The cheating game escrita por Corujinha


Capítulo 11
Eu odeio a minha vida


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM PELA DEMORA! É sério. Eu estava num bloqueio criativo. Mas vou tentar escrever mais rápido.
Hoje vamos ver um pouco mais de Peter, esse bêbado maluco.



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—ABAIXA.

—Minha mãe, eu preciso ligar pra ela, ela pode estar em perigo.

     Debloqueio o meu celular e começo a procurar loucamente minha mãe na lista de contatos. Até que finalmente, eu acho.

     Espero um, dois toques. A adrenalina corre em minhas veias, meu desespero começa a tomar contar do meu corpo. Eu estava apavorada. Não por mim, mas pelo risco de vida da mulher que cuidou de mim a minha vida toda.

“VALERIE! NUNCA MAIS FAÇA ISSO COMIGO! EU E WILL ESTÁVAMOS TE PROCURANDO POR TODO LUGAR. EU VOU TE MATAR QUANDO CHEGAR EM CASA.”

      Todo lugar você não procurou, mãe. Eu com toda certeza estava em um lugar. No caso, no hospital, e antes, na floresta.

“Me ouça, mãe. Charlie está em casa?”

“Não, ela foi dormir na casa de uma amiga, uma tal de Ariana.”

“Aarin.” A corrijo. “Mãe, pela primeira vez em sua vida, me escuta, não volte para casa.”

“Valerie, o quê...”.

“Te amo, mãe. Tchau”.

      Peter me encarava, esperando uma ordem ou algo do tipo.

—No três a gente levanta e você já sabe o que fazer. –sussurro. –Um.

—Dois. –ele continua.

—Três. –dizemos juntos e levantamos.

      Dou de cara com o maldito palhaço na frente do carro e solto um berro. Seus olhos malignos brilhavam atrás de sua máscara, ele parece ter deixado os balões de coração para trás e agora só carrega seu machado. Coloco o meu cinto rapidamente e Peter faz o mesmo. Ele, finalmente, dá marcha a ré. E eu gritei com ele que ele estava muito lerdo. O palhaço ria diabolicamente e começava a correr, nos seguindo.

—PETER! –berro em pânico.

      Peter faz uma manobra arriscada, que definitivamente é mais perigosa que o palhaço com um machado na mão, para virar o carro.

—Peter, se eu morrer por sua culpa eu juro que te mato! –grito.

—Eu sei o que eu estou fazendo! –ele grita em resposta.

      O carro percorre as ruas do centro, com o limite de velocidade ultrapassado, claramente. Olho para trás para checar que o maluco ainda não estava nos seguindo.

—Peter, ele não está mais perseguindo a gente, vai devagar.

—É só pra ter certeza.

—PETER VAI DEVAGAR COM A DROGA DO CARRO.

     E é claro, ele não me escuta. É óbvio. Quem me escuta nesse lugar?

   As ruas passam a ser um borrão destorcido pela velocidade desse maldito automóvel. Peter está suando frio. Ele está tendo um pequeno ataque de pânico.

—Peter, tá tudo bem.

   Ele olha em meus olhos, agora eu consigo enxergar o que ele está sentindo.

     E aí que a colisão veio. O vidro se estilhaçou a minha frente, conseguia senti-los sob a minha pele, alguns a cortando.

    Abri meus olhos para ver em que tínhamos batido. Era um poste, era um maldito poste. Eu não fugi de um palhaço assassino pra acertar um poste. Minha vida é uma droga, cara. Os cortes em meus braços começaram a doer. Como eu não vi que estávamos numa rua sem saída? Ainda bem que aqui é uma rua comercial, e nessa rua não mora ninguém, pois garanto que se alguém morasse não estaria mais dormindo.

—Você está bem? –pergunta Peter, sua voz transparecia sua dor. Ele me olha, é com certeza ele se machucou mais que eu, seus olhos mostram isso pra mim.

—Só alguns cortes, mas nada quebrado. Eu acho.

—Como eu posso ser tão idiota? Eu me odeio.

      Que bom que temos algo em comum. Porque eu também. E cadê o airbag desse carro?

—O mínimo que tenho que fazer é te levar no hospital.

—Não, você não vai.

—Mas você...

—Eu não vou para o hospital de jeito nenhum. Não tenho tempo pra ficar internada, tenho que lidar com uma assassina.

      Ele desce do carro, quase cai, mas vejo que se recompõe. E vem caminhando vagarosamente até a minha porta.

—Você precisa. –ele diz abrindo a porta.

—Você tá bem pior que eu. Com certeza. –falo observando sua camisa manchada em alguns pontos de sangue.

—Quer ajuda?

—Eu não preciso da sua ajuda.

        Saio do carro, mas eu estava meio fraca pra isso, muito tonta. Então, eu tropeço em meu próprio pé, mas eu não fui ao chão como vocês devem ter pensado, Peter me segurou.

Não preciso da sua ajuda. —ele me imita, com uma voz fina e irritante.

—Eu não falo assim.

—Fala.

       Ele dá um pequeno sorriso, seu rosto está com alguns cortes, sinto que o meu rosto também tem alguns. Nesse tipo de acidente as pessoas saem sempre com ossos quebrados ou morrendo, nós somos muito sortudos de só ter levado alguns cortes superficiais. O semblante de Peter muda tão rapidamente quanto a repentina aparição de seu humor, seu verdadeiro humor. Ele agora parece como sempre, triste, confuso e culpado.

—Eu não acredito que machuquei você. –ele reflete enquanto nos ajudamos a caminhar, estávamos completamente destruídos.

—Você já fez isso antes. Sabe... Foi meio como nos conhecemos e tal.

—Mas eu não te machuquei.

—Você segurou o meu pulso. Duas vezes.

—E doeu?

     Paro para pensar e ele está certo, como não percebi? Estava tão focada em como ele agiu e nem me preocupei como aquilo me afetou.

—Não.

—Viu? Eu nunca machucaria uma mulher, nem mesmo bêbado. É contra tudo o que eu penso.

—Ao saber isso, te odeio um pouco menos.

—Você me odeia?

—Não. Você desceu um nível, agora eu só não vou com a tua cara. –a reação dele é uma risada.

         Chegamos ao fim da rua. E agora pra onde vamos?

—Conheço uma pessoa.

—Eu também conheço pessoas. O que isso tem haver?

—Eu conheço alguém que faria os nossos pontos... E me esclareça uma coisa, você acha que o seguro de carro cobre uma batida em poste por conta de uma perseguição de palhaço assassino?

         E essa foi a minha hora de rir.

                                                      *

    Depois de percorrermos várias ruas cambaleando, finalmente chegamos ao local em que Peter disse que há alguém que cuidaria da gente. Eu deveria confiar no Peter?

—É aqui. –ele diz e caminhamos até a porta da casa que ele tinha apontado.

         Peter toca a campainha.

—Então, precisamos de uma desculpa, alguma ideia?

—Você estava bêbado e bateu o carro?

—Convincente. Agora só preciso cheirar álcool. –ele puxa um pequeno frasco de seu bolso interno na sua típica jaqueta couro.

—Como isso não quebrou?

—É um mistério. –ele afirma antes de tomar o líquido do frasco. –Agora está bem convincente.

       A porta se abre, revelando um senhor quase na terceira idade que parecia estrangeiro com uma blusa com estampa de flores silvestres e uma bermuda de bolinhas. Me segurei para não rir dele.

—No que você se meteu dessa vez, pequeno Gillies? –ele questionou e então eu tive certeza que ele era estrangeiro pelo seu sotaque.

—Bebi e bati o carro.

—Dessa vez com uma menina menor de idade? –ele indagou olhando diretamente para mim, então Peter já bateu o carro antes, por isso não tinha airbag.

—Eu não estou bêbada se é o que está pensando.

—E o que querem de mim? –ele perguntou em seu sotaque espanhol.

—Que faça curativos. –respondo.

—Por favor, Ramón.

—Está bem, está bem. Entrem.

      Dentro da casa de Ramón parecia uma selva, estampas de animais diversas, em quase todos os móveis. Roupas em toda parte, garrafas vazias no chão, copos espalhados. Eu e Peter caminhos até um lugar que deve ser a sala e sentamos num sofá com estampa de onça.

—Vou pegar os curativos. –anuncia o baixinho espanhol subindo as escadas.

—Peter, aonde você nos trouxe?

—Ramón é confiável. É um amigo de família, e ele me deve favores.

—Ele é médico?

—Enfermeiro.

     Ramón desceu as escadas correndo com uma caixa de primeiros socorros na mão.

—Ajuda ela primeiro Ramón. –pede Peter.

—Mas você que está mais machucado. –contesto.

—Eu não tenho a noite toda. Quem vai ser o primeiro? –pergunta Ramón.

—Ela. –informa Peter, reviro os olhos.

        Ramón olha os meus braços.

—Nada de profundo, nada que precise de pontos, pelo menos. Sente dor em algo a mais?

—Não.

—Ótimo. Só precisa de band-aids. –ele disse me entregando uma caixinha de curativos. Espera isso são band-aids da Hello Kitty? Ok, então. –Não acho que você queira que eu coloque.

—Não mesmo.

—E então, pequeno Gillies, mostre-me seus machucados. –Ramón pede a Peter.

      Peter tirou sua jaqueta e depois, sua camisa, virei o meu olhar para o outro lado da sala, envergonhada.

—Não se faz isso com uma menor de idade presente. –o espanhol o reprimiu.

—Para sua informação já estou quase fazendo 18.

                                                         *

—Aonde vamos agora? –pergunto. É muito tarde para dormir na casa de minha vó, ela já está dormindo, e eu não quero perturbar o resto do pessoal a essa hora da noite.

—Ué, não sei. Mas eu estou exausto.

—Preciso dormir.

Precisamos dormir. Eu sei de um lugar, mas você não vai querer ir.

—Onde?

—Mi casa.

     Voltar à casa da Ashley? Nunca achei que eu faria isso. Não depois dela ter partido. Tudo ainda é muito recente.

—Não vejo outra opção.

—Nem eu.

      Voltamos a caminhar. Não acho que a casa de Peter seja tão longe.

—Você fica fofa com curativos da Hello Kitty. -o que ele está falando? Ele tem curativos do Ben 10.

—Fala isso de novo e você perde os seus dentes.

—Por que você sempre está na defensiva?

—Eu não estou na defensiva.

—Está sim, você sempre está. Nunca se abre inteiramente para o mundo.

—Talvez seja porque eu já fui muito machucada por ele. E o que você está falando? Você também sempre está na defensiva.

—Mais ou menos.

—Você usa um escudo em torno de si mesmo. Você sempre faz essa pose de bêbado maluco, eu queria saber como você é de verdade.

—Talvez seja porque eu sou assim de verdade.

—Eu duvido.

      Ele sorri.

—Você acredita no bem das pessoas, Manipuladora?

—Sempre. Mas eu acredito no que vejo nas pessoas. E eu vejo o bem em você, Peter. Lá no fundo.

—Então... Chegamos.

      A mansão dos Gillies. Um lugar adorável e gigantesco.

—Tente alguma coisa e eu juro que você não acordará vivo de manhã.

   Ele levanta os braços em um gesto de rendimento, o que pareceu doloroso já que ele ainda estava com os braços machucados.

—Já disse que não vou fazer nada que você não queira.

    Caminhamos pelo jardim da frente, até chegar à porta central, Peter pegou uma chave em seu bolso esquerdo de trás e abriu a porta, e fez um gesto para que eu passasse.

—Dama primeiro.

      Posso já ter vindo aqui, mas nunca vou parar de me surpreender com esse lugar, ele é maravilhoso. Tudo o que alguém pode querer em uma casa. Ou mansão.

—Siga-me. –Peter pede.

      Subimos as escadas, e demos de cara com um corredor imenso.

—Últimos quartos são para hóspedes, mas se você quiser dormir comigo não tenho objeções.

—Boa noite, Peter.

—Boa noite, Valerie. –ele diz entrando em seu quarto.

     Sigo corredor à frente, abro a porta do quarto que vinha por último, e como já sabia, era um quarto muito maior que o meu.

—Uau.

     Me jogo nos lençóis de seda da cama de casal, era macia, um ótimo lugar para dormir. Após quinze minutos, eu já tinha apagado.

                                                   *

      Acordo com o sinal de mensagem do meu celular. São 4:10! Como eu odeio ter sono leve. Vejo a notificação, abro a mensagem, após colocar a minha senha.

“Tenha cuidado com fogo, você pode se queimar, mon amour. Se eu fosse você voltaria para casa, é sua última chance de vê-la inteira. Nos vemos em breve. Boa noite, Valerie. Durma com os anjos. Ou com o demônio, no caso, Peter. Beijos, do seu querido e doce, Karma”

    Saio correndo do quarto de hospedes, e continuo no mesmo ritmo passando pelo corredor. Invado o quarto de Peter e ele está dormindo. Sem camisa e de short de pijama, mas isso não me importa no momento. Nada me importa no momento.

—Peter... –o chamo. –PETER! -ele acorda na hora, sobressaltado.

—Eu não achei que viria dormir aqui, mas tudo bem, sem objeções...

—Peter, eu preciso voltar para casa. –seu sorriso besta se desfaz e ele me olha em confusão, como se eu tivesse falando algo incrivelmente estúpido, talvez eu realmente esteja falando algo estúpido.  -Preciso voltar para casa agora.


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Notas finais do capítulo

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