[POV Renesmee]

  A manhã passou rápido, Jacob e Seth passaram e repassaram cada detalhe da luta, até que Seth se cansou e decidiu ir pra casa. Antes ainda dele partir eu desci, quase contra minha vontade, para fazer um almoço.

Agora, depois de tudo, ficar longe de Jake era mais difícil do que eu esperava. Era como se estivéssemos presos por um elástico, quanto mais esticado maior era a dificuldade de se manter ou de continuar seguindo.

Ficamos comendo em meu quarto, quando eu por fim quebrei o silêncio.

- Como é essa coisa? Digo, o que você sente, como sabe? – eu me atrapalhei nas palavras tentando formular uma pergunta coerente.

- É como se tudo o que eu já tivesse vivido fosse apenas uma vaga lembrança, os pontos mais importantes são aqueles que foram cruciais para me trazer para perto de você. E quando meus olhos te tocaram, não sei bem como explicar... – ele disse passando a mão pelos cabelos e sorrindo – Foi como se todo o universo tivesse se concentrando em você. Bom todo o universo eu não sei, mas com certeza o meu só orbita ao seu redor.

Eu não contive o sorriso, que surgiu junto com o rubor de minhas bochechas. Mas embora eu estivesse contente com tudo aquilo, as duvidas ainda me perturbavam.

- Mas eu não entendo! Por que esconderam de mim?

- Foi escolha de seus pais.

- Por que?

- Não interferir no seu livre arbítrio. Essa era a ordem. No começo eu era a favor, não queria que você ficasse comigo por causa disso, mas que fosse por que era sua vontade, não obrigação.

Eu me limitei a revirar os olhos.

- Você sabe como seu pai é, como ele sempre quis que você e sua mãe pudessem ter tudo.

- É, mas eu descobri que não tinha nada antes de ter você. – Eu disse, notando os grandes olhos negros de Jacob brilhando, um sorriso surgiu em seu rosto.

- Então lamento muito senhorita, por não ter feito nada a respeito.

- Agora já esta tudo bem.

- Mas eu também tenho duvidas... – eu franzi o cenho com certo receio do que estaria prestes a enfrentar. – Eu preciso saber desde quando surgiu isso dentro de você, esse sentimento, esse...

- Amor? – eu completei sua frase. – Na época eu não sabia, nem imaginava. Mas agora é tudo bem mais claro. Foi no ano passado. Era dia dos namorados.

#Flashback [on]#

- Jacob, vai dar algum presente pra sua namorada? - a voz brincalhona só podia ser de Emmett.

- Sabe que eu não tenho uma. – Jacob respondeu entediado, vagando pelos canais da televisão.

- Bom, mas alguém te mandou um presente.

Jacob levantou rápido do sofá, franziu o cenho sem entender absolutamente nada. Renesmee sentada em uma poltrona próximo a Jacob tentava evitar a curiosidade. Emmett jogou um pequeno embrulho para Jake, que desembrulhou desajeitadamente. Um cartão caiu no chão, e ele tirou um relógio de dentro de uma caixa de couro.

- Não acredito! – ele exclamou com os olhos brilhando.

-Você gostou? – Renesmee perguntou visivelmente chateada, alcançando o bilhete no chão e estendendo-o para Jacob.

- Err, é bonito até. – Jacob tentou disfarçar.

- Esta brincando? É perfeito, um Armani. Vimos um parecido em Seattle lembra?

- Hmm. Tem razão. – Jacob pegou o bilhete para ler.

Renesmee subiu as escadas e quase não falou pelo resto do dia.

#Flashback [off]#

[POV Jacob]

- Eu nunca usei aquele relógio. – disse me defendendo.

- Mas você gostava dele de qualquer forma.

- Mas eu sabia que se eu usasse um presente dado por Thiffany era pedir a morte.

- Eu tinha comprado o relógio de Seattle pra você. – Nessie confessou.

- Você... Mas... – eu me embaralhei com os pensamentos.

- Eu teria te dado independente da data. Mas não tive coragem...

- Nessie... – disse a puxando para meu peito. – O maior presente que a vida podia me dar foi te encontrar.

- Eu devia ter prestado mais atenção aos sinais que eu recebia. O ciúme, a falta que eu sentia, as reações do meu corpo ao seu toque, quanto tempo teria nos poupado? E quanto sofrimento teria sido evitado...

- Você tem razão, pode culpar seus pais por isso. – eu brinquei.

- Com certeza o farei. – ela disse sorrindo.

- Então foi um relógio que te fez me amar? – eu perguntei retomando o assunto.

- Eu sempre senti ciúmes de Thiffany, mas não achava que fosse grande coisa sabe, as pessoas tem ciúmes dos amigos também... – ela disse brincalhona erguendo os olhos para mim.

- Entendo. – eu respondi sorrindo. Ela voltou a pousar sua bochecha macia em meu peito, e eu afaguei seus cabelos.

- Aquele dia eu fiquei bolando mil hipóteses, e conclui que você e ela tinham alguma coisa, pra ela ter de dado um relógio daqueles. E isso me deixou muito nervosa, o ciúme que eu senti foi diferente, mais intenso, e possessivo. Pensei em mil motivos para você não ter me contado seu caso com ela, e me perguntei o que ela tinha que eu não tinha.

- Não acredito que se perguntou isso. Tentou se comparar com aquela patricinha vulgar?

- Eu sei, eu sei. Instinto feminino... Mulheres não gostam de perder. Mas eu nunca te tive antes, não de fato pelo menos. Eu me preocupei que seu imprinting tivesse sido ela, mas depois descartei a hipótese de haver algo entre vocês. De qualquer forma eu sempre morri de ciúmes.

- Eu sempre quis acreditar que o ciúme que você sentia tivesse esse significado, mas não achei que fosse possível.

- Por que não? Você até que é atraente. – ela disse rindo.

- Mas você sempre me via como uma babá, não sabe como isso me doía.

- Eu tinha medo de te enxergar de outra maneira. Eu achava que nossa relação ia ser sempre assim. Eu realmente não entendia porque você se fazia tão fiel ao meu pai. Você tinha uma vida, e eu me perguntava o que você estaria ganhando para ficar aqui, me vigiando e protegendo.

- Você nunca desconfiou?

- Não. Apenas desejei. – ela confessou.

- Eu quase não posso acreditar que isso esteja acontecendo.

- Na verdade nem eu. – ela disse entrelaçando nossos dedos.

Edward e Bella estavam prestes a chegar, então me limitei em depositar um beijo no alto da cabeça de Nessie.

- Eu te amo. – eu sussurrei.

- Eu te amo também. – ela respondeu com sua voz aveludada.

[POV Renesmee]

Meus pais chegaram preocupados, como previsto. Eu lhes mostrei minha parte, e Jacob se encarregou de contar a parte dele.

- Preciso pedir a Carlisle que me ajude a investigar mais sobre essa espécie. – meu pai anunciou.

- E o que faremos com Jessica e Mike? – minha mãe perguntou preocupada.

- Melhor não tentarmos nada. Eles não podem fazer nada contra nós, precisamos apenas ir embora. – disse isso e fixou os olhos em Jacob. Nós dois éramos um assunto que ainda não havia sido discutido. Meu pai passou as mãos pelos cabelos de bronze e suspirou. Minha mãe se aproximou passando o braço por seu ombro, e sorriu vitoriosa.

- Você vem conosco Jacob? – ela perguntou gentilmente. Meu pai passando um braço pela cintura dela.

Jacob me fitou nervosamente, seus olhos negros brilhavam para mim, não contive um sorriso.

- Se for da vontade de Renesmee... – ele disse apenas. Eu me aproximei dele e entrelacei nossos dedos.

Meu pai agora sorria para mim, o que me encorajou.

- É claro que ele vai. – eu disse para minha mãe.

- Eu não lhe disse Edward? – minha mãe disse sorrindo.

- Vocês dois estão encrencados, sabem disso não é? – eu apontei para meus pais com humor, porem convicção, eles sabiam que eu falava sério.

- Me perdoe filha a culpa é minha, acho que eu estava cego.

- E surdo. – eu complementei rindo. Todos riram me acompanhando.

- Tem razão. Com todos os motivos que eu tive para facilitar vocês, as vantagens sobre os pensamentos, eu fiz tudo errado. Por puro egoísmo. Me desculpe. – ele pediu novamente. Soltei minha mão de Jake e fui em direção ao meu pai. Minha mãe também o soltou, e pudemos nos abraçar. Minha mãe e meu lobo se retiraram do quarto, me deixando a sós com meu pai.

“Eu sempre serei sua pai. Independente de com quem eu namore. Você é o homem da minha vida e sempre será. Não importa quantos garotos eu beije, só você vai estar ao meu lado sempre que eu precisar.”

- Não pense que beijara tantos assim. – meu pai sussurrou em meu ouvido nos fazendo rir.

- Não pretendo. Só existe um que eu quero mesmo.

- Peço que tenha juízo.

- Pai, ainda não é hora para esse tipo de conversa.

- Mas sabe que ela precisa existir.

- Mesmo eu já sabendo tudo o que você vai dizer, sei o quanto isso é importante pra você. Não vou fugir, mas quando for a hora.

- Eu te amo tanto filha.

- Te amo muito pai. E obrigada.

- Pelo que?

- Por me dar a melhor família, por ser o melhor pai, e por me trazer Jacob.

- Agradeça essa ultima parte a sua mãe. Se não fosse por ela, eu provavelmente o teria matado anos atrás.

- PAI!

- Desculpe filha, você sabe como é a história. – ele disse com os olhos distantes, certamente se lembrando de algo do passado.

- Para onde vamos? – eu perguntei mudando o rumo da conversa.

- Para o Hawaii, há uma ilha por lá que é um dos lugares que mais chove no mundo, e você vai gostar. Não pela chuva em si, mas porque o lugar é lindo. – ele me garantiu.

Eu não me importava para onde estava indo na verdade. Desde que tivesse minha família e meu Jacob junto é claro.