O Herdeiro de Prata escrita por LionofGondor


Capítulo 5
O Expresso de Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Arion Pure já está a caminho de Hogwarts e tem um encontro inesperado.



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A movimentação era intensa na estação 9 ¾, pais se despediam dos seus filhos, alunos arrastavam pesados malões e corujas piavam incessantemente. Tudo foi absolvido rapidamente pelos olhos e ouvidos atentos de Arion, enquanto caminhava sem pressa em direção ao trem com Claire ao seu lado, ela também parecia “absorver” todos os detalhes.

Ao chegarem até a porta de um dos vagões, tiveram que esperar um garotinho que inutilmente tentava puxar seu malão pelos degraus da escada, ele tentou e tentou até que o malão escorregou de sua mão e bateu com um baque surdo no chão, Claire se adiantou e colocou o malão de pé novamente, mas pelo esforço que fez pareceu que o malão estava realmente pesado.

Arion soltou sua mala e tirou sua varinha avermelhada do bolso da calça, não sem antes dar um resmungo.

— Wingardium Leviosa!

E a mala flutuou como uma pena, transpassando os pequenos degraus e pousando com elegância dentro do vagão, o garotinho abriu a boca impressionado, o que arrancou risos de Claire, ele continuou sustentando aquela expressão abobada após eles dois adentrarem no trem.

Arion foi na frente, procurando uma cabine que estivesse vazia, não estava com vontade de conversas fúteis com os outros estudantes e uma cabine vazia resolveria isso. Terminou encontrando-a quase que no meio do trem, abriu a porta de correr, puxou seu malão para um dos cantos e abriu a gaiola de Silver, que ronronou em aprovação e foi xeretar pela cabine.

Sentou próximo a janela e apoiou a cabeça no vidro, relaxando as pernas, enquanto Claire se acomodava no banco da frente, procurando algo em seu malão e quando achou, jogou-o em sua direção e disse:

— Quase tinha me esquecido de entregar as moedas para você.

Arion olhou dentro do saco e viu as três cores diferentes das moedas utilizadas ali, Galeões, Sicles e Nuques. Tornou a fechar o saco e o apoiou ao seu lado, seus dedos tamborilavam o vidro da janela, inconscientemente, lá fora os últimos ajustes para a partida estavam sendo finalizados.

— Como você acha que ele seja? – Perguntou Claire

A pergunta pegou ele de surpresa, parou de olhar pela janela e virou a cabeça para Claire, antes de devolver uma pergunta:

— Ele quem?

— Albus Dumbledore. – Disse ela.

Haviam discutido vários detalhes na preparação para Hogwarts, mas em nenhum momento tinham falado sobre a pessoa de Albus Dumbledore.

 Arion sabia tudo aquilo que havia sido notícia nos jornais, quando jovem Dumbledore havia ganho o Prêmio Barnabus Finkley por Excepcional Proficiência em Feitiços, tinha sido Representante da Juventude Britânica na Suprema Corte dos Bruxos e recebeu a medalha de ouro por Contribuição Pioneira na Conferência Internacional de Alquimia no Cairo.

Relatos também diziam que o bruxo era considerado o aluno mais brilhante de Hogwarts em sua época, era no mínimo um bruxo brilhante comparado apenas ao seu Mestre Grindelwald, porém Arion já havia visto seu Mestre em ação diversas vezes e achava difícil alguém se comparar com ele, ainda mais com aquela varinha, era impossível.

— Pelo que dizem, deve ser um grande bruxo.- Disse Arion.

— Alguns dizem. – E nesse momento Claire parou como se medisse as palavras. – Que ele é superior ao Mestre Grindelwald.

Arion ficou em silêncio por alguns segundos, fitando-a nos olhos, ele sabia que outras pessoas na Nova Ordem Mundial pensavam da mesma forma, apenas não expressavam suas opiniões por medo de serem retaliadas ou pior. Por isso considerou ainda mais Claire Dasmond, pessoas dissimuladas que apenas seguiam as ordens, mas não acreditavam naquilo ou as que seguiam a corrente do mais forte para se sentirem fortes também, essas pessoas deveriam ser desprezadas.

— Acredito que essas pessoas estejam terrivelmente enganadas. – Falou Arion.

Um forte apito do trem, interrompeu a conversa, depois de alguns segundos, outro forte apito soou, seguido por mais um dessa vez mais forte e o trem começou a se mover.

Vários familiares e amigos do lado de fora acenavam e sorriam para os estudantes, desejando um feliz semestre e bons aprendizados, Arion ficou observando aquela cena, seu rosto impassível não revelava o que sentia por dentro.

O trem foi se distanciando da estação e ganhando velocidade, o barulho das engrenagens trabalhando fazia uma estranha música aos ouvidos, Arion viu pelo reflexo da janela que Claire havia tirado do malão dois livros, um com o nome de “Uma Avaliação da Educação em Magia na Europa” e o outro intitulado como “Importantes Descobertas Modernas da Magia”, esse ele possuía também, pois seria necessário durante o semestre letivo na disciplina História da Mágia.

Das matérias que tinha pego, essa sem dúvida séria a mais intediante, não sabia quase nada sobre a história da magia, até que ficou tentado a pegar seu livro e ler alguma coisa, mas a verdade era que não dava a mínima para aquela matéria, seu provável desempenho ruim seria compensado nas outras, ou era assim que esperava.

Claire se concentrava nos seus dois livros, quando Silver subiu no banco e veio para o colo de Arion, que se pôs a alisar o pescoço do bichano, lá fora a paisagem ia mudando, uma cena industrial ia se tornando uma cena tipicamente “campesca”.

O cenário continuou mudando enquanto iam se deslocando pelos trilhos, algumas vozes vinham de outras cabines e pessoas passavam pelo corredor, até que alguém abriu a porta da cabine e entrou.

Era um rapaz alto e muito magro, tinha olhos claros, mas o que mais chamava atenção em sua aparência era a careca que possuía, ele pareceu se assustar ao ver que a cabine estava ocupada e demorou alguns segundos para se recompor e falar:

— M..Me desculpem, não s..sabia que a cabine estava ocupada. – Passou a mão por sua careca duas vezes antes de continuar. – Est.. Estou procurando um lugar calmo para ler.

Evitou olhar nos olhos de Arion ou de Claire, preferindo manter a cabeça baixa e já estava quase dando meia-volta, quando Claire falou:

—Pode ficar aqui se quiser.

O rapaz deu um leve menear de cabeça, ainda sem encará-los e sentou-se no banco de Claire, bem afastado como se não quisesse incomodar ninguém.

Arion o observou discretamente pelo reflexo na janela, o rapaz careca tinha roupas muito surradas e seu sapato no mínimo estava em um estado deplorável, o livro que tinha em mãos possuía uma capa com vários remendos e o título estava escrito em símbolos rúnicos quase apagados.

Depois de ver tudo que tinha chamado sua atenção, desviou seu olhar novamente para a visão atrás da janela que agora exibia a vista de um belo campo verde, Claire continuava entretida nos seus livros.

Em certo momento viu o barulho de portas se abrindo e vozes mais altas no corredor, uma voz feminina vinha anunciando doces e guloseimas pelo expresso, depois de alguns minutos ela abriu a porta da cabine onde estavam e anunciou seu intuito.

Arion estava com fome e levantou até o carrinho para comprar algumas guloseimas, seguido de perto por Silver que saltou do seu colo no momento que ele levantou, Claire também deixou de lado os livros e foi até o carrinho.

 A variedade de doces e guloseimas que tinha no carrinho deixaria qualquer criança do mundo com inveja, havia: Feijõezinhos de Todos os Sabores, Sapos de Chocolate, Varinhas de Alcaçuz, Diabinhos de Pimenta, Acidinhas, Bombas de Caramelo e outros que Arion nunca tinha visto.

Claire escolheu um pouco de cada, quando as mãos ficaram cheias, usou a camisa como sacola, Arion também comprou vários doces, não era todo dia que se via tanta variedade, ao sentar espalhou os doces e guloseimas ao redor, Claire também se juntou a ele e espalhou os dela sobre os dele, Silver aproveitando a “chuva” de doces, garantiu o seu, aproveitando a confusão.

                                              ...

— Experimenta esse aqui! – Falou Claire com os dentes coloridos por três tons diferentes. – Não, esse aqui!

— Hmm... Ovo podre! – Disse Arion ao colocar a metade que sobrou do feijãozinho na “pilha dos doces ruins”, enquanto Claire dava uma sonora gargalhada.

Experimentaram mais alguns, cada um tentava escolher um sabor desagradável para o outro, sabão, grama, meia suja e salsicha( cujo sabor, por incrível que pareça, Claire aprovou), foram alguns dos sabores peculiares que provaram.

Estavam se preparando para tentar comer o pacote de acidinhas, quando a atenção de Arion voltou-se para a outra pessoa na cabine, esteve tão entretido em experimentar as guloseimas que havia esquecido por um momento do rapaz careca, Claire também parecia ter notado e rapidamente se recompôs, escolhendo um saco que continha varinhas de alcaçuz e se levantou.

— Oi, esse aqui é para você. – Disse ela.

O estudante careca pareceu se assustar, levantou os olhos do livro que estava lendo, pareceu ficar em duvida se iria aceitar os doces, mas a questão foi resolvida, quando Claire aproximou ainda mais as Varinhas de Alcaçuz.

Eu agradeço. – Disse ele, enquanto pegava o saco das mãos de Claire.

— Claire, Claire Dasmond. – Disse Claire com um sorriso, o que foi uma visão curiosa, já que seus dentes agora exibiam uma coloração roxo berrante.

— T... Tim Ganolld. – Respondeu o outro.

Arion conseguia ver que o estudante Tim Ganolld não estava acostumado a conversar com as pessoas, nem quando a conversa era breve, seus olhos nunca encaravam as pessoas, rapidamente se abaixavam e suas mãos inconscientemente apertavam umas as outras com certa força.

Por isso foi uma surpresa, quando Arion ouviu a voz dele novamente.

— V...Vocês são alunos novos?

— O meu amigo aqui, sim, mas eu estou aqui para auxiliar o Professor Cuthbert Binns nesse semestre. – Disse Claire.

— O Professor Cuthbert Binns?! Então, você vai auxiliar em História da Magia. – Falou Tim Ganolld com um sorriso amarelo.

Pela reação dele, Arion pode inferir que era um aluno muito interessado na matéria História da Mágia, o que se provou acertado, pois os dois começaram a “filosofar” sobre os acontecimentos mágicos durante a história do mundo. Não estava inclinado a participar da conversa que se desenvolvia, logo levantou-se aproveitando a desculpa de trocar de roupa, pegou o traje na sua mala e saiu.

Ainda ouviu Claire falar alguma sobre daqui a pouco ir trocar de roupa também, enquanto fechava a porta da cabine, Silver veio com ele, passando pela fresta da porta, antes da mesma fechar.

 Os corredores do meio para o fim do trem estavam quase vazios, as pessoas estavam em suas cabines, como Arion percebeu ao passar por elas, caminhou por toda a extensão do vagão, até chegar na porta do banheiro masculino, a empurrou e entrou.

Viu um estudante que lavava o rosto na pia, já trajado com o uniforme bruxo, Arion caminhou até a cabine mais próxima e fechou a meia porta, silver o acompanhou, passando pela abertura dela.

Colocou todo o traje que consistia em uma Camisa abotoada branca lisa, uma Malha cinza grossa com decotes pretos, Calças cinzas, Sapatos pretos lisos, um Blazer com um lugar para um emblema em branco e uma Capa cinza com o brasão da escola no peito.

Terminando de abotoar a capa, conferiu se tudo estava em perfeitas condições, achou a gravata um pouco torta, mas era o melhor que havia conseguido fazer, resmungando baixo, saiu do banheiro com Silver em seus calcanhares.

Estava passando pela última cabine antes do banheiro do vagão final do Expresso para Hogwarts, quando a porta da cabine foi aberta e um grupo de estudantes com gravatas em verde e prata e um brasão ostentando uma cobra, saíram.

Todos pararam em sua frente, bloqueando a passagem, Arion encarou todos, sua mão direita já estava tocando sua varinha no bolso da veste, o espaço era curto e sabia que teria dificuldade em bloquear tantos feitiços de uma só vez, por isso, esperou em silêncio com o rosto impassível e os olhos atentos, por fim um deles falou:

— Esse vagão aqui, é somente para os alunos da Sonserina.

Arion olhou para as cores na gravata e o símbolo no peito, era uma das quatro casas em que os alunos eram divididos assim que chegavam a Hogwarts, demorou alguns segundos para responder, deixando a impaciência nos outros aumentar.

— Como pode ver. – Disse, apontando para o lugar em que o emblema em branco estava. – Não possuo casa nenhuma, ainda.

O mais parrudo do grupo, se adiantou alguns passos, com a expressão feroz no rosto, tinha um nariz bulboso e cabelos cortados desgrenhadamente, quando falou, sua voz era esganiçada e irritante.

— Não gostamos de brincadeirinhas, Calouro.

Arion riu, era novo em Hogwarts, mas ser chamado de calouro nunca havia lhe passado pela cabeça, seu riso natural, fez com que o de nariz bulboso avança-se mais alguns passos e tateasse o bolso do blazer a procura do que Arion presumiu que fosse a varinha, não chegou a ter certeza, pois tirou a sua própria varinha da veste com mais velocidade e com precisão acertou-o duas vezes em poucos segundos.

— Expelliarmus. – E viu a varinha que começava a sair do bolso do oponente, voar para longe. –  Alarte Ascendare. – E o estudante com o nariz bulboso foi arremessado com toda força contra a parede lateral do vagão e caiu inconsciente no chão.

O restante do grupo demorou para entender o que havia acontecido, só depois de alguns segundos puxaram suas varinhas, mas não ousaram atacar o “calouro”.

Arion permaneceu calmo, sua varinha de Pau-Brasil em prontidão para repelir qualquer feitiço lançado, conseguia ver as expressões de receio nos rostos do grupo a sua frente, esperavam intimida-lo e a realização de dois feitiços que deixaram seu colega inconsciente, os deixaram temerosos em agir.

O que havia falado na primeira vez, estava suando aos borbotões e sua mão que segurava a varinha tremia incontrolavelmente, os outros estavam conseguindo se controlar melhor, embora Arion pudesse ver a insegurança nos seus olhos.

Todo esse clima acabou, quando a porta da cabine foi aberta mais uma vez e dela saiu um outro estudante, ostentava as mesmas cores verde e prateada, primeiro encarou o grupo, depois seu olhar se dirigiu até o estudante com o nariz bulboso que continuava estatelado no chão e por último olhou para Arion.

Seus olhos eram de um Verde bem escuro, mais para Castanho, quando os dois se encararam, Arion pode ver, primeiro uma raiva que foi rapidamente substituída por um divertimento que em momento nenhum transpareceu nos lábios dele, sentiu os olhos dele o analisarem de cima a baixo em poucos segundos.

Havia encontrado uma pessoa que conseguia “ver” através do comportamento de outras pessoas e perceber reações imperceptíveis para maioria das pessoas. Só havia conhecido uma pessoa até agora que conseguia fazer isso também, seu Mestre Grindelwald, e agora esse estudante.

Ficaram ali por algum tempo, analisando-se, até que o outro pareceu se cansar e virando-se para o grupo, falou com uma voz acostumada a mandar e ser obedecida.

— Peguem o Runcorn e o tirem daqui.

— Mas Lorde, ele nos atacou! – Disse um dos integrantes do grupo com raiva.

O que foi chamado de Lorde, apenas o ficou encarando e repentinamente a expressão do estudante que era de raiva, passou a medo, expressão assumida por todos os outros do grupo, que rapidamente cumpriram a ordem dada e saíram dali carregando o corpo inconsciente do colega.

Depois que eles se foram, o que tinha sido chamado de Lorde, se virou mais uma vez, encarando Arion.

— Talvez esse semestre seja mais interessante do que pensei. – Disse, olhando do rosto de Arion até sua varinha avermelhada. – Como se chama?

Dessa vez falou com uma voz mais suave, sua expressão estava mais suavizada também, se Arion o tivesse visto pela primeira vez, diria que era um estudante calmo. Mas já havia “captado” sua essência e aquilo o deixou mais curioso, aquele estudante também podia mascarar facilmente seus sentimentos, aqueles olhos castanhos nunca pareciam estar sossegados, embora sua face demonstrasse uma calma real.

— Arion, Arion Pure e o seu? – Respondeu Arion.

O outro se virou e começou a andar, parecia que não ia responder, até que falou, baixo como um sussurro e quase inaudível.

— Me chamam de Tom Riddle.


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Notas finais do capítulo

Acompanhem a história de Arion Pure, o Herdeiro de prata.



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