4 histórias que a Syndel não contou para o Legolas escrita por Andy


Capítulo 3
A primeira vez


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores amados da minha vida! ♥
Nossa, que saudade que eu ando sentindo de escrever e postar fanfics! Ainda bem que semana que vem eu termino o estágio da faculdade e posso voltar à minha vida normal! =)
Então, o capítulo de hoje é a respeito de uma coisa que os leitores de "A Razão do Rei" me pediram para narrar aproximadamente 847 vezes. Eu sempre disse que não, mas agora finalmente decidi escrever. Espero que vocês gostem!
Comentem, sim? Estou me sentindo muito solitária nos comentários desta fanfic. Falem comigo! ç3ç

Xoxo



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Era verão novamente. O sol, mesmo já baixo no céu, parecia fazer com que a floresta inteira fervesse. O ar parecia mais pesado sobre as cabeças deles, embora as nuvens de chuva que os vinham perseguindo durante os últimos dias tivessem finalmente dado uma trégua. Mesmo assim, a umidade não havia desaparecido e o suor escorria pelas têmporas dos elfos.

— Não adianta. — Thranduil disse, ofegando, após ter parado um golpe de espada bem a tempo antes de atingir Syndel. — Você continua entrando no meu caminho nessa parte. Vamos ter que pensar numa outra forma...

Ela olhou para ele e apenas assentiu, levando o arco de volta às costas. Ele franziu as sobrancelhas quando ela pôs as duas mãos sobre o rosto e se ajoelhou lentamente na grama macia.

— O que foi? — Ele se abaixou, pousando delicadamente a mão sobre suas costas.

Ela ergueu a cabeça para olhar para ele, com uma súplica silenciosa no olhar:

— Eu só... Fiquei um pouco tonta. Deve ser o calor.

Thranduil se sentou na grama e juntou o cabelo dela com uma mão, erguendo-o para deixar que a nuca dela tomasse ar fresco.

— Respire fundo... — Ele murmurou, num tom suave. Ela obedeceu. — Você nunca se deu muito bem com o calor, não é?

— Não. Acho que eu devia ir morar nas montanhas, ou coisa assim.

— Nas montanhas, eu não sei... Mas nós podíamos ir passar uns dias em Valfenda. Lá é mais fresco que aqui. O que você acha?

Ela ergueu as mãos e juntou o cabelo, jogando-o por sobre um ombro.

— E quanto ao treinamento?

— Dane-se o treinamento! Não é como se nós fôssemos esquecer tudo se ficássemos uns dias sem praticar.

— “Uns dias”?

Ele revirou os olhos:

— Semanas, que seja. Nós somos melhores do que isso. Além do que... — Ele olhou para ela com carinho. — Você é mais importante que tudo isso.

Ela sorriu para ele.

— Eu abraçaria você agora... Se não estivesse quente demais para isso.

Thranduil deixou o ar escapar pelo nariz numa risada curta e, antes que Syndel pudesse fazer qualquer coisa a respeito, estendeu os braços e pegou-a no colo. Ela se assustou quando ele a ergueu de uma vez e se segurou no pescoço dele.

— O que você está fazendo?

Ele abriu um de seus sorrisos sarcásticos para ela:

— Não seja por isso...

Ele a carregou durante um longo caminho através das árvores, até que ela protestou e o obrigou a colocá-la no chão. Ele então segurou a mão dela e continuou a guiá-la. Os dois estavam agora bem fora da trilha, mas Syndel já havia se acostumado com isso.

— Aonde estamos indo?

— Shh... Você vai ver!

Eles seguiram andando até que se viram em uma região da floresta onde havia árvores de copas mais densas, que praticamente bloqueavam a luz solar. Ali estava bem mais fresco e seco que no resto da floresta. Até os passarinhos pareciam cantar com mais ânimo. Syndel respirou aliviada, já se sentindo melhor, mesmo que ainda estivesse completamente suada. Seus dedos escorregavam na mão de Thranduil, mas ela não queria soltar. Por um momento, ela fechou os olhos, deixando-se levar.

Até que ela ouviu o som. Distante, porém poderoso. Ela abriu os olhos de uma vez:

— Isso é...?

Ela não esperou por uma resposta, desvencilhando-se de Thranduil e disparando à frente. Ele bufou impacientemente, mas depois sorriu, começando a correr atrás dela:

— Por que você sempre tem que fazer isso?

Syndel não respondeu, e apenas riu alto, acelerando ainda mais. Ela parecia ter se recuperado plenamente. Mas ela não pôde correr muito mais antes que Thranduil gritasse:

— Cuidado!

Tarde demais. Syndel sentiu o pé deslizando no musgo, e Thranduil só teve tempo de se atirar para frente para evitar que ela batesse com tudo na rocha dura da beira da cachoeira. Os dois foram ao chão juntos. As costas dele bateram contra a pedra e ele deixou o ar escapar com um gemido de dor. Syndel se levantou de uma vez, sentando-se para sair de cima dele:

— Ai! Você está bem?

Ele se sentou também, levando uma mão às costas com uma careta de dor propositadamente exagerada:

— Eu acho que vou sobreviver.

Ela revirou os olhos e aproximou o rosto do dele, dando-lhe um beijo rápido.

— Bobo...

Ele sorriu levemente e a puxou para mais um beijo, e eles ficaram trocando beijinhos suaves durante alguns instantes, até que ele virou o rosto:

— Ei, você não está olhando...

Ela deu mais um beijo no rosto dele e se voltou para olhar para onde ele apontava. Ela arfou de leve:

— Thranduil, isso é...

Ela se levantou lentamente para olhar melhor. A visão da cachoeira era inacreditável. A queda não era muito alta, porém o fluxo de água era forte o bastante para formar uma espuma onde ela batia. Ao redor, um pequeno laguinho de água cristalina se formava, rodeado por grandes rochas cinzentas quase completamente cobertas pelo musgo. Bem no meio da água, uma rocha praticamente plana se destacava, como uma ilha solitária. A água corria até desaparecer por entre as árvores, provavelmente indo desaguar no Rio Encantado. O ar era fresco ali, com uma umidade gelada provocada pelas gotículas de água que vinham da cachoeira.

— Linda, não é? — Thranduil se levantou, aproximando-se de Syndel, inclinando-se ligeiramente para ver o rosto dela. Ele sorriu ao ver como seus olhos brilhavam.

— Como eu nunca soube deste lugar antes?

— Bom... Às vezes você precisa sair da linha e se arriscar um pouco. Aquela história de “se perder para se achar”, conhece?

Ela olhou para ele:

— Só você vem aqui?

Ele assentiu.

— Que eu saiba, sim. Meu pai nunca mencionou este lugar. Ele deve saber dele, é claro, mas... Não sei por que, ele nunca quis estender a trilha até aqui. Talvez seja aquela ideia que ele tem de “deixar a natureza seguir seu curso”, ou algo do tipo. — Ele se abaixou e, aproximando-se da beirada, pôs os dedos na água. Estava fria como gelo. — Mas a natureza nunca pareceu ofendida por eu vir até aqui.

Syndel não respondeu, e apenas ficou observando-o por um momento. Ele se ergueu novamente e ficou olhando para a cachoeira, reparando na forma tranquila como a água fluía. Sempre gostara de ir ali. O lugar o acalmava.

Uma ideia começou a tomar conta dos pensamentos de Syndel enquanto ela o olhava e ela sentiu-se suar novamente, mas desta vez o suor era frio. Um frio desconcertante dançava em seu estômago, e a sensação era ao mesmo tempo boa e ruim. O coração dela batia acelerado, e ela tinha certeza de que estava começando a corar e ficou feliz por Thranduil estar de costas para ela. Ela respirou fundo, tentando se decidir.

Lentamente, com os dedos trêmulos, ela levou as mãos aos cabelos e desfez as tranças que os prendiam. Depois, abaixou-se para descalçar as botas.

Thranduil permanecia distraído, perdido em pensamentos. Olhando para as águas, ele rememorava a primeira vez que fora parar ali, depois de uma briga feia com o pai. Depois daquilo, aquele lugar se tornara seu abrigo. Ele nunca pensara que algum dia chegaria a levar alguém ali. Ele sorriu de leve e se virou para dizer isso a Syndel. Só então ele notou as botas dela no chão. Ela estava de costas para ele.

— O que você está fazen...? — Ele se interrompeu quando ela se virou para ele e deixou que sua túnica deslizasse até o chão, expondo seus seios e sua barriga para ele. Ele sentiu o rosto em chamas imediatamente e seu coração se acelerou de uma vez, mas ele sentia-se incapaz de desviar o olhar. Syndel parecia uma Vala* diante dele, a pele branca cintilando sob a luz fraca do sol que se aproximava cada vez mais da linha do horizonte.

O coração dela palpitava no peito e ela sentia-se tremer por inteiro. Havia uma parte dela completamente envergonhada, desesperada por se cobrir e se esconder dele, mas ela sabia que agora não havia mais volta. Ela ficou olhando para ele, avaliando sua reação. Ele se esforçou para erguer o olhar até os olhos dela, e ela notou que ele respirava pesadamente.

Então ela ergueu as mãos lentamente, deixando que a parte de baixo de suas vestes caísse, ficando inteiramente nua diante dele. Thranduil começou a tremer. Ele não sabia o que pensar ou como agir. Só sabia que Syndel era a coisa mais bela que ele já havia visto na vida e que nunca havia sentido o coração bater tão rápido.

Ela manteve o contato visual com ele por mais um longo minuto. Depois, movendo-se lentamente, se aproximou das águas, contente por virar o rosto. Ela sentia falta de ar e tentou respirar fundo. Thranduil soltou o ar lentamente num sopro. Ele não havia percebido que estava prendendo a respiração. Seus olhos percorriam cada curva do corpo de Syndel, incapazes de olhar para o outro lado, como ele no fundo achava que devia.

E então ela entrou na água, afastando-se até onde ela era mais profunda. A água gélida a ajudou a se acalmar. Ela mergulhou por completo, prendendo a respiração e deixando que a água levasse qualquer vestígio de suor que havia em sua pele e em seus cabelos. A sensação foi ótima, e quando ela emergiu novamente, sentia-se renovada.

Thranduil, que permanecera olhando para o ponto em que ela desapareceu sentiu borboletas dançarem em seu estômago quando ela se virou para olhar para ele. Seu corpo estava completamente embaixo d’água, mas seus olhos prateados pareciam ainda mais brilhantes, emoldurados pelos cabelos cacheados que pingavam. Ele perdeu o fôlego.

Eles se olharam longamente, ambos sentindo o coração correndo no peito, e ambos incertos sobre o que fazer a seguir. Por fim, ela decidiu falar:

— Você não vem? — A voz dela, mesmo trêmula, soou como o canto de uma sereia para Thranduil. Um arrepio desceu pela espinha dele, que arregalou os olhos levemente, ainda olhando para ela.

Ele sentiu a respiração ficando mais pesada enquanto olhava para ela, indeciso. Era como se o ar não viesse, por mais que ele o buscasse, e ele começava a se sentir meio tonto. Então Syndel nadou até a pedra no meio do pequeno laguinho e, subindo nela com facilidade, se sentou de costas para ele, cruzando as pernas. Ela precisava de um momento para respirar sem ver os olhos dele observando-a.

Mas ele continuou observando-a, é claro. Nada neste mundo poderia fazê-lo tirar os olhos dela, por mais que ele quisesse... Se é que queria. Porque ele podia sentir algo se acendendo dentro de si. Um desejo que ele nunca havia conhecido. Mais poderoso que qualquer coisa que ele houvesse sentido antes. Antes que ele percebesse, suas mãos estavam percorrendo seu cinto, soltando a bainha em que ele mantinha presa sua espada, “Fúria”.

Lenta, mas decididamente, Thranduil foi se despindo, peça por peça, sem tirar os olhos de Syndel. Ela apenas ouviu quando ele mergulhou nas águas frias da cachoeira e se levantou rapidamente. Olhando ao redor, tentando encontrá-lo, ela já podia sentir o desespero dominando-a de novo. Aquele sentimento indefinido que fica no limiar entre o medo e a excitação.

E então ele emergiu, subindo na pedra com agilidade. O espaço era pequeno, de forma que os corpos deles ficavam muito próximos ali, praticamente colados. Eles olharam nos olhos um do outro, respirando pesadamente. Ambos tinham os rostos muito corados. Thranduil ergueu a mão para tocar o rosto dela suavemente, e era como se os dedos dele deixassem um rastro de fogo ali. Syndel virou o rosto e beijou a palma da mão dele. Depois, lentamente, ela ergueu uma mão para segurar a mão dele e beijou suavemente as pontas de seus dedos. A mão de Thranduil tremia.

Subitamente, sem saber por quê, ele não pôde se conter e a beijou ardentemente, deslizando a mão livre para a cintura dela, puxando-a para mais perto de si. Ela retribuiu o beijo com a mesma intensidade, enroscando os dedos nos cabelos dele.

Com a outra mão, agora livre, ele começou a explorar cada curva do corpo dela, começando pelo pescoço, descendo para a clavícula, contornando seu seio e depois escorregando por sua cintura... Cada lugar que ele tocava queimava e Syndel se sentia prestes a entrar em combustão.

Então ele rompeu o beijo, ofegante:

— Syndel... E-Eu acho que...

— Shh... — Ela também ofegava e o beijou de leve. — Está tudo bem. — E pousou os lábios nos dele novamente.

Thranduil se sentiu retribuindo imediatamente. Syndel pousou uma das mãos sobre o peito dele, enquanto matinha a outra em seu pescoço. Então, ela deslizou a mão suavemente, porém rapidamente, descendo pelo abdome dele, passando por seu umbigo...

O movimento dela o alarmou e Thranduil se moveu bruscamente, fazendo com que os dois perdessem o equilíbrio e caíssem da pedra, espalhando água por todos os lados.

Mas nem mesmo a frieza da água pôde apagar o fogo que eles podiam sentir queimando dentro de si, consumindo-os de dentro para fora.

Os dois nadaram até as pedras da beira da água e Thranduil se deitou sobre ela ali mesmo, beijando-a sofregamente de novo. Ela gemeu baixinho quando o sentiu dentro de si, e ele interrompeu o beijo para olhá-la nos olhos. Ela respirava mais aceleradamente que nunca e suas bochechas estavam muito rosadas. Ele achou que nunca a havia visto mais linda antes e virou a cabeça para beijar seu pescoço. Syndel atirou a cabeça para trás, dando-lhe mais espaço. Ele tentou beijar toda a extensão do pescoço dela, mas logo parou, concentrando-se em seus movimentos, primeiro lentos, depois cada vez mais rápidos. Ela gemia, sentindo a respiração ofegante dele em seu pescoço.


~~ ♥ ~~

Eles permaneceram ali durante longos minutos, deitados um ao lado do outro com seus corpos ainda parcialmente dentro d’água, tentando regularizar o ritmo de suas respirações. Nenhum dos dois sabia o que dizer. Ele se virou levemente e estendeu a mão para acariciar o rosto dela. Ela ergueu a cabeça levemente para olhá-lo. Ele sustentou o olhar e sorriu timidamente, e ela retribuiu. Os olhos de ambos brilhavam.

Ficaram assim por longos minutos, apenas olhando nos olhos um do outro, sentindo-se como se estivessem em um sonho. A noite caiu ao redor deles, e eles mal notaram, até que começaram a sentir frio. Thranduil notou que Syndel tremia e se aproximou para beijá-la suavemente, depois sorriu:

— Eu acho... — A voz dele saiu rouca e ele pigarreou. — Eu acho que está ficando um pouco tarde demais para nadar.

Ela sorriu de volta e concordou com a cabeça. Ele se levantou lentamente e, tomando cuidado para não escorregar nas pedras, saiu da água. Estendeu a mão para ajudá-la a sair também, e ela aceitou de bom grado. Ele a abraçou ternamente, enterrando o rosto em seus cabelos. Ela retribuiu o abraço.

— Tudo bem? — Ele perguntou baixinho, inseguro.

— Tudo perfeito. — Ela sussurrou no ouvido dele.

Ele se afastou para olhá-la, tentando ler seus olhos. Eles lhe sorriam, então ele se convenceu e a beijou suavemente, depois se afastou para pegar suas roupas. Ela o imitou.

— Venha. — Ele disse, segurando a mão dela e abrindo um de seus sorrisos tortos. — Vamos nos afastar da umidade da cachoeira. Precisamos ficar secos, você sabe. Para podermos nos vestir.

Ela riu, sem saber bem o motivo e o seguiu.

O verão estava a pleno vapor e mesmo as noites eram sufocantemente quentes. Não demorou muito para que eles ficassem completamente secos, exceto pelos cabelos, depois de terem se afastado da água. Eles se vestiram de costas um pro outro, subitamente tímidos de novo. Depois, devidamente cobertos, se viraram para se olhar. Eles sorriram quase ao mesmo tempo, o que os fez rir suavemente.

Thranduil se aproximou e a puxou pela cintura, beijando-a delicada e apaixonadamente. Ela retribuiu da mesma forma. Quando seus lábios se separaram, ele a abraçou. Eles permaneceram assim por um longo tempo, sem a menor vontade de se afastar.

Mas foi ele quem o fez, desvencilhando-se dos braços dela com delicadeza.

— Thranduil? — Ela chamou baixinho, quando ele se virou de lado, como se não quisesse encará-la.

Ele olhou para ela hesitantemente, e ela localizou a dúvida em seus olhos azuis profundos.

— O que foi? — Ela se aproximou e tocou o ombro dele.

— É que... — Ele segurou as duas mãos dela, entrelaçando seus dedos. Ela pôde sentir que as mãos dele estavam geladas. — Você... Você não... Não se arrependeu, não é?

Ela sentiu seus olhos se arregalando com a surpresa e apertou as mãos dele para lhe transmitir confiança.

— Me arrepender? É claro que não! Por que eu me arrependeria?

— Porque... — Ele pigarreou, constrangido, e virou o rosto para o outro lado. Agora que a ideia o atingira, ela era como um peso desagradável sobre seus ombros, e seu estômago tinha começado a se contorcer desconfortavelmente. — Tecnicamente... Nós não somos... Você sabe, nós não somos casados. Então isso foi... Digamos... Um pouco...

Syndel riu baixinho, atraindo a atenção dele. Quando ele olhou para ela, surpreso, os olhos dela cintilavam. Sem soltar suas mãos, ela se aproximou mais dele e ficou na ponta dos pés para encostar o nariz ao dele, fechando os olhos. Ele abaixou a cabeça e fechou os olhos também, numa reação automática.

— Thranduil... — Ela disse o nome dele com carinho, numa voz macia como seda. — Para ficar com você, eu briguei com as minhas amigas... Saí da casa dos meus pais e fui renegada por eles... Enfrentei a ira do meu rei... E até mesmo caminhei pelo vale da morte... — Ela roçava o nariz no dele enquanto falava. Sorriu. — Eu não poderia me sentir mais ligada a você.

Ele sentiu o coração começando a bater mais rápido no peito e soube que estava acontecendo de novo. Ele estava se apaixonando por ela mais uma vez. Era impressionante como isso continuava acontecendo sempre, mesmo depois de tantos anos. O mesmo frio na barriga, a mesma secura na boca, tudo exatamente igual. Ele sorriu e se inclinou para beijá-la, esforçando-se para lhe transmitir todo o amor que sentia através daquele beijo, mesmo tendo a certeza de que isso era impossível.

— Eu te amo... — Ele sussurrou e soltando suas mãos, a abraçou, dando-lhe vários beijos no rosto: — Eu te amo, eu te amo, eu te amo...

Ela riu suavemente, feliz:

— Eu também te amo!

Ele afastou uma mecha do cabelo dela, agora já seco, e olhou fundo em seus olhos:

— Para sempre.

— Para sempre. — Ela concordou, sorrindo.

Ele ficou acariciando o rosto dela por alguns instantes, até que por fim rompeu o contato visual, erguendo os olhos para as estrelas:

— Bom... Acho melhor nós voltarmos, não? Eles vão pensar que nós morremos, ou que fugimos de novo.

— Tem razão. Não quero provocar a ira de Sua Majestade de novo, “sequestrando” o filho dele. — Ela marcou as aspas ironicamente.

Ele abriu para ela um de seus sorrisos sarcásticos.

— Me sequestrar, você já me sequestrou há muito tempo... Oropher já deve ter colocado o exército inteiro no seu rastro de novo.

Eles começaram a andar. Ela seguia Thranduil, que mal parecia precisar olhar para ver por onde andava.

— Sabe, o mais normal seria o meu pai ficar atrás de você... Especialmente agora.

Thranduil riu.

— Ninguém mandou se envolver com um príncipe...

Meu príncipe. — Ela passou um braço em volta da cintura dele, abraçando-o enquanto andavam. Ele sorriu e beijou o alto da cabeça dela.

Eles continuaram andando assim em silêncio por um longo trecho, até que ele rompeu o silêncio.

— Então... — Ele limpou a garganta. Quando falou, ele olhava inocentemente para as copas das árvores. — Você... Quer nadar de novo amanhã?

Ela sentiu um arrepio percorrendo a espinha diante da proposta, e parou de andar, afastando-se dele. Ele parou também e olhou para ela. Ela riu de leve e lhe deu um tapa não tão de leve no braço.

— Ai! — Ele reclamou, levando a mão ao local.

Então ela abriu para ele sua melhor versão de um de seus sorrisos tortos e um brilho travesso faiscou em seus olhos:

— Quero.

Ele retribuiu o sorriso e, sem dizer mais nada, a puxou pela cintura, com certa violência, mas sem machucá-la, beijando-a ardentemente.


Próximo capítulo: O fim


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Notas finais do capítulo

* Os Valar são uma espécie de “deuses” da Terra-Média, criados por Eru Ilúvatar, o Pai de Todos