Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 60
Alexandra Darren




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Fui surpreendida assim que saí do elevador. Keen saiu do nada e me abraçou. Levou sorte que eu estava distraída, ou teria dado um soco nela.
—Ok, você nunca me disse que gostava de garotas. Agora larga. –Se afastou, sorrindo.
—Feliz Aniversário, engraçadinha.
—Que? Como é que...
—Parabéns, Mhoritz. –Meera desejou, da mesa dela.
—Como vocês sabem?
—Ficha, querida. –Piscou. Suspirei. –Trinta anos?-Assenti. –Deve começar a amadurecer agora.
—HAHA. Hilária.
—Jenna. –Cooper chamou, do topo das escadas. –Parabéns.
—Obrigada.
—Espera, espera. –Aram pediu, se aproximando. –É seu aniversário?
—Sim.
—Parabéns.
—Valeu. –Tentei me afastar do grupo.
—Quem está de aniversário?-Ressler perguntou.
—Eu. –Ele cruzou os braços.
—Você?
—É. Trinta anos.
—Por que não disse nada?-Keen e Aram se afastaram, Cooper voltou pra sua sala e Meera fingiu se concentrar em algo em seu computador.
—Eu... Não ligo muito para aniversários.
—Não liga?
—É.
—Ano passado você sequer estava aqui nessa data, e também não disse nada. Temos que comemorar.
—Ah, não, Donald Ressler. Eu não...
—Um jantar. Apenas nós. –Suspirei. Não ia escapar, sabia.
—Quando o caso da vez terminar, eu prometo que vamos jantar juntos. Pode ser?
—Pode.
—Ótimo. –Nos aproximamos do resto da equipe. –Nome de hoje, Elizabeth Keen.
—Alexandra Darren. –Lizzy disse. Uma foto da mulher, ruiva e com uma cara de psicopata incrível, apareceu no telão. –Ela mantém uma clínica especializada em fertilização feita em laboratório, mas é tudo fachada. Alexandra é conhecia como Lilith. Dá para imaginar o problema.
—Eu não entendi. –Ressler avisou.
—Ela mata bebês. –Arrisquei. Lizzy assentiu. –Tira o sonho das mulheres que querem engravidar. Certo.
—Continuo sem entender.
—Supostamente Lilith foi a primeira mulher de Adão, e como deu um rolo, -Keen segurou o riso. –Que? Tá. Ela surtou, e tal, e aí foi expulsa do Édem, e condenada a ter todos os seus filhos mortos. Ela ficou super furiosa, e decidiu matar bebês. É basicamente isso aí.
—Agora entendi.
—Ótimo. Nós temos provas?
—Red acha que alguém deveria ir até lá. –Keen disse. –Se passar por uma mulher que queira engravidar e...
—Eu vou.
—Não. Eu. Posso fazer isso.
—É perigoso.
—Eu sei. Eu vou.
—Acho melhor, - Cooper interrompeu, antes que eu começasse. –a agente Mhoritz fazer isso.
—Eu posso fazer isso, senhor.
—Mhoritz vai, fim da história. –Então saiu. Keen suspirou, e se virou para falar com Aram.
—Você não vai. –Ressler disse. –Vou falar com Cooper e...
—Ressler, você não estaria dando esse ataque se fosse Keen lá. –Interrompi. –Então não começa.
—É perigoso.
—Não preciso da sua permissão.
***
—Sabe o que fazer?-Keen perguntou, parecia bem mal humorada depois de perder a oportunidade de ir disfarçada. Ambas estávamos no carro dela, no estacionamento da clínica de Alexandra.
—Sim. Sou Amber Kallen. Vinte e um anos. Casada há dois anos e não consigo engravidar. –Assentiu.
—Bom. Caso alguma coisa dê errado...
—Lizzy, eu sei o que fazer. –Suspirou.
—Sei que sabe.
—Olha, se você for lá, correrá perigo. Tem muito mais o que perder que eu. –Olhou para fora do carro, pelo pára-brisa.
—Você quer ter filhos?
—Eu ou Amber?
—Você. –Dei de ombros.
—Não. Acho que não. Não seria boa mãe. Com... Tantos rolos acontecendo. E você?
—Sim. –Olhou pra mim, o mau humor desaparecendo. –Tom e eu queríamos adotar um bebê. Mas... –Olhou para as mãos unidas no colo.
—Mas...?
—Nós... É...
—Jenna?-Ressler chamou, pelo rádio. O peguei do painel.
—Sim?-Perguntei.
—Você tem que ir agora.
—Certo. Estou indo. –Larguei o rádio. Lizzy parecia distraída, olhando pela janela. Quis perguntar se tinha algum problema, mas a missão precisava continuar. Prometi a mim mesma que lidaria com isso quando tudo acabasse.
Saí do carro e entrei na clínica. Meera estava sentada na sala de espera, fingindo ler uma revista. Ela sequer ergueu a cabeça quando entrei, mas eu sabia que sabia da minha presença.
Me aproximei da recepcionista, uma loira que parecia entretida com o celular. Limpei a garganta. A mulher olhou pra mim, pega de surpresa, então se ajeitou na cadeira, forçando um sorriso.
—Sim?
—Amber Kallen, tenho uma consulta marcada com a Dra. Alexandra.
—Só um instantinho. –Digitou o nome que dei no computador. –Certo. Siga por esse corredor, é a última porta.
—Obrigada. –Segui pelo corredor e bati na porta indicada. Um “entre” veio de dentro, então entrei e fechei a porta. Alexandra levantou e veio me receber, estendendo a mão.
—Sente-se, querida. –Me sentei. A mulher parecia amigável, só parecia mesmo. Se sentou do outro lado da mesa, unindo as mãos. –Então, Amber, você quer ter um filho?
—É o meu sonho. –Sorri.
—Ótimo, isso é bom. Toda mulher deveria ser mãe, é uma experiência incrível.
—Você tem filhos?-O sorriso dela vacilou um pouco. Ia mentir.
—Sim, tenho três. Há quanto tempo está casada?
—Dois anos.
—E não consegue engravidar?
—Não. –Forcei uma cara preocupada. –Achei que o problema era com meu marido, mas ele tem uma filha, então... Acho que o problema sou eu. Tentei engravidar desde o começo, e não consegui. Há algo errado comigo?
—Talvez, preciso fazer alguns exames, para ter certeza de que a ciência precisa agir nesse caso. –Piscou pra mim e se levantou. Quando voltou para minha frente, me estendeu um copo de água. –Aqui, beba, parece nervosa.
—Obrigada.
—Bom, primeiro iremos para a sala ao lado, fazer os exames. Caso os resultados sejam ruins, vamos iniciar o mais rápido possível o processo de fertilização, para que finalmente tenha os filhos que tanto quer.
—Seria ótimo. –Dei um gole na água, enquanto ela mexia em umas pastas.
—Sabe, Amber, não tem ideia de quantas mulheres vem aqui, com esse problema. É espantoso. Tenho pacientes de dezessete, e até cinquenta e dois anos. Todas querendo ter filhos. Mas nenhuma delas mentiu pra mim. –Um alerta piscou na minha cabeça.
—Não... Entendi.
—Não sei quem é você, mas não consegue me enganar. –Uma tontura passou por mim, o copo caiu da minha mão. –É da polícia, provavelmente.
—O que?
—Sou um detector de mentiras, Amber. E mesmo uma boa mentirosa como você não consegue me enganar. Não tem tiques, nem desvia o olhar para montar a mentira. –Tentei me levantar, mas caí de volta na cadeira. Havia alguma coisa errada comigo. –Pesquisei sobre Amber Kallen assim que marcou consulta. Não existe nenhuma Amber Kallen com seu rosto. É um disfarce, certo?-Tentei retrucar, nada saiu. Minha garganta parecia lacrada. –Adoraria que me contasse, gosto de séries policiais, e participar de um caso real parece interessante. Mas, por um tempo, não vai falar nada. –Levantou, parando ao meu lado. –Vinte e três anos fazendo isso, e ninguém nunca me pegou. Por que acharia que ia conseguir?-Meus olhos começaram a se fechar. –Fique tranquila, vou cuidar de você.
***
—Verifiquem os arredores, elas não podem ter desaparecido tão rápido!
Tentei abrir os olhos e me sentar, mas meu corpo parecia pesar toneladas. Alexandra. Alexandra havia feito alguma coisa comigo. Eu me sentia como se estivesse com muito sono, e lutar contra essa sensação era impossível.
—Está saindo muito sangue, Ressler. –A voz era de Meera, parecia distante, assim como outros ruídos. –Precisamos tirá-la daqui agora.
—Vamos. Jen? Pode me ouvir? Você vai ficar bem, eu prometo...
A escuridão me pegou de novo.
***
—Se você está aqui, - Comecei, vendo Reddington andar de um lado para o outro na frente da cama de hospital. –algo ruim aconteceu e Donald não tem coragem de me contar.
—Na verdade, Ressler está atrás de Keen. –Parou de andar.
—O que aconteceu com Elizabeth?
—A agente Malik viu que você estava demorando demais, então ela e Lizzy entraram na sala de Alexandra. Você não estava lá. Houve um tiroteio, Malik caiu e quando acordou... Não havia mais ninguém.
—Onde eu estava?
—Na sala de cirurgia. –Me sentei.
—Na... Sala de... O que aquela mulher fez comigo?-Red hesitou.
—Você está estéril, Jenna. Lamento.
—Não posso ter filhos? É isso que está dizendo?
—Sim. –Parei um momento, refletindo.
—Bom... Eu... Nunca quis ter filhos...
—Você sequer está triste?
—Triste por Ressler. Ele queria... Eu não. Ele já sabe?
—Já. Teria ficado aqui, mas estão todos atrás de Lizzy. –Tentei me levantar.
—Vou fazer o mesmo.
—Jenna... –Tentou me impedir.
—Eu estou bem, não tem por que continuar aqui.
—Reddington! Eu... –A porta abriu, Ressler entrou. Red me soltou e saiu sem dizer nada.
—Como você está?-Donald perguntou.
—Hã... Bem, na medida do possível.
—Lamento muito, Jen. –Se sentou na minha frente, me abraçando. –Lamento. Eu realmente queria que...
Parei de ouvir. Não podia acreditar que não sentia nada naquele momento. Nada. Aquela notícia não tinha me abalado. Mas o sumiço de Keen, sim. Tinha que achá-la, voltar ao trabalho. Alexandra podia ter os mesmos planos para Lizzy.
Ressler ainda estava me consolando. Droga. Que tipo de mulher doente eu era?
Donald merecia alguém melhor.
***
A pista de Red havia me levado até um galpão enorme. Eu sabia que devia esperar pelo resto da equipe, mas Lizzy podia estar ferida. Ou pior, Alexandra podia estar fazendo o mesmo que fez comigo.
O galpão era maior do que esperava. Vários biombos separavam camas de hospital. Todas vazias. Continuei andando entre as diversas fileiras, a arma em mãos. Elizabeth estava em algum lugar ali. E eu ia achá-la.
No fim de uma das fileiras, eu a encontrei. Estava em uma das camas, pálida, e inconsciente. Morta não estava, já que estava ligada a uma daquelas máquinas que verificam batimentos cardíacos e tal.
—Lizzy?-Chamei, abaixando a arma. –Eliza...
Alguma coisa afiada me acertou no pescoço. Caí, largando a arma. Arranquei o objeto pontudo, uma seringa. Olhei pra cima, Alexandra estava sorrindo.
—Parece que nos encontramos de novo. –Minha visão se encheu de pontos negros. –Dessa vez, querida, vou provar que sei fazer pior. Você e sua amiga já eram.
Tentei me levantar. Ia matar Alexandra, nem que precisasse ser com minhas próprias mãos. Mas alguma coisa tinha naquela seringa. Alguma coisa que me fez apagar completamente, mais uma vez.


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