em cima da escrivaninha. Rosnou:

— Solte essas armas, garoto. Agora!

Enrico hesitou em apertar o gatilho. Sabia que podia ter matado Herrera, mas, na queda o morto provavelmente esbarraria na cadeira e derrubaria o Sr. Summers. Achou melhor obedecer. Pôs os Colts no chão.

— Agora, o rifle. – ordenou a voz asquerosa do patife.  

Tirando o Winchester das costas, depositou-o no chão também. Levantou as mãos em sinal de rendição e olhou para Greg Summers. O homem estava consciente e o encarava de olhos bem abertos, apavorado.

— Agora, De La Cruz, afaste-se da porta e das armas. Caminhe devagar para a esquerda.  

— Que brincadeira é essa? – reagiu o rapaz, irado – Mate-me de uma vez, canalha!

— Obedeça, garoto!!!

Rubro de raiva, o mexicano fez como ele mandou.

 — Por que você apenas não morreu como sua mãe? Teria nos poupado de passar por isso, Enrico.

— A resposta é simples, “padrasto”. Fiquei vivo porque alguém tinha que caçar você, fazê-lo pagar por seus crimes.

— Teve trabalho demais para nada, meu jovem. Está aqui agora, na minha frente, à minha mercê. Imaginou que seria assim? Agora vou dar o fora e você não pode me impedir.

Enquanto falava, Herrera andava de lado em direção à saída, sem tirar os olhos de Enrico, a mão pousada na coronha do revólver que trazia na cintura. Ao chegar à porta, olhou para o rapaz e sorriu:

— Adeus, De La Cruz. Acho que nosso amigo ali também está de saída. – e, virando o corpo, sacou e disparou o revólver em direção a Gregory Summers.

Enrico se equivocara completamente a respeito de Francisco Herrera, pois ele, mesmo sendo um covarde, não só sabia segurar uma arma como também usá-la bem. A bala certeira que enviou arrancou uma “perna” traseira da cadeira sobre a escrivaninha, assinando desse modo a sentença de morte de Gregory Summers.

Percebendo o que estava prestes a acontecer, Enrico soltou uma praga, correu e deu um grande salto em direção à escrivaninha. Esqueceu totalmente de se proteger. Tudo pareceu transcorrer em câmera lenta. O rapaz praticamente voou e agarrou em pleno ar uma das pernas da cadeira que, naquele instante, estilhaçara a janela e principiara a queda mortal. Meio caído de lado, Enrico empregou toda a força de seus músculos, ignorando o ombro ardendo, para segurar a cadeira e impedir que Greg despencasse do segundo andar.

Porém, todo esse esforço deixara-o vulnerável, sem a mínima chance de se defender. Herrera estava agora traiçoeiramente lhe apontando o revólver pelas costas. Engatilhou-o, deliciado. E atirou.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi de novo, gente!
Estamos todos pendurados no gancho, eu sei! Mas é por uma boa causa! Me perdoem! rsrs
Que acharam? Me digam, por favor.
Estamos chegando na reta final.
Espero seus reviews!
Até semana que vem, cowboys e cowgirls!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Sombra do Pistoleiro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.