Aos poucos, tudo foi voltando ao normal. Nos primeiros dias, Sakura e Sasori custavam a aceitar a forma como havia terminado o breve relacionamento. Ambos se jogaram de cabeça em algo que eles sabiam que não tinha futuro. Se antes era horrível sofrer pelo Uchiha, chorar toda santa noite por Sasori era ainda pior. Sakura fingia sorrisos durante o dia e a noite se afogava em lágrimas. Seus amigos logo perceberam.

— Desde que o Sasori foi embora não te vejo dando um sorriso espontâneo. – Comentou Naruto ao ver a amiga amuada.

— Tá sendo difícil. Só isso.

— Sakura, nem quando o Sasuke te deu um pé na bunda você ficou desse jeito.

— A situação é diferente, Naruto. Sasuke me largou porque queria outras mulheres. Sasori me deixou porque mora em outra cidade, mas me ama. Ele disse com todas as letras.

— Vá atrás dele! – Incentivou.

— Não dá! Ninguém joga tudo por alto por causa de uma paixão tão recente. Seria loucura!

— Se você o amasse mesmo, iria...

— Não é isso. A gente só tenta se proteger. Eu nem ele podemos jogar tudo pro alto em nome de uma paixão de férias. Só foi um mês. Talvez eu nem conheça Sasori o suficiente.

— E você vai ficar se perguntando a vida inteira como poderia ter sido?

— Vá pro inferno, Naruto! – Sakura então voltou a trabalhar e deixou o amigo sozinho.

[...]

Enquanto isso em Suna...

— Hoje não vai dar aula? – Perguntou Deidara ao amigo.

— Hoje não.

— Sasori, quase não te reconheço mais. Tudo bem que você nunca foi a pessoa mais feliz do mundo, mas você não dá um sorriso mais. – Opinou Deidara.

— Eu sinto falta da Sakura.

— Por que foi se apaixonar durante a viagem hein? Era só pra pegar essa mulher e não se apaixonar por ela.

— No início, eu pensava que conseguiria não me apegar. Mas, a cada dia que passava, eu ficava mais envolvido. No último dia até me declarei. – Confessou.

— Que merda! Você não devia ter feito isso.

— Eu sei, mas sei lá... ela tava chorando. Aquilo partiu meu coração. Eu queria poder ficar com ela.

— Quem sabe no futuro?

— Ah, Deidara... eu queria ser tão otimista, mas não dá. Ela vive em outra cidade. Namoro a distância é uma coisa que não dá certo. E eu sou um cara sem posses. Da onde ia tirar dinheiro pra ir todo mês pra Suna mesmo que por um final de semana?

— É. Quem sabe se um dia você ficar rico?

— Estamos pedindo por um milagre.

— Eu acredito em milagres.

— Prefiro ser realista. Tenho que esquecer a Sakura.

— Aham que você vai conseguir. – Disse irônico.

— Vou tentar.

— Tá na cara que você tá apaixonado, Sasori. E, te conhecendo como eu conheço, só vai tirar essa mulher da cabeça quando viver essa história.

— Vou me concentrar no trabalho.

— Talvez se você voltar a namorar a Shion seja mais fácil esquecer a Sakura.

— Nem nos meus pesadelos mais terríveis ia acontecer algo assim. Eu e a Shion nunca mais vamos ficar juntos. Morro sozinho.

— O que ela te fez, cara?

— Eu não gosto dela. Só isso.

— Tudo bem. Então, foque no trabalho! Não quero te ver sofrendo pelos cantos.

— Beleza.

[...]

Na loja de discos...

— E aí, Sakura? Tudo bem? – Perguntou Sasuke ao encontrar com a garota arrumando uma estante com discos.

— Sim e você?

— To indo... Tava pensando se você toparia ir fazer uma trilha comigo no sábado.- Disse colocando as mãos nos bolsos.

— Eu não sou muito chegada a esse tipo de atividade, Sasuke.

— Era bom você fazer algo diferente. Tirar essa cara de enterro. Afinal, aquele cara não vai voltar.

— Eu sei que não vai. Você não precisa me lembrar.

— Desculpa, mas é que eu não consigo te ver desse jeito.

— E desde quando se importa Sasuke?

— Desde que eu percebi que eu gosto de você!

— Até parece! – Sakura debochou e voltou a arrumar os discos em ordem alfabética.

— Você ainda vai ver que eu to falando a verdade!

— Vaza, Uchiha! – Sakura mandou e Sasuke resolveu ceder. Para ele, alguma hora ela perceberia que o ruivo não iria voltar.

[...]

Em Suna...

— Sasori, quer desabafar com a sua avó porque anda tão triste?

— Ah vovó...

— Fale, por favor! Quem sabe esta velha possa de dar um bom conselho?

— Só não gostaria de preocupá-la.

— Ficarei muito mais preocupada se não souber o motivo da sua agonia.

— Tudo bem – Respirou fundo – Eu me envolvi com uma mulher durante as minhas férias e agora não consigo esquecê-la.

— Querido, eu sinto muito pelo seu sofrimento, mas namorar à distância é algo difícil de dar certo. Por que não volta com Shion?

— Vovó, eu e a Shion já resolvemos nossa história. Além do mais, eu amo essa moça de Konoha.

— É paixão, querido! Uma hora isso passa! – Fez um rápido cafuné na cabeça do ruivo.

— E se não passar?

— Vai passar! Confie na sua velha avó...

Chiyo saiu de perto do neto, mas Sasori não conseguia parar de pensar na conversa que tiveram. Será que o que sentira por Sakura era apenas uma paixão momentânea? Sumiria daqui a alguns dias? Então, porque esse sentimento parecia tomar conta de todo o seu ser e ir sufocando-o por dentro?

[...]

Alguns dias depois...

—Alô.

— Oi, Konan. Sou eu, Sasori. – Avisou.

— Meu Deus! Pensei que você tinha evaporado do mapa! Como está?

— Bem e você?

— Eu to ótima! Queria dizer o mesmo sobre a Sakura, mas...

— Ela tá sofrendo?

— Sasori, ela me pediu pra não falar com ninguém sobre isso, mas sei lá... acho que você deve saber. Ela sente muito a sua falta.

— Eu também sinto, Konan.

— Então, por que você não pede pra namorá-la? Ia ser tão mais fácil.

— Não é fácil. Eu vou continuar em Suna e ela em Konoha. Tentar só ia fazer a gente se magoar mais.

— Vou ter que bancar a cupida com a Sakura de novo então, mas dessa vez vou procurar um local...

— Eeeeei! – Reclamou Sasori.

— Ué, você mesmo disse que vocês não têm futuro. Só to pensando no bem da minha amiga.

— Eu também tenho sentimentos, Konan. – Avisou Sasori.

— Olha, se eu fosse você, resolvia sua vida aí em Suna e vinha logo pra cá.

— Não é tão fácil fazer isso como você diz...

— Ok, você não quer arriscar. Eu entendo. Sakura também entende. Mas você não pode impedir que ela tente seguir com a vida dela entendeu?

— Entendi.

— Procure alguém legal aí em Suna também. Quanto antes vocês esquecerem esse romance será melhor para os dois.

— Eu sei.

Sasori não estendeu sua conversa por muito tempo com Konan. Cada frase que a mulher dizia parecia cortar como uma faca. Sasori não estava feliz por saber que Sakura sofria, mas também não gostava de imaginar que a rosada seguiria em frente com o total apoio dos amigos que estavam shippando eles há poucos dias. De certa forma, o ruivo se sentiu traído. No entanto, sabia que não podia reclamar sobre seu destino. Talvez sua avó tivesse razão e aquilo que sentia por Sakura poderia ser apenas uma paixão, que morreria com o passar do tempo.