Nada pra mim escrita por ReMione


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Os direitos autorais (personagens e universo HP) pertencem à Tia JK.



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Rose

Lá estávamos eu, Malfoy, uma mesa de jantar iluminada por velas e um elefante na sala.

Toda a situação era estranha: aquele jantar, que ainda nem tinha começado, estava parecendo um encontro, apesar de não ter nada de intenções românticas de ambas as partes.

Não bastasse isso, logo que eu cheguei na Sala, ele ficou elogiando minha roupa, meio que surpreso. Mas ele estava lá todo cheiroso, penteado e bem vestido num cenário típico de um jantar de casal num restaurante 5 estrelas.

Pra falar a verdade o restaurante 5 estrelas eu até entendia, afinal era de onde Shelby costumava trazer os pratos.

O pior para mim era mesmo a surpresa dele. Ele queria o que? Que eu fosse pra algum dos programas requintados dele vestida como uma mendiga?! Ele também não estava de moletom e All Stars, mas sim com camisa, calça e sapatos sociais, tudo muito bem alinhado.

Talvez Shelby tivesse entendido errado e montado um jantar romântico, provevelmente o jantar-padrão para esses eventos "privados" do Malfoy.

Scorpius provavelmente estava com receoso de que eu fosse entender errado. E concluir que ele estava tentando fazer daquilo um encontro romântico. Mas eu acho que só ia tornar as coisas mais estranhas ainda se falasse sobre isso.

Daí eu cometi a gafe de falar de música clássica, pressupondo que ele entendia do assunto e acabei levando o maior fora dele.

Aí restamos os dois totalmente desconfortáveis sem poder demonstrar muita coisa. Resolvi falar a primeira coisa que me veio em mente, só para quebrar o silêncio:

— Talvez devêssemos nos sentar.

— Claro, claro! Me deixe puxar a cadeira para você. - Uau, pelo menos algo normal. Ele sempre se oferecia para puxar a cadeira das garotas do colégio.

— Obrigada, Scorpius. - Agradeci, já me acomodando, enquanto observava ele se sentar na cadeira à minha frente.

— Você costuma vir muito aqui? - Parecia aquela cantada masculina da época dos meus avós. Soltei uma risada. - Vir aqui para jantar, quero dizer, ou almoçar?

— Eu não! - Ele disse, em tom de brincadeira. - Fiquei sabendo que tem uma monitora aí que gosta de punir quem usa indevidamente a Sala de Reuniões.

— É, também já ouvi falar dela. Uma grande estraga-prazeres. - Continuei a brincadeira.

— Mas, sério, hoje no almoço foi a primeira vez que eu, Scorpius, uso a Sala de Reuniões para atividades individuais com fins não-acadêmicos. - Ela riu. - Não conta para a tal monitora, okay?

— Pode ficar tranquilo, ela não saberá.

— Mas eu já vim aqui em algumas festas de seu primo James. E do Teddy, antes de ele se formar. Só por curiosidade: eles tinham que ouvir o Sermão das Regras também?

— Sim, ninguém escapa ao meu Sermão das Regras! Mas eles são hierarquicamente superiores: se optaram por não me ouvir e sofrer as consequências, aí já não é mais comigo. Não sou dedo-duro.

— Entendo. Então só vou poder ignorar esses seus falatórios e proibições quando eu for monitor-chefe?

— Só se você for monitor-chefe e eu não for monitora-chefe. Quais as chances?

— Bem pequenas. Então, até o final da escola você vai me perseguir? - Ele falou, em tom de brincadeira.

— Eu nunca te persegui! Só te relembro das regras quando você teima em quebrá-las. Se você não aprontasse, não teria que me ouvir.

— Mas aí não teria graça.

— Nossa, Scorpius, você precia rever seus conceitos de diversão. Conseguir me tirar do sério é muito fácil, você tem mais criatividade que isso.

— É, talvez você tenha razão... - disse ele, calmamente, olhando para o canto da mesas. - Podemos comer a entrada?

— Sim, claro.

Ele foi até o canto das mesas em que estavam os pratos. Ele trouxe um prato coberto, que supus ser a entrada, e voltou com o próprio prato.

Um vinho e taças apereceram em nossa frente. Conhecendo como o conhecia, tinha certeza que aquele vinho harmonizaria perfeitamente com nossos pratos.

Para entrada tivemos carpaccios e risoto de açafrão e cordeiro. E o vinho; era maravilhoso!

Quando a comida chegou, a situação ficou um pouco menos estranhas e começamos a conversar sobre assuntos "leves", como colegas de escola ou as últimas novidades em magia.

Antes da sobremesa, já tínhamos tomado duas garrafas de vinho tinto. Observei Scorpius indo buscar o vinho de sobremesa e nossos profiteroles.

Quando tomei o primeiro gole do vinho de sobremesa divino que ele tinha acabado de servir, não pude deixar de comentar:

— Você sabe bastante de vinho, né?

— Um pouco.

— Pelas cervejas de hoje cedo, você entende bastante sobre bebidas trouxas.

— Você sabe um pouco também. O suficiente, pelo menos, para reconhecer do que eu entendo.

— A família da minha mãe é toda trouxa. Minha mãe é nascida trouxa! E, pelo andar da carruagem, o provável é que ela fique lá pela Austrália mesmo e se refugie num mundo trouxa. - Ele me olhava com atenção. Nem tocado a sobremesa. - Chega de falar de coisas chatas! Sua sobremesa vai derreter toda!

— Eu como, mas com uma condição.

— Se quiser, eu como para você. Já acabei a minha mesmo! - Parecia uma esfomeada e era totalmente deselegante, mas eu não tinha gostado daquele papo de condição.

— Pode pegar um pedaço. Mas, quando esse prato ficar vazio, você não vai escapar de me contar o que está rolando.

— Pára de me lembrar disso, Scorpius. Eu preciso me distrair.

— Eu sei. Mas você precisa conversar também. - Ele me encarou com ar de seriedade. - A conversa que eu tive com você essa tarde... foi a melhor que eu tive nestas últimas semanas. Você não me veio com clichês vazios, simplesmente me deixou falar sobre o que estava entalado.

— Não é assim. Funciona diferente para cada um.

— Eu sei. Mas acho que vale a tentativa. O máximo que pode acontecer, é você continuar nessa mesma deprê. - Ele disse, comendo o último pedaço da comida. Em seguida, me encarou. - Vamos lá, estarei ouvindo.

— Ah, Scorpius. Não sei se é apropriado falar disso com você.

— Rose, já existem muitos rumores por aí sobre a separação dos seus pais. Então, mesmo que eu tivesse a intenção de contar para alguém, não seriam novas notícias. Essa manchete no Profeta Diário, que você tanto teme, não vai ser tão devastadora assim.

— O que me preocupa mais nem é a separação em si. Provavelmente não vai ser tão chocante mesmo... era questão de tempo até isso acontecer. Só eu e meu irmão que não conseguíamos enxergar. O que realmente me preocupa é o motivo da separação.

— Que é... - Ele ia me fazer dizer aquilo em voz alta?

— O caso que meu pai está tendo. Com outro cara. - A última frase saiu quase inaudível.

— Bom, uma notícia também antiga.

— Antiga?! - Eu gritei e olhei para ele incrédula.

— Nossa, me desculpe. Achei que você já soubesse disso. Me desculpe. - Ele realmente parecia surpreso.

Eu estava em choque. Notícia antiga?! Como assim?!

— Eu soube que alguém estava chantageando meu pai há um tempo sobre um caso que ele estava tendo. Meu pai resolveu chutar o balde e contaram para minha mãe que ele estava tendo o tal caso há muito tempo com um homem. Você sabe quem é o cara?

— Na verdade, sei. Um dos batedores da Seleção da Inglaterra, colega de time dele. Pelo menos até onde eu sei.

— Mas aquele cara é casado! - Eu disse, num misto de incredulidade e raiva.

— Bom, ser casado nunca impediu seu pai de fazer nada.

— Peraí! Você está me dizendo que meu pai já teve outros... namorados?!

— Sim. Notícias antigas, como já disse. - Ele falava com a maior naturalidade do mundo!

— C-Como você sabe disso tudo? - Se ele sabia disso, imaginei quantas pessoas também saberiam do tal "segredinho" do meu pai.

— No mundo do Quadribol, principalmente profissional, todo mundo se conhece muito bem. Ouvi meu tio Andrew falar isso com meu pai, acho que antes de eu entrar em Hogwarts.

— Mas seu pai odeia o meu pai! Ele sabia o tempo todo e nunca disse nada?!

— Sim. A troco de quê ele diria?

— Por odiar meu pai.

— Ele não odeia tanto assim. Já te disse, meu pai é um cara muito diferente do garoto que estudou em Hogwarts duas décadas atrás.

— Por que VOCÊ nunca me contou?

— Porque até hoje de manhã nós mal nos conhecíamos. Sem contar que... você precisaria ouvir da boca do seu pai. É um problema entre vocês.

— Na verdade, eu nem ouvi. Eu li, numa carta da minha mãe.

— Numa carta? - E, pela primeira vez na conversa, ele fez voz e cara de espanto. -Aí seu pai foi babaca mesmo. Ele agora não tem coragem de olhar na cara dos filhos?

— Aparentemente não. Quer dizer... era ele que deveria buscar Hugo na estação hoje. Mas já foram tantas promessas não cumpridas... que eu não duvido nada que meu irmão esteja na casa de Tio Harry ou Tio Jorge a essa hora. Hugo disse que iria me escrever contando o que acontecesse.

— Rose, sinceramente, quer saber o que eu acho? De verdade? Que você está sendo ridícula de detestar seu pai porque ele está junto com outro cara. Se fosse uma mulher, eu duvido que você estaria fazendo esse drama todo!

— Drama? Acabei de descobrir que meu pai está há anos traindo minha mãe. Com quem ele estava fazendo isso não importa.

— Deixa disso, Rose. Aqui na Inglaterra existe todo esse tradicionalismo, que eu acho uma besteira. Se seu pai é mais feliz ao lado de outro cara, deixa ele ser feliz!

— Você é um simpatizante LGBT agora? - Eu perguntei, ironicamente. - Ou você é gay mesmo? - De repente me bateu essa possibilidade. Isso explicaria o bom gosto e toda a finesse.

— Não, eu não sou gay. Mas, sejamos sinceros, faria diferença para você?

— Na verdade faria, porque não ia ter medo quando você me olha meio que querendo me "comer com os olhos".

— Eu não te olho assim!

Eu me limitei a olhar pra ele com cara de séria.

— Okay, eu te olho assim. Às vezes. Só às vezes.

E começamos a rir em uníssono.


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Notas finais do capítulo

Por hoje é isso, galera. Esse fds ainda tem novo capítulo...
E aí? Me digam o que acharam!
Bjs



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