Minha primeira reunião ocorreu como deveria ser. Consegui persuadir os donos da empresa GyaneRyan cosmetics a desistir de um processo judicial milionário. Moveria ações atrás de ações contra o governo Brasileiro e não conseguiria um processo concreto. Ao invés disso , os ajudei ampliar a área de vendas e fiz um planejamento de metas a atingir a curto, médio e longo prazo. Trazendo benefícios para empresa e aumentar o lucro mensal e ajustar as falhas no orçamento. Essa reunião nada tinha haver com o meu trabalho na G&G Ltda. , porém eu dava consultorias mensais para algumas empresas no Brasil. A Próxima reunião seria as 16h. Encontraria-me com Augusto Gomes. Um dos maiores representantes comerciais da G&G Ltda.
A empresa da qual eu trabalhava , era voltada para o ramo de tecnologia. Havia uma grande parceria com desenvolvimentos de pesquisas em novas tecnologias no mundo todo. Sua filial aqui no Brasil , tinha se fundido com a nova Positivo. Seu ultimo desenvolvimento de linha , que impressionou pela qualidade , foi o novo celular ainda não tão conhecido aqui, o Quantum Go. Depois de várias tentativas falhas de criar um dispositivo de ponta que pudesse concorrer com os tops de linha de outras marcas como Samsung , LG e a mais nova revelação do mercado, Asus, entramos em parceria e lançamos um produto do qual as expectativas estão sendo alcançadas. Augusto tinha disposição e lábia para garantir fornecedores de qualidade , e também a área de marketing dos novos aparelhos. As metas que esperávamos era da venda de 400.000 mil exemplares do aparelho, vendidos no primeiro trimestre , e com a sua jogada pessoal , Augusto havia triplicado esse número, alcançando números excelentes e lucros acima do esperado para as empresas.
Havíamos marcado de nos encontrarmos em Taguatinga no escritório de Marketing da G&G Ltda. Eu aproveitei que estava perto de casa , e antes de me dirigir a reunião , passei em casa e troquei de roupa. Eu estava sentada a ponta da mesa quando Augusto chegou falando ao celular sobre algo da nova campanha. Ao me ver , despediu-se de quem quer que seja e dirigiu um sorriso ambiguo e largo para mim:
— Ehlena! Quanto tempo eu não a vejo, desde a última vez que recusou meu convite para jantar. - Disse ele em tom de brincadeira, porém a frase estava carregada de sarcasmo.
— Augusto, prazer em revê-lo novamente. - Ignorei o sarcasmo em sua voz , e o respondi cordialmente . - O que você tem para me dizer hoje? Trouxe uma tabela de planejamento e ...
— Porque você sempre foge de mim? - Sua voz saía mais baixa , e ele entonava um som mais sexy na voz. Eu estava observando os papéis e pude perceber ele se aproximando.
— Você sempre foge... - Ele deixou a frase pairar no ar.
— Augusto , por favor , estamos a trabalho! - O adverti e ele fez uma careta, mas logo se recompôs.
— Claro, Ehlena. - Ouvi uma certa decepção em sua voz.
— Trouxe alguns documentos para as representações de vendas, do novo Celular da Quantum. Preciso que os assine. - Peguei a pasta e coloquei a sua frente. - Eu andei trabalhando em um planejamento esse mês , alguns países querem exportar o produto , e precisaríamos um de um processo de liberação do produto , por conta da nossa empresa parceira. Porém, o dono da Positivo, diz ser a favor de exportação portanto que tenha planejamento.
— Essas partes burocráticas, sempre ficam para você Ehlena. - Ele me analisou e continuou - Onde eu entro nessa história?
— Precisamos de um representante de peso para a nova exportação , o primeiro lançamento ocorrerá na Califórnia daqui a cinco meses.
— Então você veio aqui só para me dizer que eu teria que viajar ? - Eu sorri e lhe entreguei mais dois papéis.
— E também para assinar esses papéis. - Ele soltou uma gargalhada que inundou a sala .
— Bem a sua cara, Ehlena. - Ele sorriu e assinou. Discutimos mas alguns detalhes do novo processo de exportação e depois ele quis me levar para um restaurante Italiano.
— Não sabia que você queria me engordar Augusto. - Lhe disse sorrindo.
— Bem, sempre soube que você não é mulher de comer somente alface, achei que algum tipo de massa , cairia bem. - Disse-me sorrindo vitorioso.
Entramos no restaurante , pedi um prato de espaguete com queijo , ele pediu um Rondelli , e tivemos uma noite agradável e de muitas conversas. Logo depois seguimos para o carro e ele disse:
— A noite foi excepcional.
— Realmente. - Concordei
— Mas o que você vai...
— Augusto...- O olhei desanimada. - Eu não posso tentar qualquer relacionamento agora. - Por fim agora.
— Porquê?
— É complicado...
— Mas Ehlena, a tanto tempo eu venho almejando por esse momento , por você , droga! Eu quero você Ehlena. - Seu olhar estava feroz , e parecia desnudar minha alma
— Quero ser sua amiga.
— Mas eu não a quero como amiga, Ehlena. Eu quero você, sentir você... - E antes de completar a frase ele me puxou para um beijo. Ele era calmo, mas me senti presa em um lugar escuro. Não sentia a mesma sensação como os lábios de Erick sobre os meus , meu corpo não ansiava por suas mãos. Eu não senti absolutamente nada. E isso me deixou mais confusa que o normal. Afastei-me e minha respiração estava pesada.
— D-desculpe-me , preciso ir , d-desculpe-me. - Sai marchando sem esperar resposta. Entrei em meu carro e fui para casa. Eu estava no caminho quando Julia me ligou. Coloquei o celular sincronizado com o Bluetooth do carro:
— Você está aonde ?
— Eu estou indo para casa.
— Ehl, aconteceu algo?
— Não, não precisa se preocupar . - Tentei soar o mais convincente possível.
— Bem, já está chegando ?
— Sim.
— Okay, quero que veja uma coisa.
— Que coisa?
— Venha logo para cá, ai eu te mostro. - Ela não esperou minha resposta e desligou, passaram-se mais uns quinze minutos e eu já estava no elevador subindo para o meu apartamento. Desabotoei o primeiro botão da minha camisete preta , porque estava me sentindo sufocada. O scarpin que eu estava usando tinha os saltos de 5cm e minhas pernas ficavam bem torneadas, porém estava me matando. Os tirei e fiquei esperando o elevador chegar no meu andar. Eu estava com a cabeça a milhão, estava confusa demais , e a única coisa clara que vinha a minha mente era as mãos de Erick perpassando por minha cintura , me puxando contra o seu corpo másculo e os seus lábios se entreabrindo para receber os meus. - Fechei meus olhos e deixei me devaneiar por esse caminho- interrompendo meus pensamentos , o sino do elevador tocou e a porta se abriu. Peguei a chave que estava dentro da bolsa , abri a porta e me deparei com Julia lendo novamente um dos livros do Harry Potter , sentada ao sofá próximo a varanda. Ela ergueu os olhos e sorriu:
— Finalmente , onde você estava? Estar com fome?
— Não, eu já jantei...- Suspirei e continuei- Com o Augusto.
— Augusto Gomes? Você foi jantar com Augusto Gomes? Que milagre foi esse?
— Ah, uma longa história, depois eu conto. Vou tomar um banho. - Antes que eu pudesse virar, ela me chamou atenção para algo que eu não havia percebido.
— Aquilo chegou pelo correio hoje, entrega internacional. Não há remetentes.
— Bem, será que foi minha irmã?
— Não sei, abra, vamos descobri. - Larguei meus saltos no chão, joguei minha bolsa em cima do sofá e segui descalça pelo carpete felpudo da sala até atingir o piso gélido. Segui para a mesa e observei a caixa. Arranquei o selo , e o remetente estava em anônimo.
— Mas que merda! Devia haver um remetente.
—Calma Ehl, vamos abra logo. - E foi o que fiz. Peguei a caixa que era de tamanho mediano, levei-a comigo ao sofá e rasguei todos os lacres de segurança. Eu a abri e finalmente pude observar o que tinha dentro. Havia um álbum com a seguinte frase" Você estava muito bonita naquela noite, e eu adorei poder ter feito você sorrir". Minha reação foi absurda, eu paralisei , fechei os olhos e respirei fundo.
— E ai , Ehl? Quem enviou?- Julia me analisava com o olhar atento.
— Foi ele Ju, foi ele quem enviou.
— Ele você quer dizer...- Ela foi interrompida pela campainha , prontamente me levantei e fui a porta, ao abri, me deparei com um Augusto olhando para baixo.
— Me perdoe por agir daquela maneira.
— Mas , que maneira?
— Ter te beijado.
— Tudo bem Augusto, esqueça isso.
— Como?
— Vá para casa, descanse. Amanhã é um novo dia.
— M-mas...
— Vá Augusto, não estou brava.
— Tudo bem. - Disse-me tristemente , inclinou-se e depositou um beijinho em minha bochecha.
— Boa Noite. - Eu lhe disse suavemente. O vi se afastar e fechei a porta , ao fazer isso, ouvi Julia falando:
— Você não acha que está o fazendo de bobo?
— Eu não estou o fazendo de bobo, faz muito tempo que eu recuso todos os seus convites para qualquer coisa, sempre deixei claro que não posso e não quero me apaixonar por ele.
— Ehl, você as vezes se envolve em cada coisa. - Ela me disse, acenando com a cabeça para os dois lados. - E o presente que o Erick mandou?
— Como você tem certeza que foi ele ?
— Você falou - Ela sorriu e fez aspas com a mão - foi ele Ju, foi quem enviou! - rimos.
— Sim, foi ele . - E sorri.
— Eu em?! Deixa, eu vou dormir , amanhã vou para o Rio, depois volto , tenho que visitar uma sede.
— Meu Deus! Quem me alimentará agora ?
— Já ouviu falar em pizzaria? Ou até mesmo em telefone?
— Besta. - Julia saiu sorrindo para o seu quarto , enquanto eu fiquei na sala. Peguei o álbum em meu colo e o folhei.
— Eu sinto sua falta Erick, mas só eu sei o que vi. - eu respirei fundo , e fiquei por ali por mais alguns minutos até cair no sono.