A visita do meu irmão a duas semanas foi como uma injeção de animo para mim, havíamos passado horas conversando e ver Regina interagindo com a minha família foi ótimo, Ruby perguntou mais sobre o casamento e logo ela e minha morena estavam conversando animadas sobre tudo. Eles acabaram passando a noite e no sábado saímos para mostrar um pouco da cidade a eles. E me senti realmente leve ao conversar com Graham sem toda aquelas mentiras, meu irmão diferente dos meus pais quis saber mais sobre minha vida e fiquei feliz em contar a ele.

         Então pela primeira vez em muito tempo senti a nossa velha cumplicidade de novo, como quando éramos criança e brincávamos no velho castelo de madeira inventando um mundo nosso onde eu era a princesa e ele o cavaleiro que lutava contra dragões e gigantes ou quando éramos adolescentes jogados no carpete da sala cada um com um fone ouvindo musica.

         No domingo seguinte acabei cedendo e indo visitar meus pais, eu sabia que não seria a melhor ideia principalmente depois que eles souberam que Graham sabia de tudo, mas eu também sabia que não poderia fugir para sempre e no fim acabei discutindo com James sobre minha ausência, ele insistia em saber o que estava acontecendo e o porque tinha ficado tanto tempo sem visitar nossa família não aceitando a velha desculpa do trabalho acumulado. Relevei o teatrinho dos meus pais de uma mentira que começou comigo, embora tenha contado mentalmente até 10 quando minha mãe comentou que Killian ainda estava solteiro durante o almoço e que ele seria um ótimo partido para casar e ter filhos e sugeriu que seria bom para mim.

         Eu odiava quando ela fazia esses comentários, mas agora que ela sabia sobre mim, que sabia que eu estava noiva realmente doía. Graham e Ruby tentaram mudar o assunto anda sim acabei voltando o mais rápido que pude para casa de onde não devia ter saído pensando no quanto eu deveria ter seguido meus instintos e ficado com minha morena e Lilith, saído com elas e curtido o domingo ao invés de insistir com meus pais esperando que eles aceitassem quem eu sou.

         - Temos que fazer as compras de natal ou as lojas vão começar a ficar um caos – Regina comentou antes de tomar um pouco de vinho - Eu vi uma Barbie bailarina linda, acho que a Anastasia iria amar - Regina sempre me ajudava com os presentes sempre íamos juntas as compras e mesmo não conhecendo minha família ela se dispunha a ajudar com ideias.

         - Sem duvida domingo ela falou o tempo todo sobre as aulas que esta fazendo – segurei a mão dela com carinho por cima da mesa do restaurante. Havíamos saído para jantar fora.

         - Marquei uma degustação com um novo buffet e eles indicaram um confeiteira que segundo eles faz bolos lindos e consegui marcar com ela no mesmo dia, assim fica mais fácil.

         - A parte boa experimentar bolos – brinquei.

         - A sim porque as flores são todas parecidas – ela riu lembrando da semana anterior quando ela e Kristin passaram horas olhando arranjos de flores para decoração e minha morena parecia não gostar de nada e por mais que houvesse diferenças nítidas nos tipos de flores depois de horas os arranjos pareciam todos iguais para mim.

         - Depois de tanto tempo elas são parecidíssimas – ver o sorriso no rosto dela falando sobre o casamento me dava coragem de continuar cada passo era como se tudo valesse a pena.

         - E você precisa escolher seu vestido – senti a mão dela apertar levemente a minha quando iniciou o assunto, normalmente o vestido era o primeiro item a se ver eu sabia que ela tinha visto alguns junto com Cora e Ella que tinha se oferecido para me ajudar também, mas no fundo eu estava esperando fazer isso com minha mãe então estava enrolando ao máximo escolhe-lo.

         - Eu vou escolher eu só ... – não tinha uma desculpa e eu tinha certeza de que ela sabia meus motivos - Eu vou escolher amor e não vai chegar aos pés do seu, mas vai ser lindo. 

         - Você vai ficar linda Emma, será a noiva mais linda do mundo par mim. Estava pensando em ir a Nova York ver uns modelos, mamãe disse que viu uns modelos lindos por lá, o que acha de ir comigo? Você sabe que não sou supersticiosa então acho que podemos fazer isso juntas. Se bem que ninguém nunca disse nada sobre a noiva ver a noiva antes do casamento – ela brincou e eu sabia que ela estava tentando me animar com o lance do vestido.

         - E estragar a surpresa, não mesmo você vai ver apenas no dia – me aproximei e beijei seus lábios com carinho e ela sorriu, não queria que ela pensasse que não ligava para o nosso casamento – Vou pedir para a Ruby ir comigo afinal é uma das funções da madrinha de honra ajudar a noiva.

         - Eu estou tão feliz Emma, nós vamos nos casar.

         - Sim nos vamos.

(...)

         Sábado pela manhã Regina foi para Nova York e acabei ficando em casa mesmo, August tinha ficado de passar mais tarde para fazermos alguma coisa, mas não era certeza ele estava tendo como ele dizia um lance com uma mulher do escritório e não andava dando certeza para nada. Estranhei quando o porteiro interfonou e disse que a Mary Margaret estava na portaria, autorizei a subida dela sem saber ao certo o que tinha feito minha mãe vir a Boston ainda mais em um sábado. Assim que abri a porta soube que não viria nada de bom dessa visita, minha mãe estava pálida e com um olhar perdido. Ela entrou no apartamento e me olhou dos pés a cabeça e em seguida observando ao redor, era a primeira vez que ela vinha aqui.

         - Quer beber alguma coisa mãe? – perguntei meio incerta.

         - Uma água, por favor – fui ate a cozinha e quando voltei a vi observando as fotos nas molduras na sala, muitas eram minhas com a Regina, mas algumas eram das nossas respectivas famílias – Ela esta? – não gostei do tom usado para falar de alguém que ela sabia o nome, mas relevei.

         - Não, Regina foi ver algumas coisas do casamento com a mãe dela em Nova York – notei que ela suspirou quando disse a palavra casamento, mas relevei novamente enquanto observava ela olhar o copo com água sem tomar de fato – Senta mãe – indiquei o sofá, mas ela se manteve em pé então sentei sozinha.

         - Você se lembra da Ashley Boyd? – concordei com a cabeça tentando entender o motivo da pergunta – Ela se casou com Sean amigo do James lembra?

— Sim, faz alguns anos – o fato dela estar de pé no meio da minha sala me deixava inquieta ainda sim tentei manter o foco.

— Três anos de casado na quinta – era impressionante como as pessoas sabiam uma das outras em Storybrooke - Eles vieram a Boston comemorar Ashley estava animadíssima com isso, a questão é que ela viu você no restaurante, ela viu você beijando uma mulher em um restaurante, acredita nisso? – então era isso era esse o motivo que tinha feito minha mãe dirigir cerca de duas horas até meu apartamento em um sábado - Imagina minha cara quando soube que eles viram você aos beijos em um restaurante pra quem quisesse ver Emma.

         - Mãe ... – tentei falar, mas ela interrompeu.

         - Ela veio falar comigo, mas Sean contou ao James e ele esta nervoso Emma seu pai ficou falando com ele e em breve a cidade vai estar sabendo também – ela estava quase chorando - Você disse que ia manter isso pra você então Graham descobriu e agora isso.

         - Eles que vieram a Boston, você foi clara disse que era para deixar o que eu fazia fora de Storybrooke e estou fora da sua preciosa cidade – disse com um tom que jamais pensei que usaria com minha mãe.

         - Vocês estavam se beijando em um local publico Emma, onde qualquer um poderia ver.

         - Não estou fazendo nada de errado mãe. Não estávamos nos agarrando, foi um carinho.

         - Quando você nasceu seu pai e eu queríamos te dar o mundo Emma, tudo que você sonhasse porque você era nossa princesa e agora você esta destruindo tudo ficando aos beijos com uma mulher em um restaurante e armando todo esse circo que diz ser um casamento.

         - O que eu estou destruindo exatamente mãe? Os seus sonhos de me ver de volta a Storybrooke? Casada com um cara que você escolheu? E eu não estava aos beijos com uma mulher eu estava jantando com a minha noiva e sim demostramos carinho como qualquer casal, não foi nada absurdo nada que as outras pessoas em outras meses não tivessem fazendo também.

         - Eu sonhei por vinte e oito anos com o dia que você se casaria, eu imaginei tudo, nos iriamos escolher juntas as flores, os convites a louça seu vestido eu ia participar de cada momento Emma, faríamos tudo juntas como deve ser.

— Você não esta participando porque não quer mãe – senti as lagrimas encherem meus olhos – Eu não estou impedindo, pelo contrario eu queria que você participasse, queria você ao meu lado.

— Não estou participando, porque por mais que eu tente não é o que planejei para você, desde que você nasceu eu planejei sempre o melhor para você e então vem uma mulher qualquer e destrói isso e você quer que eu acredite que esta tudo bem.

         - Chega mãe, Regina não é uma qualquer é minha noiva e ela não destruiu nada, ela não é a minha primeira namorada mãe, mas a mulher que escolhi para estar ao meu lado. Eu estou cansada de você e do papai fingindo que nada mudou, eu cansei das mentiras eu disse a verdade e vocês quiseram fingir que tudo era como antes, mas não é. Porque eu vou me casar em maio vocês estando lá ou não. E nos vamos formar uma família e eu queria muito que meus filhos tivessem mais do que os pais da Regina como avos, mas se você não aceita quem eu sou fica impossível. Então se você só veio aqui para insultar minha mulher e a mim, por favor, vá embora e não precisa manter esse teatro de que esta tudo como antes, para de fingir que nada mudou – ela não disse mais nada antes de sair pela porta.