Todos vão saber escrita por Nanahoshi


Capítulo 4
Só mais uma chance


Notas iniciais do capítulo

GRAZADEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEUS! Depois de um século eu consegui terminar esse capítulo!!!

Penúltima parte do presente para minha diva sis Pixel_Kiyoshi!!! Kiyoshi atinge o ápice de seu sofrimento :v - q parei. Eu espero que você goste muito sis, pq esse presente está saindo do fundo do core para uma das minhas melhores amigas!!! Vc é divônica e estou me divertindo horrores dividindo tudo com vc sis ♥ Adoro todas as perspectivas que vc proporciona, e a forma como nos animamos mutuamente e surtamos juntas com nossas fangirlizações (agora fui eu que inventei :v) é impagável e e nenhuma fanfic poderá demonstrar o quanto vc está alegrando minha vida! Amo vc sis!

Boa leitura a todos e muuuitíssimo obrigada pelos favoritos e comentários divos! Vocês arrasam!
P.S: Não resisti e coloquei uma cena RikoXHyuuga ♥ Ai meu shippe



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Teppei respirou fundo antes de passar pelo portão da escola naquela manhã. Estava determinado a falar com [Nome], mas estava ciente que não seria nada fácil. Soltando a respiração ruidosamente, o estudante seguiu para o prédio das salas de aula, direto para o corredor do primeiro ano. Chegando lá, procurou pela garota na sala do primeiro ano B, mas ela não estava lá. Ou saíra antes da aula ou ainda não tinha chegado. Então, procurou pelas amigas dela. Reconheceu uma sentada nas cadeiras do meio lendo um livro. O veterano se aproximou com seu típico sorriso descontraído no rosto e chamou:

—Ahm, com licença... Bom dia.

A garota demorou alguns segundos para perceber que o estudante falava com ela. Corando, a menina baixou o livro, os olhos levemente arregalados.

—B-bom dia!

—A [Nome]-chan já chegou?

A garota piscou atônita diante da pergunta do gigante de cabelos castanhos. O que Kiyoshi Teppei iria querer com a [Nome]?

—Ahm, não. Ela costuma chegar bem em cima da hora...

O veterano pareceu sincera e profundamente decepcionado. Acenando com a cabeça, ele agradeceu e se distanciou. A cada movimento que fazia para reconquistá-la, percebia o quanto a garota que ele amava parecia distante. Ele nem procurara saber o horário que ela chegava na escola, já que ela sempre o procurava na hora do intervalo.

"Não, não é hora de ser pessimista. Eu sei que errei e vou mostrar isso pra ela. Eu preciso manter o foco. Vou procurá-la no intervalo", pensou o estudante balançando a cabeça energeticamente para espantar os pensamentos negativos.

Mais tarde, quando o sinal tocou sinalizando o final do terceiro horário, Teppei saltou para fora da cadeira e avançou prontamente para o corredor, sem esperar Hyuuga ou Izuki. Os dois veteranos foram deixados para trás com caras de espanto e curiosidade.

O jogador não perdeu tempo na sala do primeiro ano. Seguiu direto para o refeitório, pois sabia exatamente onde [Nome] estaria sentada. Sorrindo com o pensamento de ter guardado aquela informação com tanto carinho, o garoto praticamente correu pelos corredores da escola. Quando finalmente alcançou seu destino, entrou de forma meio esbaforida no salão e rapidamente se dedicou a correr os olhos pela multidão de alunos. Seu coração começou a se acelerar quando ele não distinguiu a silhueta delicada da (ex) namorada.

"Será que ela não veio? Ah... Teppei, acalme-se!", ele ralhou consigo mesmo.

Por fim, quando ele conseguiu fazer a inspeção visual com mais calma, encontrou-a sentando no lugar de costume. Ela provavelmente havia acabado de pegar o lanche da manhã.

Alegre por tê-la encontrado, ele avançou sem hesitação pelo refeitório na direção da mesa de [Nome]. No meio do caminho, a garota ergueu os olhos e seus olhares se encontraram. Quando o reconheceu, ela baixou-os de forma que o adolescente não pôde mais vê-los. Seu estômago borbulhou de nervosismo, e ele diminuiu o passo.

Aquilo era estranho. Jamais se sentira nervoso perto de [Nome]. Muito pelo contrário. Ela o deixava tão bem e tão relaxado que chegava a assustar.

E agora lá estava ele. O pivô de 1,93m de altura do time de basquete da Seirin sentindo borboletas no estômago por estar prestes a conversar com a garota que namorara por um ano inteiro.

Ele estava quase lá, e ao observar como ela virara o rosto de forma claramente irritada e insegura, ele percebeu o motivo da ansiedade. Por mais que estivesse tentando ser otimista, Kiyoshi não tinha a menor ideia de como [Nome] reagiria. Ele não sabia como ela iria tratá-lo... E ele não estava em nenhuma posição de esperar um bom tratamento.

Com o coração quase saltando pela boca, o jogador parou ao lado da mesa e pigarreou. Buscou seu costumeiro cumprimento descontraído, mas o que conseguiu encontrar foi apenas uma versão bem fosca e falha:

—B-bom dia... [Nome]-chan...

Ele estava tão concentrado na menina que nem percebeu a presença de outras duas amigas na mesa olhando-o como se vissem um fantasma. Enquanto elas haviam parado completamente de comer, a outra se dedicava a cutucar suas almôndegas cobertas de molho vermelho.

Ela não respondeu. Apenas continuou de cabeça baixa.

Teppei sentiu seu estômago dar voltas de vergonha. O que iria fazer? Ela estava claramente o ignorando... Só que as amigas delas não sabiam disso.

Como a menina demorou demais para responder, uma de suas amigas lhe deu uma bela cotovelada nas costelas, forçando a erguer a cabeça e protestar em voz alta. A amiga fez um sinal com os olhos nada discreto para o veterano, incitando a menina a respondê-lo.

—Hm... Bom dia. - ela respondeu sem ânimo e sem encará-lo.

O nó que se formara na boca do estômago do jogador aliviou só um pouquinho.

—Haha - ele soltou uma risada amarela - Eu queria conversar com você, [Nome]-chan...

Teppei não estava soando firme e direto como queria, mas não tinha o que fazer. Quando terminou a frase, as duas outras colegiais o olharam estupefatas, e depois para a amiga novamente. [Nome] praguejou baixinho.

—Desculpe, mas tô ocupada.

Kiyoshi sentiu um súbito impulso de se curvar como se tivesse levado um soco no estômago.

—Ahm... Não precisa ser agora. - ele tentou soar despreocupado - Quando você terminar, nós podemos...

O olhar dele baixou para a mesa e viu o punho da menina se fechando perigosamente.

—Não, Kiyoshi. - a voz de [Nome] soou completamente diferente: mais alta, firme e afiada - Eu não quero conversar com você. Esquece.

Como ele podia ter tido a coragem de procurá-la apenas um dia depois com essa cara lerda como se nada tivesse acontecido? Seria possível que ele não desconfiara?

Uma tempestade de raiva e indignação se instalou na mente da estudante. Antes que ela estourasse em gritos e lágrimas de fúria, ela se levantou sem cerimônia e saiu pisando firme, deixando a bandeja intacta de comida e duas amigas boquiabertas para trás. Mal tinha alcançado o corredor, alguém a puxou pelo braço com força suficiente para interromper suas passadas.

Aquela mão... Uma sensação terrível de dejavù tomou conta da garota.

Ela virou o rosto bruscamente, os olhos ardendo com o choro raivoso que ameaçava sair.

—Me larga, Kiyoshi. - a garota bradou sem se importar com o tom de voz.

Aquela frase provocou uma fisgada dolorosa no lado esquerdo do peito do adolescente.

[Nome] cuspira o nome dele como se fosse uma maldição.

—Nome-chan... Por favor... - ele suplicou com o rosto retorcido de dor.

—Não! - ela disse alto demais. Eles já chamavam a atenção de alguns estudantes que passavam pelo corredor - Eu não quero falar com você! Será que dá pra respeitar pelo menos isso?

As palavras fizeram Teppei engasgar.

—Eu... Não... – a frase simplesmente não se formava em sua boca.

A garota olhou para o braço preso entre os dedos longos do pivô e ergueu os olhos significativamente para ele.

—Me solta. - ela pediu com mais autoridade ainda.

Ele apenas piscou. Estava neutralizado. Não conseguia se mover. A proporção da fúria da menina fugia completamente das suas especulações.

Vendo que ele não reagia, a menina simplesmente puxou o braço num movimento brusco e fuzilou-o com os olhos. Livre, a menina tornou a seguir pelo corredor.

Teppei não sabe como, ele acredita que tenha vindo mais do seu coração do que de qualquer outra coisa. Ele apenas sabe que, quando piscou duas vezes, ele tinha esticado novamente o braço e segurado [Nome].

Ela voltou os olhos, agora trêmulos de indignação e incredulidade.

—Você não ouviu? Eu disse que não quero falar com você! - ela tornou a se libertar e encarou Teppei com ódio flamejando em suas íris [cor].

O pivô prendeu a respiração.

Entretanto, ao invés da explosão, o rosto da menina trincou-se numa expressão de pura dor.

—Eu não quero mais falar com você, Kiyoshi. Não quero passar por aquela humilhação outra vez.

A palavra 'humilhação' acertou o coração de ferro em cheio, fazendo-o trincar de uma forma dolorosa. Sentindo como se seu corpo perdesse toda sua energia, a mão que antes segurara o braço da garota pendeu sem forças ao lado do tronco do estudante.

[Nome] fitou-o com uma mistura de raiva e tristeza, baixou os olhos para o chão, virou as costas e correu pelo corredor.

Teppei não conseguiu reagir ou sequer se mexer. Ficou olhando o vulto da garota que amava se distanciando e depois sumindo quando ela virou em um outro corredor à esquerda. Seu coração de ferro jamais pesara tanto dentro de seu peito.

Ignorando os olhares curiosos dos estudantes que haviam parado para assistir à discussão, o gigante tratou de se recompor minimamente e voltar para a sala. Não sentia fome, então não se importou de deixar a refeição das dez da manhã passar.

Enterrando as mãos no bolso, o adolescente de cabelos castanhos baixou a cabeça e sentiu os olhos arderem. O rosto tristonho de [Nome] piscou novamente em sua frente, e cena de agora a pouco se repetiu inúmeras vezes em sua mente como um disco furado.

Aquilo ia ser realmente muito difícil...

***

No final da aula, antes do treino, Kiyoshi foi caminhando a passos rápidos para a sala de Riko. Estava se sentindo desamparado, sem saber como lidar com a cena que acontecera pela manhã. Como esperado, ela ainda estava lá, recolhendo os materiais. Ele entrou sem cerimônia e parou ao lado da mesa da amiga. Ela ergueu o tronco e encarou Teppei interrogativamente, mas a expressão no rosto do garoto denunciou tudo.

—Teppei...

—Eu fui falar com ela. No refeitório.

Os olhos da treinadora se arregalaram.

—Oi? No refeitório? Hoje?

Ele assentiu.

Incrédula, a garota abriu a boca para falar, mas tornou a fechá-la. A única coisa que conseguiu fazer foi erguer a mão e acertar um belo tapa na nuca do pivô.

— Itê! – ele cobriu o lugar do tapa rapidamente e esfregou-o olhando estupefato para a amiga.

—Você é burro? – ela colocou as duas mãos nos quadris e fuzilou Kiyoshi com os olhos.

O adolescente piscou, confuso. O que ele fizera de errado?

Riko suspirou pesadamente e colocou a mão na testa. Meu Deus, como Teppei conseguia ser tão lerdo?

—Teppei, não dá pra resolver tudo na abordagem direta! – ela explicou pegando sua pasta e pendurando-a no ombro. – Vocês brigaram ontem! Precisa dar um espaço pra ela esfriar a cabeça. Além disso, não foi uma questão simples. Não vai se resolver da noite pro dia de jeito nenhum!

Balançando a cabeça, a estudante fez um sinal para que o jogador a seguisse para o corredor. Kiyoshi caminhou de cabeça baixa, enterrando novamente as mãos nos bolsos.

—Então o que eu devo fazer?

Riko ficou em silêncio. Não havia muitas opções. Ela sabia o quanto [Nome] deveria estar se sentindo mal e humilhada, e um coração trincado como o dela não se deixaria encantar novamente de forma fácil.

—Olha, uma coisa é certa: nada de abordagens diretas e simplórias. O motivo de [Nome] ter ficado tão mal é a forma descompromissada que você tratava tudo em relação a ela. Essas suas tentativas só vão piorar a situação.

Kiyoshi franziu a testa, apreensivo. Tinha se preparado para aquilo, até tinha comprado algumas coisas, mas... A parte de colocar o plano em ação é que complicava tudo.

—O que você acha que eu devo fazer agora? – disse ele com a voz séria.

A estudante demorou alguns segundos para responder, caminhando devagar ao lado do colega.

—A única coisa de que tenho certeza é que você tem que deixar ela em paz por um tempo. Depois você decide como agir.

—Mas agir como? – sua frustração começava a sufocar seu peito largo.

—Faça algo especial. Algo diferente. De preferência que seja num lugar que as pessoas possam ver.

O garoto alto bagunçou o cabelo nervosamente. Aquilo era muito difícil para ele. Ele simplesmente não tinha criatividade para aquelas coisas.

—Não. – Riko agora tinha o dedo indicador apoiando o queixo de forma pensativa. – É melhor fazer algo mais reservado primeiro. Depois parta para uma tentativa extravagante. Não economize em nada, entendeu?

A expressão frustrada do rosto do pivô não se suavizou. Ele não tinha a menor ideia do que fazer, e muito menos por onde começar.

—Extravagante... – ele repetiu a palavra como se tentasse absorver cem por cento de seu significado.

—Ai, Teppei! – ralhou Riko. – Meu Deus! Como pode ser tão lerdo... Faça qualquer coisa! Uma caixa de bombons, um ursinho de pelúcia, um buquê de flore-

A garota emudeceu repentinamente e fixou seus olhos castanhos na extensão do corredor. Kiyoshi estava tão concentrado em escutar o que ela falava e juntar tudo numa ideia que parecesse boa que não percebeu o gesto da amiga. Só se deu conta quando ela ficou para trás ao diminuir bruscamente o passo.

—Riko? – ele chamou olhando para trás com cara de quem não estava entendendo nada.

A colegial não disse nada. Apenas continuou encarando algo que estava diante deles. O estudante seguiu seu olhar com um movimento lento do pescoço e finalmente viu o que a emudecera. [Nome] estava parada no meio do fluxo de alunos, olhando os dois com os olhos arregalados com uma mistura tão maluca de sentimentos que ele sequer conseguia distinguir quando começava um e terminava outro.

—[Nome]-chan! – ele chamou sem pensar.

Atrás dele, Riko praguejou. A colegial estupefata uniu os lábios numa linha fina e tensa, os olhos se estreitaram e brilharam mais do que o normal. Sem dizer palavra, [Nome] girou nos calcanhares e voltou por onde tinha vindo. Antes que Teppei pudesse ter alguma reação idiota, a treinadora de adiantou e agarrou o braço do pivô, dando-lhe outro tapa na cabeça.

—Não era pra ter chamado ela daquele jeito, aho! – ela berrou no ouvido do menino. – Você praticamente se incriminou de algo que não estava fazendo!

Sem entender ainda, Kiyoshi repetiu a olhada confusa para a amiga. Ela resmungou alto e bateu os punhos fechados nas coxas. Tinha que haver um limite para a lerdeza daquele cara!

—Caramba, Teppei! Você não percebeu? – ela disse apontando para onde [Nome] estivera parada antes. Ergueu a outra mão com o punho cerrado e enumerou levantando um dedo de cada vez – A forma como você disse o nome dela é como se tivesse sido pego em flagrante! Esqueceu que a [Nome] acha que eu e você ainda nos amamos? E você foi fazer isso justo quando estava andando pelo corredor da escola casualmente do meu lado, quando eu tinha acabado de falar de buquê de flores e chocolates!

O jogador de 1,93m continuou tão atônito quanto antes. Piscou, a testa se vincando.

—Mas... Eu entendi a parte do corredor... Mas o que tem a ver estarmos falando sobre buquê de flores e chocolates? Eram pra ela!

Riko estalou ruidosamente sua mão na testa.

—Francamente! – ela bufou e seguiu seu caminho pisando firme. Teppei a seguiu acelerando o passo para alcança-la.

—O que foi!? – ele perguntou no seu típico tom de quem ignora completamente a situação.

—Simples: você é muito burro pra perceber as coisas. A [Nome] encontrou nós dois juntos andando pelos corredores e a última coisa que ela escutou da minha boca foram opções de presentes. Uma garota que acabou de ter seu coração estilhaçado pelo cara que ela ama por pensar que ele ama outra vê essa cena. O que ela vai pensar?

O silêncio de Kiyoshi foi a única resposta que Riko esperou, e foi a que recebeu.

—Que as suspeitas dela eram verdadeiras. – ela mesma respondeu a própria pergunta. – Estamos juntos, e você está me perguntando o que eu gostaria de ganhar.

O pivô fez uma careta.

—Mas isso não tem nad-

—Eu sei! – a treinadora bufou irritada bem na hora que saiam para o pátio. – Caramba, vocês garotos realmente não entendem nada sobre garotas!

Ela girou nos calcanhares para ficar de frente para Teppei, interrompendo seu percurso. Ela levantou a mão e bateu várias vezes os nós dos dedos na testa do gigante de cabelos castanhos.

—Contexto, Teppei. Contexto. – ela enfatizou. – Dependendo do contexto onde são inseridos os fatos, isso pode fazer a cabeça de uma menina entender tudo errado. Sim, somos bem paranoicas.

O camisa sete da Seirin guardou silêncio. Suspirando, Riko virou-se para ir embora.

—Bom, eu vou indo. Nos vemos mais tarde no treino. Enquanto isso, vá pensando em alguma coisa.

Ela acenou e deu as costas completamente para o amigo. Quando ela teve certeza que seu rosto não seria visto por ele, permitiu que a preocupação e a culpa tomassem conta de seus traços. Ela sabia que a culpa das asneiras de Teppei não era dela, mas de certa forma, tornara-se uma peça importante do problema. E injustamente. As suspeitas de [Nome] eram completamente falsas. E por isso, Riko sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela teria que tomar alguma atitude.

*

Por uma semana inteira, Kiyoshi preparou sua segunda tentativa de se acertar com [Nome]. Reviu todos os planos que tinha em mente, todas as coisas que tinha comprado para ela, mas tudo parecia falho. Tudo o que acontecera e as palavras de Riko o deixavam nervoso. Era como se tudo que ele bolasse fosse insuficiente, por mais que ele tentasse por um milênio.

Espalhou sobre sua cama os possíveis presentes que levaria para [Nome] e encarou um a um. Será que um ursinho de pelúcia seria muito exagero? O chocolate era bom, mas...

Ele pegou os cartões com vários arranjos de corações e abriu-os, lendo as mensagens prontas escritas com letras cursivas bem trabalhadas.

“Algo especial”, a fala de Riko ressoou em sua mente.

Ele balançou a cabeça e jogou-os sobre sua escrivaninha. Cartões prontos, sem nenhum pingo dele mesmo não eram nada especiais. Ele voltou a encarar os presentes e pegou uma caixinha preta de veludo. Abrindo-a, vislumbrou o colar que escolhera para [Nome] com a ajuda da vendedora. Era dourado, e tinha forma de um coração com pedrinhas minúsculas traçando seu contorno.

Isso ela com certeza acharia exagero. Talvez ele guardasse o colar para depois...

O gigante colocou as mãos na cintura e jogou a cabeça para trás. Suspirando, ele subiu a mão para a nuca, passando-a por toda a extensão do cabelo bem devagar.

Meu Deus, como aquilo era complicado!

Depois de longos minutos ponderando, decidiu pela menor caixa de bombons que tinha comprado (para que ela não achasse nada extravagante), e o ursinho de pelúcia menor cor de caramelo. Como era pequeno, com certeza caberia encaixado no meio do buquê. Sim, ele levaria um buquê, e das flores mais vermelhas que ele encontrasse.

Deixou tudo organizado. Separou os presentes, separou sua melhor roupa e seus melhores tênis. Nada de uniforme da escola e tênis de basquete. Como tomara consciência de sua quase total ignorância com relação às garotas, Teppei estava seguindo à risca as dicas de Riko.

Com mil temores e especulações sobre o dia seguinte, o jogador enfiou-se debaixo das cobertas e ficou encarando o teto. Aquela foi uma das poucas noites que demorou muito tempo para dormir.

O dia seguinte para Teppei foi penoso. Até mesmo a hora do treino que era a sua preferida do dia foi uma penitência para o adolescente. Ele não via a hora de poder sair correndo para casa, trocar de roupa e pegar o metrô para visitar [Nome].

Depois de horas que pareceram se arrastar por séculos, ele finalmente foi liberado para ir embora. Mal se despediu de seus colegas, dispensando a costumeira caminhada que fazia junto de todos no trecho comum que tinham até suas casas. Riko ficou observando-o em silêncio enquanto ele corria para fora do ginásio. Hyuuga se aproximou sorrateiramente da treinadora, parando ao seu lado.

—Eles se resolveram? – perguntou o capitão, fazendo a colegial saltar longe e praguejar em voz alta.

—Caramba, Hyuuga! Não dá pra pigarrear ou algo do gênero? – ela suspirou e tornou a olhar a porta do ginásio de forma apreensiva. – Até onde sei não. Mas parece que hoje o Teppei vai tentar alguma coisa.

Hyuuga coçou a nuca.

—Então... Abriu uma sorveteria lá perto de casa... – o rosto do capitão começou a adquirir um tom anormalmente vermelho. – Estava pensando se você não gostaria...

Quando entendeu o que Hyuuga queria dizer, a garota corou até a raiz dos cabelos e desviou o rosto. Hyuuga Junpei a estava chamando para um encontro?

—N-não é nada demais. – acrescentou o adolescente gaguejando quando o silêncio se estendeu entre eles por tempo demais. – É só que... Bem, você mora lá perto... E eu realmente queria ir lá. Estão elogiando horrores, e eu queria muito provar o sorvete.

Uma pontada de tristeza alfinetou o coração de Riko. Ah, é claro. Eles faziam muito isso. Eram amigos de infância. Como sempre, era só mais um passeio de amigos sem comprimisso.

—Hmmm. – ela não sabia exatamente como responder. – Ah, pode ser...

Ela não conseguiu ocultar completamente sua decepção. Mas não conseguiria dizer não para o garoto que realmente amava.

Felizmente, Hyuuga pareceu não notar o tom triste na voz da menina. Ele pareceu animado, um sorriso desenhando-se em seus lábios.

—Eu passo na sua casa depois das sete, pode ser?

Um novo rubor tomou conta do rosto de Riko. Seus sentimentos se misturaram como se um liquidificador tivesse sido ligado em seu peito. O que ele realmente queria? Pegar ela em casa àquele horário... Parecia realmente um...

—C-claro! – ela tentou forçar um sorriso descontraído.

Sorrindo, o capitão se afastou, deixando a treinadora sozinha com sua tempestade interna de sentimentos e dúvidas.

Mais tarde, quando já passavam das sete, Kiyoshi já estava quase chegando à casa de [Nome]. Viera o percurso todo relembrando tudo o que acontecera e o que gostaria de dizer a ela. Precisava usar as palavras certas, e o pivô estava apostando em sua autoconfiança que o sustentava nos jogos para encontrá-las. Numa das mãos, o garoto trazia um enorme buquê de crisântemos vermelhos que escondiam parcialmente um ursinho de pelúcia pequenino segurando um coração. Debaixo de seu outro braço, trazia os bombons.

Quanto mais se aproximava da casa de [Nome], mais borboletas pareciam surgir em seu estômago, e a confiança que outrora ele sentira foi desvanecendo gradualmente. Quando parou na porta da casa de [Nome], ela tinha se esvaído por completo. Engolindo um seco, o gigante de cabelos castanhos pegou a caixa de chocolates e olhou para sua roupa procurando uma sujeira ou um amassado. Conferiu se o ursinho de pelúcia estava seguro entre os crisântemos e respirou fundo. Inspirando pela segunda vez ele apertou a campainha.

Alguém gritou algo vindo do fundo da casa, e passos batendo na madeira da escada ressoaram por trás da porta. O pivô se endireitou e esperou a porta ser aberta com o coração já ameaçando saltar-lhe pela boca. Para seu alívio e nervosismo ao mesmo tempo, quem abriu a porta foi [Nome]. Ela abriu enquanto gritava algo com a mãe que aparentemente estava na cozinha, mas assim que virou o rosto para o recém-chegado e o reconheceu, a energia de seu rosto desapareceu.

—K-Kiyoshi. – ela gaguejou simplesmente.

—B-Boa noite, [Nome]-chan... – ele tentou levar a mão ao cabelo num gesto involuntário, mas se lembrou a tempo que seus braços estavam ocupados.

A mente da estudante do primeiro ano estava em pânico. O que Teppei fazia na porta de sua casa de noite carregando um buquê de flores e uma caixa de chocolate? Seria possível que ele ainda não tinha desistido?

Um silêncio desconfortável se estendeu entre os dois enquanto o jogador lutava para encontrar sua voz que desaparecera em algum canto de sua garganta. A primeira a falar foi a garota.

—Por que está aqui? – a pergunta era meio desnecessária devido aos braços abarrotados do adolescente. Suas intenções eram óbvias. – Eu disse que não queria mais falar com você.

Por mais que estivesse extremamente confusa e chocada, [Nome] fez um esforço sobre-humano para manter sua voz firme e seca. Não queria dar nenhuma brecha para Kiyoshi. Ela tinha que admitir que jamais esperara aquilo do camisa sete da Seirin, mas ela tinha que se lembrar que o sofrimento causado a ela não seria superado com um buquê de flores e alguns bombons.

Entretanto, no fundo de sua mente, [Nome] não conseguiu reprimir o encanto que fora despertado novamente por aquele garoto alto e bobo. As barreiras que ela lutara para erguer começavam a vacilar.

—Então... [Nome]... chan. – o rosto de Teppei era um livro aberto. Era possível ver sua voz brigando para encontrar as palavras certas que tinham sido maliciosamente embaralhadas pelo nervosismo.

A garota cruzou os braços e recostou-se no umbral da porta. Caramba, por que ele não podia começar simplesmente tirando a droga do ‘chan’ do nome dela? Ela ergueu s sobrancelhas como se dissesse “ e aí?”, o que não ajudou Kiyoshi a ficar mais calmo. Sem saber o que fazer, ele involuntariamente estendeu os presentes para ela.

—I-Isso aqui... É pra você. – a garota ficou sem saída. A forma como ele olhara para o lado, os olhos claramente imersos em vergonha impediram-na de recusar segurar o buquê e a caixa no formato de coração repleta de círculos gorduchos e marrons. Quando aninhou as flores em seu braço esquerdo, algo chamou sua atenção. Um ursinho de pelúcia muito fofo se aninhava entre as pétalas vermelhas, e entre suas patinhas havia um coração com detalhes em prata e rosa.

Mesmo depois de recebe-los, [Nome] não disse nada. Apenas ficou esperando o que quer que fosse vir de Teppei. Com as mãos livres, o pivô finalmente pôde ceder ao seu hábito de bagunçar os cabelos. A colegial apertou os lábios quando ele o fez, pois amava quando o garoto fazia aquilo, e tinha que se reprimir ao máximo para não ceder à vontade de passar os dedos entre seus fios castanhos também.

—[Nome]-chan... – ele tentou começar pela segunda vez. – E-eu... Eu não sei bem por onde começar. Mas eu queria muito pedir desculpas.

Ele respirou fundo e tentou organizar seus pensamentos.

—Eu sei que errei com você, tanto que nem sei como vou conseguir consertar isso, mas... Eu realmente... Eu amo você.

Aquela frase. Teppei nunca a dissera em voz alta. Não com aquelas palavras. Pega de guarda baixa, [Nome] até se esqueceu de respirar. Confusão, dúvida, amor, esperança, tudo isso borbulhou e girou dentro de sua mente enquanto ela tentava entender a si mesma. Ela estreitou os braços em torno dos presentes de Teppei buscando algo em que se apoiar, esquecendo-se que já estava apoiada no umbral da porta.

Ela permaneceu em silêncio enquanto as lembranças boas sobre o garoto que estava de pé diante brigavam com as ruins. O que ela deveria fazer? Era verdade que Teppei a machucara bastante. Ser tratada como outra qualquer enquanto deveria ser a pessoa especial na vida dele... Mas ela não podia negar que tivera momentos ótimos com o pivô da Seirin. Fizera-a rir tantas vezes, alegrando suas tardes com seu jeito bobão e lerdo. Enchia-a de carinhos e cócegas, sempre se esforçando para fazê-la estar o mais feliz possível quando estavam juntos.

Balançou a cabeça. Meu Deus! Aquilo era muito difícil de lidar.

Olhou para os crisântemos. Era estranho que ele tivesse trazido uma flor incomum. Na verdade, já era algo inédito Kiyoshi ter trazido um buquê de flores. Ele jamais se dera ao luxo de comprar esses agrados para ela. Mas já que havia comprado, ela esperava que ele tivesse buscado algo como rosas ou cravos, mas crisântemos?

Alguma coisa pululou no fundo da mente da garota. Algo relacionado à sua avó. Quando criança, ela lembrava de ficar brincando no jardim de seus avós no horário dedicado à poda das flores. E sua avó sempre ia conversando com as plantas, contando para [Nome] a história de cada uma e que era possível se comunicar através delas.

Porém, a lembrança que ela precisava não vinha. Estava na ponta da língua, mas não se formava de forma alguma.

Vendo que a menina continuava em silêncio, Kiyoshi olhou para os lados, o rosto enrubescendo de leve. Ele coçou a bochecha com o dedo indicador.

—Então... – ele tentou retomar a conversa. – [Nome]-chan, me desculpe de verdade. Eu...

De repente, um flash de lembranças tomou conta da garota. Segurando os presentes do ex-namorado, ela relembrou como num filme todos os motivos por ter terminado a relação. Seus dedos se crisparam e ela respirou fundo. Olhou para o chocolate e depois novamente para o buquê, dessa vez focando o ursinho de pelúcia. Kiyoshi jamais comprara aquelas coisas fofas e românticas para ela enquanto estavam namorando, e agora que ela tinha terminado ele tivera a brilhante ideia de reatar utilizando-se daquilo?

Não. Como ela dissera antes para ele e para si mesma, não permitiria que Teppei brincasse com seus sentimentos de novo.

Com um olhar triste para o chão, [Nome] empurrou os presentes de volta contra o peito do jogador, que olhou-a atônito.

—Desculpe, Kiyoshi. Mas você não vai me reconquistar com uns chocolates e umas flores bonitas. Namoramos por um ano, e você nunca fez questão de comprar esse tipo de coisa pra mim. Eu realmente quero esquecer isso. Já deu entre nós dois. Eu não quero mais me machucar.

Com essas palavras duras, cruas e sinceras, [Nome] se afastou da porta e fechou-a como se ela pesasse mais de uma tonelada. Doeu muito deixar o garoto que ela amava parado ali com o rosto retorcido pela confusão e pela dor, mas ela prometera.

Não queria ser humilhada novamente. Nunca mais.

*

Os dias que se seguiram foram torturantes para o camisa sete da Seirin. As palavras ditas por [Nome] naquela noite ressoavam em sua mente dia após dia como uma maldição. Seguia normalmente sua rotina, mas parecia que estava presente apenas com o corpo. Sua alma flutuava num limbo que ele jamais experimentara, e pela primeira vez, Kiyoshi Teppei não tinha ânimo para fazer nada. Até seus costumeiros risos e mensagens de ânimo nos treinos minguaram. E ninguém do time tinha a menor ideia do que fazer para animá-lo.

Enquanto isso, [Nome] tentava reconstruir sua rotina. Decidira de uma vez por todas que superaria o seu término com Teppei e que faria de tudo para recomeçar as coisas. Afinal ela tinha apenas quinze anos, e terminar com um namorado não era o fim do mundo.

Entretanto, lá no fundo de seu coração, ela sabia que havia um buraco. Um vazio muito maior do que ela gostaria de admitir. Ainda amava aquele gigante bobo, e seria difícil esquecer aquele sentimento tão singelo e saudável que preenchera seu coração por mais de um ano.

Mas aquele vazio não iria engoli-la. Ela não se destruiria novamente daquela maneira.

As semanas se passaram e [Nome] decidiu se dedicar de forma integral às atividades da escola. Tornara-se ainda mais empenhada nos estudos e fazia os trabalhos com toda sua dedicação.

Entretanto, quando [Nome] já estava começando a se acostumar com o ritmo de sua nova rotina e com a perspectiva de coisas inéditas em sua vida, um fantasma voltou para assombrá-la.

Ela estava sentada no pátio com um colega de grupo chamado Tadao. Ele era o garoto mais próximo dela de sua classe, e eles se divertiam muito conversando enquanto faziam os trabalhos juntos. No momento, ambos discutiam um ponto problemático de um trabalho de História. Estavam tão absortos que não perceberam a aproximação do vulto alto e imponente que se projetou sobre eles como uma sombra. Ao perceberem a presença, calaram-se e encararam o recém-chegado. O coração de [Nome] quase saiu pela boca.

Diante deles, Kiyoshi Teppei estava parado com as mãos enterrados nos bolsos, o semblante anormalmente sério e abatido. Sua testa vincada dava ao seu rosto um ar estranho de poucos amigos. [Nome] jamais vira Teppei daquela forma.

—Ki-Kiyoshi. – ela gaguejou erguendo os olhos para encará-lo.

O pivô de 1,93m fitou-a e depois girou os olhos para Tadao. [Nome] engoliu um seco e esperou.

*

Kiyoshi tinha tentado de todas as formas seguir em frente depois da terceira rejeição de [Nome]. Entretanto, o vazio que a garota deixara em sua vida era muito maior do que ele imaginara. Depois que parou de vê-la na arquibancada durante os treinos, conversar com ela depois que saía do vestiário, vê-la sorrir e conversar sobre qualquer coisa com ele, o mundo parecia bem mais cinzento para o estudante. Não tinha o mesmo ânimo de antes para o basquete, e nem estava preocupado com a semifinal que se aproximava perigosamente. Nem o adversário conseguia inspirar interesse no pivô da Seirin. A Kaijo definitivamente seria um obstáculo e tanto a ser transposto rumo à final da Winter Cup, mas aquilo não importava mais para Teppei. Não da mesma maneira.

Naquele dia, ele decidira dar uma caminhada sozinho pelo pátio durante o intervalo. Caminhava com as mãos nos bolsos, a mente vazia. Depois de alguns minutos, uma voz lhe alcançou os ouvidos. Demorou alguns segundos para que ele processasse a informação e se desse conta de que era a voz de [Nome]. Ele ergueu involuntariamente a cabeça e procurou-a com seus olhos castanhos. Encontrou-a sentada num banco não muito longe, acompanhada de outra pessoa. Ela conversava animada e ria, o sorriso que ele mais amava rasgando suavemente o semblante delicado da menina. Ao ver aquilo, Teppei se animou um pouquinho. Porém, ao correr seus olhos para a esquerda, percebeu para quem [Nome] sorria.

Era um garoto.

Um sentimento raro e estranho tomou conta da mente do estudante. Seu sangue pareceu ferver dentro de suas artérias, e seu semblante se vincou automaticamente. Sem pensar, Teppei avançou para os dois, os membros se movendo puramente por instinto. Parou bem em frente aos dois, sua sombra se projetando de forma assustadora.

—Ki-Kiyoshi. – [Nome] gaguejou encarando-o assustada.

Ele a fitou por um instante e depois encarou o que a acompanhava. O menino se encolheu diante do rosto intimidador do pivô.

—Bom dia. – ele respondeu por hábito. O calor que emanava de seus cumprimentos costumeiros estava completamente ausente.

[Nome] se remexeu desconfortável no banco. Ele voltou a fita-la.

—Posso falar com você? – ele nem estava acreditando que aquelas palavras estavam saindo.

A garota arregalou os olhos. Não. Não era possível que ia começar tudo de novo.

—Ahm... – ela olhou para os lados buscando uma saída. – Desculpe, Teppei. Estamos discutindo um trabalho de História. E temos que entregar depois de amanhã. Talvez uma outra hora.

Ela tentou se manter firme, mas a verdade era que estava intrigada, irritada e assustada com a atitude do ex-namorado. Teppei estreitou os olhos numa expressão de dor e estendeu o braço para pousar sua mão sobre a dela que jazia apoiada no banco.

—Por favor. – ele insistiu.

Caramba! Ela tinha feito um esforço enorme para superar toda aquela situação com Kiyoshi e justo quando tudo parecia ter se ajustado, ele voltava com essa atitude estranha e insistente. Qual era o problema dele? Será possível que ela tinha falado grego com ele?

Ela olhou para Tadao em busca de apoio, mas o garoto estava intimidado demais com a presença do veterano. Foi aí que [Nome] entendeu.

Teppei só viera até ela porque a vira com Tadao. Com um garoto. Um outro garoto.

Enraivecida, a colegial se levantou dando um tapa para afastar a mão de Kiyoshi. Ele recuou, sua expressão de raiva rapidamente sendo substituída por uma se susto.

—Eu já disse mil vezes Kiyoshi: eu não quero mais nada com você. Nada. Meu Deus, como você só consegue piorar as coisas? Primeiro você acha que vai me ganhar com uma abordagem simplória, depois tenta me comprar com presentes que nunca me deu enquanto namorávamos, e agora vem dar uma de enciumado, semanas depois de terminarmos? Você nunca sentiu ciúmes de mim enquanto namorávamos. Nem ligava quando um garoto se aproximava com segundas intenções óbvias. Estou cansada disso! Isso já está virando uma perseguição. – ela olhou fundo nos olhos castanhos do garoto e disse pausadamente. – Me esquece.

Bufando, a garota marchou firme de volta para o prédio da escola. Kiyoshi ficou para trás, completamente imóvel e desarmado encarando o vazio. Tadao esperou para ter certeza que ele não faria nada e escapuliu, correndo atrás de [Nome].

A garota andou rápido pelos corredores, seus pés inconscientemente a guiavam para o banheiro do andar de sua sala de aula. Seus olhos ardiam, e ela não podia chorar ali de novo pelo mesmo motivo.

Por quê? Por que ele não desistia de uma vez? Por que sempre voltava para fazê-la sofrer ainda mais?

*

Kiyoshi estava deitado de barriga para cima em sua cama, os braços cruzados atrás da cabeça e os olhos vazios encarando o teto. Tinha estragado tudo. Todas as remotas chances que tinha com [Nome] haviam sido destruídas por ele mesmo quando se deixou levar pelo ciúme naquela manhã.

Ela jamais o perdoaria. A única coisa que ele fizera desde o começo da confusão fora piorar ainda mais as coisas.

Ele se virou na cama, enterrando o rosto no travesseiro. Estava com uma vontade terrível de gritar e chorar, mas reprimiu-se. Não mudaria o fato de que a garota que amava deveria odiá-lo agora.

Fechando os olhos com força, Kiyoshi pensou naquilo que mais queria naquele momento. Queria voltar atrás, concertar as coisas... Ou, no mínimo, ter uma última chance para se redimir e mostrar que amava [Nome] de verdade.

Seria difícil demais se recuperar daquela perda. Kiyoshi era realmente terrível quando ao assunto era lidar e superar sentimentos ruins, e o buraco escavado em seu peito pela perda de sua amada demoraria muito tempo para ser fechado. Nem mesmo o basquete poderia fazê-lo.

Era algo único e insubstituível.

“Só uma chance... Uma única chance de dizer que a amo...”, ele pensou em desespero, os olhos ardendo com as lágrimas iminentes.

Ele apertou suas pálpebras e ficou ali em silêncio, reprimindo o choro. Quando sentiu que começara a se acalmar, decidiu permitir que sua mente vagasse. Pensou em coisas aleatórias, em seus avós, suas notas, nos treinos, em [Nome]...

Pronto, o pensamento já retornara ao ponto inicial.

Desconfortável, o adolescente se levantou e sentou na cama, as pernas estendidas para frente. Encarou seu joelho lesionado e se lembrou do jogo contra a Kirasaki Daiichi. Essa lembrança remeteu à proximidade da semifinal da Winter Cup contra a Kaijo. Já estavam dentro da disputa nacional, e iriam jogar com toda a pompa possível. O pensamento fez o estômago do pivô borbulhar um pouco de nervosismo.

Caramba, seria realmente incrível. Jogar num ginásio gigantesco, com câmeras e centenas de pessoas assistindo-os...

Subitamente, uma voz soou em sua cabeça.

“Faça algo especial. Algo diferente. De preferência que seja num lugar que as pessoas possam ver.”

Era a voz de Riko.

Com um estranho barulho de “click”, as peças começaram a se encaixar, e a melhor ideia que Teppei tivera na vida enfim tomou forma. Eufórico e desesperado, o camisa sete da Seirin pegou o celular em sua cômoda e discou rapidamente o nome da treinadora. Depois do terceiro toque, ela atendeu.

—Alô?

—Alô? Riko?

—Teppei! – ela exclamou do outro lado da linha. – O que você quer a essa hora?

Ele respirou fundo. Era sua única chance.

—Eu preciso de um favor.


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Notas finais do capítulo

Ai senhor e agora? '0'

E aí sis? O que achou? eu estou morta de medo do que vc vai achar dos personagens desse capítulo porque eu tive any duvidas nas situações que criei mas... enfim... Espero ter satisfeito suas expectativas ♥ E desculpa o tamanho. Esse ia ficar realmente grande.

Beijinhos e até o próximo capítulo!



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