Esposa de Mentirinha escrita por Rainbow Pearls


Capítulo 2
Capítulo 1




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Travis Jackson

Não me lembro bem do que ocorreu a algumas semanas atrás, só me lembro de uma luz branca, a buzina desesperada de um carro e um barulho de vidros estilhaçados. Eu acordei com o barulho de um choro, assim que olhei a minha volta percebi que estava em um hospital deitado a uma maca com minha mãe ao lado com a cabeça abaixada e chorando, eu toquei em seus cabelos louros e a chamei, a mesma levantou a cabeça rapidamente e me olhou com os olhos marejados, ela pegou minha mão, a beijou e logo em seguida disse com uma voz embargada:- Filho, por que você fez aquilo?

Eu fiquei sem atitude, apenas a olhei. Fui tomado por uma imensa vergonha, e aquele olhar da minha velha não ajudava com nada. Por que eu havia feito aquilo? Sabe, na hora não me pareceu irresponsável beber e depois sair com a minha moto, o que foi um erro meu.

Este acidente aconteceu há três semanas, mas não sem me deixar com feridas, literalmente. Eu ainda corro perigo de ser preso, mas nada que meu advogado não resolva, o que está me ferrando mesmo é o meu velho atrás de mim, ele disse que quer conversar sério, e desde então eu estou fugindo dele. Eu sei que isso é infantil e que a coisa certa é me sentar em uma mesa e coversar como um adulto, mas vamos ser honestos, duvido que alguém faria isso, principalmente quando você pode possivelmente acabar ferrado com isso. Não faço a mínima ideia do que ele queria falar comigo, mas coisa boa não é.

 Toc, toc.

O barulho da porta me tirou de meus devaneios. Tomara que não seja o velho!

—Entra!

—Senhor, teremos uma reunião com os compradores chineses  daqui a pouco. -anunciou minha secretária, Amélia Ellis, assim que entrou.

 

Droga! Droga! Eu havia me esquecido. Estava tão focado no que meu pai gostaria de falar comigo que esqueci o que era mesmo importante.

—Oh, sim. Eu estava mesmo me preparando. -menti. Amélia Ellis me olhou com uma cara de dúvida, mas apenas balançou a cabeça e rabiscou o compromisso.

—Tudo bem. Eu vou arrumar a mesa e espero que você esteja lá com tudo preparado. -disse Amélia, antes de sair.

—Ok, pode deixar.

Eu estava ferrado! Não estou com cabeça e paciência para aturar os chineses, justo eles que são mais exigentes.

Acho que nada está o meu favor.

 

—Precisamos conversar agora. -foram as palavras de meu pai assim que eu saio da reunião com os chineses.

Eu assenti. Não tinha mais jeito.

—Ok, vamos a um restaurante que tem aqui perto.

Nós fomos a um dos meus restaurantes prediletos um que se chama NOBU, um dos restaurantes mais famosos e disputados de Londres. A culinária asiático-japonesa. O significado da palavra NOBU é basicamente, estar sempre envolvida com diversas coisas ao mesmo tempo. O que é verdade já que os “menus degustação” trazem um pouco de tudo, e são sempre pratos premiadíssimos. O preço é alto, mas vale à pena.

Sempre tenho uma reserva, já que sou considerado um dos clientes mais fiéis. Além do mais, os donos são uns conhecidos meus. Não que eu queira me gabar.

Eu pedi o de sempre, ''Chicken with Pepper Sauce & Sashimi'', enquanto nós aguardávamos meu pai fazia questão de fazer um silêncio avassalador, o que era melhor do que seu olhar. Por fim, ele me olhou nos olhos e disse: - Eu sei que nunca fui um homem presente em casa, por estar sempre ocupado com o trabalho... -Ele deu uma pausa para pegar a comida com o garçom. -... E com viagens a trabalho, mas sempre estava ciente de tudo que ocorria na casa a intermédia dos empregados e de sua mãe. -Ele pausou para comer, e eu também. Já que agora era só o ouvinte. Um fato: Eu odeio ser o ouvinte. :- Sabe filho. Há certo ponto na vida em que devemos crescer e amadurecer, não ficar agindo como crianças com essas atitudes irresponsáveis. -Eu revirei os olhos e tentei conter a raiva. Tudo bem, você só precisa ficar por mais alguns minutos. Relaxe! Respire! :- Eu tomei uma decisão muito importante. Você ficará, por um tempo longe da empresa, até que eu decida se estará mesmo ''responsável'' para assumir novamente.

—O QUÊ? -Eu praticamente berrei, chamando a atenção dos demais clientes. Eu ouvi direito ou o que? Só pode haver uma explicação, tem que haver. -Pai, eu sei que o que fiz foi irresponsável, melhor dizendo, o que eu faço é irresponsável. Mas isso não o dá o direito de me tirar do cargo. Não pode!

Ele limpou a boca com o guardanapo, como se nada houvesse acontecendo, e disse:- Eu posso sim, na verdade, já fiz. Seu irmão vai ficar no seu lugar. Ele acabou de sair da Califórnia.

—Eu vou me tornar mais responsável. Prometo! -Ok, isso era ridículo, mas o meu cargo de grande importância vale. -Eu só preciso de um tempo. Eu vou provar que posso. Claro, eu posso. Todo estes anos eu cuidei da empresa, tanto que ela é uma das mais famosas graças a mim.

—Não é questão de promessa inútil. Eu já tomei minha decisão, e acabou. Obrigado pelo que fez, mas isso é o mínimo que poderia fazer.

Eu me levantei bruscamente e gritei sem me importar com os olhares que agora estavam todos sobre mim, iguais como as mulheres ficam com o último capítulo da novela. P.s: Eu era o garoto bom que estava sendo injustiçado! :- VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO!

O que fez meu pai ficar mais bravo ainda. Ele odeia que não obedeçam a ele, mas eu não sou sua marionete. Eu sou seu filho, e mereço mais. Ele respondeu calmamente, tentando não passar mico na frente dos outros ricos. Claro, porque ele só se importa com o que os outros vão dizer. -Sente-se imediatamente e pare de me fazer passar vergonha.

—EU NÃO SOU UM GAROTOTINHO!

—VOCÊ NÃO É, MAS AGE COMO TAL.

Eu apenas tirei o dinheiro da carteira e joguei na mesa. Enquanto, eu saia via as pessoas me olhando como se tivesse lepra, o gerente que era meu conhecido pronto para ficar de olho em mim caso eu voltasse e os pedidos. Não, as ordens de meu pai para que eu voltasse e não virasse as costas para ele. BAH! Pra mim já chega!

Se ele pensa que pode me tirar da empresa e ficar por isso. Então ele que aguarde, pois farei tudo que estiver ao meu alcance para mostrar que posso ser responsável, afinal, eu sou TRAVIS JACKSON. Se uma coisa que eu faço muito bem é nunca, nunca desistir. Se eu quero, eu consigo!

Tá, eu estou me parecendo uma garotinha estéril. Vira homem, Travis!

Amélia Ellis

Minha vida se resume a trabalho, trabalho e mais trabalho. O que eu não entendo é o porquê eu simplesmente não estou conseguindo PAGAR A MINHA FACULDADE. Eu sabia que não deveria ter feito aquele contrato para pagar a faculdade de uma vez, mas não, eu sou uma tonta mesmo. Agora estou endividada até o pescoço e ainda tenho que cuidar dos assuntos do escritório, o aluguel e tudo mais.

—Toc, toc. Filha trouxe seu jantar já que você quase não tem mais vida social. -disse minha mãe, ao entrar no meu quarto com uma bandeja. Hum, hoje temos Filé ao molho-especial-da-minha-mãe-que-é-segredo!

Ela deixou a bandeja na escrivaninha e se sentou na cama comigo.

—Ainda está resolvendo o problema da faculdade?

—Sim, estou. Mas já está quase tudo resolvido. -menti. Não queria que ela ficasse mais preocupada do que já está. Afinal, este assunto é de meu interesse.

Ela deu um longo suspiro e disse:- Odeio-te ver assim trabalhando e se matando. Você precisa sair mais, se divertir e arranjar umas paqueras.

Eu ri. Está era minha mãe.

—Tem razão. A única paquera que eu tenho agora é com os cobertores e a cama.

—E aquele garoto legal? O Ben.

Lá vem o Ben. Uma amiga da minha mãe me arrumou tal de Ben, Ben Grentt e foi aí que nós começamos a sair. Ele era um garoto dos sonhos, aparentemente. Corpo musculoso. Cabelo preto bagunçado. Olhos castanhos que o deixavam mais misteriosos. Tudo o que um garoto gosta só que o que é muito bom tem seu lado péssimo. Ben era o garoto mais ciumento que eu já vi na minha vida! Ele começou a confiscar meu celular: mensagens, chamadas, fotos e tudo mais. Uma vez ele deu uma crise de ciúmes por causa de Travis Jackson, meu chefe. Eu explique a ele milhões de vezes, para Ben, é claro, que Travis era apenas meu chefe imaturo e mimado, mas ele parecia não me ouvir e sempre implicava. Ele era bom com computadores, tanto que tentou hacker meu Facebook. E olha que nós estávamos apenas saindo. Imagine se namorássemos... Era bem possível que ele me jogasse em um castelo sem portas e com só uma janela, igual à Cinderela, quero dizer, a Rapunzel. Estou fora!

—Nem me fale dele.

Ela me olhou com dúvida. Será que ela não se lembra dele? O stalker.

—Ele parecia legal. -disse ela. Igual eu disse, aparentemente. -Que tal o Hank?

—Hank? Aquele estranho com restos de comida no aparelho?

Minha mãe me olhou com uma cara de nojo, tipo: ''Sério?''

—E o Freddo? O filho da Dona Mary. -Até que Freddo era bonitinho e legal. Não que eu tenha falado com ele muitas vezes, talvez até três ou quarto, no máximo. -Pensando bem, ter Dona Mary como sogra deve ser horrível. Velha intrometida!

Este era um dos grandes problemas em namorar. Sempre tem uma sogra que tenta fazer a sua vida um saco. Espero que a minha seja super boazinha e nada intrometida, porque pior do que sogra fofoqueira é aquela que se você briga com seu namorado, lá vem ela defender ele. Freddo pode ser bonitinho, mas não vale tanto o risco.

—Tem o Greg. Eu gosto dele. -disse minha mãe, esperançosa.

—Mãe? -questionei na defensiva. Greg era um dos meus mais fiéis amigos. Não me vejo namorando com ele, se fosse há alguns anos atrás, até que eu poderia cogitar a idéia, poderia, mas agora...:- Ele é meu amigo.

—Seu pai também era muito meu amigo. -ironizou ela. -Começou assim, amigos pra cá e pra lá, e quando fui ver já estava com você nos braços e casada.

Lá vem ela com essa história. Sempre ela entra na parte em que eu cheguei e estraguei sua vida. Não que ela diga dessa maneira, mas é evidente, já que ela me teve quando ainda tinha 17 anos.

Ao olhar para minha cara, ela me abraçou de lado e deu um sorriso bobo, aquele que ela faz quando lembra uma coisa boa, logo em seguida, disse:- Não que eu esteja a culpando de algo, jamais. Você foi e sempre será meu bem mais precioso. Eu só quero dizer que não há fronteira para o amor. Quando você gosta, você gosta e sem mais. Seu pai foi meu primeiro amor, e eu sabia disso deste o momento em que ele me beijou pela primeira vez, eu senti aquelas borboletas no estômago. Tudo ficou mais claro, minha pulsação foi a mil e naquele momento eu sabia que ele era o que eu queria. -Eu sorri feliz. Adoro quando ela me conta sobre ela e meu pai, a juventude deles. O amor deles era tão linda que você pode sentir que vale a pena ser vivido.

—Espero um dia encontrar um amor assim.

Ela me deu um beijo na bochecha, e antes de sair, disse:- Você vai viver e quando chegar o momento saberá. Agora vá jantar.

Eu sorri, e peguei minha bandeja deliciosa.

—Pode deixar. Boa noite, mãe.

—Boa noite, filha. -disse ela antes de fechar a porta.


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