O Sol amanheceu entrando pelas brechas do quarto de Peeta, que por mais que estivesse acordado, permaneceu deitado em sua cama. Sua mente vagou para o dia anterior, seu casamento com Katniss e sobre como se despediu da mesma antes de entrar para seus aposentos. Mal sabia ela que seu desejo na noite anterior havia se realizado, de fato tivera bons sonhos como não tinha a tempos.

Levantou completamente disposto, fez sua higiene pessoal, vestiu-se e desceu para tomar seu desjejum. A mesa já estava posta, com uma variedade de frutas, alguns bolos e massas. Comia enquanto lia as notícias no jornal de Panem, quando ouviu passos baixo, mas que não passaram despercebidos.

Katniss escolhera o dia para conhecer sua mais nova residência e assim que terminasse seu desjejum iria começar sua pequena exploração. Acordou incrivelmente descansada, sua mais nova cama totalmente confortável, mas ela estava mesmo ansiosa para conhecer todos e ter alguém para falar que não seja Peeta. Vestiu-se de um confortável vestido rosa e sorriu a lembrar que pelo menos hoje não teria alguém puxando fortemente as cordas do espartilho. Sentia-se confortável sem ele, era bom conseguir respirar sem empecilho algum. Quando desceu encontrou Peeta sentando lendo o jornal, enquanto o silêncio habitava a sala de jantar.

— Bom dia – desejou assim que entrou. Por um motivo desconhecido, embora condenada a um casamento forçado, naquela manhã ela estava feliz, como a tempos não tinha.

— Bom dia – respondeu sério e de maneira curta.

Terminaram todo o café da manhã em silêncio e assim que Katniss se levantou, Peeta mandou chamar sua dama de campainha.

A menina chegou, devia ter no máximo dezenove anos. A pele morena que Katniss tanto achava bonita, os olhos escuros e os cabelos encaracolados. Era baixa, trajava roupas simples de cores neutras e andava de cabeça baixa. Rue era filha de uma das empregadas da casa dos Mellark's, então Peeta a chamou para fazer campainha a sua mais nova esposa.

— Katniss, está é Rue e lhe fará campainha sempre que quiser – fala Peeta observando os olhos surpresos da esposa, porém logo foram substituídos por uma pequena chama de felicidade.

— Vai sair?– questionou quando o viu próximo a porta.

— Sim, vou trabalhar com meu pai em sua casa. Volto antes do anoitecer – responde antes de pegar um de seus casacos e  sair pela a porta da frente.

Katniss voltou-se para a garota de sua frente, que ainda permanecia de cabeça baixa. Ela não pensou que Peeta notaria que ela sentia falta de ter alguém consigo, para ser sua confidente, já que o marido não exercia esse papel.

— Vamos menina, levante a cabeça e deixe-me ver seu rosto – pediu Katniss e assim Rue fez. Tinha um rosto angelical e calmo, parecia uma ótima ouvinte e amiga –  Não abaixe a cabeça novamente, eu não sou melhor que você.

— Mas é minha patroa...

— Você será minha amiga, alguém próxima a mim como uma irmã. Não quero que fica se rebaixando, nem que me trate como alguém superior.

— Você é diferente das outras patroas, algumas nem sequer olham para nossos rostos. Minha mãe contou-me uma vez que antes de trabalhar para os Mellark's era invisível, também disse que a Lady Agron era fui rígida e fria com os empregados.

— Eu não quero empregados, Rue. Quero amigos, eu os considerarei assim, mas espero que também me considerem.

— Com toda a certeza consideraremos. O senhor Mellark escolheu uma boa esposa, não teria outra melhor.

Katniss corou com o comentário, ela não sabia o que dizer, então preferiu ficar quieta. Pediu somente a Rue que a levasse para onde os demais empregados estavam e a menina atendeu prontamente. Quando chegaram na cozinha, todos os empregados ficaram quietos e se manterá rígidos e temerosos. Peeta ainda não havia apresentado sua nova esposa, mas todos sabiam que quando o assunto era sobre a casa, a nova patroa que mandava.

— Como não houve tempo para o senhor Mellark me apresentar, eu mesma farei. Sou Katniss, mas quero deixar claro minhas exigências como patroa – fez uma pausa antes de continuar, mas antes fez uma careta, nunca foi boa dando ordens – Primeiro: nunca abaixem a cabeça perante a mim ou qualquer outra pessoa, ninguém é superior a ninguém. Segundo: Não quero ser somente a patroa de vocês, eu preciso de amigos, alguém de confiança e conto que sejam vocês a ocuparem isso. Agora eu gostaria de saber os nomes de vocês.

— Sou Greasy Sae senhora, cozinheira da casa – fala uma mulher com alguns cabelos brancos, a idade já se mostrava em sua face, mas carregava um sorriso doce que tudo suavizava.

— Sou Seneca Crane senhora, meus servições são como mordomo da casa – fala um senhor mediano, de cabelos medianos e uma barba escura bem marcante.

— Sou Arielly senhora, cuido da arrumação dos quartos juntamente com Rue – fala uma tímida garota ruiva de olhos verdes como os campos. Demonstrava esperteza, algo que Katniss admirava.

— Também temos Ryan, ele cuida dos cavalos e está na venda comprando verduras – fala Greasy.

— Ótimo, como eu falei sou Katniss e não senhora, ainda não sou tão velha assim – falou fazendo todos rirem.

Rapidamente as coisas foram se ajeitando e Katniss se recusava a ficar sentada enquanto todos trabalhavam, com muita insistência a menina conseguiu cortar apenas alguns legumes e nada mais. Greasy dizia que a cozinha não era lugar de patroa, mas Katniss sempre dava suas escapadas para a cozinha para ficar juntos dos empregados quando a mãe e Annie saíam para conversar e ajudar os empregados da casa.

— Quero ser uma boa tia, mas não tenho ideia de como é ser uma...nenhum dos meus irmãos ainda teve filhos então o de Annie será o primeiro neto de meus pais – comentou fazendo Rue sorrir. A menina estava colocando os pratos na mesa da cozinha.

— Tem certeza de que quer comer conosco, Katniss? Tenho a sensação de que o senhor Mellark não gostará nada disso – perguntou Rue.

— Será somente o almoço, ele nem mesmo está em casa e não conseguiria comer naquela enorme mesa sem compainha. – falou – Ele só saberá se alguém contar.

—Não contaremos nada, a senhora é uma ótima patroa – garantiu Greasy.

— Sou apenas eu mesma – disse dando de ombros.

— Eu temia que ele se casasse com a senhoria Ranbim, ela é uma megera – comenta Rue

— Senhorita Ranbim? Eles são próximos? – perguntou

— Os dois são amigos de infância, porém ela nutre um grande sentimento pelo senhor Mellark. Quando ajudava minha mãe lá, ele já se achava dona da casa e quando a senhora Mellark não estava ela se sentia no poder. Todos a achavam esnobe.

— Mas ele já demonstrou retribuir o afeto que ela possui por ele?

— Não se preocupe senhora, nunca ouvi ou vi nada de muito carinho por parte do senhor Mellark.

Quando o almoço foi servido, Seneca ainda insistia para que Katniss comesse na sala de jantar como todas as patroas, mesmo que ela se negava. Katniss sabia que ele estava apenas cumprindo seu trabalho e temendo a reação de Peeta caso soubesse, mas ela prometeu a si mesma que nada deixaria Peeta fazer contra aquelas pessoas que se tornaram seus amigos.

Quando terminaram o almoço, Katniss chamou Rue para conhecer toda a casa e se encantou pela a biblioteca e a sala de música. Seus olhos até brilharam quando viu o piano de calda no meio da sala, a mesma se sentou e começou a tocar Nocturnes op. 9 de Frédéric Chopin. Quando terminou ouviu as palmas da dama de campainha que sorria.

— A senhora toca de uma forma tão linda – comentou encantada

— Já conversamos sobre o senhora Rue, sem formalidades – digo – Mas agradeço o elogio. Gosto de piano?

— Sim, mas não sei tocar – lamenta

— Posso lhe ensinar, não é como se eu vivesse ocupada – propõe

— Sério?– perguntou surpresa

— Claro, assim quando eu estiver triste pode tocar para mim – comentou – Venha, sente-se aqui.

Quando Rue aprendeu o início da música, faltava poucas horas para o jantar e as duas retornaram a cozinha para se sentirem úteis.

Assim foi se passando as horas e quando Peeta chegou não encontrou Katniss em seu quarto, nem mesmo na sala ou na sala de música. Porém as risadas um pouco altas chamou sua atenção.

Caminhou até a cozinha é encontrou Katniss sentada a mesa enquanto Grasse terminava de colocar as comidas nas travessas de porcelana enquanto Seneca separava as taças e os talheres dos patrões. Peeta lembrou-se da infância, quando construiu uma amizade com um dos empregados da casa, o avô acabou os pegando enquanto brincavam próximo as portas dos fundos do castelo. As palavras do avô marcaram Peeta, que nunca mais se aproximou de mais nenhum empregado, nem mesmo os de sua casa.

Não quero neto meu, sangue de meu sangue, brincando com serventes! Eles são inferiores a você , não os deixe pensar wue estão no nosso nível. Todo bom homem nobre sabe disso. Você tem sangue real correndo em suas veias Peeta, é principe de Panem e marquês, aja como tal.

— Katniss o que faz aqui?– perguntou enquanto sentia a raiva correndo pelas veias. O que diria quando souberem que sua esposa mantia amizade com a serventia?

— Eu estava conversando com eles – falou um pouco nervosa, mas manteve uma imagem firme e forte.

— Vá para seu quarto agora – gritou assustando todos, até mesmo Seneca que já conhecera o patrão a anos e sabe o quanto o mesmo é calmo. Katniss tremeu, mas não queria que ele visse, nem que todos a visse como fraca.

— Mas Peeta – tentou argumentar, se explicar, mas o marido não deixou. Levantou a mão como se mandasse calar a boca e Katniss evitou continuar para não piorar a situação.

— Eu mandei você ir para o seu quarto – repetiu em alto som – AGORA!

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Ps: vestido da Katniss: