Visão: Saito

Assim que eu vi aquele ovo de dragão nas mãos do Bell, eu até arregalei os olhos e perguntei sozinho: como ele conseguiu aquilo?

A Fidget estava na mesma, dragões são extremamente protetores de seus filhotes, e quando se trata de proteger seus ovos, dragões praticamente superam as leis de tudo e viram protagonistas separados na questão de poder, só pra ter uma ideia, acho que chega a ser mais op que o protagonismo. Mas também, dizem que dá um omelete extremamente raro e gostoso.

Eu fui até o Bell e perguntei direto no ponto:

—Bell, aonde você arrumou esse ovo de dragão?

Ele olhou pra mim e perguntou:

—eu te conheço?

Eu respondi:

—não, mas eu sim.

Ele fez outra pergunta:

—como?

Eu respondi desviando o olhar:

—protagonismo...

Voltei a olhar pra ele e perguntei:

—mas voltando a pergunta original, de onde você tirou esse ovo?

Ele respondeu corretamente dessa vez:

—eu encontrei ele dentro de uma pizzaria, mais perto do forno sabe.

A Fidget estalou os dedos e disse:

—claro que estava lá, aonde mais poderia estar?

Eu respondi:

—é mesmo, só podia ser mesmo.

O Bell não estava entendendo nada, então perguntou:

—e... por que só poderia ficar lá?

Eu e a Fidget respondemos ao mesmo tempo:

—por causa da temperatura.

Eu continuei explicando, já a Fidget ficou me dublando:

—como são dragões do vento, eles não precisam de uma temperatura tão quente como a dos dragões do fogo ou da lava, então perto de um forno a lenha seria o lugar ideal. Os pizaiolos geralmente começam a esquentar os fornos deles naquela hora mais ou menos, por isso aquela dragona de vento deixou seu ovo lá enquanto arregaçava o meu hospital.

O Bell demorou um pouco pra processar tudo, mas acho que isso é normal, até porque, não é todo dia que você encontra um enxame de dragões e logo em seguida um maluco que você nem conhece mas que ele sabe seu nome e mais um porre de coisas sobre dragões.

Assim que ele acabou, ele falou:

—cara, você conhece bastante de dragões.

Eu passei a mão nos cabelos e aceitei o elogio dizendo:

—eu sei.

Conversamos mais um pouco, enquanto fazíamos isso, eu perguntei:

—mas e ai? Você vai fazer o que com esse ovo? Vender, comer ou cuidar?

Ele respondeu de imediato:

—vou cuidar e criar ele como se fosse meu filho!

Na verdade, como eu dei essa opção, eu não fiquei surpreso, eu apenas falei:

—cara, criar um dragão não é fácil, você vai precisar limpar a sujeira, arrumar um ambiente ideal pra ele, vai precisar de comida e ainda vai ter que se preocupar em não sequestrarem ele, no mercado negro um dragão deve valer uma grana preta.

Ele ainda estava com vontade de criar aquele dragão, eu olhei pra Fidget e perguntei:

—Fid, ainda temos aqueles livros?

Ela pensou um pouco e respondeu:

—aham, está lá dentro da cômoda.

O Bell fez outra pergunta:

—o que esses livros tem a ver com o meu dragão?

A Fidget respondeu:

—absolutamente tudo, vamos te emprestar alguns já que você vai cuidar desse dragão.

Vou pular até quando chegamos no meu quarto, a Tomoki ainda não tinha se mudado pro meu quarto, e provavelmente nem vai vir.

Assim que entramos, o Bell fez uma pergunta em um tom mais serio:

—ok, por que você está me ajudando com esse ovo de dragão? Ele nem é problema seu pra inicio de conversa.

Eu olhei pra ele e respondi no mesmo tom:

—não estou afim de matar esse também. Você nunca viu um dragão fora dos animes e agora quer criar um? Você é abestado? Se eu não cuidar agora, só vai dar prejuízo no futuro. Mais alguma pergunta? Você parece muito do tipo que estuda psicologia só pelas perguntas que já me fez, eu gosto de bater papo com pessoas assim, dão umas 3 paginas só de brinks, mas agora não estou com cabeça pra essas perguntas, acabei de ter uns flashs de memorias mortas que eu tive, por isso estou puto e com dor de cabeça.

Eu peguei uns 3 livros, dei pro Bell e falei:

—você vai precisar ler os 3 se realmente quiser cuidar desse dragão, mas é melhor começar do 2, depois ler o 3 e por ultimo o 1, e leia o 2 duas vezes. Agora se desistir no meio do caminho, corte a cabeça do dragão fora e me devolva meus livros.

Ele agradeceu a ajuda e saiu do quarto sem falar mais nada, depois de uns minutos, a Fidget perguntou:

—como você acha que vai ser?

Eu respondi:

—catastrófico.

Visão: Bell

Bem, legal que ele me deu os livros sobre os dragões, mas ele realmente parecia de nervoso quando eu comecei a forçar a barra, ele é do tipo que não tem muita paciência, mas sabe tirar conclusões rápidas com poucas informações. Se eu precisar enganar ele em alguma situação, vai ser foda.

Eu voltei bem rápido pro meu quarto, sempre escondendo o ovo. Assim que eu cheguei na frente da porta, lembrei que eu tinha um colega de quarto.

Eu abri a porta, mas ele não estava lá. Antes que eu entrasse, alguém segurou meu ombro e me perguntou em um tom frio:

—o que é esse negocio que você está escondendo?

Eu olhei pra trás e vi que era uma garota de cabelos ruivos, pele pálida com olhos cinzas e roupas escuras. Juro que se não fosse uma garota, eu iria devolver na mesma moeda aquela grosseria toda. Mas como não é essa a minha situação, eu respondi com bastante calma em um tom amigável:

—é um presente que eu ganhei do meu irmão na australia, agora se me dá licença...

Ela não me soltou e fez outra pergunta, naquele mesmo tom frio:

—e esses livros?

Eu respondi ainda calmo:

—são livros que ele mandou junto do presente, os três são de dragões, eu gosto bastante de dragões. Quer ler um?

Ela não quis, mas ainda fez uma piadinha de mau gosto sem motivo nenhum em uma hora totalmente aleatória.

Ela ainda não tinha me soltado, mas falou:

—parece que você ainda não tem os “pés no chão”, típico de um Furry.

Eu ainda estava calmo, então respondi:

—historias de dragões são muito boas, não me importo de continuar lendo elas.

Ela soltou meu ombro e caminhou um pouco, mas parou e falou sozinha:

—pobre garotinho iludido, ainda sonha com fantasias.

Se ela queria me provocar, conseguiu. Antes que ela fizesse mais alguma coisa, eu falei:

—melhor ser um pobre garotinho iludido do que uma garotinha mimada que gosta de fazer perguntas desnecessárias e tem medo de aranhas.

Ela olhou pra mim com o olhar dizendo: como você sabia?

Antes que ela falasse, eu apontei pra parede e falei:

—uma das coisas que você odeia.

Ela olhou pra parede e tinha uma aranha de uns 16 cm lá, ela arregalou os olhos e deu dois passos pra trás, já eu peguei a aranha e falei:

—é de plástico.

Eu entrei no meu quarto, mas antes de fechar a porta, eu falei:

—garotinha medrosa.

Nós definitivamente não vamos nos dar bem.

Visão: Keira (a garota de agora pouco)

Realmente não gostei desse garoto. Ele é bom e tem muitos truques na manga.

Visão: Bell

Depois de ler todos aqueles livros, eu comecei a trabalhar no ambiente aonde ficaria o ovo do meu dragão, transformei a cozinha que ninguém usa em um ambiente com temperatura exata de 39 graus, também deixei ele bem iluminado e pouco ventilado, exatamente como diziam os livros. Coloquei o ovo em uma superfície térmico-isolante (é apena uma camada de cobertores, mas eu tenho que deixar bem espetaculoso pra esconder o fato deu estar inventando tudo na hora. By: Autor) e deixei o ovo lá sozinho. Eu não posso ficar muito tempo em um ambiente mais quente que o normal, eu posso suar ao ponto de desidratar.

Depois de 4 dias o ovo rachou, durante esse período, o Saito vinha e observávamos o ovo por uns 15 minutos, depois conversávamos um pouco e ele ia embora, ele sempre me dava mais detalhes em certas coisas, também arranjou uma quantidade de carne suficiente pra durar umas 4 semanas de alimento pro dragão, ele também disse que eu tinha que tomar o extremo cuidado de ser a primeira coisa que ele vai ver quando nascer pra não envolver mais ninguém na confusão toda.

Depois dessa rachada, o Saito bateu na minha porta, eu abri e ele me pegou pelos ombros dizendo:

—daqui a uns 30 segundos aquele dragão sai do ovo, melhor entrar na sala logo.

Eu olhei de olhos arregalado pra ele e perguntei:

—como você sabe?

Ele respondeu:

—a Fidget me disse, ela é quase como a co-autora, então fica fácil de saber.

eu fiz uma outra pergunta, já que ele não estava mais falando coisa com coisa:

— co-autora de que?

Ele olhou pra mim sem responder por 10 segundos e disse:

—20... 19... 18...

Eu lembrei do ovo e entrei no quarto, depois de uns 12 segundos, eu escutei o Saito falando:

—5... 4... 3... eu vou parar de contar, já está chato.

O ovo finalmente quebrou e um filhote de dragão com a cor meio cinza claro saiu, era um filhote de dragão de vento.

Eu ia abraçar o filhote de tanta alegria, mas lembrei que ele ainda está frágil já que acabou de sair do ovo.

Do lado de fora, eu escutei o meu colega de quarto conversando com o Saito:

—então, o que você está fazendo aqui Saito?

Ele respondeu:

—estou ajudando o Bell com aquele dragão que eu te falei antes.

Cacete, eu tinha me dado o trabalho de esconder dele por tanto tempo pra saber que o Saito já tinha falado isso com ele?!

Antes que eu saísse da cozinha, eu escutei meu colega de quarto falando:

—cara, eu ainda estou surpreso que ele goste tanto de RPG, ele conversa de um jeito tão intelectual e complicado, ainda não da pra acreditar que ele era viciado em RPGs.

Eu juro que pensei que o Saito realmente tinha falado que eu estou criando um dragão de verdade na cozinha de casa...

Só que eu escutei o Saito falando mais alguma coisa:

—eu sei, mas ele realmente leva ao extremo. Nem eu cheguei a fazer uma estufa dentro da cozinha da minha casa só pra jogar RPG. E olha que sou o mestre dele nesse jogo.

Aquele garoto-raposa-vampiro me transformou em um gamer sem salvação sem a minha autorização?!

Visão: Saito

Assim que o colega de quarto do Bell saiu, a Fidget falou:

—ok Bell, sai dai, agora que esse dragão te viu, você só vai jogar a carne ai dentro e esperar 3 semanas até que ele fique bom pra sair desse ambiente.

O Bell saiu da cozinha e jogamos a carne lá dentro, depois isolamos tudo de novo e trabalho completo.

Depois que terminamos de isolar, a Fidget disse:

—bem, hora de comemorar.

Eu olhei pra ela e disse:

—é uma boa mesmo.

O Bell pareceu satisfeito, então perguntou:

—e ai? Alguma ideia de onde ir pra comemorar o nascimento do meu dragão?

Eu pensei em alguma coisa, mas a Fidget sugeriu na hora:

—bora pro bar!

Eu estalei os dedos e falei:

—boa ideia!

O Bell olhou pra gente meio torto, mas eu nem liguei, só respondi:

—acho que só um pouco não vai nos matar, e é assim que se comemora com estilo nos filmes. Já esta anoitecendo né? Eu já passei por uma taberna, o dono de lá é um conhecido, a Fidget também conhece todos os clientes de lá.

O Bell ficou um pouco em silencio, mas disse:

—bem, não vejo problema, eu sou resistente a bebida, não vai mudar em um cavalo como eu.

Visão: Bell

Como eu falei, eu bebi algumas e não senti diferença nenhuma. Já a Fidget e o Saito...

Eles tomaram 5 cada um e começaram a cantar com as bochechas rosadas junto de mais um monte de caras umas musicas sertanejas. São dois casos perdidos.

Mas admito, aquela noite valeu a pena, a galera de lá é muito camarada.