Um novo recomeço escrita por IsabellaORodrig


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi gente , essa é uma história xodózinha minha, então espero de verdade que gostem. Beijos de luz :*



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E foi assim que esperei, sempre lentamente, cada coisa ao seu tempo.

18 de abril de 2014

Hoje faz-se um ano em que ela morreu. A cada canto dessa casa, a cada espaço eu a vejo. E triste você viver inerte em um vazio. Passei 365 dias, saindo somente para o necessário, já não havia vontade de conhecer o mundo lá fora, porque esse, era um sonho nosso. Não meu.

A cada dia, a saudade vai apertando-se mais, minha mãe me liga todos os dias, na tentativa fútil de fazer com que eu queira viver novamente. Não posso, eu não consigo. Aquela manhã de 18 de abril de 2013, era para ser um dia magnífico, pretendíamos ir ao parque ao qual nos encontramos pela primeira vez.

Flashback no-

Era um dia incrível aquele em que nos conhecemos, estava ensolarado, e o perfume das flores, invadiam o meu nariz. Sentei ao seu lado na grama e comecei a admirar o nada em que se encontrava a nossa frente, e por incrível que pareça, ela foi a primeira a quebrar o silêncio:

— Bonito o dia, não acha? - Continuou olhando para imensidão de cores vívidas a sua frente.

— Sim, está maravilhoso. - Disse em afirmativa.

— Como se pudéssemos até acreditar, que essa beleza durará para sempre. - Disse ela, falando um pouco mais distante do que deveria.

— E porque não acreditar?

— Porque não existe espaço para sempre, esse, ele sempre se vai.

— Será que é tão difícil? Acreditar que tudo isso, toda essa beleza possa ser apreciada por futuras gerações?

— Não, não acho difícil, acho impossível. - Nesse instante a olhei e me fascinei instantaneamente, seus olhos cor de âmbar, havia um brilho radiante, e a cor de seus cabelos pretos, descendo em cascatas pelos seus ombros. O brilho era tão intenso que me prendia a cada rajada de vento batendo-lhes. Instantaneamente fechei os olhos, aquele perfume, era o mais doce que poderia sentir, nunca havia sentindo nada parecido, a sensação que se apoderava de mim, fez com que eu ficasse zonzo momentaneamente, e foi aí que ela me perguntou:

— Porque você está aqui? Nesse exato momento? - Disse ela, voltando a fitar o horizonte.

— Não sei bem, eu apenas estou.

— Uma boa resposta, pois as pessoas geralmente tentam encontrar soluções, você apenas vive.

— Eh... E você gostaria de ir tomar café comigo? -

— Gostaria sim, mais como logo de cara, escolher café e não sorvete?

— Sei lá, apenas escolhi. -Disse-lhe fitando o horizonte que se encontrava a minha frente.

Ela havia soltado uma gargalhada, da qual fiquei extremamente encantado.

— Então vamos Sr. sei lá, vamos tomar um café. - Após isso, ela levantou-se em um sobressalto, e saiu quase correndo, logo atrás dela, eu estava a olhando admirado pela sua simplicidade, desde aquele momento, ela era a certa para mim, eu nunca havia estado tão certo em minha vida.

—Flashback off-

Tirando-me de meus pensamentos, ouço o telefone tocar:

— Alô?

— Filho? É a mamãe, estou ligando para saber como você está, está tudo bem aí?

— Mamãe, eu estou levando, está tudo bem sim.

—Amor, você não deve ficar assim.

—Ficar assim como, mamãe?

— Desse jeito, jogado pelos cantos, isolado do mundo, já se faz um ano que ela se foi Erick.

— Mamãe, eu estou bem, está bom? Não se preocupe, eu vou me virar. Tchau mamãe, até mais.

—Tudo bem, espero que esteja falando a verdade.

— Tchau mamãe.

Após desligar o telefone, eu respirei fundo, e a dor que estava em meu peito apertou novamente.

—É meu bom e velho Erick, parece que você está sozinho, mais uma vez.

Levantei-me e fui até o barzinho que havia ali na sala, servi-me de um copo de whisky, e logo sentei no sofá. Novamente, depois de um ano, não havia nada lá.

Ela não estava lá.

A cada momento que se passa torna-se um inferno, do qual eu não conseguia mais sair. Viver de escuridão as vezes é necessário, só que para todos os lados, enxergava o nada. A sensação de não a ter mais aqui, rasgava meu peito como faca, e minha alma sangrava.

Levantei-me da cadeira, fui a cozinha, e peguei o resto do whisky que estava em meu copo e despejei no ralo, com o gosto amargo da bebida, descansei o copo em cima da pia e subi para o quarto. Os degraus da escada, eram todas niveladas, o desenho que se encontrava em cada parte daqueles corrimões, eram feitos a mão. Feitos por ela.

Se eu continuasse a olhar tudo assim, e visse tudo dessa maneira, iria enlouquecer. Há um ano eu não entrava em nosso quarto, dormia no quarto de hóspedes para não ter que encarar o cômodo que mais nos marcou. Nesse dia, seria diferente, eu precisava enfrentar aquilo. Abri a porta e o aroma das flores vindos do jardim, inundaram o ar do quarto, as janelas estavam exatamente como sua empregada Rosa, havia deixado pela manhã, a cama arrumada impecavelmente, reservada de detalhes austeros, com os mesmos estilos de desenhos dos corrimões da escada. Cada traço feito à mão, pincelado com destreza, faziam com que meu coração disparasse mais uma vez, não de uma forma boa. Adentrou uma rajada de vento ao quarto, do qual eu devia ter me acostumado, o perfume das flores novamente, inundavam meu nariz. Segui em direção ao guarda-roupas, e ao abrir a porta encontrei todos os seus corpetes, suas saias e seus vestidos. Ah, como ela adorava vestidos, um para cada estação do ano, seu jeito simples, a faziam tecer vestidos com a sua velha máquina de costura, os modelos vinham de sua cabeça, e ao final de todo esse trabalho, ela ficava incrível. Era mais como brincar de sofrer, meu coração dava uma pontada a cada vez que se deparava com algo que a pertencia, meus olhos começaram a lacrimejar, as lágrimas que se sucediam, seriam apenas o começo. Já se passara dois anos, desde que Sarah me deixou. Passo dia após dia, noite após noite, me culpando por não ter conseguido salva-la, ele era tudo que ela tinha, e ela era tudo o que ele tinha. Saindo de meus pensamentos, ouvi um barulho ensurdecedor, e então percebi que era meu celular, tirei-o do bolso, e vi que era meu irmão, estava decidido a não atender, só que quando eu iria rejeitar a ligação, ele desligou. Tornei guarda-lo em meu bolso e voltei a escolher as roupas que estavam dentro do guarda-roupas, novamente meu celular toca, e eu por fim atendi no último toque:

— Felipe?

—Erick, quero saber como você está?

— Eu estou bem sim, e você?

—Erick, você não está bem, tem dois anos que você se isolou de tudo e todos.

— Está legal Felipe, mas eu estou bem.

— Espero que esteja sim, eu me preocupo muito com você meu irmão, quero vê-lo bem.

— Eu estou bem.

—Estou ligando para lembra-lo, meu casamento é na próxima semana, e você é meu padrinho, se você não fizer nenhuma troca ou ajuste do terno, a Lility vai surtar.

— Meu irmão, eu disse que estaria lá, e eu vou estar.

— Amanhã é sexta, e você vem comigo e o resto da família, para nossa casa de praia, vamos ficar por lá para fazer os preparativos, esse final de semana, vamos fazer uma reunião e o ensaio do casamento. Meu irmão, eu dispenso suas desculpas. Irei lhe buscar amanhã as 10h00.

— Mas Felipe, eu disse que não iria ...

—Larga de teimosia, vamos ficar direto para cerimônia, e mamãe fez questão de ajeitar seu quarto favorito naquela casa.

—Tudo bem, eu vou.

— Isso, você é um bom garoto. Agora senta.

— Vai se danar seu bastardo.

Rimos, e então desliguei o telefone.

Eu estava novamente, sozinho naquele quarto. Olhei para tudo a minha volta, havia apenas um vazio. Fui separando, dobrando com cuidado, peça por peça, cada vestido dela uma lembrança inundava a minha mente. Fiquei com esse trabalho até adormecer por ali mesmo. Acordei no outro dia, com os barulhos dos pássaros, e novamente o suave cheiro das flores inundavam meu nariz. Peguei meu celular em meu bolso, e visualizei treze chamadas perdidas de meu irmão, olhei para a hora, e me dei conta: Mais uma vez, havia me atrasado para um compromisso familiar. Levantei-me em um sobressalto, fui em direção a janela, e a fechei. Logo em seguida, ouço meu celular tocar

—Alô?

— Alô? É isso que você me diz Erick? Já são 13h45 da tarde, passei 2h tentando te ligar, te esperando, buzinando em frente à sua casa, e você não dar nem sinal de vida?

— Me perdoe Felipe, eu acebei dormindo demais, esse foi motivo do meu atraso.

— Não importa, 14h30, passo para lhe buscar de novo, e sinceramente, espero que esteja com os ouvidos preparados. - E assim, a chamada foi encerrada.

Logo, eu já estava pronto, havia feito minha mala, e esperava Felipe para irmos para a casa de praia da família, não estava afim, de comemorações ou qualquer tipo de festa, mais era o casamento do meu irmão mais novo, era seu padrinho, não podia faltar. Quando se deu por volta de 14h25, me dirigi a frente da casa, Felipe estava virando a esquina, e logo parou o carro em frente onde eu estava, coloquei as malas no maleiro, entrei dentro do carro e ele já foi falando:

—Nossa que pontualidade, nem parece que enrolou 4h para se arrumar.

— Ai meu Deus, oi para você também meu irmão. - Ele sorriu, nos abraçamos e logo em seguida eu perguntei:

— E aí? Está nervoso?

— Eu diria que demais, Lility é uma mulher incrível.

— Disso eu sei, ela é uma boa pessoa.

Rimos e seguimos viagem. A casa de praia, ficava a oeste da Califórnia, era apenas uma casa simples, só que bastante aconchegante. Ao chegarmos, minha mãe estava a porta, esperando sorridente, fazia algum tempo que eu não a via, e era incrível como ainda continuava deslumbrante.

— Benção mamãe? Como a senhora está?

— Erick, que saudades meu filho, vou muito bem, e você? Diga-me que está melhor?

— Ah mamãe, para mim ainda é difícil, mais estou me adaptando.

— Eu sei meu filho, mais venha, a mamãe preparou o seu quarto para você.

— É Erick, mamãe sempre te mimando né? - Disse Felipe sorrindo divertido para mim.

Ao entrar naquela casa, senti novamente o cheiro da minha infância, as poltronas organizadas, devidamente em seus lugares, a sala de jantar mais parecia-se com um salão de festas, e aquele cheiro de desinfetante de pinho invadiam as minhas narinas.

Ao longo do corredor havia portas de quartos de hóspedes, e o último do lado esquerdo era o meu favorito. Abri a porta do quarto, e ele estava exatamente como me lembrava, o guarda-roupas, as cortinas, a persiana branca, a pintura, o cheiro, tudo exatamente como gostava 12 anos atrás. Não parecia que tinha crescido tanto ao entrar naquele lugar, o aconchego que aquele forte me dava, era como se fosse a minha própria proteção. Depois que minha mãe saiu, falando que se eu precisasse de algo era para contata-la, tirei meus sapatos e deitei na cama, a calmaria daquele lugar me fazia bem. Sorri inevitavelmente, lembrando o porquê que escolhera aquele quarto quando criança. Por ele ser o mais isolado, eu poderia pular a persiana e ir para os luais do outro lado da praia. Logo levantei-me, coloquei minhas roupas no guarda-roupas, e em seguida fui para o banheiro. Após um banho quente, sai para o quarto, e fui me trocar, logo ouvi carros chegando a casa e barulhos de passos pelo corredor, ouvi vozes logo em seguida. A família de Lility deve ter chegado - Imaginei- vesti uma roupa, e sai do quarto, fui para a sala e havia um senhor e uma senhora lá, certamente eram os pais da noiva de meu irmão, cheguei até eles e os cumprimentei:

— Olá, eu sou o Erick Johnson irmão do Felipe.

— Oh..., Olá Erick, e eu sou Marilyn, Mãe de Lility, prazer em conhece-lo, ouço muito sobre você. Acho que você é bem famoso. - Ela apertou minha mão, e deu um sorriso. Logo em seguida o Senhor sentado, levantou-se e me cumprimentou:

—Prazer Erick, sou Williams Wood, pai da Lility, que bom que o conheci.

— Prazer Sr. Williams. - Após alguns minutos de conversa com os dois, levantei-me e disse:

—Os senhores me dê licença? Eu estou faminto, cheguei agora pouco, e não comi nada até agora. Aceitam alguma coisa?

— Sem problemas, não se importe conosco, estamos bem.

— Então, com licença. - Sai sorrindo da sala, e fui para cozinha, peguei umas bolachas que estavam em cima da mesa, e fui para a praia, ao sair, vi uma moça sentada na areia admirando a paisagem.

Aproximei-me, sentei ao seu lado e a ofereci:

— Olá, aceita bolachinhas? - Ela não me respondeu. Falei novamente, um pouco mais alto.

— Olá, aceita bolachinhas? - Parecendo que estava saindo de um transe, a moça me olhou e sorriu. Assustei momentaneamente, aqueles olhos me paralisaram, nunca havia visto olhos tão intensos assim, nem mesmo os de Sarah. Seu olhar era calmo e doce. E o dessa mulher, agitados e intensos. Percebendo o modo que a olhei, a moça corou, virou o rosto novamente e disse:

— Eu aceito as bolachinhas. - Fiquei chocado com a voz dela, ouvi-la me deu um arrepio na espinha.

— S-Sim... digo, sim, aceite por favor.

Ela havia pegado a bolacha e começou a comer, quieta. Senti logo, uma brisa atingira seus cabelos amarrados em um coque frouxo, o perfume suave e cítrico me inebriou momentaneamente, logo fechei os olhos delirando no seu perfume. Ao abrir, a vi me encarando com um olhar confuso e divertido.

— Por que me olha tanto? - Perguntei-lhe.

— Porque você é engraçado.

— Engraçado? - A olhei meio confuso.

— Sim, você viajou, ficou com uma cara estranha. - Disse ela contendo um sorriso.

— Eu?! - Disse-lhe fingindo exasperação.

Ela me olhou novamente. E de novo aquele olhar intenso sobre mim, me arrepiou.

— Como você se chama? - Perguntei-lhe.

— Ah, eu? Me Chamo Ehlena.

— Bonito nome, Ehlena.

— Obrigado, e você? Como se chama?

— Eu sou o Erick, prazer em conhece-la.

— Olha, você deve ser o Irmão de Felipe, certo?

—Sim, eu sou o irmão mais velho dele.

— Lility fala muito sobre você e ele.

— E você é prima da Lility? - Ela gargalhou e falou:

— Não, eu sou a irmã mais velha dela. Só que eu não peguei o gênero loirinho e frufru da família, essa parte ficou para ela. - Ela riu em seguida, e eu lhe acompanhei.

—Não fazia ideia que ela, tinha uma irmã.

— Pois é, na verdade, eu não sou daqui, e nos falamos só por Skype, é mais barato assim.

— É mesmo? Você é de onde?

— Eu sou do Brasil, moro lá há uns anos.

— NOSSA?!

— O que foi? - Ela sorriu

— Você mora longe. Qual estado que você mora lá? No Rio?

— Na verdade, eu já até morei no Rio, só que atualmente, fui transferida para Brasília, e eu estou morando por lá.

— Que legal, o que você faz?

— Eu sou advogada administrativa, trabalho com processos de empresas multinacionais fazem contra a prefeitura, estado, governo entre outros órgãos públicos. E você trabalha em que?

— Eu trabalho com fotografia. Sou fotógrafo profissional, tenho um estúdio fotográfico.

— Que interessante. - Ela me deu um sorriso.

Continuamos ali parados, olhando para o mar, até que ao longe, escutamos a voz de Lility. Vi Ehlena levantar-se em um sobressalto, e correr para abraçar a irmã, meu irmão se aproximou e perguntou:

— E então? Gostou de Ehlena?

— Sim, ela é engraçada, e sua voz é muito doce. Mais irmão, eu não lembro nem de você e nem de Lility comentando da irmã.

— Verdade irmão, a Lility sempre fala dela, o problema é que você nunca esteve perto quando ela falou.

— Nossa, assim parece até que eu não gosto de socializar com a minha família.

— Erick, sério, faz dois anos em que Sarah se foi, essa é a primeira vez que você sai de casa desde então.

Com os olhos marejados, eu olhei para o meu irmão, e momentaneamente ele me abraçou e disse:

— Eu sei que é difícil, eu mesmo não consigo me imaginar sem a Lility, mas se permita, todos nós te amamos, e sentimos muito a sua falta.

Com essas palavras, ele se levantou, e pude ver Ehlena e a Irmã ao longe, entrando casa a dentro. Preferi ficar ali pensando um pouco na minha vida, as imagens de Sarah me invadiam como se fossem facadas deferidas a mim. Finalmente percebi, realmente, meu irmão dessa vez tinha razão. Tinha que deixar a Sarah ir, tinha que deixa-la descansar.


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Notas finais do capítulo

E ai ? O que você que vai acontecer? Espero que gostem *-*



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