Finalmente me dei conta do que estava acontecendo. Comecei a olhar para os lados e vi todos os guardas jogados ao chão e Thor levantando-se. Um tipo de energia, algo que pairava pelo ar, dissipava-se. Loki olhava, impressionado para a mesma. Não conseguindo entender muita coisa, mexi um pouco minha mão e parecia que eu emanava aquela energia de tom arroxeado.
Minha posição não estava muito... favorável. Estava apoiada no peito de Loki, um pouco trêmula. A outra mão, suspensa no ar, também liberava aquilo. Levantei-me rapidamente, tentando afugentá-los.
–Você não sabe no que está se metendo, mortal!
Thor lançou Mjolnir mais uma vez em mim, meu pensamento apenas quis que eu prendesse aquele martelo. Assim, a energia enlaçou-o, jogando de volta. E mais uma vez, minha desiludida paixão estava errada. Eu nunca tive tanta certeza do que estava fazendo.
Os guardas que acompanhavam o loiro atiravam suas lanças em Loki, que usava magia para bloqueá-las. Mas o deus moreno não vira uma delas, que raspou em seu rosto. Ainda sem controle de minhas emoções, aquela energia prendeu todos os guardas e Thor à parede. Olhei mais uma vez para o loiro, desapontada.
Fui até Loki e peguei sua mão, correndo com ele.
–Você sabe onde está indo? -disse ele, relutante em ir.
–Tem alguma sugestão..? Ou prefere que eu te deixe pra uma reunião de família?
–Você é uma idiota, deve saber não é?
–Você é mais idiota ainda por seguir uma. -continuei correndo. Ele revirou os olhos e começou a tomar o controle da situação, me puxando. Foi nessa hora que tive a vontade de socar aquele rosto. A energia formou um punho e acertou-o em cheio.
–Minhas sinceras desculpas. -disse, tentando conter uma risada.
Ele lançou um olhar congelante para mim e segurou a mão de energia. Puxou-a com força, me trazendo para o colo dele e começou a correr. -Assim é mais rápido para mim, eu conheço um atalho. -ele desviava o olhar.
–Você só está me atrapalhando, mortal. -murmurou.
Comecei a pensar em 100 razões de porque gostava de Thor e não de Loki. Mas elas acabaram se mesclando em 100 razões de porque eu estava com Loki.
Como tinha que ser a única razão: "Porque eu preciso."
Mas tudo me levava a seguinte conclusão:
"Porque eu quis."
–Eu vi como você olha para Thor. Com certeza ele é melhor companhia do que eu. -ele disse, subitamente.
–Mas ele quer me matar. -disse, sentindo meus pés de volta ao chão.
Loki me soltou, entrando em uma nave. O segui, em direção à entrada.
–Sabe pilotar? -ele perguntou, cuidando dos mísseis de lá, apressado.
–Por favor, me diga que isso não é uma nave de guerra. -perguntei, tentando esconder meu pavor com a situação.
–Vou levar isso como um não. -ele suspirou.
Corri para os botões e manivelas de controle. Comecei a apertar tudo, mas não havia sinal da nave ter sido ligada. Puxei uma alavanca aleatória e ela foi diretamente para o ar.
–Você é realmente um desastre com tudo, que nem Thor. Não me surpreende que goste dele. -ele olhou para mim com o canto dos olhos.
–Vamos, rápido! -disse, indo ao volante. -"Você ao menos sabe onde está indo?" -debochei.
–Ao contrário de você, eu sei. -ele tomou conta de alguns botões.
Comecei a apertar mais coisas e acabei dando uma súbita acelerada, jogando meu corpo e de Loki para frente.
–Brilhante. Qual é o problema em apenas dirigir?
–Existe habilitação em dirigir naves? -disse, tentando fazer a nave subir.
–O que é "habilitação"? -ele perguntou, levemente curioso.
–"Vou levar isso como um não". -debochei mais uma vez.
Loki bufou e olhou para trás.
–Ótimo. Temos companhia.
Apertei no mesmo botão e a nave acelerou. Peguei o volante com com mãos firmes e mirei o visor.
–Acho que seria uma boa hora de atirar alguma coisa.
–Argh, não dá tempo. Eles estão atacando. Direita, rápido!
Virei o volante para a direita e um tiro passou de raspão pela nave, desgastando uma das asas.
–Estamos perdendo a velocidade! -gritei, fazendo mais curvas.
–O que você está fazendo? Esse não é o caminho! -Loki gritou, olhando para mim.
–Isso não é importante agora! -disse, tentando despistar a outra nave.
A nave dos guardas estava nos alcançando, tentei reconstruir a estrutura com a energia, mas a asa ficou frágil.
–Você não é forte o suficiente para fazer isso!
Aquela fala me irritou muito. Eu quis muito prová-lo errado, então usei toda a energia que pude para consertar a asa, mas aquilo me deixou cansada e acabei caindo desmaiada. Apenas ouvi o barulho de um vidro quebrado.