Colégio de Beacon Hills, 08hrs20min – Olivia.

Depois do pequeno encontro e do susto em que levei, sentei atrás de Isaac. Como eu sabia? Ele estava escrevendo no seu caderno que continha em letras de formas “Isaac Lahey”. Obvio não?

Tentei focar na aula de economia e na voz do treinador Finstock, mais a preocupação do meu segredo falava mais forte. E se Isaac contara para alguém que eu matei uma pessoa? Ou que não era normal?

Respirei fundo e anotei algumas coisas importantes que o treinador dissera e não me segurei, chamando Isaac.

— Isaac?

Sussurrei para não atrapalhar a aula. Ele virou rapidamente, me olhando confuso.

— Como sabe meu nome?

— Está óbvio. – e apontei para o caderno aberto. Revirei os olhos. – Preciso falar com você urgentemente.

Ele assentiu e virou-se novamente para frente. Ainda não estava completamente aliviada, mais tirei um grande peso da costa ao ver que ele ainda falava comigo normalmente. Não o julgaria de ele me evitar para sempre, ele estaria em sua razão. Ele estaria convivendo com uma assassina.

Não demorou muito para o sinal bater. Organizei minhas coisas dentro de minha mochila, e fui até a mesa do treinador para pegar minha ficha de volta. Tinha que entregar todas as fichas no final do dia na diretoria. Sai da sala e fiquei parada encostada em um dos armários. Isaac saiu e me olhou, indicando com a cabeça para segui-lo.

— Então... Qual sua próxima aula?

Levantei minha folha e verifiquei a próxima aula. Revirei os olhos. – Química Avançada. E você?

— Estranhamente, também. E o que queria falar comigo?

Respirei fundo. – Não contou a ninguém né? Sobre aquele dia?

— Era para contar?

— Não!

— Então não. O segredo não era meu, então...

Respirei aliviada. Ele não tinha contado a ninguém. Tinha ficado apenas para ele. Engoli em seco e me perguntei se ele achava que eu era doida ou algo do tipo. Mais apenas ignorei os pensamentos negativos e continuei a andar para minha próxima aula.

— Mais o porquê da pergunta?

— Sabe, eu não queria que espalhasse por aí que eu era anormal, ou algo do tipo.

— Hum... Mais faz parte ser do sobrenatural.

Parei. – O que? Sobrenatural?

Ele me analisou e ficou calado por um tempo. – Esquece o que eu disse. Eu tenho mania de falar baboseiras quando converso com meninas bonitas, Olivia.

Revirei os olhos.

— Se isso foi uma cantada, pode escrever que foi podre. Mais como sabe meu nome?

E ele veio até a mim, ficando bem próximo, fazendo com que minha respiração descompassasse. E ele pegou o pingente de meu cordão no meu pescoço, sorrindo sarcasticamente. Bufei e voltei a andar.

+++

— Quero te apresentar meus amigos, pode ser?

Assenti. Estava claro que não poderia ser antissocial para sempre. Uma hora ou outra, teria de arranjar novos amigos. Saímos da sala de aula, junto à multidão de alunos. No impulso, com medo de me perder, agarrei a mão de Isaac e ele sorriu confiante para mim. Enquanto eu apenas corava como um tomate. Ameacei soltar a mão dele, mais ele apertou mais ainda minha mão contra a sua, me fazendo engolir em seco.

Entramos no refeitório e fomos em direção a uma mesa cheia. Eu andava lentamente, pensando se seria bem vinda ali ou não, mais Isaac não ajudava. Ele andava rapidamente, querendo chegar logo na mesa.

— Iai pessoal!

Cumprimentou ele. E todos pararam de conversar e pularam em cima dele com vários abraços. Rapidamente soltei a mão dele, e deixei-o conversar com os amigos. Mais não demorou muito para ele, voltar à atenção para mim pegando novamente minha mão, transmitindo confiança.

E um menino branquinho cheio de pintinhas, sorriu maliciosamente para nós e para nossas mãos.

— Trouxe uma namorada da França, Isaac?

E ele riu. – Não. Essa aqui é a Olivia. Ela é novata aqui na escola.

— Oi pessoal! – cumprimentei um pouco envergonhada. E logo vários “oi’s”, soaram na mesa. E uma menina de cabelos ruivos que estava sentada do lado do menino pintinhas, apontou para a cadeira vazia ao seu lado.

— Então. Meu nome é Lydia, esse aqui é o Stiles, o de tatuagem é o Scott, essa marrentinha é a Malia, o de olhos verdes é o Liam nosso caçula, Hayden sua namorada, a japinha é a Kira e por fim, Isaac que você já conhece. – finalizou ela me olhando com um sorriso malicioso no rosto.

Revirei os olhos com a insinuação.

— Está faltando mais algumas pessoas, mais essa é a nossa galera!

— Prazer conhece–lós.

— Veio da onde Olivia? – Malia perguntou comendo uma batata frita.

— Bom, eu sempre me mudei constantemente. Então eu vou falar do último lugar que eu morei fora Nova York.

— Hum. Então temos uma Nova yorkina por aqui? – Stiles perguntou ajuntando sua maçã que caíra do chão.

— Pode se dizer que sim. Morei lá por cinco anos.

— Desculpa te enchermos de perguntas, – começou Scott. – é porque temos um pequeno probleminha com confiança.

Sorri fracamente, entendendo o lado deles. – Que bom. Eu também sou assim.

— E você mora com seus pais?

— Não. – engoli em seco. Aquela pergunta sempre doía mais eu fazia o possível de não transparecer a ninguém. – Moro com minha melhor amiga, Davina.

E meu celular começou a tremer constantemente. Era Davina, me mandando um monte de mensagens perguntando se eu estava bem. Revirei os olhos e a respondi.

“Sim Davina. Estou completamente bem! Lembra–se do menino em que me salvara? Estou com ele e seus amigos. – XX Olivia.”

Guardei meu celular novamente dentro de minha mochila e comecei a conversar com as meninas na mesa. Mais uma coisa muito estranha estava acontecendo. Do nada, vários pombos pretos, provavelmente mortos, entraram em alta velocidade atravessando a janela e a quebrando com muita força, fazendo vários cacos de vidro voar pelo refeitório. Olhei desesperada para Isaac, mais ele e seus amigos não estavam mais lá. Olhei em direção a porta de entrada do refeitório e pude ver rapidamente a bolsa de Hayden passar por último.

Arfei desesperada e dei uma olhada ao redor do refeitório. Vários alunos estavam agachados e se protegendo. Alguns gritavam de medo, outros choravam. Agarrei minha mochila fortemente e arranjei coragem, e corri em direção à porta de entrada do refeitório. Olhei para o longo corredor em minha frente e por um minuto, fiquei confusa para onde ir. Mais fiz a mesma coisa, que eu fizera na floresta dois dias atrás. Eu deixei meus instintos me levarem.

Corri pelos corredores e virei para a curva da direita, e desci as escadas quase tropeçando em meus pés por conta do desespero. Equilibrei-me para não cair e desci o último degrau correndo o mais rápido que pude após escutar o grito de Isaac.

E Stiles passou pela porta de entrada da escola, me puxando para voltar.

— Vamos. Precisa vir comigo!

Mais eu não podia deixar alguém machucar Isaac. Não mesmo. Reuni toda a minha força e puxei meu braço bruscamente do de Stiles.

— Olivia!

Ignorei seus chamados e passei pela porta, saindo da escola. Abri a boca surpresa com que tinha visto. Eram apenas um grupo de três pessoas contra as pessoas que tinha acabado de conhecer. Kira estava literalmente pegando fogo e com ela tinha uma Katana em suas mãos, Malia, Liam e Hayden tinham garras em suas mãos e olhos coloridos. Scott liderava-os com seus olhos vermelhos e tinha uma postura cheia de poder. Mais atrás dele vinha Isaac, machucado e pelo que me parecia, era grave.

Corri rapidamente até ele e me agachei. Coloquei minhas mãos em cima de seu ferimento, a fim de tirar toda a dor dele. Respirei fundo tentando me controlar para não lamber minhas mãos na frente dele. Minha garganta mais que nunca, estava ardendo como fogo em brasa.

— Isacc? – sussurrei engolindo em seco.

— Calma... – ele se embolou com as palavras. – Eu vou me curar. – e ele começou a tossir sangue, enquanto a cena de luta ainda continuava.

E uma fúria se apossou de mim novamente, como na primeira vez. Um deles estava praticamente morrendo e eles ainda continuavam com aquela luta estupida? Levantei do chão e fiquei na frente de Isaac de modo protetor.

— PAREM! – gritei com toda força que pude.

E minha voz soou como se tivesse falado em um maior megafone do mundo, ecoando em todo o estacionamento da escola. E imediatamente, todos pararam de lutar e ficaram como robôs, mais logo chacoalharam a cabeça e voltaram ao normal.

Fui até a rodinha de luta e fiquei no meio, olhando todos eles com uma sobrancelha arqueada.

— Dá para explicarem o que acabou de acontecer aqui?

— É ela mãe! É a Olivia!— a menina mais nova do trio sussurrou para a mais velha.

— Como sabe meu nome? E como me conhece?

E escutei meus amigos arfarem surpresos. Claro, a ação era válida. Mesmo eu estando no meio deles, a menina que tinha nossa idade, estava longe de mim o suficiente para eu não conseguir escutar o que ela sussurrou. Eu definitivamente não era normal.

— Eu sou Hope Mikaelson e você precisa vim com a gente.