Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 19
Missão Los Angeles


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai ser importante no futuro de duas formas: ele terá uma continuação e terá uma fanfic própria.
Prestem bem atenção nele :)



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—Me deixa em paz, Reddington!-Keen gritou, então passou por mim e saiu.

—O que foi isso?-Perguntei. –Chego atrasada e vocês estão se matando?

—Lizzy só não está tendo um bom dia. –Raymond disse.

—O que aconteceu?-Entramos no elevador.

—O marido dela sofreu um acidente.

—E ele está bem?

—Parece que sim. Não que eu me importe.

—Com o que você se importa além de você?

—Pergunta difícil. Vou passar essa. –Revirei os olhos.

Com Keen fora do caso, Reddington se recusou a dar muitas informações sobre ele, mesmo comigo apontando uma arma pra ele e gritando, além de Ressler furioso por estarmos sendo ignorados.

O criminoso apenas nos disse para arrumar as malas e ir para Los Angeles.

—Se preparem para mais disfarces. –Então saiu. Saquei a arma.

—Vou dar um tiro nele e a gente diz que foi bala perdida.

—Só funcionaria no Brasil. -Aram disse. Suspirei.

—Tudo o que podemos fazer agora é seguir o que ele disse. –Meera avisou. –Keen está fora, então você e Ressler vão para Los Angeles. Enquanto isso, vou tentar pegar mais informações.

***

—O que acha que Reddington está escondendo?-Perguntei, deixando minhas malas na casa alugada. Ressler soltou as próprias malas e virou pra mim.

—Não sei, mas não é boa coisa.

—Com certeza não. Ele provavelmente está aprontando alguma. –Meu celular vibrou, o tirei do bolso, lendo a mensagem. –Temos um endereço. Raymond que mandou. –Mostrei a mensagem. –É, ele está aprontando.

Trocamos de roupa e fomos até o endereço que Reddington nos mandou vigiar. Era uma casa pequena, simples, branca e de madeira. Não parecia haver nada de mais nela, mas se Raymond Reddington nos mandou ficar de olho, é porque havia alguma coisa.

—O que acha que é?-Ressler perguntou, enquanto eu pegava meu celular de novo e clicava na câmera. –Parece uma casa normal.

—Tráfico de drogas? Eles normalmente tentam manter as aparências. Fica na minha frente. Isso. Diga “xis”. –Bati a foto.

—O que está fazendo?

—Fingindo que estou batendo fotos suas. Depois recorto apenas a casa. Simples, não é? Paul que me ensinou.

—Acha que Reddington nos mandaria para Los Angeles por causa de tráfico de drogas?

—Hum... Não sei. Ele quer que fiquemos de olho aqui. Talvez conheça quem mora nessa casa. –Bati mais duas fotos. –Eu fotografo e você faz o relatório. –Suspirou. –Que é? Você é melhor nisso do que eu. Ei, tem um cara saindo. –Ativei a câmera frontal e fiquei de costas pra casa, ao lado de Ressler. Bati algumas fotos, enquanto um homem saia e se afastava rapidamente.

—Ele não tem cara de traficante.

—Talvez seja outra coisa.

—Vou segui-lo. Você fica aqui.

—Ressler...

—Jenna, faça o que eu disse. –Me deu um beijo rápido e saiu na mesma direção que nosso suposto alvo.

—Se você morrer, eu te mato!-Ele apenas acenou, sem se virar.

Atravessei a rua rapidamente e parei na frente da casa, dessa vez parecia vazia. Dei a volta e destranquei uma janela dos fundos, pulando para dentro da casa em seguida.

Chutei a porta, fazendo um barulho alto, tentando saber se a casa estava mesmo vazia. Não havia som de vozes, nem passos, um bom sinal.

Peguei a arma, anteriormente escondida embaixo do casaco, e fui de cômodo em cômodo, tentando descobrir alguma coisa interessante. Não havia nada. Aparentemente moravam ali um homem e uma criança, uma menina, para ser mais exata.

O homem que havia saído da casa não era o que aparecia nas fotos da parede, o que me fez suspeitar um pouco. Se ele não era o cara que morava ali, quem era?

Voltei para o primeiro quarto, o da menina. Havia uma placa onde estava escrito o nome “Mandy”. Parecia um quarto normal de menina, ela devia ter uns seis anos, e no mínimo adorava rosa, pois a cor predominava ali.

Me lembrei que nessa idade, eu escondia todo tipo de coisa embaixo da cama, como garrafas coloridas, canetas sem tinta, lápis quebrados, botões e coisas assim. Meu pequeno “tesouro”.

Me abaixei e olhei embaixo da cama completamente rosa de Mandy, então recuei um pouco. Havia sangue embaixo da cama. Sangue seco, mas ainda assim era sangue. Talvez não fosse uma casa tão normal assim.

Saí do quarto e voltei pra cozinha, abrindo uma porta lateral que levava para o porão. Havia muitas caixas ali, mas todas trancadas. Seriam drogas? Fiquei tentada em atirar em uma pra ver, mas ninguém devia saber que estive ali. Então, nada de arrombar caixas misteriosas.

Acabei desistindo e voltando para a cozinha, saindo da casa em seguida.

Como Ressler não estava por ali, achei melhor voltar à casa alugada e espera-lo lá.

Conectei meu celular no notebook e passei as fotos pra ele, mandando também um email com elas para Reddington e Meera, além de um email reserva, só pra garantir.

Vinte minutos depois, e nada de Ressler.

Liguei pra ele, não atendeu.

—Onde foi que você se meteu, Donald?-Murmurei, indo tomar um banho. Estava tão quente que achei que podia derreter.

Dez minutos depois, eu já estava vestida e secava o cabelo com uma toalha quando ouvi a porta principal bater. Foi bem de leve, mas não escapou da minha boa audição. Fiquei em silêncio. Ressler não era silencioso, não era ele entrando.

Espiei pela porta do banheiro, vendo minha arma ao lado da cama. Merda, por que eu não a trouxe comigo?

Um homem entrou na minha linha de visão, de costas pra mim. Respirei fundo e entrei em ação, saindo do banheiro e derrubando-o. Alcancei minha arma e atirei. Som de passos veio da cozinha. Atirei na direção da porta, acertando outro homem, bem na cabeça.

Mais passos vieram do lado de fora. Peguei parte da minha munição e pulei a janela. Tiros ecoavam atrás de mim.

Não sei por quanto tempo corri, só sei que quando parei, me escondi atrás do muro de uma casa, espiando pra ver se tinham me seguido. Ao que parece, haviam desistido de mim.

Enfiei a mão no bolso, então percebi que havia esquecido o celular conectado no notebook.

—Puta que pariu, hoje não é meu dia. –Murmurei, recarregando a arma.

Quem era os homens que haviam invadido? Por que fizeram aquilo e por que estavam armados? Não eram ladrões, nem de longe. Estavam lá pra matar.

—É, parece que a missão de Reddington era mais nociva do que imaginamos.

Me levantei, tinha que encontrar um esconderijo melhor até achar que podia voltar para a casa. Não fazia ideia de quantos invasores eram. O problema era Donald, que sequer havia voltado. Onde foi que ele se enfiou?

Andei até encontrar um telefone, então disquei um dos números que Meera havia me dado.

—Jenna Mhoritz. –Avisei, assim que ela atendeu. Era obrigatório falar o nome todo quando se estava ligando de algum número que não fosse o seu.

—O que aconteceu?

—Perdi Ressler e invadiram a casa que alugamos. Não sei quantos eram, mas matei dois.

—Você perdeu Ressler?

—Nos separamos pra seguir com a missão, e aí ele... Não voltou. Estou na rua agora, só com minha arma e munição. Tudo ficou na casa.

—Vou mandar uma equipe assim que puder, mas todos os voos foram cancelados e as principais estão um caos.

—Acho que posso me virar até lá, o problema é Ressler. Ele pode estar em qualquer lugar, pode ter sido pego.

—Vamos tentar rastreá-lo.

—Vou tentar pelo menos pegar meu celular na casa.

—Tome cuidado.

—Vou tentar. –Desliguei e respirei fundo. O dia ia ser complicado.

Roubei um casaco de um varal de uma casa, estava começando a escurecer, e a temperatura estava caindo. Puxei o capuz pra cobrir o rosto e enfiei a arma no cós da calça.

A casa alugada estava nas sombras, nenhuma luz e nenhum sinal de vida. Ressler não estava lá, com certeza.

Dei a volta, não sendo idiota o suficiente para entrar pela porta principal. Pulei a janela do quarto, e procurei meu celular. Não estava lá, nem ele e nem meu notebook.

Droga, o celular era novo e o notebook também. Pelo menos não havia dados pessoais neles.

Vasculhei a mochila de Ressler, encontrando um celular reserva, o liguei e enviei uma mensagem para Meera, avisando que podia se comunicar comigo por ele.

Como não havia mais o que fazer ali, saí. Em algum momento Donald ia ter que aparecer. A não ser que estivesse morto. E eu não acreditava muito nessa hipótese.

A casa que Reddington nos mandou espionar parecia comportar gente agora. Luzes estavam acesas em diversos cômodos. Na janela da sala, um rosto pequeno apareceu, olhando para fora ansiosamente. Mandy, a garotinha do quarto rosa. Ela não parecia feliz. O homem que havia saído dali mais cedo apareceu, tirou-a da janela e fechou a cortina.

Se o cara estava ali, onde raios estava Donald?

O celular reserva vibrou na minha mão.

—Rastreamos o celular de Ressler. –Meera disse, enquanto eu me afastava da casa. -Vou passar o endereço.

***

Primeiro eu achei que podia ser uma pegadinha. Então achei o celular de Ressler no chão, entre duas caçambas de lixo. Isso não era um bom sinal, com toda certeza.

Olhei em volta. Havia uma série de galpões naquela área, nenhum deles parecendo convidativo. Será que Donald estava em um deles? Tentei ouvir alguma coisa, nada. Apenas alguns gatos brigando e carros distantes.

—Se você está aí, dê um sinal, Ress. Por favor. –Murmurei. Som de uma pancada alta. Alguma coisa contra metal.

Comecei a correr na direção do som, o mais silenciosamente que consegui.

Em um dos galpões, o maior deles, som de vozes saía. Espiei por uma janela suja e rachada. Havia quatro homens lá dentro. Três de pé e um no chão. Demorei alguns segundos para perceber que o caído era Ressler, e que os outros três tinham armas. Merda. Então ia ser uma missão de resgate. Alguém ia ter que aumentar meu salário.

Andei um pouco, procurando por uma porta. A que encontrei me levou para dentro do galpão, atrás de uns caixotes muito grandes e de aparência velha. Agora podia ouvir as vozes perfeitamente.

—Devíamos matá-lo. –Um dos homens disse. Com certeza falando de Ressler. Me perguntei quantas vezes ia ter que salvá-lo. –Ele é do FBI.

—O matamos. –Outra voz disse. –E depois a amiga dele que estava na casa. –Ah, que graça, ele estava falando de mim. –Atira logo na cabeça desse cara e vamos. Eu atiro caso não quiserem.

Espiei por trás dos caixotes. Dali podia acertar facilmente dois dos três homens. Bem na cabeça.

Um deles apontou a arma para Ressler. Era hora de agir, com certeza.

Acertei os dois que estavam na mira, e tive que sair do meu esconderijo para acertar o outro. Quase levei um tiro no braço (pegou de raspão), mas apaguei o maldito.

Corri e me abaixei ao lado de Ressler, soltando-o. Eu claramente não fazia parte da grande porcentagem de mulheres que era salva pelo “príncipe encantado”. Era completamente ao contrário.

—Você está bem?-Perguntei.

—Quase levou um tiro!-Revirei os olhos. –No que estava pensando?

—Em salvar sua pele, bonitão. Para de drama. Estou bem. Temos que sair daqui, mais caras podem chegar.

Saí com a arma em mãos. Ressler conseguiu recuperar a dele, e me seguiu, olhando em volta.

***

—Não achei minhas coisas, mas mandei as fotos por email. –Avisei, sentada em uma das mesas. Era um hábito que não dava pra mudar.

—Vamos rastrear seu notebook e celular e encontra-los, não se preocupe. –Meera disse.

—Não estou preocupada. Mas é bom acha-los. –Olhei em volta. –E Ressler?

—Foi começar o relatório. –Me levantei, alongando os braços.

—Vou falar com ele.

—Jenna.

—Sim?

—Vocês dois estão juntos, não estão?

—Hã... Sim. –Ela pareceu pensar no assunto.

—Contanto que não afete o trabalho...

—Não vai afetar, prometo.

—Ótimo.

Ressler estava digitando no computador quando entrei. Ele tinha um pequeno corte no lábio, e uma grande marca na lateral esquerda do rosto, mas fora isso parecia bem.

—Muito ocupado?-Perguntei. Ele olhou pra mim, um pouco surpreso.

—Não te ouvi chegar.

—Me movo como um gato. –Sorri

—Já terminei. –Desligou o aparelho e levantou. –Carona pra casa?

—Meu carro está aí.

—Tudo bem, vamos. –Pegou o casaco e saiu ao meu lado.

Não queria, mas estava morrendo de vontade de perguntar como estávamos, finalmente. Tudo parecia um pouco bem lá na Índia, mas não conversamos sobre o essencial (nós) quando voltamos. Talvez trabalhar para o FBI e ter um relacionamento não desse muito certo, afinal.

—Ress. –Parei de andar, me encostando ao carro.

—O que?

—A gente tá bem, não é?

—Como assim?

—É que... As coisas ficaram agitadas e... Não conversamos... Então... –Dei de ombros. Donald sorriu.

—É, não conseguimos conversar.

—Ser do FBI é um caos.

—Com toda certeza.

—Mas está tudo certo, não está? Por que eu definitivamente não entendo muito de relacionamentos.

—Está tudo bem, Jen. –Deu um passo na minha direção e me beijou. Agradeci silenciosamente por ninguém estar por ali. O que eu não precisava era que fôssemos flagrados. –Temos uma coisa para terminar, não é?

—O que?

—O que?-Riu. –Lembra da Índia?-Sorri.

—Lembro, com certeza, lembro. Então... –Me afastei. – Pra onde nós vamos?


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