Respirei fundo assim que cruzei a placa de Bem Vindo a Storybrooke, e toda aquela sensação de amar e detestar um lugar se fez presente mais uma vez. Eu havia crescido ali conhecia cada rua como a palma das minhas mãos, e de fato não tenho o que reclamar da minha infância tive pais amorosos, irmãos companheiros e amigos fantásticos que proporcionaram grandes momentos dos quais guardo lembranças com carinho. O velho porto onde alguns barcos ainda atracavam a praia onde fui a diversos luaus e até mesmo o velho castelo de madeira onde brincava com meus irmãos, mas Storybrooke por mais acolhedora que seja é o tipo de cidadezinha ultrapassada que parecer ter parado no tempo anos atrás. E esse foi o principal motivo para que saísse da cidade assim que entrei para faculdade e não cogitasse a ideia de voltar a morar ali.

Assim que encostei o carro em frente a casa dos meus pais eu sabia que o dia seria longo, alguns carros já estavam parados na calçada e varias crianças corriam no jardim decorado com vários balões enquanto outras pulavam em um castelo inflável.

— Tia Emma – um pequeno foguete loiro veio correndo em minha direção assim que desci do carro – Você veio – ela se jogou em meus braços e eu a peguei com facilidade.

— Olá princesa, mas é claro que eu vim não perderia o seu aniversario por nada – ela sorriu então entreguei a sacola que estava em minhas mãos – Feliz aniversario.

— Obrigada – ela me abraçou e no instante que a coloquei no chão saiu me arrastando em direção a casa onde cresci – Você precisa ver o meu bolo é todo rosa e tem morangos – ela soltou minha mão e correu em direção a loira que vinha em nossa direção – Mamãe a tia Emma veio – vendo toda aquela empolgação não pude deixar de sorrir eu amava muito aquela baixinha.

— Deixa sua tia respirar Anastasia – minha cunhada se aproximou com a filha mais nova nos braços – Olá Emma, que bom que pode vir.

— Como vai Kathryn?

— Cansada – ela sorriu fraco – Essa mocinha não me deixa dormir a noite e o Junior esta passando pela fase do subir em tudo sem medo de nada – me aproximei e olhei a pequena quase dormindo nos braços da mãe e antes mesmo que eu me adiantasse para pega-la meus pais se aproximaram fazendo com que os próximos minutos fossem cheios de perguntas e abraços.

Se você não acredita em conto de fadas ainda não conheceu meus pais. Eles são o tipo de casal perfeito nitidamente se amam e eu nunca vi ou ouvi falar de alguma discussão entre eles, são daquele tipo de casal que consegue completar a frase um do outro e que mesmo casando muito jovem e tendo o primeiro dos três filhos antes dos vinte aproveitaram ao máximo cada fase do casamento e nos ensinaram que amor e respeito são a base para tudo. Aos olhos dos moradores da cidade David e Mary Margaret Swan tinham a família perfeita, éramos o tipo de família modelo de Storybrooke.

— Emma eu quero te apresentar um colega – Graham falou se aproximando da mesa onde estava sentada com o pequeno Josh nos braços.

— Agora não da Graham Josh acabou de dormir – tentei escapar de mais uma tentativa do meu irmão de me arrumar um namorado usando meu sobrinho.

— Passa ele para Ruby.

— Ele vai acordar – tentei mesmo sabendo que não adiantaria nada.

— Emma ele é meu filho você pode dançar com ele que ele não vai acordar.

— Vai lá filha – minha mãe que estava sentada ao meu lado com o outro neto incentivou.

— Basta ir e dizer oi – Ruby disse pegando o filho com cuidado e sorrindo com simpatia.

Sem muita opção segui Graham em meio aos convidados então paramos em frente a um moreno bonito de olhos azuis e sorriso encantador que sem duvida conquistava varias mulheres.

— Emma esse é o Killian ele se mudou a alguns meses para cidade trabalha no porto, Killian essa é minha irmã Emma minha mãe falou sobre ela com você.

— É um prazer conhece-la Emma – ele sorriu e tentei fazer o mesmo enquanto meu irmão se afastava um pouco – Sua mãe falou muito bem de você.

— Tenho certeza que ela exagerou.

— Duvido, mas seria um prazer descobrir mais sobre você – esse era direto – Vamos marcar de sair um dia desses?

— Claro, eu pego seu telefone com o Graham e te ligo – estava claro que eu não iria ligar – Preciso ver se precisam de ajuda, foi um prazer conhece-lo Killian – falei antes que ele pudesse pedir meu numero.

Ao invés de seguir para mesa onde minha família estava sentada fui para cozinha e me arrependi assim que entrei vi meu irmão mais velho sentado bebendo uma garrafa de cerveja.

— E lá se vai o pretendente numero 30 – ele comentou – Eu realmente achei que você iria gostar desse ele faz o tipo galã as mulheres da cidade estão correndo atrás dele sabia.

— Imagino que sim – fui até a geladeira e peguei a garrafa de água.

— O que você busca Emma? O homem perfeito? Um príncipe encantado – não respondi e me limitei a encher um copo – Se continuar em busca desse homem vai acabar sozinha.

— O que te faz pensar que eu estou sozinha James – disse irritada me virando para ele.

— Não esta? – vi aquele velho olhar de desafio

— Vocês sempre determinam que eu estou sozinha nem ao menos me perguntam se estou ou não com alguém antes de vir apresentando homens, vocês só julgam.

— Então você esta namorando? Quem é ele? Por que não apresentou aos nossos pais? Por que não o trouxe aqui ainda?

— Essa não é a questão, vocês precisam parar de se preocupar com a minha vida amorosa.

— Você nunca trouxe um namorado aqui, seus relacionamentos sempre terminam antes que você ache que é hora de apresentar a familiar e você acha que não temos que nos preocupar – James sempre fez o tipo irmão protetor sempre com a mania de se achar no direito de se meter na minha vida só por ser o mais velho. E antes que eu pudesse responder qualquer coisa minha mãe entrou na cozinha e olhou a cena por um momento antes de falar.

— James meu filho vai ajudar sua mulher com os convidados – minha mãe falou com meu irmão, que saiu contrariado – Vocês estavam brigando de novo?

— Não

— Emma

— Não estávamos brigando mãe, o James que continua com essa mania de se meter na minha vida.

— Seu irmão se preocupa com você, é o que os irmãos fazem se preocupam uns com os outros – ela sorriu – Me diga o que achou do Killian?

— Melhor voltarmos para festa – ela não insistiu então seguimos juntas para o jardim. Minha mãe era incrível e eu me odiava por permitir que ela me conhecesse tão pouco. As horas seguintes forma relativamente tranquilas, conversei com boa parte das pessoas presentes já que conhecia praticamente todo mundo ali, eram pessoas que me viram crescer. Após os parabéns as pessoas começaram a ir embora e quando sobrou só a familiar começamos a ajudar na arrumação do lugar.

— Então Killian vai ter o prazer da sua companhia?

— Até você pai – ele riu enquanto recolhíamos alguns copos descartáveis das mesas.

— Só estava curioso preciso saber se devo começar a investigar a ficha criminal dele – ele brincou, meu pai era xerife da cidade a mais de trinta anos.

— Não acho que seja preciso.

— Sua mãe estava apostando muitas fichas nesse.

— Mamãe devia parar com isso – me recostei na mesa por um momento.

— Parar com o que Emma? Parar de querer te ver feliz?

— Eu sou feliz pai – ele deixou o saco de lixo no chão e parou na minha frente.

— Eu sei que é, você tem uma carreira ótima é independente e conseguiu deixar Storybrooke como queria tanto, mas não julgue sua mãe por querer mais para você. Ela quer ver você formando uma família, quer saber que tem alguém cuidando de você, alguém que você possa contar.

— Existe alguém – minha voz saiu baixa, mas eu sabia que ele tinha escutado.

— Quem? – não respondi e voltei minha atenção em continuar recolhendo os descartáveis das mesas – Ele é bom para você? Te faz feliz?

— Muito, acho que nunca acreditei que poderá ser tão feliz assim.

— Então quando você estiver pronta eu vou adorar conhece-lo – a melhor coisa no meu pai era que ele sempre foi um bom ouvinte, ele nunca precioso saber tudo para ouvir e aconselhar sempre confiava que nos faríamos a coisa certa.

— Pai como você soube que a mamãe era a pessoa certa?

— O coração da gente sempre sabe, mas acho que eu tive certeza no momento em que notei que nada sem ela valia a pena e que eu queria tudo com ela, e independente do que acontecesse era ela que eu queria ao meu lado – continuamos com a arrumação em silencio e quando sai da casa dos meus pais após muitas promessas de voltar logo e já estava anoitecendo quando deixei a cidade.

O caminho de volta a Boston foi tranquilo e sem transito, mas durante todo o percurso de volta para casa não conseguia pensar em outra coisa que não fosse as palavras do meu pai, eu havia crescido ouvindo sobre o amor e vendo todo o companheirismo dos meus pais, havia aprendi desde cedo a valorizar a família e por anos me imaginei formando a minha até desistir da ideia, eu estava conformada em não ter nada disso em não fazer planos em manter minha vida pessoal longe de Storybrooke, longe da minha família e amigos de infância, mas no fundo eu queria tudo isso queria todos os meus sonhos de menina queria ter tudo e dar tudo .

Estacionei o carro na vaga de costume no prédio e vi que o mercedes preto já estava lá, subi pelo elevador até o decimo andar e assim que abri a porta do apartamento 108 ouvi os acordes da nona sintonia de Beethoven e não pude deixar de sorrir ao ver Regina sentada no sofá com as pernas estilo oriental os cabelos presos em um coque frouxo, vestindo um baby doll preto rodeada de papeis.

— Chegou cedo – ela comentou sem tirar os olhos dos papeis – Achei que ia ficar mais tempo por lá.

— Fiquei o suficiente para sair sem fazer um estrago – joguei minhas chaves em cima na mesa de vidro próximo a porta – Trabalhando?

— Revendo alguns documentos. Brigou com seu irmão mais velho outra vez? – ela perguntou olhando para mim dessa vez.

— Quase, na verdade foi basicamente o de sempre Graham me apresentou um cara que se mudou para cidade, bonito e aparentemente já que todas as mulheres da cidade estão de olho nele minha mãe achou que eu iria me interessar então James se achou no direito de se meter na minha vida.

— Bonito é?

— Muito bonito, mas não faz meu tipo – me aproximei e beijei seus lábios me sentando ao lado dela em seguida.

— É bom mesmo senhorita Swan – ela se virou para mim e me olhou por um momento – Como você esta?   

— Bem – tentei sorrir e fiquei observando por alguns minutos ela lendo os documentos, Regina era linda demais em qualquer circunstancia - Eu conversei com meu pai hoje e eu disse que tinha alguém – ela parou novamente a leitura e me olhou, ela não precisou perguntar para saber que eu não tinha dito que esse alguém era ela ou que era uma mulher – Sabe eu  vim pensando e percebi que eu quero tudo com você, Regina eu quero me casar com você.