The Kingdom of Hearts escrita por King Of Norway


Capítulo 5
Capitulo 5- O coração é a magia mais poderosa ( Primeira parte)




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Capítulo V- O coração é a magia mais poderosa.

— Primeira parte -

Como Julian havia sugerido desde que saímos do castelo ao entardecer do dia anterior, seguimos pelo norte até que os primeiros raios de sol começassem a surgir novamente. Já havíamos ultrapassado o limite da campina das fadas e chegado até a divisa do reino onde a estrada terminava. Não havia mais caminho por onde pudéssemos continuar por terra, apenas uma ponte suspensa deteriorada que conectava o beiral de dois penhascos.

Abruptamente os cavalos em que eu Julian estávamos montados começaram a empinar e se afastar para trás, indicando que eles não prosseguiriam a partir dali. Eu desci rapidamente e passei delicadamente a minha mão sobre a pelagem de ambos para que eles se acalmassem.

— Os cavalos não querem continuar — anunciei para Julian, esperando a sua decisão.

Ele também saltou do seu cavalo e começou a caminhar próximo dos animais com a mão na cintura. Por fim ele pegou a sacola que estava selada em um dos animais com os mantimentos e colocou uma das mãos sobre o seu rosto para evitar que o escaldante sol atrapalhasse a sua vista do outro lado.

— Bem, teremos que prosseguir a pé então — Julian disse determinado, checando mais uma vez o papel em suas mãos.

Enquanto ele atenciosamente olhava para o mapa, eu comecei a caminhar até perto de onde a ponte começava e notei uma enorme placa com arbustos cobrindo seja lá o que estivesse escrito. Eu comecei a puxá-los e arrancá-los até que notei uma mensagem pintada com tinta vermelha desgastada.

Ponte do Trolls — disse para mim mesmo.

Por fim eu voltei ao encontro do loiro que já estava pronto para continuar em busca da única coisa que poderia curar a rainha.

— A caverna fica além daquela floresta — Julian disse apontando a sua espada para o caminho que se estendia do outro lado do penhasco. — O único jeito de chegarmos até lá é prosseguir viagem por essa ponte.

— Bem, acho que não será tão fácil — Coloquei a minha mão direita atrás da nuca de forma pensativa. — Essa é a ponte dos Trolls.

— E daí? — Julian perguntou, não dando a importância necessária para as minhas palavras.

— E daí que Trolls não são considerados criaturas muito amigáveis. Eles cobram para permitir que pessoas atravessem os seus domínios.

— Eu sou o príncipe — Julian fez questão de deixar isso claro. — Eu não pago pedágio.

Apesar de tal arrogância, eu só conseguia pensar em como ele ficava ainda mais charmoso quando achava que era a pessoa mais importante do mundo. E de fato talvez ele fosse. Bem, para mim ele estava se tornando essa pessoa.

— Perdoe-me, vossa alteza — Me curvei com um sorriso debochado. — Mas suponho que essa será a primeira vez. Pelo menos se quiser chegar até aquela caverna.

— Eu odeio estar errado — Julian revirou os olhos enquanto nos aproximávamos da ponte. — Principalmente quando você está certo.

Tentei disfarçar um sorriso enquanto andávamos lado a lado, mas alguma coisa me dizia que Julian notou. Assim que ele levantou o pé para dar o primeiro passo em direção à ponte, partes do rochedo começaram a se materializar e estranhamente ganharam anatomia humana. Foi quando ela finalmente começou a falar com nós com uma voz estranhamente grave. Ok, uma pedra começou a falar.

 — Quem ousa querer atravessar a minha ponte? — O gigante amontoado de pedras nos encarou.

— Culpado — Julian levantou a sua mão de forma irônica. — Precisamos chegar ao outro lado.

— Não sem dar algo em troca antes — O Troll deixou claro as suas condições.

— Nossa. Você realmente tem um coração de pedra, não é mesmo? — Julian continuou com o deboche. Mas eu não podia negar. Era fofo. — Mas quem sabe eu posso te dar um pouco de ouro.

Julian já havia colocado a sua mão por dentro do bolso da calça na tentativa de alcançar algumas moedas, mas logo foi interrompido pelo gigantesco monstro.

— Seu dinheiro não vale nada para mim — disse o Troll de pedra. — Aos homens que querem atravessar a nossa ponte cobramos o seu bem mais precioso.

Aquilo deixou Julian atordoado. As piadas haviam acabado e o que restava eram apenas preocupações em seus expressivos olhos azuis. Em um momentâneo silêncio ele pressionou com mais força o cabo da sua espada, provavelmente se lembrando da importância que ela tinha para ele.

— Bem, é por uma boa causa — disse ele, erguendo a sua mão até o impiedoso homem de pedra.

— Não queremos a sua espada — a criatura que bloqueava o nosso caminho proferiu.

— Então o que você quer? — Julian perguntou sem entender.

Instantaneamente a criatura apontou os pedregulhos que formavam algo parecido com dedos em direção ao peito de Julian. Olhei rapidamente na direção do loiro para enxergar o que era.

— Você quer esse colar? — Julian perguntou com um sorriso de desdém, retirando o objeto do pescoço.

Aquilo me deixou ligeiramente confuso, mas eu não poderia julga-lo caso ele resolvesse entregar. Afinal, Julian estava disposto a qualquer coisa para salvar a sua mãe.

O Troll gesticulou em sinal de sim e se aproximou ainda mais de onde nós estávamos. Julian sorriu desafiador e começou a girar a sua espada na mão direita como quem se preparava para um embate.

— Bem, então vem pegar — Julian me afastou para trás dele com a sua mão e começou a confrontar o terrível Troll.

A criatura bateu de frente com o loiro, jogando-o longe como se ele não passasse de uma simples pluma que poderia ser carregada pelo vento. Porém Julian não desistiu. Rapidamente ele se levantou e começou a atacar o monstro com precisos e rápidos golpes de espada. Quando ambos estavam no beiral da ponte, Julian se desviou dos golpes que viam em sua direção e chutou o monstro com feracidade, fazendo com que ele caísse através dos sustentos laterais da ponte em direção ao precipício.

O peito de Julian começou a arfar ritmicamente e ele passou a mão pelos seus fios loiros que grudaram em sua testa devido às gotículas de suor que se formaram durante o combate. Ao olhar para baixo, ele notou que a batalha ainda não tinha acabado. Dois outros Trolls estavam escalando para alcançar a superfície onde estávamos e revidar o primeiro ataque contra um dos seus.

— Corre! — Julian ordenou olhando diretamente para mim enquanto arregaçava as suas mangas.

— Mas e você? — Perguntei preocupado, não querendo deixa-lo sozinho.

— Eu tenho um plano — Ele deu uma piscadela para mim e permaneceu no meio da ponte, enquanto eu rapidamente me direcionei até o final dela e atravessei para o outro lado.

Os outros dois Trolls alcançaram o local onde Julian estava e começaram a ataca-lo novamente. Um deles o socou no estômago e o lançou até o inicio da ponte.

— Pela rainha Maryse... — disse baixinho para mim mesmo. — Aquele monstro vai acabar com o meu príncipe.

— Você não pode contra nós, principezinho — grunhiu um dos Trolls enquanto Julian tossia sangue sobre a manga do seu colete. — Dê-nos o colar e talvez possa sair daqui com vida.

Apesar dos inúmeros golpes que sofrerá, Julian se apoiou sobre o seu próprio corpo e conseguiu ficar novamente de pé. Ele realmente era mais forte do que eu imaginava, ou na pior das hipóteses, tão desmiolado como eu sempre tive certeza.

— Tem razão. Eu não posso derrotá-los — Julian admitiu com um meio sorriso. — Mas talvez eu possa atrasá-los.

Julian pegou a sua espada e em um único golpe cortou as cordas que sustentavam a ponte, fazendo com que elas cedessem. A ponte bambeou e ele aproveitou para correr em minha direção. Os pisos de madeira logo começaram a se desfazer atrás dele como um efeito dominó, levando os Trolls de volta com ela. Por mais alguns segundos ele poderia ir junto também, mas com um preciso salto ele alcançou um pedaço de tronco próximo aos meus pés.

— Eu te peguei — prendi a minha mão fortemente sobre o braço de Julian e puxei-o do desfiladeiro para junto de mim.

— Essa foi por pouco — disse ele, enquanto caímos deitados sobre o chão.

Eu me levantei e estendi a mão para ajudar ele a se levantar. Em seguida ele começou a bater a sua mão sobre a roupa para retirar os pequenos pedaços de gramíneas que ficaram grudadas.

 — Agora só tem um problema — mordi o canto dos lábios pensativo. — Como a gente vai voltar para o castelo se a ponte era o único caminho?

— Eu realmente odeio quando você está certo — Julian revirou os olhos e começou a andar em direção a entrada da floresta.

Sorri e por fim também acompanhei os seus passos.

[...]

A soturna noite não demorou muito a cair sobre nós. Como já não conseguíamos mais enxergar um palmo diante do nosso nariz por causa do escuro agourento, decidimos que parar até onde havíamos conseguido chegar era uma melhor opção.

Julian reuniu alguns troncos de árvores e acendeu uma fogueira para nos manter aquecidos.

 — Posso te fazer uma pergunta? — mirei os meus olhos sobre o loiro que estava distraído analisando o mapa que tinha nos trazido até aqui.

— Você já fez — Julian respondeu com um sorriso debochado ainda sem desprender a sua atenção do que estava fazendo. — Mas o que foi?

— Eu não entendi o porquê do Troll ter preferido o colar que eu te dei ao invés da sua espada — disse rapidamente. — E nem o fato de você ter hesitado entregá-lo. 

Julian finalmente desviou a sua atenção do mapa e o enrolou novamente para guarda-lo na sua sacola unilateral. Em seguida, ele se sentou no tronco onde eu estava e me olhou fixamente com aquele belo par de olhos azuis.

— Com um pouco de ferro fundido o ferreiro real poderia facilmente me fazer outra espada — Julian esclareceu com uma voz terna. — Mas nada poderia substituir o presente de um amigo.

Aquilo me fez querer abrir um largo sorriso, mas eu me contive durante o tempo em que ele me olhava.

— Melhor dormirmos agora — Julian sugeriu. — Ainda teremos um longo caminho pela frente até chegarmos àquela caverna.

— Você tem razão — concordei. — Boa noite.

— Boa noite — Julian respondeu.

Assim que eu me deitei sobre as folhas secas que estavam sob nós e Julian se virou do outro lado, eu fiquei pensando no que ele disse até que caísse no sono. Talvez a magia presente naquele colar que eu ganhei da rainha Maryse e que, por conseguinte, dei para o jovem monarca era mais poderosa do que eu imaginava. Bem, o sentimento em meu peito aumentava a cada suspiro de Julian. Acho que no final de contas o coração é a magia mais poderosa.


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Notas finais do capítulo

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