4 histórias que a Syndel não contou para o Legolas escrita por Andy


Capítulo 4
O fim


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores lindos! =3
Aqui estou eu com o capítulo da semana! Desculpem pela demora, eu pretendia postar mais cedo, mas o meu ídolo (Zayn Malik) precisou de mim, aí... Espero que entendam.
Eu acho que, de todas as histórias desta fanfic, a de hoje é a minha preferida. Estou realmente ansiona para ver a reação de vocês a ela.
Obrigada a todos que estão acompanhando. ♥
Ah! E Feliz Dia dos Namorados, a quem couber. ;P

Xoxo



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— Você sempre tem que ter tudo do seu jeito, não é?!

Syndel, que havia dado as costas a ele, respirou profundamente mais uma vez. Ela havia cerrado os punhos e tentava se conter. Desta vez, não tinha sido ela quem tinha começado. Ela vinha tentando ser paciente nos últimos dias, tinha relevado todo o possível... Ela não queria discutir com ele de novo.

Mas para certas coisas parece não haver remédio.

— Eu? — Ela se virou para encará-lo furiosamente. As sobrancelhas dele também estavam franzidas, mas isso nunca a intimidara antes, e não era agora que ela iria se curvar. — Eu?! Qual de nós costumava dizer “isso é uma ordem” aqui, hein?

— Lá vem você de novo! Você fica evocando o passado o tempo inteiro! Mas eu estou falando de agora!

— Eu só estou apontando os fatos! Se você não pode lidar com eles, a culpa não é minha! — Ela lhe deu as costas novamente, enjoada daquela expressão que ultimamente havia voltado ao rosto dele. Presunção. Arrogância. O Thranduil que um dia ela odiara com todas as suas forças, que ela acreditara ter desaparecido, pelo visto apenas dormia dentro dele.

— Você quer parar de me dar as costas e me encarar, ou isso é difícil demais para você?

Ela se virou abruptamente e se aproximou dele, dando quatro passos largos, e parou a centímetros de distância dele. Ele podia ver o ódio no rosto dela, mas não recuou. Ele nunca havia hesitado diante da raiva dela no passado. Também não o faria agora.

— O que mais você tem a dizer? — O tom dela foi frio e cortante.

— O que eu estou tentando dizer é que as coisas não podem ser sempre do seu jeito!

— Porque elas têm que ser do seu jeito, não é, Alteza? — Ela praticamente cuspiu a última palavra. Ele apenas trincou a mandíbula, encarando-a. Ela não deu tempo para que ele tentasse negar novamente. — Eu tentei não discutir com você, Thranduil. Eu juro que eu tentei. Eu ando relevando muita coisa nos últimos dias, mas você não me dá escolha!

— O que você anda “relevando” tanto, hein? Porque tudo o que eu vejo você fazendo nos últimos dias é gritar comigo!

— Se eu fosse gritar a metade das vezes que eu tenho vontade... — Ela fechou os olhos, respirando fundo.

— As coisas entre nós não são mais como eram antes, Syndel.

Agora é que você foi perceber isso! Gênio! — Ela deu uma risada seca.

— Você não é mais a mesma.

— E você é exatamente o mesmo! — Ela rebateu, irritada por ele estar tentando jogar a culpa nela de novo. — Eu pensei que você tivesse mudado, mas você cont... — Ela se interrompeu.

— Eu o quê? Vamos! Termine o que você ia dizer! — Os olhos azuis dele perfuravam os dela, e ela sabia que ele podia ver através dela, como sempre fazia.

— Você continua o mesmo arrogante, prepotente, insensível e estúpido que sempre foi! O mesmo principezinho mimado que eu tanto odiava!

— Então você me odeia de novo, é isso? — Ela notou quando a voz dele deslizou para aquele tom que ela tanto ouvira nos últimos dias. A arrogância. O estômago dela se revirou. Ela tinha nojo daquela voz.

— ...

— Isso não está certo, Syndel!

Nada está certo, Thranduil! — Ela atirou os braços para cima num gesto de frustração. — Nada nunca esteve certo!

Thranduil sentiu como se seu coração tivesse sido arrancado e substituído por uma pedra, que afundou desconfortavelmente em seu interior, esmagando seu estômago e tudo o que havia no caminho.

— Tem razão! Talvez tudo tenha sido um grande erro! — Ele rebateu.

— O maior dos erros!

— Então talvez a gente devesse por um ponto final nisso! O que você acha?

— Eu acho ótimo! A melhor ideia que você já teve! — Desta vez, foi o coração dela quem protestou, mas ela não abaixou o olhar.

Thranduil a encarou por mais alguns breves segundos, tentando ler seus olhos prateados.

— Ótimo! — disse, por fim. E deu as costas, marchando pela porta com elegância e sem olhar para trás uma única vez.

~~ ♥ ~~

— Syndel.

A elfa de cabelos cacheados passou as mãos pelos olhos rapidamente antes de se virar para olhar quem a chamara. Parada ali, a alguns passos da fogueira recém-apagada, a rainha a contemplava com benevolência. Syndel se atrapalhou um pouco ao se levantar, mas se curvou imediatamente:

— Bom dia, Majestade! Um pouco cedo para uma caminhada matinal, não acha?

— Querida, por favor... Não se curve para mim!

Syndel se reergueu. Ela estava plenamente ciente de sua palidez e das olheiras sob seus olhos. Os últimos três dias vinham sendo difíceis. A rainha apontou para o tronco de árvore em que a outra estivera sentada antes:

— Posso me sentar?

— Não sei se convém, Majestade... Esse assento não é digno de sua grandeza.

A rainha sorriu, mas se sentou mesmo assim. Sem escolhas, Syndel se sentou ao lado dela, sentindo-se desconfortável. Ela gostava muito de sua majestade, mas sabia que não gostaria do que quer que viesse a seguir.

— Volte para o palácio, Syndel.

O rosto de Syndel se contorceu involuntariamente em uma careta de dor. Ela desviou o olhar, voltando-se para a lenha queimada abandonada pelo fogo.

— Não posso.

— Querida... O inverno está severo este ano! Se continuar aqui na floresta, acabará ficando doente!

Quando Syndel olhou para ela de novo, seus olhos prateados estavam cheios de mágoa. Sua testa tinha um vinco profundo. Ela parecia ter envelhecido, mesmo que isso fosse impossível para uma elfa.

— Meu senhor Oropher não vai me dar uma casa na vila, não é?

Os olhos da rainha se inundaram ainda mais com a compaixão. Ela segurou uma das mãos de Syndel ao responder:

— Você tem uma casa. No palácio. Conosco.

— Não... Perdão, majestade, mas eu não tenho esse direito. — Ela engoliu, sentindo o nó na garganta. — Acho que nunca tive.

— Syndel. — Ela esperou até que a outra olhasse para ela. — Meu filho ama você.  Eu o conheço. Ele tem toda aquela pose, mas ele está sofrendo. Mas! — Ela elevou o tom de voz, impedindo que a outra a interrompesse. — Mas eu não estou aqui por causa dele. Estou aqui por sua causa. Eu me preocupo com você, querida. Eu amo você também.

As lágrimas conseguiram romper a barreira e inundaram os olhos de Syndel.

— Obrigada, majestade. Eu... Eu também a amo.

A rainha a surpreendeu com um abraço.

— Nesse caso, por favor... Volte para o seu quarto no palácio.

Syndel retribuiu o abraço, insegura. Ela nunca havia tido tanta intimidade com a outra antes.

— O rei não vai mesmo me ceder uma casa...?

A rainha bufou, impaciente, e se afastou para olhá-la:

— Você é mesmo a elfa mais teimosa deste reino! — Ela falou em tom de repreensão. — Oropher diz que você não tem direito a uma casa na vila, porque você não se casou, nem tem progenitores que lhe tenham deixado algo por herança... — Ela fez uma pausa e se aproximou, afastando uma mecha do cabelo de Syndel do rosto dela. — Mas, se você quer a minha opinião, eu acredito que ele inventou tudo isso. Nunca ouvi falar de tal lei, e não faltam elfas solteiras neste reino para desmenti-la.

— Mas... Então...

— Ele a quer de volta tanto quanto eu, querida. — A rainha sorriu quando os olhos da outra se arregalaram. — Você faz muita falta. O palácio não é o mesmo sem você.

— Majestade... — Syndel não sabia o que dizer. A outra segurou as duas mãos dela para fazê-la se levantar, e ela não ofereceu resistência.

— Venha. Vamos para casa.

~~ ♥ ~~

Thranduil se virou abruptamente, rápido como um raio dourado. Oropher mal teve tempo de aparar o golpe da espada com sua adaga. O filho estreitou os olhos para ele, puxando a espada de volta rapidamente, com um ruído metálico alto.

— Thranduil.

— Meu senhor. — Ele fez uma breve mesura, mas o rei a rejeitou com uma mão. Ele deu as costas para o filho e começou a andar lentamente pelo campo de treinamentos, olhando ao redor desinteressadamente. Thranduil o acompanhava com os olhos, desconfiado.

Por fim, Oropher olhou para ele novamente:

— Eu não vou mais tolerar isto.

— O quê?

— Isto. — O rei gesticulou ao redor. — Você e eu sabemos que você não precisa de mais treinamentos.

— Mas foi meu senhor quem me ensinou que a prática constante é o segredo do bom espadachim.

 — Você já superou as barreiras da prática há muitas décadas e sabe disso. E se quer aprender algo novo, de nada lhe adiantará a companhia das árvores. Se esse for o caso, você deve procurar um instrutor que possa ensiná-lo, se existir algum. Do contrário, eu o quero de volta ao reino e às atividades de comando da guarda. De volta à civilização.

Thranduil franziu a testa:

— Eu não creio que possa ser acusado de negligenciar meus deveres como capitão da guarda?

— De fato, não. Mas há outras coisas, talvez mais importantes, que você tem negligenciado.

O filho se moveu desconfortavelmente, trocando o peso do corpo de uma perna para outra. A espada parecia pesar demais em sua mão.

— Tais como?

Oropher olhou para ele com severidade. Sua expressão sempre era austera, até mesmo fria, ao falar com o filho. Mas naquele momento, havia uma gravidade especial nele:

— Já fazem três dias, Thranduil. Você não pode ficar assim pelo resto dos seus dias.

— Assim como?

O pai se aproximou e pôs as mãos sobre os ombros dele.

— Você é o príncipe deste reino. Mais importante que isso, você é meu herdeiro. E, no entanto, você foge para as árvores como se fosse uma lebre ferida e assustada. Se escondendo covarde e vergonhosamente.

— Meu senhor me ofende. — Thranduil desvencilhou-se dele, contrariado. Oropher não esboçou reação. Ele apenas encarou o filho longamente.

— Se eu estou errado... — Os olhos dele cintilaram por um breve momento, e Thranduil não soube interpretar o significado da mudança em sua voz, que pareceu se aquecer de repente: — Então eu sugiro que faça alguma coisa.

~~ ♥ ~~

Quando Syndel saiu do quarto após o almoço tardio (tardio porque ela se recusara a almoçar com os membros da família real, não se julgando nesse direito), seu caminho se cruzou com o de Thranduil. Ele estava retornando de um longo treinamento matinal e se preparava para reassumir o comando da guarda, que tinha deixado sob a responsabilidade de Airetauri nos últimos dias. Os dois pararam no corredor quando seus olhares se cruzaram.

Por fim, como se saindo de um transe, Syndel se curvou para ele lentamente:

— Boa tarde, Alteza.

A última palavra pareceu perfurar o coração de Thranduil. Ele fez um gesto para que ela se reerguesse e apenas assentiu com a cabeça, se afastando em direção a seu quarto, que ficava em frente ao de Syndel.

Ela ficou paralisada no mesmo lugar, tentando refazer-se. Sentia-se como se seu espírito nunca fosse se levantar após ter se curvado naquele momento.

~~ ♥ ~~

Syndel voltou mais cedo naquela noite e trocou a roupa de caça por uma túnica branca mais confortável. Depois disso, ela se deitou na cama, sentindo-se cansada. O dia havia sido completamente improdutivo. Ela olhou ao redor, pensativa. Sempre amara aquele quarto, mas agora se sentia uma estranha ali. Como se não lhe pertencesse. E não pertencia mesmo. Ela não tinha nada agora. Nem casa, nem pais... Nem mesmo um nome. Um dia, ela tivera tudo isso. Mas agora já fazia muito tempo...

A batida na porta foi suave, mas mesmo assim ela se sobressaltou. Pensou que talvez pudesse ser um criado trazendo o jantar. Seria típico da rainha fazer isso, mesmo que ela tenha requisitado explicitamente que ela não se preocupasse. Até porque Syndel não sentia a menor fome, nos últimos dias. Quando as batidas se repetiram, desta vez mais rápidas, porém com menos ânimo, Syndel correu para atender.

Ela deixou o ar escapar de uma vez com a surpresa ao vê-lo ali, emoldurado pelo portal de pedra cinzenta. Thranduil olhava para o outro lado ao estender a mão. Sobre sua palma estava um pequeno prendedor de cabelo que Syndel usava para manter sua trança no lugar. Ela ficou olhando, esperando que ele dissesse alguma coisa.

— Você... — Ele olhou para ela relutantemente, como se não quisesse fazê-lo. — Você esqueceu isso no meu quarto. — Ele disse, a título de explicação.

Ela olhou em dúvida para o objeto insignificante por mais um longo momento antes de finalmente estender a mão para pegá-lo. Nenhum dos dois foi capaz de ignorar a clareza com que sentiram o breve instante em que suas peles se tocaram. Syndel engoliu em seco, mantendo os olhos baixos, focados no pequeno acessório em sua mão:

— Obrigada.

Thranduil apenas assentiu. Syndel esperou um pouco, e, como ele não disse mais nada, fechou a porta lentamente, deixando-o parado no corredor. Alguns segundos depois, ele se virou rapidamente e deu dois passos rápidos para alcançar seu quarto, batendo a porta atrás de si. Ele chutou um velho baú no caminho e seu conteúdo (pergaminhos velhos e algumas adagas) se espalhou pelo chão. Ele não se importou e se atirou na cama. E desta vez não tentou conter as lágrimas silenciosas que o subjugaram.

Syndel, em seu quarto, se deitou de costas na cama, girando o prendedor entre os dedos. De repente, aquele minúsculo pedaço de madeira pareceu muito maior. Ela o apertou na mão e pousou o punho sobre o coração. Ele batia acelerado, lembrando-a de que ela estava viva. Ela fechou os olhos, tentando interpretar aquelas batidas. Ela ainda estava com raiva dele. Muita raiva, por tudo o que ele tinha feito. Por todos os anos que tirara dela. Porque tudo o que ela tinha, ela dera para ele, e agora ele a havia deixado completamente vazia. Sim. Ela abriu os olhos novamente e encarou o teto alto. Ela o odiava por tudo isso. Mesmo assim, quando ela adormeceu naquela noite, ainda não tinha conseguido soltar o pequeno prendedor de cabelo.

Próximo capítulo: O fim — parte 2


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