Pov's Manuela

Pegamos o carro e saímos! Henrique começou dirigindo, mas em cerca de meia-hora trocou de lugar com Tomás, indo para o banco de trás do carro.

Já estávamos há algum tempo na estrada quando Henrique, que já demonstrava sinais de curiosidade há algum tempo, resolveu fazer suas perguntas.

— Vem cá, se eles me morderem, eu viro um zumbi também?! Tem uma série que é assim!

— Sim, você se transforma! Por isso, tenha cuidado em dobro! Isso deve doer muito! _ Tomás comentou.

— Hum... Sinistro! Eu achei que nada disso fosse acontecer algum dia.

— É, mas graças ao Tomás isso aconteceu! _ falei olhando pela janela.

Eu particularmente já estava achando o rumo da história idiota. Quer dizer, é claro que isso é sinistro e obviamente ele nunca imaginou que isso aconteceria um dia. Mas resolvi não falar mais nada. Eu estou estressada, cansada, preocupada e louca para que todo esse inferno acabe.

Por alguns segundos, achei que Henrique não falaria mais nada, mas me enganei. Ele jogou o corpo pra frente para ficar mais próximo da gente e assumiu um tom sério.

— E a família de vocês? Se transformou também?

Respirei fundo. Foi bastante perturbador ver todo o processo de transformação da minha mãe. Quer dizer, de uma hora para outra, a minha fonte de conforto e proteção se transformou em um ser horrível que queria a todo custo me devorar.

— Minha mãe se transformou _ falo pensativa. _ Acho que foi uma das primeiras.

Vi pelo canto dos olhos Henrique baixar o olhar.

— E você, cara? _ perguntou.

Olhei para meu parceiro assim como ele. Confesso que também estava bem curiosa quanto a isso. Tomás não tinha falado muito sobre os pais dele, dava a entender que eles não tinham muito contato ou algo do tipo.

O vi pigarrear enquanto dirigia.

— Com certeza eles estão bem. _ repetiu o que me disse uma vez.

— Otimismo é bom, mas... _ Henrique começou.

— Não é otimismo, é realidade. _ interrompeu. _ Eles nunca comeriam nada que eu criasse. Podemos mudar de assunto?

Ficamos quietos, e continuaríamos nesse silêncio por bastante tempo se barulhos estranhos não começassem a surgir.

— Será que tem zumbi por aqui?! _ perguntou do banco de trás.

Prestei mais atenção antes de responder. Aquilo não parecia zumbi, parecia...

Antes que eu concluísse o pensamento, o carro começou a parar de andar.

— Droga. _ Tomás murmurou passando as mãos nos cabelos.

Talvez o caso não fosse tão dramático se estivesse de dia, mas esse não era o caso. Estava consideravelmente escuro, o que me fez perceber que saímos da casa do Henrique um pouco mais tarde do que imaginávamos, e é claro que logo logo zumbis aparecerão por aqui. Estamos em uma estrada onde provavelmente há muitos canibais de noite.

— Linda, tem alguma lanterna aí?

 Prontamente peguei a mochila e comecei a usar meu tato procurando por um objeto mediano. Quando achei, o entreguei ao meu parceiro. Henrique se ofereceu a ajudar e saiu do carro.

Eles abriram o capô e começaram a mexer. Eu não falei nada, justamente por não entender droga nenhuma de carro, a não ser que eles servem pra dirigir.

Talvez uns quinze minutos tenham se passado, mas a questão é que começou a ficar entediante _ e abafado _ ficar ali dentro sozinha. Saí do carro e me coloquei do lado deles.

— E aí?!

— Acho que precisa de água... _ Tomás falou lentamente passando a mão por sua barba.

— Hum... Vou pegar ali na mochila, né?! Temos até que bastante. Uma agora não vai fazer tanta falta assim.

Eu fui em direção ao meu lado no carro, mas grunhidos altos me chamaram a atenção e parei exatamente no mesmo lugar. Receosa, levantei a cabeça e vi o que, mesmo estando em um Apocalipse Zumbi, nunca imaginei que veria.

Nós estamos cercados por zumbis.