Insônia escrita por Emily Morrison


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Mais um oneshot sobre casais que destroem meu coração a cada episódio. Espero que vocês gostem!



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Já fazia exatos 47 minutos que Hayley estava de pé na varanda, perdida em pensamentos, mas com os olhos fixos na lua iluminando a noite escura. Ele baixou seu livro, talvez pela centésima vez aquela noite, quando a ouviu suspirar. Ele sabia o que viria agora: ela engoliria o choro e voltaria para dentro, como sempre fazia, se deitaria sozinha na cama, virada para o travesseiro sem dono ao lado do próprio travesseiro, e deixaria escapar uma única lágrima antes de virar para o outro lado, fechar os olhos e tentar dormir.

As noites de lua cheia eram as piores, ele sabia disso, era quando ela se lembrava do marido que perdera. Por culpa dele, uma vozinha acusava no fundo da sua mente, e ele sabia que havia certa razão por trás de tal acusação. Nas primeiras noites ele se deixou iludir por ela, certo de que era a culpa que o mantinha acordado, fazendo-lhe companhia, mesmo que a uma rua de distância. Foi apenas na segunda lua que ele foi capaz de admitir para se mesmo que não era a culpa que o mantinha desperto, era a tristeza. Seu coração se partia com o dela, assim como ele batia maus rápido toda vez que a via.

Ele a ouviu fechar a porta da varanda e largou o livro de uma vez por todas. Foi sua vez de se dirigir até a sua própria varanda. Como sempre, as cortinas do quarto à frente do dele estavam fechadas, mas uma pequena luz, vinda de um abajur no criado-mudo ao lado da cama, vazava pelo tecido, formando uma mancha amarelada através da cortina. Suas mãos repousaram nas barras de metal que cercavam a varanda, permitindo que seus sentidos se amplifiquem ainda mais. Inclinando-se cada vez mais, ele procurava um ruído, um suspiro, uma pista, por menor que fosse, de que essa noite seria diferente.

Quando ela se deitou, seus ouvidos captaram cada batida do seu coração, cada respirar. Isso demandava toda a sua atenção, como se o mundo ao redor dele desaparecesse, restando apenas ele e o quarto escuro à sua frente. Ele era quase capaz de imaginar a cena, mesmo sem conseguir vê-la, com os olhos fechados e os lábios apenas meio abertos, seu cabelo castanho esparramado pelo travesseiro. Era necessária toda a sua força de vontade para resistir ao impulso de ir até ela, segurá-la em seus braços e permiti-la chorar até que a última lágrima caia de seus olhos, mas ele sabia que isso apenas agravaria a situação, deixando ainda mais difícil que ela cumprisse a promessa feita a si mesma. Eu preciso te deixar ir, foi a última coisa que ela disse. Não que houvesse algo mais a ser dito, e mesmo se houvesse, ele não seria capaz de dizer. Era a coisa certa a se fazer, e ele sabia disso, assim, mesmo não sendo capaz de fazê-la, ele lhe permitiu se afastar, ter seu espaço e reconstituir-se ao seu próprio tempo, mesmo que ele a perdesse no processo.

Ele a ouviu se mexer na cama e puxar os lençóis, dando um último suspiro antes de apagar a luz. Por um minuto ou dois, ela ficou completamente parada, até que, bruscamente, ela se virou novamente.

— Elijah? - Ela perguntou, em um murmuro tão baixo que, por um segundo, ele se perguntou se havia imaginado. Ele deu um passo para trás, tão silenciosamente quanto era possível, e, por um segundo, ele sequer se permitiu respirar. Não houve tempo, porém, que ela obteve resposta. Antes mesmo que ele pudesse reunir coragem para dizer alguma coisa, um pequeno choro ecoou do quarto ao lado do dela. Ele a ouviu se levantar e, minutos depois, a luz do quarto ao lado fora acesa. As cortinas também estavam fechadas, mas ele viu a sombra dela se aproximando do berço e pegando a filha no colo, balançando-a suavemente de um lado para o outro até que ela parasse de chorar. Um pequeno sorriso brotou em seus lábios ao observar o desenrolar de tal cena, uma pequena ponta de esperança no mundo caótico em que viviam.

Hayley colocou a filha adormecida de volta no berço. Ele ouviu cada passo no caminho até seu quarto, o barulho do atrito entre os tecidos quando o lençol foi puxado novamente e seu respirar, quase regular, enquanto ela tentava dormir.

Apenas quando ele percebeu que ela se acalmara, deixando-se pegar no sono,  ele se permitiu voltar para dentro. Porém, quando ele estava a apenas um passo do seu escritório, e ela a apenas um passo de mergulhar na sua inconsciência, ele se voltou para o quarto dela uma última vez, com um sorriso quase triste nos lábios, e murmurou as mesmas quatro palavras de toda noite de lua cheia, as quatro palavras que ele jamais fora capaz de admitir em qualquer outra ocasião.

— Eu te amo, Hayley.

E, quando a ouviu segurar a respiração, enquanto seus batimentos cardíacos se elevaram, ele se permitiu sorrir, sabendo que ela ouvira.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido!
Se você gostou da fic, se tem alguma critica/sugestão, ou se só precisa falar com alguém sobre como Haylijah, escreve aquela review lá em baixo e vamos trocar uma ideia!
Por hoje é só, até mais *-*



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