Drowning escrita por harumi99


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo, espero q gostem!!!



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                Cordas eras puxadas com força e amarradas em madeiras úmidas, porém resistentes. Suas mãos já estavam calejadas e dormentes. A fibra que se enrolavam em tranças e formavam as cordas queimaram suas mãos tantas vezes que as tornaram espessas e a pele grossa. Ele era apenas um jovem em busca de aventuras, um daqueles passarinhos que se perderam ao cair do ninho. E sempre foi visto assim pela sociedade. Um recluso.

                Era ali, entre todos aqueles piratas, fugitivos e repulsivos, que Jim se sentia mais confortável. Ninguém perdia seu tempo perguntando suas origens, seu passado. Todos cuidavam do próprio traseiro e apenas se reuniam na cozinha para comerem.

                Mas Jim estava feliz por finalmente aportar. Fazia meses desde a última vez que tomara banho. Seu cheiro... bem, acho melhor, querido leitor, não estragar a imagem de galã que estou tentando criar.

                Ir até uma estalagem sem chamar atenção não foi problema para ele. O porto de Vit, um dos únicos lugares em que a coroa britânica não metia o bedelho. Piratas e comerciantes viviam em uma pseuda paz. A cidade era dividida entre a parte burguesa de homens honestos que aportavam para vender suas mercadorias e reabastecer o navio e aquela, em que Jim se encontrava, onde estavam os bordeis, as tabernas, o rum e a diversão. Nenhum pirata entrava no outro lado da cidade a menos que precisasse fazer negócios e nenhum comerciante entrava no outro lado da cidade a menos que procurasse carne para saciar-lhe os desejos carnais

                Uma das mulheres da noite se sentou no colo de um dos tripulantes do navio em que Jim estava, eles riam enquanto ele erguia sua caneca e rum caia no chão. Aquela cena enojou Jim. Enquanto o homem enfiava seu rosto no decote da mulher ela ria e o chamava de ousado, mas nada fazia para impedi-lo, logo eles subiriam no quarto e ela receberia seu pagamento. Jim os observou subir as escadas, ela ia na frente enquanto o homem a seguia entusiasmado.

                O rapaz pegou sua garrafa e saiu dali. Foi para uma estalagem onde se ouviam gemidos vindo dos outros quartos. Ele tomou um banho, lavou suas roupas e usou as mudas novas que comprou. Jim jogou três moedas de cobre na mesa do quarto e saiu pela janela escalando a parede. Os tijolos daquela estalagem estavam velhos e foram mal colocados, haviam saliências grandes o bastante para que ele pudesse usa-las para chegar até o telhado.

                O pirata sentou na parte mais alta do telhado. O horizonte a sua frente se abria conforme seus olhos se ajustavam a forte luz laranja do pôr do sol. A água cintilava em ondas que se quebravam em pedras e espumas eram arremessadas para longe. Barcos grandes e pequenos aportavam na cidade dependendo do estado moral de quem o comandava -  bandeiras negras a esquerda, coloridas a direita. Lá ao longe ele observava pessoas rindo, quase não haviam mulheres entre os que chegavam, apenas aquelas que moravam em Vit. Gaivotas voavam e grasnavam em busca dos restos de peixes que mercadores jogavam fora.

                Ele precisava esquecer a cena que vira na taberna. Aquilo havia enfurecido ele. Pagar por prazer não faria aquele homem mais feliz ou aquela mulher mais rica, pensou, o cafetão ficará com todo o lucro. O pirata balançou a cabeça tentando esquecer o que havia visto e tentando focar na paisagem.

                - Merda – Murmurou Jim frustrado.

                Ele havia passado semanas sonhando em aportar e quando finalmente o faz ele deseja o mar novamente. Não é a primeira vez que isto acontece, querido leitor. Jim tem uma péssima mania de desejar tudo o que não lhe está em mãos, ele idealiza aquela coisa e não pensa em seus defeitos até finalmente tê-la e então se cansar. Este pobre pirata vivia em um mundo que ele havia criado, nunca satisfeito com o que tem, sempre tentando viver um mundo idealizado. Não o culpe por sua insatisfação, caros leitores. Este garoto de quinze anos chamado Jim usa dessa estratégia para manter sua inconstância.

                Para melhor entenderem o rapaz gostaria de contar um pouco sobre ele. Jim Hawkins tem quinze anos e é um pirata. Ele vivia com sua mãe, maria Hawkins até os doze quando ela veio a falecer. Seu pai desaparecido e sua mãe morta, Jim não tinha parentes que poderiam ficar responsáveis por ele, então preferiu fugir tornar-se um contra a lei a ficar em um orfanato. Ao chegar no porto mais próximo ele conheceu Max, quem o aceitou em sua tripulação sem fazer mais perguntas. O barco de Max não é grande e poderia ser facilmente naufragado por qualquer barco de porte médio da marinha britânica, porém é o suficiente para Jim. “A dama negra”, o barco de Max, levou Jim o mais longe possível de sua cidade natal, a cidadela.

                Jim suspirou cansado. Ele não tiraria aquela cena tão cedo da cabeça. Pulando de telhado para telhado ele parou em cima da taberna em que vira o casal. Ele desceu até os quartos e procurou onde ela estaria.

                - Garotinhos não deveriam estar em lugar desses – Falou a mulher surpresa ao vê-lo em seu quarto. O homem já tinha ido embora, pela camisinha no chão e a cama desarrumada, ela havia faturado bastante.

                - Não sou um garotinho – Disse ele vendo ela contar o dinheiro.

                - Ah sim, agora você é bem grandinho. – Ela se aproximou dele com o charme de um gato deslizando a mão sob seu peito – Eu gostaria de transforma-lo em um homem completo – Ronronou ela

                - Quanto você vai entregar a ele? – Perguntou ignorando-a

                O semblante dela se fechou e ela se afastou dele.

                - Aqui é um bordel. Onde as pessoas transam. Você nunca vem aqui para transar, jimmy – Murmurou

                Jim sentou na cama e tirou a bota para pegar uma bolsa de dentro dela, arremessando a ela. A bolsa tilintou ao acertar a mesa.

                - Eu trabalho, Jimmy! – Protestou ela jogando a bolsa de moedas de volta para o pirata.

                - Eu não me importo para quem você dá, Sarah. Mas eu não acho justo que você tenha que entregar todo seu dinheiro aquele verme – Cuspiu ele.

                - Ele protege todas nós – Disse ela com pesar – Se eu não estivesse aqui não sei mais o que eu faria.

                Jim pegou a bolsa de moedas da cama e caminhou até Sarah. Ele colocou a bolsa em suas mãos e as fechou de forma delicada em volta das moedas.

                - Fique, é um presente – Disse ele – Guarde algum dinheiro até você conseguir comprar uma passagem para Porto Canavial, em um barco seguro, comece uma nova vida lá como garçonete, não é muito, mas é melhor que a vida que você tem aqui.

                Sara sorriu de forma acolhedora para Jim. Colocou a bolsa bege no bolso do garoto e deslizou sua mão por sua bochecha. Com o olhar cheio de pena e melancolia ela diz:

                - Meu querido Jimmy. Tão doce, tão inocente. Como você veio parar nesse mundo tão sujo?

                Jim deitou sua cabeça no peito de Sarah, não era difícil, Sarah era um palmo mais alta que o garoto. Ela sorriu enquanto acariciava seu cabelo molhado. Ela se aproximou do rosto do rapaz e sussurrou em seu ouvido:

                - Meu querido, pegue esse dinheiro que você tem. Entre na academia de navegação. Se torne um general. Faça desse mundo um lugar melhor. Para mim... Não me resta mais nada além desse destino podre que me foi escrito. Mas você... Ah, meu amado Jimmy, você pode escrever sua própria história. Não importa o que te aconteceu até agora. Use essas cicatrizes do seu passado para se fortalecer. Seja meu grande herói.

                Jim foi embora sem se despedir de Sarah. Nosso caro pirata estava com a mente cheia. Se ele voltasse a cidadela para entrar na academia ele seria expulso e colocado dentro de um orfanato. Voltar para a cidade que havia lhe tirado tudo talvez não fosse a melhor das opções. Porém nosso pequeno Jim estava perdido. A vida como um pirata não lhe agravada. Max o repreendia severamente por nunca participar das batalhas, apenas da espoliação. Preguiçoso, era como Max o chamava. Jim era um bom rapaz de armas, o melhor que Max vira, por sua altura, idade e agilidade, era o melhor e mais rápido que dispunha.

                Enquanto vagabundeava pelos telhados dos prédios de Vit, Jim parou mais uma vez para observar o pôr do sol. Vendo um pequeno navio ancorado na parte honesta de Vit com as bandeiras da frota britânica. Homens de farda desciam do navio, rindo com barris nos braços. E entre eles um homem que vestia um chapéu lustroso, seu uniforme era diferente dos demais, o capitão. Jim sorriu ao ver como os homens o olhavam com respeito e admiração. E se imaginou usando aquelas fardas coloridas e um chapéu daquele tamanho, como pareceria ridículo, mas quem se importava? Ele seria o capitão do próprio navio. Teria respeito de seus homens e serviria a uma causa. Ele deixaria de ser essa criança perdida. Mas quanto tempo isso levaria?

                Homens gritavam de ódio. Um grito feminino se juntava entre eles e o sons de correntes chacoalhando. Jim correu para a borda do telhado e observou a cena. Comerciantes do mercado negro (não que o comercio que piratas faziam era legal). Mas estes eram diferentes, traficantes de escravos e mercadorias raras. O capitão do navio estampava um sorriso de orelha a orelha. Seus dentes amarelos brilhavam mais que nunca, ele tinha suas razões, estava prestes a ganhar uma quantia de dinheiro suficiente para sua aposentadoria e a de todos os seus tripulantes. Estes homens haviam conseguido capturar uma sereia.


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Notas finais do capítulo

Por favor, comentem e favoritem se possível. Criticas construtivas são bem vindas e obrigada por lerem >~



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