Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 75
Última Missão




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—O incêndio começou na cozinha. Parece que gás escapou do fogão, e então começou um pequeno incêndio, e então o aparelho explodiu. O fogo tomou conta do apartamento todo em pouco tempo.
—Então como...
—Ressler entrou lá, e te resgatou.
—Ressler? Sério?-Me ajeitei melhor na cama. –Não me lembro de nada.
—Você estava inconsciente. Passou mal e desmaiou. É por isso que mora comigo agora. Por que não pode ficar sozinha. Está doente. E o que aconteceu ontem não pode se repetir. –Red se levantou. –Entendeu agora?
—Entendi. Diga a Ressler que eu agradeço.
—Não. Você vai dizer. Não pode evitá-lo.
—Quem disse que não? Você ainda não viu nada, Raymond.
***
Os dias passaram. Sem nada pra fazer eu passava parte do tempo jogando xadrez com Red ou Dembe, lendo, ou assistindo TV. Quando os dois homens estavam viajando, a casa ficava terrivelmente em silêncio.
Comecei a tomar uns remédios, e toda bebida alcoólica sumiu da casa. Eu estava doente, e Red não me deixaria em paz até que eu melhorasse.
Comecei a acompanhar novidades da força tarefa através de Reddington. Às vezes eu dava opiniões, e às vezes nem queria ouvir falar de algo relacionado ao FBI.
Keen veio me ver uma vez, querendo saber como eu estava. Me senti um pouco mal ao mentir descaradamente dizendo que estava ótima. Red balançou a cabeça negativamente ao ouvir a mentira, mas não disse nada.
Tudo parecia bem, até... Algo acontecer.
—Jenna. –Pausei Revenge e olhei para a porta, onde Red estava.
—É bom ser importante, a amiga da principal acabou de morrer.
—Preciso te pedir uma coisa. –O tom de voz me deixou bem preocupada.
—Nada de excursões à Vegas pra sequestrar pessoas.
—Não é isso.
—Então fala, porque está me deixando nervosa.
—Haverá, supostamente, uma invasão à Casa Branca amanhã. Isso tem a ver com a minha lista, então o FBI estará lá. Preciso que faça isso, que esteja lá, como uma última missão.
—Eu me demiti...
—Falei com Cooper, e ele autorizou sua participação. –Assenti. –Pode fazer isso?
—Posso.
***
—Se dividão em duplas, quero que cada um siga para...
—Jen?-Me virei, parando de prestar atenção nas instruções que estavam nos dando. Dei de cara com Ressler. –O que está fazendo aqui?
—Completando minha última missão. Parece que temos que nos dividir em duplas. –Olhei em volta. –Cadê a Lizzy?
—Red não a deixou vir.
—Ah, é claro que não.
—Tem uma dupla?
—Não. –Olhei em volta de novo. Eu não conhecia muita gente ali.
—Jenna Mhoritz, se importaria em ser minha parceira uma última vez?-Meus olhos se encheram de lágrimas. Sorri.
—Seria uma honra.
Armados e com colete à prova de balas, finalmente fomos liberados para seguir até nossos postos. Ressler e eu ficamos no subsolo, onde coisas importantes (e confidenciais) eram guardadas. Ninguém quis nos dar detalhes, mas suspeitei de algumas coisas.
—Acha que estamos guardando dinheiro, joias ou coisas assim?-Perguntei, trocando a arma de mão.
—Coisas de valor?-Olhou para trás, para a porta trancada. –Talvez.
—Sempre gostei daqueles filmes em que invadiam a Casa Branca. São interessantes. Mas sempre me perguntei se eles sabiam mesmo se a réplica era igual à verdadeira.
—Duvido que iam deixar a detalhes da Casa Branca por aí.
—Verdade.
—Ressler e Mhoritz?-Uma voz feminina veio do fone. –Status do andar “menos um”?
—Tranquilo.
—Ok. Permaneçam atentos. –Houve um clique, comunicação desligada.
—Andar “menos um”?-Ressler perguntou.
—Subsolo. –Respondi. –É onde estamos.
—Menos um?-Insistiu. Revirei os olhos.
—Linguagem de Dangerous, você não entenderia.
—Como os códigos da Dangerous pararam na Casa Branca?
—Eu não faço a mínima ideia. –A voz feminina retornou:
—Status geral: código roxo. Repito: código roxo.
—Oou.
—O que significa?-Ressler perguntou. Engatilhei a arma.
—A invasão começou.
Tiros começaram a ser disparados na nossa direção. Ress e eu nos abrigamos cada um de um lado do corredor e começamos a atirar.
—Acho que eles querem passar por aquela porta!–Gritei, atirando. -Vamos ter problemas!
—Continue atirando!
—Só paro se estiver morta!
Alguns homens armados caíram, mas o tiroteio não parou. Eles eram bem insistentes.
Alguma coisa rolou, se aproximando de Ressler e eu.
—Granada de fumaça!-Gritei, recuando. Donald fez o mesmo. Com a mão livre, puxei uma máscara, cobrindo a boca e o nariz. –Não pare de atirar!-Cliquei no fone, pedindo por uma conexão, e continuei atirando.
—Base na linha.
—Possível código prata.
—Por favor, repita.
—POSSÍVEL CÓDIGO PRATA!
—Entendido. Vou ver se há reforços disp... –Franzi a testa. Do outro lado Ressler estava recarregando a arma.
—Base? Base?-Um clique, a comunicação foi cortada. Devem ter invadido a base onde os operadores estavam.
—Estamos em comunicação!
—Conta uma novidade!-Ressler gritou.
—Uma novidade? Então tá! Estou me mudando para o Canadá semana que vem!-Donald olhou pra mim, parando de atirar. Derrubei outro invasor.
—O que?
—Continue atirando!-Me obedeceu. Tentei me comunicar de novo com a base, nada.
—Como assim vai se mudar pro Canadá?
—Discutimos isso depois!
—Não, vamos discutir isso agora!
—Estamos no meio de um tiroteio!-Encostei as costas na parede, recarregando o fuzil, então voltei a atirar.
—E daí?-Os invasores estavam todos no chão. Respirei fundo, abaixando a arma. –Vai mesmo embora?
—Sim.
—Por quê?-Dei de ombros. –Você não pode ir. –Franzi a testa.
—Por que não?
—Você... Não pode ficar sozinha. Está doente.
—Estou melhorando. –Mentira. –Já posso morar sozinha de novo.
—Jen... –Alguém se aproximou, vindo do lado contrário, apontamos as armas pra pessoa e atiramos ao mesmo tempo.
—Que?
—Aqui é a base. –Outra voz feminina alertou. –Código azul. Repito: código azul. –Suspirei.
—O que significa?-Ressler perguntou, se aproximando.
—Que acabou. –Respondi. –A invasão foi controlada. Vamos dar o fora. –Tropecei em algo invisível e caí pra frente, Donald me segurou antes que eu fosse pro chão. O fuzil escorregou da minha mão.
—Você está bem?-Assenti.
—A gente fez um bom trabalho.
—Fez. –Recuei, me soltando.
—Acho que posso andar sozinha. –Coloquei a mão na cabeça e fechei os olhos, repentinamente tonta.
—Jen? Jenna?
—Tudo bem. Tudo bem, vamos. –Peguei o fuzil, então subimos as escadas.
Encontrei Red perto do portão principal, encostado no carro. Sorriu assim que me viu.
—Então você sobreviveu?
—Não vai se livrar de mim tão fácil, Raymond. –Retruquei.
—Vamos pra casa. –Olhou em volta. –Onde é que Dembe se meteu?
Alguma coisa o acertou no pescoço. Me movi, tentando alcançá-lo, mas fui acertada também.
***
—Então não temos um plano de fuga?-Perguntei a Red. Estávamos presos em uma pequena sala, cheia de caixas que não conseguimos abrir. Insisti tanto em uma delas que sangue saía das minhas unhas.
—Não, não temos.
—Era só o que me faltava. Vamos dar um jeito nisso. Somos uma dupla imbatível.
—Jen, eu não acho que...
A porta abriu e um homem entrou, trazendo uma bandeja pequena com pão e água. Eu podia ver uma arma na cintura dele, parcialmente escondida pelo casaco. Assim que ele se abaixou para deixar a bandeja, eu me levantei e ataquei na direção dele, puxando a arma e o derrubando.
—Agora temos uma arma. –Declarei. Red ficou de pé.
—Jenna... –Cinco homens entraram e puxaram as armas, ficando em formação.
—Estamos dando o fora. Então não fiquem no caminho, ou meto bala em vocês. –Dei um passo para o lado, cobrindo Raymond.
—Acha mesmo que vão sair daqui?-Um deles perguntou.
—Sim. E não são vocês que vão me impedir. –Ele riu.
—Atirem pra matar.
Tiros foram disparados, eles e eu. Dois me atingiram no peito, mas eu continuei atirando, derrubando fatalmente os cinco homens. A arma escorregou da minha mão, e eu caí. Red me segurou, me deitando com delicadeza no chão.
—Jen...
—Eles me acertaram, não é?-Sussurrei. Fez que sim, tirando o paletó e o usando pra estancar o sangue. –Você tem... Que prometer uma coisa...
—Jenna, não. Fique quieta... –Agarrei o braço dele.
—Por favor.
—Diga.
—Tem... Que dizer a Donald... Que... Eu o amo. Que... Não queria... –Respirei fundo, a dor era insuportável. –Não queria machucá-lo.
—Tudo bem, agora...
—Não acabei. Você... Tem que dizer a Lizzy que... Que eu a amo como se... Fosse minha... Irmã. Diga... A Harold... Que eu agra... Agradeço... O que ele fez por mim. A Aram... Que ele é uma... Boa pessoa, e que... Vai encontrar uma garota legal. –Respirei fundo de novo. Não tinha muito tempo. –Dembe... Tem que dizer... Que ele é gentil, e bom, e... Que faríamos uma... Boa dupla de seguranças...
—Tudo bem. Agora descanse...
—Escute. Por favor. –Segurei a mão livre dele, que segurava o paletó contra o meu peito, a outra estava no meu cabelo. –Eu... Amo você, Red. É mais meu pai... Que aquele monstro... Eu te amo. Odeio algumas... Coisas que fez... Mas eu te amo também. –Fechei os olhos por alguns segundos e os reabri.
—Também amo você.
—Só mais... Uma coisa. Antes de ir.
—O que quer?
—Me diz... Se a Lizzy... É ou não sua filha?-Sorriu. –Por favor?-Se abaixou, sussurrando a resposta. Sorri. –Mistério... Encerrado. Vai... Dar meus recados?
—Vou. Eu juro que vou. –Beijou minha testa. –Bons sonhos, filha.
Me senti mais leve, o mundo apagou lentamente...


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