Cheguei em Storybrooke no inicio da noite, cerca de uma hora depois da visita da minha mãe eu decidi pegar o carro e ver meu irmão pessoalmente, eu sabia que precisava procurar James e falar com ele, mesmo imaginando que seria um grande problema já que ele provavelmente iria gritar e acabaríamos magoando um ao outro com palavras.

         Observei um momento as janelas do segundo andar do apartamento onde meu irmão morava desde que se casou a alguns anos, a pet shop no andar de baixo estava fechada. A ideia de abrir a loja surgiu quando ele ainda era menino, James sempre gostou de animais, porém ao invés de cursas medicina veterinária ele simplesmente usou o dinheiro que meus pais pouparam para os estudos dele para comprar o local e decidiu entrar em parceria com o Dr. Thatcher que havia acabado de se formar e juntos abriram a clinica. E quando ele e Kathryn se casaram ele reformou a parte de cima em um apartamento aconchegante de três quartos.

         Tomei coragem e sai do carro tocando a campainha antes que a coragem fosse embora. Kathryn não demorou a vir atender minha cunhada parecia cansada, mas sorriu ao me ver e embora eu soubesse que ela já deveria estar sabendo ela nada disse sobre o assunto enquanto subíamos as escadas. James estava sentado no sofá da sala os cabelos ligeiramente bagunçados como quem passa a mão diversas vezes eu sabia que ele estava ciente da minha presença ali, mas ele nada disse de imediato.

         - Emma me desculpa, mas eu preciso buscar as crianças nos meus pais – eu sabia que o que ela queria era nos deixar sozinhos então concordei com a cabeça – James, Margaret esta dormindo provavelmente não vai acordar tão cedo, mas vou deixar a baba eletrônica aqui na estante – ele concordou e assim que ela saiu ficamos um bom tempo em silencio sem saber por onde começar até ele olhar para mim.

         - Então, você tem algo a me dizer Emma? – suspirei sentando no outro sofá.

         - James, me desculpa – aquele parecia um bom jeito de começar.

         - Pelo que exatamente? Pelos anos de mentira? Por não ter me contado? Por eu ser o ultimo a saber de tudo? Por você querer se casar sem ao menos me contar? Ou por você estar se envolvendo com uma mulher?

         - Não vou pedir desculpa por estar em um relacionamento com uma mulher, pela outras coisas sim por isso não.

         - Você me fez de palhaço por anos Emma, mentiu, enganou. Sou seu irmão, somos família não se mente para família ainda mais algo assim. Eu fiquei sabendo por terceiros sabe o que é isso?

         - Eu lamento James de verdade – eu realmente lamentava.

         - Não, não lamenta porque se não tivessem te visto eu não saberia e isso dói Emma, você parou para pensar que você esta com a data de casamento marcada e eu nem ao menos sabia, que pelo andar da carruagem você ia casar sem me contar.

         - Eu queria te contar eu estava pronta para contar, mas quando disse a mamãe e ao papai eles pediram para não dizer. Eles pediram para deixar as coisas como estavam James.

         - Mas para o Graham você contou, ele e Ruby sabiam afinal ela sempre foi sua melhor amiga e ele ... – ele parou por um momento antes de continuar – Você e Graham sempre tiveram um ao outro não é, sempre colados fazendo tudo juntos, ele era seu herói e eu o mala que se preocupa com tudo o chato que vocês escondem as coisas.

         - Complexo do irmão mais velho deixado de lado serio James?

         - Não é complexo, vocês que sempre me excluíram droga, faziam isso na infância e continuam fazendo isso agora.

         - Eu não contei ao Graham James ele descobriu sozinho, ele e Ruby desconfiavam eles notaram e depois que não vim na ação de graças ele resolveu me dizer que sabiam – justifiquei – Não foi nada pensado para atingir você.

         - Então a culpa é minha de acreditar que você falaria algo assim. De pensar que minha irmã me contaria algo do tipo gosto de mulher e vou me casar em alguns meses.

         - Não James, a culpa não é de ninguém. Olha eu não quis fazer você de bobo, eu só não queria magoar ninguém, não queria que nossos pais se magoassem eu comecei mentindo por medo da reação de vocês e quando quis dizer a verdade eles escolheram a mentira.

         - Emma, mentiras sempre tem um fim cedo ou tarde e agora em pouco tempo a cidade inteira vai estar sabendo, todos vão falar e o que eu faço?

         - Não é sobre você James, é sobre mim é a minha vida.

         - Eu sei Emma, mas sou seu irmão droga, acha que vou conseguir ouvir o que dizem por ai de você? – a campainha tocou naquele momento e ele foi ver quem era, voltando em seguida – Preciso ajudar o Dr. Thatcher com uma emergência aqui na clinica, você pode olhar a Margaret por um instante? – concordei com a cabeça – Nossa conversa ainda não terminou.

         Fiquei um tempo sentada na sala, antes de ir até o quarto da minha sobrinha e observei por um momento a pequena dormindo, Margaret assim como Anastasia tinham muito da mãe enquanto Junior carregava mais do que o nome do pai, ele era a copia do meu irmão que era a copia do meu pai. James e Graham tinham formado suas famílias, era tão errado querer o mesmo? Era errado querer filhos com a mulher que tanto amava?

         - Emma – Kathryn chamou da porta – Aconteceu alguma coisa?

         - Não, James precisou sair e eu vim checar se estava tudo bem – expliquei ainda olhando a pequena.

         - Vocês conversaram?

         - Mais ou menos, James não é fácil, mas acho que esta indo melhor do que eu poderia imaginar, ainda não houve gritos então acho que não esta tão ruim.

         - Realmente ele não é fácil – ela se aproximou - Mas ele tem um coração enorme Emma e ama a família demais embora tenha um jeito singular de mostrar ele se preocupa as vezes mais do que o necessário – ela deu um sorriso fraco – Ele queria ter ouvido de você, tenta entender o lado dele, primeiro o Sean contou que te viu e quando ele estava indo falar com você sua mãe disse sobre o casamento.

         - Eu sei que errei em não contar, mas meus pais pediram e no fundo eu sabia ele não ia aceitar e então eu iria perde-lo também não só ele como as crianças e eu não estava pronta pra perder vocês porque eu sei que ele não vai aceitar assim como nossos pais – eu odiava me sentir tão vulnerável, mas no fundo essa era a verdade por mais que James e eu tivéssemos nossas desavenças eu o amava e não queria perde-lo.

         - Emma ...

         - Tia Emma – Junior passou pela porta e gritou assim que me viu recebendo um pedido de silencio da mãe para não acordar a irmãzinha.

         - J.J – tentei sorrir para o pequeno que pulou em meus braços – Eu estava com saudades – disse abraçando o pequeno em meus braços com carinho.

— Eu também, brinca comigo? – concordei com a cabeça e voltamos para a sala onde Anastasia me abraçou também eu sentia muita falta deles então acabei sentada no chão com os dois para brincar. Se James me quisesse longe deles eu não saberia o que fazer.

         - Tia Emma é verdade que você estava aos beijos com uma mulher? – a pergunta da minha sobrinha me pegou de surpresa.

         - Anastasia – Kathryn repreendeu – Desculpa Emma, ela ouviu o Leroy falando no Granny's – não fiquei surpresa que a noticia tivesse se espalhado tão rápido, as coisas aqui se espalhavam como fogo em pólvora.

         - Esta tudo bem, só não sei como responder – disse baixinho.

         - Acho que a verdade seria ótimo – olhei surpresa e ela sorriu então me virei para os dois pequenos que ainda esperavam curiosos pela minha resposta sentados no tapete. E desejei que Regina estivesse aqui ela sim era boa em explicar as coisas para crianças era sempre ela que respondia as diversas perguntas do Roland quando o mesmo estava com a gente, ela saberia o que dizer agora.

         - Eu não sei o que vocês ouviram do Leroy, mas sim eu beijei uma mulher o nome dela é Regina e ela é minha noiva.

         - O que é uma noiva? – Junior perguntou curioso e sorri e antes que eu pudesse responder Anastasia respondeu por mim.

         - É o que as pessoas são antes de casar e depois de namorar, mas tia eu achei que você ia namorar o Killian – não me surpreendi com a pergunta Anastasia era esperta e provavelmente ouviu minha mãe falando sobre o moreno no aniversario dela ou em outra ocasião.

         - Bom o Killian parece uma ótima pessoa, mas eu amo a Regina então não vou namorar ele, na verdade eu vou casar com a Regina em breve.

         - Mas pra casar não precisa de um noivo e uma noiva?

         - Não exatamente, vocês sabem o que é casamento?

         - É como o papai e a mamãe, as pessoas moram na mesma casa – Junior parecia convicto na resposta embora tivesse olhado para a mãe em busca de uma confirmação e sorriu quando e mesma confirmou com a cabeça.

         - Quando um casal se ama muito e querem ficar juntos e formar uma família.

         - É isso mesmo, os dois estão certos. Quando duas pessoas se amam muito e são adultas elas querem dividir tudo uma com a outra então elas se unem formando uma família. Eu sei que vocês não costumam ver pela cidade, mas existem outros tipos de família como a que eu vou formar com a Regina.

         - Então menina pode casar com menina? – confirmei com a cabeça – E menino pode casar com menino?

         - Se eles se amarem pode, a coisa mais importante não é quem casa com quem, mas sim o que leva as pessoas a se casarem é o sentimento entre elas, a felicidade que um trás para vida do outro.

         - E o Killian não deixa você feliz e sim a Regina?

         - É a Regina me faz feliz, nos nós amamos muito e por isso vamos nos casar e quando a gente ama a gente faz carinho.

         - Como o papai e a mamãe, e o tio Graham e a tia Ruby...

         - Exatamente.

         - Tia, mas porque o Leroy estava falando pra todo mundo?

         - Porque ele ficou sabendo agora e como por aqui não tem famílias como a minha ele acha diferente.

         - Nos vamos conhecer a Regina? Ela é legal?

         - Ela é muito legal e sabe tudo sobre vocês.

         - Mesmo?

         - Mesmo, ela sabe que você é um arteiro –toquei de leve o nariz do meu sobrinho que abriu um largo sorriso – E fica subindo em todos os lugares que não deve e que você – fiz o mesmo com Anastasia – É uma princesa linda que esta arrasando no ballet.

         - Seu casamento vai ser como no vídeo da mamãe e do papai?

         - Mais ou menos.

         - E a gente vai poder ir? – ai estava algo que não sabia responder já que James provavelmente faria como meus pais e além de não ir provavelmente não deixaria os dois irem também. Então fiquei em silencio procurando por uma resposta quando reponderam por mim.

         - Sim – olhei para trás rapidamente vendo meu irmão mais velho recostado no batente da porta da sala – Afinal não podemos perder o casamento da tia Emma – me levantei e fui até ele deixando as lagrimas caírem e o abracei.

         - É serio isso? Você vai?

         - Sou seu irmão e não perderia isso por nada Emma – ele me afastou um pouco para olhar nos meus olhos, secando as minhas lagrimas com o polegar – Acredite eu me lembro do dia que nossos pais te trouxeram para casa enrolada em uma manta rosa, você era minúscula e chegou chorando, na verdade você chorava muito e o papai disse que eu tinha que ajudar cuidar de você e te proteger sempre e eu venho tentando fazer isso durante todos esses anos, porque você sempre vai ser minha irmãzinha. Aquela teimosa que se arriscava a subir no armário pelas gavetas para pegar a lata de biscoito na parte de cima – acabei rindo – Essa é minha função cuidar de você, querer seu bem, mesmo tendo que ser o carrasco que vai impedi-la de fazer algumas coisas como usar as gavetas como escada ou sumir de repente. Eu posso viver em uma cidade minúscula onde como você mesmo disse não se vê famílias diferentes, mas eu sou seu irmão e não importa o que você faça isso não vai mudar nunca, eu não vou julgar você  por amar alguém eu só quero o seu bem, sua felicidade e se você esta feliz com essa moça, Regina? – confirmei com a cabeça – Eu vou torcer para que você continue feliz mesmo tendo que me controlar a cada instante para não socar a cara de cada um dos moradores da cidade que falar algo contra você.

         - James ...

         - Eu amo você, então se ela faz você feliz vamos estar lá assistido e desejando o melhor – o abracei outra vez, mais forte.

         - Obrigada.

         - Só não minta mais par mim, não me deixa de fora como se eu fosse só o carrasco, como se você não me quisesse na sua vida ou achasse melhor se casar sem que eu estivesse lá.

         - Não vou prometo, você não tem ideia do quanto quero vocês lá comigo ou quantas vezes quis dizer a verdade.

         - Ótimo é bom saber que vou receber um convite.

         - Seria pedir muito, você deixar Anastasia ser a daminha de honra? – ele riu.

         - Ela vai amar.