Expurgo: O Turno das Garotas escrita por TheNextSupreme


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Primeira fanfic neste site, aqui está o link de apresentação dos personagens, espero que gostem :) http://expurgovezdasgarotas.blogspot.com.br/



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13.07.2025,NY-Estados Unidos, 1h30min para o Expurgo.

Demi's POV
Paro antes de abrir a porta e olho em volta. Diferente de algumas horas atrás, não há senhoras nas varandas, não há crianças andando de bicicleta e os carros mal são vistos. Estão todos em casa, se trancafiando, cobrindo cada janela, cada porta, cada fresta. Os sistemas de segurança são para quem pode...Ou para quem o governo quer que continue vivendo.
—O que está fazendo aí fora parada?-Amanda diz, segurando a porta com um dos pés.
—Só pensando.
—Você e os pensamentos revolucionários de esquerda, pensar enlouquece. Pense nisso.-Eu ri enquanto a seguia pra dentro da casa.
Cumprimentei todas as garotas a minha volta, pintando os rostos, colocando máscaras, carregando as armas, polindo as facas, se preparando para o nosso Expurgo.
Subi as escadas e automáticamente dirigi-me à primeira porta à direita, ao mesmo tempo em que penteava as madeixas loiras, Amanda abria a porta que rangeu e por fim, entramos no quarto que apelidamos de "Casa da Barbie" simplesmente por ser rosa e brilhante, combina com meu cabelo e nós nunca mudamos a cor. Vi Ashley carregando uma FN mag, ou metralhadora pros mais chegados, com adesivos da hello kitty no cano, Wanessa fazendo o mesmo e Jenn sentada no puff brilhante.
Amanda fechou a porta e, finalmente, o conselho estava reunido.
—Jenn, onde estão Selena e Ariana?
Ela suspirou, os olhos verdes se revirando.
—Gomez está no sótão, de novo e Grande está repassando as informações pro grupo dela.-Eu suspirei ao me lembrar de Selena.
Amanda se jogou no outro puff e disse:
—Vá, falar com a Selena, pelo amor de Afrodite, ela sempre nos dá problemas nesse dia.
—Pois é...-Vanessa começou.-Ela só escuta você, Dems.
—Ainda acho que elas têm um caso.-Ashley disse, eu ri e joguei uma almofada nela.
Saí do quarto e andei mas alguns metros a frente, fiquei na ponta dos pés e puxei a escada que levava ao sótão, subi rapidamente e me sentei na madeira empoeirada, olhei em volta e vi uma das janelas aberta, a luz do quase pôr do sol deixava um dos lados do sótão mais claro do que o outro, e atrás da janela aberta, eu vi um dos pés de Selena.
Andei até lá e coloquei a cabeça pra fora da janela, olhei pro lado e vi e morena com os olhos fixos no resto da cidades, abraçando os joelhos e para a minha surpresa, a maquiagem intacta. Tudo hoje precisa ser intacto, esse Expurgo vai ser o melhor. Não que eu goste de matar, eu odeio, mas o que faremos é diferente.
—Oi.-Eu digo, me sentando entre o batente da janela e uma das telhas.
—Oi.-Ela diz, sem tiar os olhos de onde quer que estivessem.
—Tudo bem?
—Você sabe que não.-Ela diz, finalmente olhando pra mim.-Não podemos simplesmente roubar casos inacabados da polícia e acabar com eles sem mais nem menos.
—É claro que podemos, fazemos isso todo ano.
—Eu sei mas...-Ela suspirou.-Hoje nós vamos mecher com gente grande, eles têm sistema de segurança, Dems! Não tem jeito de entrar, vão nos matar antes, você acha que só nós vamos tentar acabar com uma pessoa rica? Não creio que tenhamos chance.
—Quando a presa tem uma chance de acabar com o predador, ela o faz.
—Eu sei mas...Não se trata mais de matar pedófilos ou estupradores, esse pode ter uma família ou...Ou...Eu não sei! Deve haver um motivo pra polícia ter se "esquecido"-Ela fez aspas com as mãos.-Desse caso.
—Está dizendo que só porque ele é rico ele tem mais direito de aterrorizar meninas do que os outros criminosos?
—Não!-Ela revirou os olhos.-Geralmente, nesses condomínios gigantes, vivem famílias e...Você sabe, nós matamos homens, não crianças ou mulheres, certo?
—Certo, Selena.-Eu disse esboçando um sorriso.-Não mataremos ninguém que não devamos, agora, pode fazer o favor de ir se aprontar?-Estendi a mão pra ela, Selena sorriu e saímos do telhado.
Voltamos pro quarto e depois de Ashley fazer uma piada sobre o fato de termos demorado pra voltar do sótão, fui me arrumar enquanto Jenn e Amanda faziam os últimos preparativos.
Rapidamente, juntei duas partes do meu cabelo cor-de-rosa e fiz um pigtail, que me deixou parecendo uma criança, coloquei uma saia com estampa de rosquinhas e um cropped também rosa, um sapato com um salto não muito grande e me virei pra ver as outras.
Vanessa e Ashley com uma máscara de pano na qual só haviam os buracos pra boca e pros olhos, rosa e com um unicórnio bordado na testa, ambas de biquíni neon. Selena com uma tiara com orelhas de gato, Ariana que havia acabado de chegar na Casa da Barbie com uma máscara preta com orelhas de coelho, luvas e collant igualmente pretos, Amanda com uma máscara branca que imitava o rosto de um gato e Jenn com nada no rosto, além do olhar brilhante esverdeado.
Parecemos prostitutas com todas as roupas curtas e máscaras provocantes, mas de certa forma, eu tenho orgulho de fazer parte disso.
—Ok...-Amanda começou.- Cada duas de nós vai ter um grupo de cinco garotas, vou dividi-las quando chegarmos lá embaixo. Dois, matem quem precisarem e quando formos pro condomínio, nos juntaremos. Todas nós, e acabamos com esse maldito Bieber.-Ela disse a última frase sorrindo.-Entenderam? Somos as líderes, nós começamos isso, só nós 7.
Todas nós assentimos e saímos da casa da Barbie com as nossas respectivas armas em mãos.

13.07.2025,NY-Estados Unidos, 00h30min para o Expurgo.

Amanda's POV
Mesmo com os saltos altos, subo em cima da mesa na sala de estar e as outras lídres assobiam para que as demais garotas se aquietem.
—Ótimo, como eu já devo ter dito, cada duas de nós vai levar cinco de vocês. Grupos A, B e C.-Eu tirei uma folha de papel do bolso do short curto e recomecei a ler.-Grupo A: Ashley e Vanessa, com Lucy, Troian, Shay,Janel e Sasha; Grupo B: Ariana e Selena, com Jade, Jesy, Leigh-Anne,Perrie e Miley; E grupo C: Eu, Demi e Jennifer, com Lauren, Camilla, Normani, Dinah e Ally.-Todas pareceram entender e quase que imediatamente, o Sistema de Transmissão de Emergência começou a ser transmitido.
"-Isto não é um teste. Este é o seu sistema de transmissão de emergência anunciando o início do Expurgo Anual sancionado pelo Governo dos EUA. Armas de classe 4 e inferior têm sido autorizados para uso durante o Expurgo. Todas as outras armas são restritas. Os funcionários do governo de classificação 10 foram concedidas a imunidade do Expurgo e não serão prejudicados. Quando a sirene soar, todo e qualquer crime, incluindo assassinato, vai ser legal por 12 horas contínuas. Polícia, bombeiros e serviços médicos de emergência não estarão disponíveis até amanhã de manhã até 07:00 , quando o Expurgo se conclui . Benditos sejam nossos Novos Pais Fundadores e América , uma nação renascida. Que Deus esteja com todos vocês."
Então a primeira sirene soou. Pulei da mesa e entreguei uma relação de nomes e endereços pra cada grupo, guardei o do meu grupo no bolso e fiz com que todas se dirigissem pra fora da casa.
—Vocês sabem porque estamos fazendo isso.-Comecei.-Não matem ninguém que não precisem.-Fiz um sinal para que Jenn e Demi me seguissem.-Suas lídres têm walkie talkies e quando terminarem, nós nos reuniremos pro expurgo final e acabaremos juntas com esse rico maldito, tudo bem?-Elas me ovacionaram, e foram se organizando em seus respectivos grupos.
Vi todas entrando nas vans com uma hello kitty descuidadosamente pintada nas laterais e, por último, entrei na do meu grupo e fechei a porta. Jenn começou dirigir, dando sinal para que as outras começassem também. Que Afrodite nos proteja.
Demi colocou metade do corpo pra fora e começou a gritar, atirando pra cima, provavelmente Ashley ou Vanessa responderam com uma das metralhadoras cor-de-rosa. Não me preocuparei com a munição, temos de sobra o que compramos por preços ridículos na deep web.
Sorrio pras cinco meninas a minha frente, que provavelmente nunca foram expurgar, mas se estão aqui hoje, é porque têm motivo e eu odiaria ter que expulsar alguma delas pra se virarem sem armas no meio dessa noite.

13.07.2025,NY-Estados Unidos, 12h55min para o fim do Expurgo.

Camilla's POV
Provavelmente, meus motivos para estar aqui não chegam nem aos pés dos motivos delas. Se arrependimento matasse, eu já estaria gelada e dura no chão dessa velha van. E eu pareço ser a única das cinco que está nervosa e assustada por estar indo assassinar uma série de homens. Coisa simples, não? Pra quê me assustar?!
Estou tentando evitar contato com as outras quatro e as líderes, mas revezo entre olhar pro chão, olhar pra janela com o caos se formando a cada esquina e...
—Oi, tudo bem?-Uma das quatro diz, mas eu só consigo olhar pros grandes olhos verde musgo em minha frente.
—Oi.-Eu digo, voltando a olhar pra janela.
—Tudo...Bem?-Ela disse de novo, insistente. Será que ela não percebe que talvez, só talvez eu não queira dizer que estou morta de medo ou algo do tipo?
Apenas dei de ombros, quando eu era uma criança, minhas babás sempre me diziam para não falar com estranhos, imagine só psicopatas!
—Meu nome é Lauren e...-Eu tive que me virar pra ver as outras quatro.-E essas são, Dinah, Ally e Normani.-Eu acenei pra cada uma delas e elas acenaram de volta.-E você deve ser a Camilla.
—Como sabe meu nome?
—Bom, Amanda disse nossos nomes antes de o Expurgo começar.-Ela deu um meio sorriso, e lá estava eu fixada nos olhos musgo novamente.
—Ah...Claro.-Senti minhas bochechas corarem.
—Você está bem mesmo...Ou só é meio quieta e quer ficar na sua?
E então, o tempo dentro da van parou. Demi desceu do teto solar, Amanda respirou fundo e Jennifer pisou no acelerador, me virei para a janela a ponto de ver um grupo de pessoas sendo retiradas de um prédio em chamas, todas sendo arrastadas por homens de terno e gravata, não pude ver os rostos, estavam com máscaras e então, todas as pessoas se ajoelharam no chão com um homem de terno atrás de cada. Eu ouço um choro infantil, e então o barulho horrível do lado de fora. O choro parou.
Mordi o lábio, as outras garotas sussurravam entre si, vi Demi e Amanda se entreolharem.
—Eu estou com medo, Lauren.-Eu disse, sem olhar pra ela.-Não de morrer, mas de matar.
—Ei, fiquem calmas.-Demi disse, se sentando ao lado de Amanda no banco de frente pro nosso.-Eles não nos viram, não vão nos seguir ou algo do tipo, nossas janelas são revestidas de preto, só nós podemos vê-los.
—Só não são blindadas, não tivemos dinheiro pra isso.-Amanda completou e as duas riram juntas enquanto eu me assustava cada vez mais.
Olhei pro lado, todas olhavam pras janelas enquanto Lauren estava com a cabeça recostada no banco, os olhos fechados, inspirando tranquilidade.
—Será que eu sou a única pessoa ainda sã aqui?-Eu disse pra ninguém em especial.
—Deixe isso pra lá, olha pra elas.-Lauren começou, se referindo a nossas lídres.-Elas são tão empoderadoras, tão inspiradoras que eu me esqueço do medo. Aqueles homens fizeram coisas horríveis e serão punidos por suas próprias vítimas. Não é o máximo?
—É assustador, matar eles não vai mudar absolutamente nada. Só estaremos sujando nossas mãos.
—Então faz o que aqui conosco, Camilla?-Demi disse, olhando pra janela. Engoli em seco.-Com certeza há um motivo, você não seria sem noção o suficiente pra se enfiar no meio de uma missão quase-suicída, ainda mais na noite mais perigosa do ano.
—Si-Sim!-Eu gaguejei.-Eu tenho um motivo.
—Ótimo. Você não está errada, não fará diferença alguma matar eles. Mas faz diferença começar uma revolução anônima, que só vai acontecer uma vez por ano enquanto nos outros 364 dias, mulheres se inspiram em nós e param de ter medo, como você.
—Uau.-Eu disse.-Isso não é sonhar alto demais? E como sabe que funciona?
—Não.-Amanda começou. O que eu estou fazendo? Desafiando quem pode me matar em segundos? Onde eu estou com a cabeça?-Isso é evitar que mais garotinhas cresçam assustadas e traumatizadas assim como nós, isso é empoderamento feminino, minha querida.
—E nós sabemos que funciona, porque Lauren é um exemplo disso.-Demi completou.-Não vê? Ela me parece confiante.
Lauren assentiu, com um sorriso de ponta a ponta.
Talvez eu esteja entendendo, mesmo que, completamente, eu não seja uma delas. Somos apenas soldadas lutando contra monstros gigantescos mas, se nos juntarmos, seremos tão gigantes quanto eles. Talvez meu medo esteja se esvaindo, só talvez.
Então, sem que eu tivesse tempo para um último suspiro, Jenn estacionou em frente a um prédio de tijolos, a noite chegando, tiros ao longe, a porta iluminada apenas por uma lâmpada amarelada e meu coração disparado.

13.07.2025,NY-Estados Unidos, 12h45min para o fim Expurgo.

Demi's POV
Amanda, Jenn e as outras garotas já haviam saído da van enquanto eu ainda procurava o walkie talkie do nosso grupo. De repente, me vi sozinha com Normani.
—Já sei...-Revirei os olhos.-Está com medo?
—Na verdade não, senhora, quer dizer...Demi, ãhm...Eu não comprei uma arma.-Eu ri enquanto ela parecera não entender nada.
—Ah, por que não disse logo?-Tirei outra arma de debaixo do assento da van.-Essa é uma Taurus Mini cor-de-rosa, não se engane pelo tamanho, ela faz estrago.-Eu disse entregando a arma a Normani.-E corta essa de senhora, nós somos amigas e isso não é um maldito exército.- Nós rimos e, finalmente, saímos da van.
Joguei o walkie talkie pra Jenn, que comunicou aos outros grupos que haviamos chegado ao primeiro nome da lista.
—Ok, novatas...-Jenn começou.- James Darwin é o desgraçado que agredia a própria esposa e foi acusado pelas próprias filhas de assédio sexual infantil. Na sua antiga casa, foram encontradas armas de classe 3 e instrumentos de tortura, isso não é brincadeira, se fizerem alguma gracinha, pode custar a vida de vocês.
Olhei pras cinco garotas, Camilla faz com que eu me lembre de Selena, espero que não tenhamos problemas com ela.
—Se alguém quer sair correndo, a hora é agora.-Eu disse.
—Como entramos?-Lauren disse.
—É assim que eu gosto.-Amanda disse.-Mas é meio óbvio, arrombamos a porta e atiramos.
—Demi!-Jenn disse, jogando-me uma uma pequena bolsa de moedas.
Peguei a bolsa e retirei as chaves universais de dentro, pequenos instrumentos de metal com extremidades diferentes umas das outras, mas quando combinadas, capazes de abrir qualquer coisa.
—Ok...Quem se habilita a apontar minha arma pra porta enquanto eu abro?-Comcei.-Não sabemos se Darwin vai estar nos esperando do outro lado com um arsenal apontado pra nós.
Olhei pra trás e vi Amanda observando as próprias unhas como quem não sabe de nada, Jenn com os braços cruzados e o costumeiro olhar aniquilador pras cinco garotas. Todas esperando por alguma reação de uma delas.
—Não temos todo tempo do mundo...-Relembrei.
—Ah que se dane, me dê essa arma logo.-Jenn disse. Joguei a arma cor-de-rosa pra ela.-Vocês não servem pra nada, não é?-Sibilou pras cinco. Amanda riu.
Voltei a prestar atenção na porta. Olhei em volta, o céu já quase totalmente escuro, tiros, gritos, pneus cantando não muito longe dali...Apenas vestígios do Expurgo.
Coloquei a primeira chave e empurrei, segura de mim, já que Jenn está logo atrás para atirar em quem quer que queira fazer isso primeiro. Coloquei a segunda e empurrei, respirei fundo e adicionei a terceira enquanto empurrava as três ao mesmo tempo.
Nenhum resultado.
—Demora assim mesmo ou...-Ouvi a voz de Lauren em alguma parte atrás de mim.
—Cala a boca, Lauren!-Jenn disse.
—Tenha paciência, só isso.-Amanda disse, sendo gentil e encobrindo o veneno de Jenn, como sempre. Esbocei um sorriso.
—Sempre funciona, por que logo agora...-Comecei a perguntar a ninguém em especial, então, com um solavanco a porta foi destrancada, com um rangido ela se abriu pro lado de dentro. Engoli em seco.
Olhei pra trás e fiz um sinal com as mãos para que Jenn se preparasse para qualquer coisa. Peguei outra arma do outro lado da cintura e esperei que Amanda fizesse o mesmo.
Em segundos, lá estávamos nós, as três mosqueteiras e...As cinco galinhas amedrontadas logo atrás.
Chutei a porta com força, ela bateu na parede, apresentando um corredor de luzes apagadas e papel de parede descascando. Estreitei os olhos pra ver melhor através da escuridão, mas acabei não vendo absolutamente nada.
—Vamos lá.-Sussurrei pra Jenn a minha esquerda e Amanda a minha direita.
Com a arma em punho, adentro a escuridão, só capaz de ouvir meus próprios passos e a respiração pesada das garotas atrás de nós.
Olho pros lados, só vejo porta-retratos velhos de meninas que deveriam ter entre nove ou dez anos, provavelmente as filhas dele. Provavelmente as crianças que mais sofreram em suas mãos sujas.
Saio dos meus devaneios e quando vejo, do lado esquerdo há uma entrada para o que parece ser a cozinha, luzes igualmente apagadas. Estreito os olhos novamente e projeto o pescoço levemente na direção da entrada. Não vejo nada, afrouxo a mão com a arma.
Ouço um baque surdo seguido de um urro, um quase rugido misturado aos gritos assustados das garotas, olho pro lado mas minha visão é abafada pelo corpo gigantesco me empurrando pra baixo e então percebo o que está acontecendo.
—SAI DE CIMA DE MIM, SEU DESGRAÇADO!-Vocifero, chutando pra todos os lados e tentando apontar a arma para uma parte do corpo dele, mas ele segura meus braços com ambas as mãos, é frustrante e por que diabos uma das garotas não atira? Meu Deus, irei morrer.
—São minhas palavras preferidas, docinho.-Ele diz em cima de mim, o hálito cheirando a uma mistura de álcool e cigarro me faz querer vomitar enquanto arrasto as pernas pelo chão, tentando sair debaixo dele.
E então, não faço ideia de onde, ele tira uma faca de trás de si mesmo, pronto pra desfigurar meu rosto, mas enquanto ele pega a faca eu avanço e mordo o braço sujo que ainda segura uma das minhas mãos, ele urra e eu tento atirar mas acabo me distraindo com os gritos cada vez mais altos das garotas, quando posso ver, estou no chão novamente com Darwin socando meu estômago. A dor indescritível me tira o ar e eu enfraqueço. É isso, é o meu fim.
Então, vejo o brilho da faca sendo jogada pra esquerda e logo em seguida, um tiro perto de mim o bastante pra atordoar meus ouvidos. Quando me recupero, vejo o repugnante homem jogado em minhas pernas, as costas ensanguentadas.
Olho pra cima, vejo Lauren com uma arma nas mãos, ainda apontando pro sujeito. Os olhos verdes vidrados em qualquer ponto fixo no cadáver.
De repente, sinto mãos me puxando pra cima e vejo Amanda e Jenn dos meus dois lados novamente, esboço um sorriso enquanto pressiono a barriga dolorida com uma das mãos.
—Se machucou, Demi?-Amanda pergunta.
—Acho que não.-Então, me assusto ao ver um segundo corpo no chão, outro homem. Agora entendo o porquê da demora pra me tirarem daquela situação.
—Um capanga dele, presumo.-Jenn diz.
—Entendo.-Digo me desvencilhando de minhas amigas, viro-me para trás e puxo Lauren pelo braço, ela olha pra mim imediatamente com aquela coisa impregnada nos olhos.
A sensação de ter retirado uma vida, não importa de quem fosse, era algo que perseguiria a todas nós pra sempre.
—Obrigada.-Eu digo.
—Não foi...Nada.-Ela diz, tentando sorrir.
Segundos depois, estamos de volta pra noite de Expurgo, reunidas dentro da van que ainda não recomeçara a andar.
Eu olho pra cada rosto que deveria estar assustado, mas não, estão repetindo pra si mesmas a coragem que tivemos e rindo da situação, parabenizando Lauren por ter sido a primeira delas a expurgar de verdade. Com exceção de Camilla, óbviamente, que estava olhando pra janela com um olhar perturbado e tudo o que eu posso fazer é esperar que ela se recupere.
—Essas garotas são loucas.-Amanda diz, olhando pras cinco.-Onde isso está certo? Matar e sair rindo?
—E nós não somos?-Respondo. Ela sorri.
Segundos depois, Jenn comunica os outros grupos que já riscamos um nome da lista e recebe informações de que os outros estão na quase mesma situação que a nossa, todas indo pros segundos nomes ou terceiro.
Enfim, com a van carregada de desespero, medo, ódio, adrenalina e toda emoção típica do Expurgo, nós partimos pro próximo nome.

13.07.2025,NY-Estados Unidos, 12h16min para o fim Expurgo.

Selena's POV
—Ari!-Eu grito, girando o corpo para falar com ela que estava no banco do motorista.
—Nem me pergunte...-Ela diz.
—Bom...As janelas são blindadas certo?
—É o que Jenn diz.
—Veremos se é verdade agora.
Engulo em seco, torcendo para que nada dê errado e que os outros grupos estejam numa situação melhor que a nossa. Olho pros rostos confusos das outras garotas.
—O que está acontecendo?-Miley diz, retirando a franja do cabelo louro curto dos olhos.
—Bom...entramos nesse quarteirão e demos de cara com aqueles mascarados suicídas típicos do Expurgo, com algumas armas intimidadoras nas mãos e...São muitos. E nos cercaram.-Digo olhando pra fora.
—Ótimo!-Ela respondeu, irônica.-Iremos ser massacradas ridículamente em vão.-O que acabou assustando as outras quatro garotas, que começaram a murmurar e lastimar entre si.
—A esperança é a última a ser massacrada, babe.-Eu disse, tentando transparecer mais coragem do que eu mesma tenho.-Nós iremos passar por eles, e continuar com a lista. Entendido?
Elas assentiram e Miley aquietou-se.
Virei-me para Ariana, afaguei seu ombro e em seguida ela pisou no acelerador, logo os gritos e a saraivada de balas nos atingiam.

 


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