Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 48
Capítulo Quarenta e Oito - Convite Pervertido e Velhos Hábitos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^



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                Harry espreguiçou lentamente e encarou Fernanda, que parecia aborrecida enquanto o encarava da porta da sala.

—Você vai levantar ou não? –Ela questionou, os braços cruzados em frente ao peito e batendo repetidamente o pé no chão.

—Por quê? –Ele ignorou a raiva da irmã.

—Você é um idiota, sabia disso?

            Harry sorriu debochadamente e sentou, passando as mãos no rosto e cabelo.

—Não é como se fosse o fim do mundo, Fernanda. –Ele informou se colocando de pé. –Os soldados teriam matado o garoto, era só um pirralho que perdeu tudo e que bebeu mais do que devia. –Bufou. –Sinto muito se seu soldadinho não sabe levar um soco no meio da cara.

—Eu realmente não sei o que fazer com você!

—Fernanda, a Lua Cheia passou a quase duas semanas e os soldados do Império Central praticamente cagam na porra das calças só de citarem a noite que os Lobos estavam aqui. E ainda assim tentaram prender alguém que estava de luto. –Ele falou, devolvendo o olhar firme da irmã. –Lá eles vivem em casas seguras e não tem tanto contato com os Lobos, não como nós temos. Eles não sabem o que é perder tudo pra esses malditos cachorros! Nós sabemos! –Se colocou de pé. –Aquele garoto perdeu a última pessoa que tinha e ele não tem nem 16 anos ainda, ele próprio não morreu porque a mãe se sacrificou por ele. Agora os Soldadinhos Imperiais chegam e querem que ele não se exalte? –Riu sem humor. –Não me arrependo de ter enfiado a mão na cara daquele filho da puta e faria de novo, se tivesse que proteger um dos moradores daqui.

          Fernanda respirou fundo.

—E você não pensou que eles poderiam tê-lo prendido?

           Harry sabia que era essa a preocupação da irmã, mas ainda estava tão irritado em como os Soldados tentaram parar o garoto, que nem pensou direito, somente os atacou. Obviamente não foi uma decisão inteligente, contudo não havia arrependimento algum.

—Não exatamente.

—Droga, Harry! –Ela respirou fundo. –Eu poderia ter perdido você, sabia, seu desgraçado?

—Tudo bem, Fernanda. –Ele se aproximou da irmã. –Pensarei melhor da próxima vez.

—Próxima vez?

—Os Soldadinhos Imperiais parecem felizes em estar aqui e não estão com data pra ir embora, então é provável que...

—Nem atreva-se!

          A exasperação da mulher fez Harry rir, contudo antes que tivesse tempo para dizer algo, bateram em sua porta.

—Eu atendo. –Fernanda informou. –Você vai pelo menos lavar esse rosto.

           Harry sorriu, concordando, contudo acompanhou a irmã com os olhos, enquanto ela ia até a porta, sem se mover do meio da sala.

—Pois não? –Fernanda abriu um sorriso amigável para o rapaz branquinho e de cabelo negro, parado a sua porta.

—É aqui que o... –Ele olhou em um pedaço pequeno de papel. –Harry, mora?

          Fernanda arqueou a sobrancelha.

—Depende do que você queira. –Ela foi firme, deixando o rapaz desconfortável e o fazendo corar.

—É aqui mesmo. –Harry falou, aparecendo atrás da irmã. –O que você quer?

          Harry o encarou firmemente e ouviu Fernanda bufar.

—Eu tenho uma carta pra você.

          Harry fez careta para o envelope estendido em sua direção.

—De quem?

—Só me mandaram entregar, moço. –Ele deu de ombros. –Veio com uma garota da caravana que acabou de chegar de Mirelis.

          Harry pegou o envelope e se virou, deixando que Fernanda desse alguma coisa para o rapaz, e se dirigindo para o sofá.

          A carta era simples e Harry suspirou de frustração.

—O que foi? –Fernanda parecia ansiosa.

—Vó Juliana querendo saber se temos notícias da Char. –Ele esfregou o rosto com as mãos.

           Fernanda ficou em silêncio, vendo a raiva nos olhos azuis do irmão.

—Nós temos que ir almoçar com a senhora Ornet. –Ela o recordou.

            Harry assentiu e se colocou de pé, indo tomar banho.

 

             Amélia encarou Harry e fez careta.

—Você está mais carrancudo que todos os velhos rabugentos que eu já conheci, menino. –Provocou, fazendo Harry dar um sorriso de canto, sem emoção alguma.

—Quem sou eu pra falar o contrário?

—Cada dia mais rabugento. –Ela decidiu, fazendo Fernanda sorrir.

—Alguém que concorda comigo.

            Harry não respondeu, simplesmente tomou um gole do suco de melancia e fitou o fogo na lareira. Estava tão perdido em pensamentos que nem notou o rapaz alto e negro entrar, somente quando Fernanda estalou os dedos em frente ao seu rosto e ele encarou Amélia.

            Harry olhou para o rapaz abaixado ao lado da senhora, a cicatriz longa em sua bochecha esquerda fez Harry recordar quem era ele.

—Olá. –O rapaz cumprimentou.

—Oi. –Harry devolveu o cumprimento.

          Stephan era o nome dele, até onde Harry conseguia recordar, se não fosse esse, era um nome similar.

—Isso aqui é pra você. –O rapaz falou, puxando um pergaminho todo enrolado, com um selo em cera verde.

            Havia um a elegância bem simplista no desenho do selo, algo que somente uma pessoa poderia usar.

           Harry quase arranca o pergaminho da mão do rapaz, tamanha ansiedade.

           O selo era um círculo com uma lagrima no centro. Harry sorriu, char havia feito aquilo com seu colar.

 

            Meu amor, você não pode nem imaginar a saudade que estou sentindo de você e da Nanda. Tem momentos que parece que irei explodir tamanho a falta que você está fazendo.

        Eu sei que desapareci há meses, contudo não tinha como eu informa-los que estava bem, existem muitos detalhes a qual não posso falar por carta, apenas pessoalmente, o que espero ocorrer em breve.

         No lugar que estou nesse momento, posso assegurar que estou a salvo e bem.

          Tem tantas coisas das quais gostaria de lhe contar, tanto a compartilhar. Descobri tanto de mim mesma e sobre minha vida, Harry. Acho que nunca precisei tanto de você, meu irmão.

       Melhor, nunca precisei tanto da sua firmeza, companheirismo e inacreditavelmente, sim, direi isso, sensatez. Está vendo meu grau de desesperoEstou chamando justo você de sensato. CéusQuando o mundo ficou tão as avessas? Ou será que isso é por conta do tanto de tempo que estou sem te ver e comecei a delirarHonestamente eu não duvido da hipótese, nenhuma delas.

           Sei que você deve estar furioso comigo, com todo o direitoMas sei que deve ter ficado muito preocupado com meu sumiço, sei disso e só posso pedir desculpas e esperar que você as aceite.

         Tenho um convite pervertido pra você, o que achaPara não perdermos nossos velhos hábitos, obviamente.

 

           Harry riu, fora inevitável. Velhos hábitos realmente não morriam, principalmente entre eles dois.

           Sim, estava furioso, mas principalmente aliviado e feliz. Sua irmãzinha estava viva e bem, como ele jamais deveria ter desconfiado do contrário.

 

      Meu convite é...

Segure o coraçãozinho, está bem?

       Assim que a caravana do Stephan partir, você e Fernanda estão convidados a se juntarem a ele. Passagens garantidas com todo o conforto (Finja que isso existe enquanto está em uma carroça, atravessando a Floresta, certo?)

       Muitas pessoas irão parar em Mirelis, contudo somente Stephan sabe onde me encontrar e vocês devem ficar com ele, apenas ele pode garantir a segurança de vocês e a vinda até onde estou.

Por favor, aceite meu convite!

Preciso do meu irmão comigo.

                  Agora que sei que meu pai está vivo. Sim, Christopher está vivo e as descobertas que fiz quanto a sua suposta morte são terríveis.

      Minha mãe está aqui e você não pode nem imaginar a raiva que estou sentindo dela nesse momento.

             Eu acho que estou gostando de alguém, embora não devesse citar isso nem por carta e provavelmente nem pessoalmente, mas não posso esconder determinadas coisas de você, não de você. E tenho certeza que você bem sabe quem é ele.

           Vamos ser francos e confessar que meu fraco sempre foram os músicos e homens fortes e selvagens, não é mesmo(Não ria de minha desgraça!)

Estarei os aguardando ansiosamente.

Com todo o amor,

Char.

 

                Harry riu, sentindo toda a tensão e preocupação abandonarem seu corpo.

                Char estava viva e o convidando a encontra-la. Obviamente era uma loucura, mas sendo Charlotte ele não esperaria algo comum, nunca dela.

                Harry ergueu os olhos azuis e divertidos em direção a irmã, que o olhava ansiosa.

—O que você acha de uma viagem, irmãzinha?

                Fernanda arqueou a sobrancelha.

—Como?

—Eu imagino que você queira reencontrar nossa Chapeuzinho.

                O choque passou em um segundo, logo Fernanda parecia radiante.

—É ela?

—Sim.

—Quando partimos? –Harry riu diante a pergunta. 

                Fernanda via a felicidade no rosto do irmão, confirmar que Charlotte estava viva era tudo que Harry precisava para voltar ao seu normal e tudo que Fernanda queria. Os três finalmente estariam juntos novamente e isso a deixava eufórica.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado
Não estou publicando (nem escrevendo, infelizmente) com a frequência que eu gostaria, estou com muitas leituras da faculdade, as quais não posso ignorar, infelizmente.
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



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