Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 42
Adrian Allivan


Notas iniciais do capítulo

Olá



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Acordei com uma ressaca infernal. Quase não levantei da cama (não me lembrava de ter saído do banheiro e ido pro quarto), mas temi que se não o fizesse, Red voltaria pra me buscar. Troquei de roupa e desci, precisava de um café urgentemente.
Encontrei a mesa posta assim que cheguei à cozinha. Demetri estava sentado, tomando café e lendo um jornal, os olhos passando pelas palavras rapidamente.
—Reddington já foi?-Perguntei, me sentando no lado oposto e começando a comer. Demetri não olhou pra mim.
—Já, mas disse que voltaria caso fosse necessário. –Estremeci. Não queria ver Red daquele jeito de novo.
—Ele disse algo a ver com... Uma missão hoje?
—Sim. Essa noite. Seu alvo é Adrian Allivan. –Não reconheci o nome. Demetri me passou uma foto do cara, sem tirar os olhos do jornal. Analisei a foto, sem pressa. Era um cara alto, devia ter uns trinta anos, cabelos negros, olhos azuis. Ele me lembrava alguém. Quem, eu não sabia.
—Pego ele aonde?
—Numa casa noturna. Fique amiga dele, tire-o de lá... Faça seu trabalho.
—Apenas matá-lo? Qual o motivo?
—Não sei.
Por que Red não contava por que esses alvos tinham que ser mortos? Será que havia mesmo uma razão, ou eu estava matando por matar? O que os alvos tinham em comum? Não estavam na lista de Reddington, mas precisavam ser eliminados. Quem esses caras eram? O que fizeram pra merecer essa sentença? Ou, o que fizeram pra irritar Raymond a ponto de serem eliminados?
Pensar nisso tudo me dava dor de cabeça. Ou talvez fosse só a ressaca. Era difícil saber.
—Reddington disse para você parar de ser sentimental e não fazer perguntas. –Demetri avisou, deixando o jornal de lado.
—Ele que vá pro inferno. –Revirei os olhos. –Que horas eu saio?
—Nove e meia, passo o endereço antes de sairmos.
—Vai comigo?
—Estou aqui para ficar de olho em você. Antes que faça besteiras de novo, ou acabe morta.
—Então tá.
Passei o resto do dia no quarto. Demetri não era minha companhia favorita, e ele parecia achar o mesmo sobre mim. O russo me deixava incomodada só de estar presente, alguma coisa nele era... Levemente perturbadora. Em que sentido... Bem, era um mistério.
Oito e meia eu saí vasculhando meu armário e os diversos baús que consegui arrumar. Catei um vestido vermelho, curto, meias-calças (o frio aqui era irritante) botas curtas e fui tomar banho.
Desci pouco antes das nove, completamente pronta. Demetri estava na sala, em frente à janela. Ele até era um cara bonito, mas parecia estar preso num eterno mau humor.
—Pronta?-Perguntou.
—Sim. –Me estendeu um pedaço de papel com um endereço.
—Você vai de táxi, te sigo com seu carro.
—Por que eu...
—Não questione, apenas aja.
—Tá legal.
***
A casa noturna era como qualquer outra que eu conhecia. Escura, barulhenta e cheia de gente bêbada. Achar Adrian ali não seria fácil. Red só podia estar dificultando de propósito.
Uma única olhada em volta me fez localizar Demetri. Com isso, comecei a andar, procurando por Adrian. Parecia impossível achá-lo. Enquanto rodava a casa noturna, algum engraçadinho encostou em mim, onde não devia. Me virei, pronta pra fazer um estrago no atrevido.
—Qual é a sua, imbecil?-Perguntei, o punho pronto pra acertar a cara dele. Infelizmente, se eu fizesse isso ia ser expulsa por brigar. Fiquei divida entre terminar a missão e esganar o garoto loiro que tinha se passado.
—Algum problema?-Alguém perguntou, a voz vinda de trás de mim. Me virei, era Adrian. –Ele está te incomodando?
—Sim. –Ergueu o braço e fez um gesto, dois seguranças se aproximaram.
—Nosso amigo aqui já está de saída, podem levar. –Os seguranças agarraram os braços do loiro e o levaram embora. Uau. Era meu dia de sorte. –Tudo bem?
—Claro. Obrigada. Sou Emeraude.
—Adrian. Precisa de companhia, Emeraude?
—Se quiser me acompanhar... –Dei de ombros.
A música se tornou mais alta, se é que isso era possível. Eu acho que tomei uns dois copos de alguma coisa realmente forte, Adrian tomou mais que eu. Olhei por cima do ombro, para onde tinha visto Demetri, ele não estava mais lá. Droga, onde ele tinha se metido? Eu podia jurar que tinha o visto perto do bar.
—Eme. –Adrian chamou, os braços me prendendo de costas pra ele. –Por que não saímos daqui?-Procurei Demetri de novo, nada. Estava sozinha na missão.
—Tá. Vamos.
—Maravilha. –Me rodou, me puxando pela mão. Saímos da casa noturna. Nada de Demetri. Eu ia matá-lo quando a missão acabasse. Aquele era um russo morto.
A casa de Adrian era enorme. Uma mansão gigante e moderna. Me perguntei o que ele fazia da vida, se é que fazia alguma coisa, podia ser filho de alguém rico. Nem tive tempo de olhar para a sala, quando passamos pela porta, Adrian lançou a chave do carro numa mesinha e me puxou pra me beijar.
Se o lado bêbado falasse mais alto, eu ia continuar, sem problemas. Adrian até que beijava bem (ops, eu não estava namorando Ressler? Ah, é, terminamos...), mas eu estava em missão ali. Ele era meu alvo... E ia morrer.
Dobrei a perna direita, apoiando-a em Adrian, então puxei a faca da bota. Ia acertá-lo quando o cara segurou meu braço, me afastando.
—Você gosta de uns jogos bem estranhos, Eme. –Acertou meu pulso, me fazendo derrubar a faca. Fechei a mão num punho, tentando acertar o rosto dele. Adrian foi rápido em se esquivar e me acertar.
O soco me fez ir para trás, quando me recuperei, avancei contra ele, tentando derrubá-lo para ter tempo de pegar a faca. Com um movimento rápido, Adrian me mandou para o chão. Me joguei na direção da faca, mas o cara me puxou para trás. Acertei um chute no peito dele e me afastei, a arma branca na mira. Adrian a chutou para longe e tentou me levantar. Acertei um soco nele e levantei, pronta para pegar a faca. Alguma coisa me atingiu pelas costas, uma mesinha pequena. Caí contra a parede, sentada, sem conseguir levantar. A tontura venceu e eu apaguei.
***
Minha cabeça estava doendo, assim como meus pulsos. Abri os olhos e tentei me orientar. Eu estava de lado em uma cama, meus pulsos presos juntos na cabeceira. Dei um puxão, nada aconteceu. A luz que entrava por uma greta na cortina era clara. Já tinha amanhecido.
Tentei me sentar e olhei em volta, só podia ser um quarto na mansão de Adrian. A decoração era completamente masculina e simples. Ele devia morar sozinho.
Mais uma vez tentei me soltar, sem sucesso. Como é que eu fui pega? Eu passei seis anos sendo treinada pelos melhores e simplesmente sou dominada por um playboy filho da mãe? Como?
—Não tente se soltar. –Adrian disse, passando pela porta e a fechando. –Mesmo que conseguir, tem que sair do quarto, da casa e do terreno. Não vai longe antes que eu te pegue de novo.
—Pra que isso tudo?
—Pra quem você trabalha?
—Pra ninguém. –Se sentou perto de mim. Encolhi as pernas automaticamente. Eu estava presa, algemada. Não confiava em Adrian nem pra me trazer água.
—É? Então por que tentou me matar?-A mentira saiu rápida.
—É tipo... Uma mania, eu acho. Costumo matar caras que acho atraentes. Começou faz uns cinco anos.
—Mentira. Alguém te contratou pra me matar. Quem?
—Estou sozinha nessa. Se não quer acreditar... –Dei de ombros.
—Qual seu nome?
—Emeraude, já disse.
—Completo. –Suspirei.
—Emeraude Reddington. –Ele refletiu, tentando ver se conhecia o nome.
—Quem contratou você?
—Já disse que ninguém. Estou nessa sozinha, sou uma serial killer! Vai, me entrega logo pra polícia. Vão te dar uma recompensa, aposto.
—Não. Você e eu temos muito o que conversar, Emeraude. Vai me dizer quem contratou você.
—E se eu não quiser conversar?
—Vai querer... –Levantou. –Ou posso ser um anfitrião muito ruim.
***
Eu estava cantarolando baixinho, enquanto tentava me livrar da algema que me prendia ali. Estava nisso fazia mais de duas horas, desde que Adrian tinha saído após sua ameaça. Tentei não me preocupar com ele. Já escapei de situações piores.
Pausei minhas tentativas quando Allivan retornou, com uma bandeja em mãos.
—Está com fome?-Perguntou, deixado-a perto de mim, me encolhi de novo, o que pareceu diverti-lo. –Estou apenas oferecendo comida, e não tentando machucá-la, Eme. –Olhei para a bandeja, sanduíche e suco. –E então?
—Sem fome. –Meu estômago roncou, me entregando. Desgraça.
—Acho que está, sim.
—Vai me soltar?-Apontei com a cabeça para a algema.
—Não posso fazer isso. Não sei quem a treinou, mas fez um bom trabalho. Você é mortal.
—É, mas não derrubei você. –Resmunguei.
—Não fica assim, estudei em colégio militar. –Se sentou perto de mim, pegando o sanduíche com um guardanapo e o aproximando de mim. –Abre a boca.
—Não. –Virei o rosto.
—É saudável, não tem veneno. Se eu te quisesse morta, já teria feito o serviço.
—Por que não fez?-Olhei pra ele.
—Por que quero as minhas respostas. Preciso saber quem quer me matar.
—Eu. Eu quero te matar. Você é lindo demais pra viver.
—Não me convenceu.
—Sobre ser lindo?
—Sobre querer me matar. –Dei de ombros. Insistiu com o sanduíche. Desviei o rosto. –Vai logo. Não está envenenado.
—Não vou arriscar.
—Jura? Tá. –Deu uma mordida no sanduíche e um gole no suco. –Viu? Tô vivo. Vai comer agora?-Revirei os olhos.
—Tá, tá.
***
—Você não tem cara de assassina. –Interrompi de novo meus esforços para me soltar. Adrian se encostou na porta. Devia ser noite agora.
—É? Que coisa. –Olhei para os meus pulsos, estavam começando a ficar vermelhos. A algema era apertada demais. Logo ia perder a sensibilidade dos dedos.
—Não vai dizer quem te contratou, Jenna?-Virei a cabeça rapidamente, olhando para Adrian. O que? Como ele...
—Me chamou de que?
—Do que você ouviu. É o seu nome. Jenna Mhoritz.
—Não faço ideia do que está falando. Sou Emeraude Reddington.
—Nome falso, com certeza. Você é uma Dangerous, quer dizer, era. Quem te mandou aqui?
—Ninguém.
—É melhor dizer. Não quero machucá-la. Sério. Mas preciso das respostas.
—Não posso ajudá-lo.
—Tudo bem... Hora do Plano B...


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Notas finais do capítulo

Opa. Deu ruim.
Até o próximo :3



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