Ignorando totalmente a ruiva, Izzy entrou no apartamento aconchegante de paredes claras e móveis pretos e sorriu.

— Está ficando ótimo.

— É claro, você e aquele doido do Bane decoraram tudo antes mesmo de eu ter chegado até aqui.

— Clary, minha querida, você merece. Além do mais, eu não poderia deixar a minha melhor amiga assim, morando em qualquer lugar.

— O prédio é da sua família, Izzy. – ela jogou as mãos para cima. A amiga era tão exagerada quanto rica. – Não precisava ter se preocupado.

— Eu não me preocupo nunca, você sabe. – ela se jogou no sofá. – E você podia ter ficado na minha casa.

— Aquela pequena mansão aqui atrás? – ela indicou a janela do prédio, onde se podia ver a incrível mansão do outro lado da rua. – Você sabe que eu tô tentando ser independente e tal, sair de casa já foi um carma, agora você quer me hospedar? Eu vou ficar bem aqui, Izzy, e eu aposto que você vai passar mais tempo aqui comigo do que na sua casa.

— É claro. A não ser que esteja ocupada.

— Não começa.

— A sua mãe disse que eu podia te arrumar um namorado.

— A minha mãe acha que eu vou morrer virgem e solteira, Izzy, não acredite nela.

— E o seu pai...

— Nem fale. Ele mal conversa comigo mesmo.

O pai de Clary, Valentin Morgenstern, era um grande empresário e tinha muito pouco tempo para a família.

— Enfim, - ela ignorou a careta de Clary. – Estamos aqui e você está a um oceano de distância deles, então relaxa.

— Relaxar como se você quer fazer sei lá o que pra me dar boas-vindas.

— A ideia não foi bem minha... – ela se defendeu. – é um presente de Magnus.

— Aquele do club?

Izzy deu um sorriso malvado e Clary sentiu os pelos da nuca se arrepiarem de medo.

— Deus...

— Pronta às 22h. Os petiscos devem chegar depois das sete.

— Você encomendou isso?

— É claro! Agora eu preciso ir, tenho umas compras pra fazer e... bem... nessas eu ainda não quero você comigo.

— Por...

— Porque vai ser presente, não estraga a surpresa.

E Isabelle saiu aos pulos do apartamento de Clary, deixando uma ruiva sorridente e preocupada.

— Que Deus me ajude com essa Izzy Lightwood.

********

Passava um pouco das sete quando o interfone tocou e uma relutante ruiva aceitou a entrega de salgados e doces. Havia comida suficiente para umas vinte pessoas e Clary não duvidou que viria mais ou menos isso. Ela tomou um banho quente e foi até o guarda-roupa. Izzy havia passado por ali também, já que mais da metade do guarda-roupa estava composto por roupas escuras ou pretas. No sapateiro, botas e coturnos.

— Ah Izzy... – ela suspirou.

Escolheu um vestido preto até o meio das coxas, de mangas compridas e botas de cano alto, passou uma maquiagem leve e batom rosa queimado. Olhou no espelho e desanimou-se de prender os cabelos. Ela passou a escova com cuidado nos fios e sorriu ao ver o resultado, bem quando o interfone tocou novamente.

— Senhorita Fray, Isabelle tem companhia, cerca de dez pessoas que alegam serem convidados da senhorita.

— Pode deixar subir, Alfred.

— Ok, senhorita.

Izzy havia trazido realmente a festa do clube de Magnus para a casa dela. Ela só não imaginava que fosse literalmente.

***

— Fireburn, pode parar aí mesmo. – gritou Magnus ao ver o rapaz loiro passar pela porta.

— Você não precisa me chamar assim, você sabe, Magnus.

— É força do hábito, Jace. Livre essa noite?

— Você sabe que a minha agenda é do Sweet Dreams, primeiro o trabalho, depois a diversão.

— Não eu você veja muita diferença nos dois, não é? – Magnus sorriu de trás da mesa da diretoria.

— Eu tenho o trabalho dos sonhos. – ele sorriu e deu de ombros.

— Ótimo. Você vai comigo a uma festinha particular.

— Você? Pensei que estivesse fora do ramo. – Jace cruzou os fortes braços e encarou magnus com os olhos cerrados.

— Estou, eu não vou dançar. – ele rolou os olhos. – Você é o presente da novata. Ela se mudou esses dias, veio fazer faculdade e é a melhor amiga de Isabelle.

— Ah, eu tinha certeza que tinha a mão de Isabelle no meio.

— O corpo escultural inteiro dela, se você quer saber. – ele cruzou as mãos. – Levaremos mais alguns dançarinos pra divertir as cadelas de Izzy, mas você, querido, é todo da estrangeira.

— Você manda. – ele sorriu de lado.

— É por isso que você é o meu melhor funcionário. Te vejo às dez no Brook.

Jace chegou a dar um passo em direção à porta, mas parou.

— Você disse Brook?

— Sim, ela é sua vizinha. Não sabia?

— Não.

— Melhor ainda. – e Magnus sorriu. Jace sentiu uma pontada de curiosidade, porém resolveu não perguntar mais nada. Gostava de surpresas.

***

— Então nós temos uma vizinha nova. – Simon Lewis, o bonito rapaz de cabelos castanhos estava jogado no sofá, comendo o último pedaço de pizza.

— Parece que sim. Muita delicadeza de Izzy nos contar.

— E você vai lá dançar com ela.

— Sim. – Jace colocou a regata preta e a jaqueta de couro que estava sobre o braço do sofá.

— Se ela for gostosa, me apresenta.

— É a melhor amiga de Isabelle, segundo Magnus.

— Então as chances são boas. Eu vou aproveitar a minha folga do Sweet Dreams dormindo como se não houvesse amanhã.

— Eu quase invejo você. – Jace sorriu para o espelho. Os cabelos loiros penteados para trás e as roupas pretas estavam em ordem e ainda faltavam cinco minutos.

— Fireburn não inveja ninguém, Jace.

***

Clary abriu a porta do apartamento e deu de cara com Izzy e seus olhos escuros. Ela abraçou a amiga e entrou no apartamento, seguida dos outros.

— Deixa eu te apresentar. – ela começou. – Camille, Maia, Aline, Helen. E o mais magnífico, Magnus Bane.

Magnus foi até Clary e pegou suas mãos. Ele a observou por alguns segundos, sorrindo e fez com que ela desse uma volta.

— Onde estava escondida, Clarissa Fray?

— Londres. – ela fez uma careta.

— É uma sorte que tenha vindo pra nós.

— Obrigada. – ela disse, um pouco incerta.

O som da música eletrônica soou pela casa e Clary virou o rosto para ver Izzy sorrir com o controle do aparelho de som. Ela sorriu e se aproximou das outras convidadas que logo começaram a conversar e perguntar sobre tudo.

Meia hora depois, a campainha do apartamento soou.

— Estamos esperando mais alguém? – Clary perguntou, o copo de bebida nas mãos.

— Se me permite, Clary. – Magnus sorriu e foi até a porta. – Apresento a vocês nossos outros convidados que vão animar a nossa noite. – ele abriu a porta e ela pode ver vários homens vestidos de preto. – Jordan Kyle, Alaric, Raphael, Eric.

Os rapazes entraram um a um, conforme chamados e aguardaram com os braços cruzados logo na entrada da porta.

— E o nosso mascote favorito... Fireburn.

O loiro foi o último a entrar; ele parou um pouco à frente dos outros rapazes e correu os olhos pela sala com rostos conhecidos, até parar os seus olhos dourados em Clary. Era, de longe, uma das mulheres mais bonitas que ele já tinha visto; seus olhos percorreram rapidamente seu corpo e aprovaram o que viram, voltando novamente em seu rosto que sorria levemente. A mente de Jace vagou por um segundo, imaginando o gosto da boca vermelha e em como seria sua voz, seu riso, como seu corpo reagiria tão perto do dele e de como ela ficaria em sua cama. Nada disso estava em cogitação, porém; eram as regras da casa: não beije suas clientes, não transe com suas clientes, não toque mais do que deve as suas clientes e nem permita ser tocado mais do que deve. Ele e Magnus eram muito rígidos com isso.

— A todos vocês, eu apresento Clarissa Fray, nosso mascote ruivo de Londres.

Clary sorriu; estava momentaneamente em choque com a visão do loiro à sua frente. Não era por menos que era o “mascote” preferido de Magnus, ele era extremamente bonito e irradiava confiança e charme. Quando as palavras de Izzy fizeram sentido, ela sorriu e sentiu as bochechas ficarem vermelhas: “Você vai morrer quando descobrir o que eu tenho pra você”. Se era o Fireburn, ela podia morrer agora mesmo.