- Olá. – a voz soou atrás de mim, antes mesmo que eu pudesse terminar de me levantar do chão. Meu coração falhou, e algo parecia entalar em minha garganta. Me virei lentamente.

- Desculpe, não queria assustar. – sua voz era maliciosa, o que me deixava mais assustada ainda.

- C-Como... Como você entrou?

- A porta estava aberta. – Hein? Eu tenho certeza que tranquei. Ela estava trancada, eu não estava ficando louca. Ainda.

- O que você quer aqui Thomas? – eu disse colocando as mãos no bolso para que ele não percebesse o quanto elas tremiam.

- Notei que esta sozinha, vim lhe fazer companhia, já que Jacob parece que fez a política do digno safado como outro qualquer, ficou com você numa noite e lhe jogou fora no outro.

Nem preciso dizer o quanto aquilo me magoou certo? Eu sabia que não era bem assim, mas de qualquer forma ouvir aquilo doeu demais, só o nome dele já me causava pontadas no coração. Era insuportável.

- Eu estou bem.

- Você está sozinha.

- É, o vazio intensifica a importância de ecoar. Como dá pra ver não tem ninguém aqui. – eu disse olhando para o cômodo totalmente sem vida, sem ninguém nem móveis. Ele acompanhou o meu olhar pelo vazio.

Thomas me fitava de um jeito estranho, ele veio se aproximando lentamente. Eu estava encurralada. Não exatamente, eu podia sair com tamanha velocidade que ele nem veria. Mas eu estava completamente em estado de choque, sem reação. Era um costume Jacob me defendendo, todos me acostumaram assim, me criaram de forma que eu nunca tivesse que enfrentar o perigo cara a cara. Mas agora era a hora.

Parecia-me que o universo conspirava me trazendo coisas só para que eu aprendesse a viver sem Jacob. Afinal, foi para isso que eu pedi uma semana sozinha certo? Alem da falsa esperança de que ele voltasse, eu precisava viver as coisas sozinha, me acostumar com essa nova vida.

Quando dei por mim Thomas segurava meus braços. Seu desejo era explicito, ele ofegava, eu estava totalmente sem vida nos braços dele. Era incrível como o toque dele não me causava nada, diferente do toque de Jacob, que mais parecia lançar correntes elétricas pelo meu corpo.

Sem que eu conseguisse me segurar eu já estava chorando. Thomas agiu de uma maneira que eu não entendi a principio.

[ http://www.youtube.com/watch?v=Msg-M1fDAjM ]

[ He Can Only Hold Her – Amy Winehouse ]

Ele Só Pode Segurá-la

Ele só pode segurá-la por um tempo
As luzes estão acesas, mas ninguém está em casa
Ela está tão vazia, sua alma foi levada embora
ele pensa: do que ela esta fugindo?

Agora, como ele pode ter o coração dela
Se este já foi roubado?
Então ele tenta acalmá-la
Mas o que há dentro dela nunca morre

Mesmo ela estando contente no calor dele
Ela sofre com a urgência
Beijos tão urgentes
O homem que ela sente falta
O homem que ele gostaria de ser

Agora, como ele pode ter o coração dela
Se este já foi roubado?
Então ele tenta acalmá-la
Mas o que há dentro dela nunca morre

Então ele tenta acalmá-la
Porque o que há dentro dela nunca morre

Ele me abraçou fortemente, apoiou a bochecha no alto da minha cabeça e afagava minhas costas. Eu só chorava. Por um breve minuto eu achei que ele podia ainda ser uma pessoa boa, que ele estava só querendo me ajudar.

- Eu não vou te machucar docinho, você vai ver. – Aquilo me deixou tonta, e eu tentei sair de seus braços que me prendiam forte. Agora ele já me empurrava para a parede.

Beijava meu pescoço, bochecha, lábios. Por mais que eu quisesse não conseguia sair dali. Não era vontade de permanecer, era como se algo prendesse meus pés no chão, eu estava submetida a uma força desconhecida, que me mantinha imóvel. Eu estava desesperada.

- Pare Thomas. – eu pedi inutilmente.

- Você vai gostar. – ele garantiu.

- O que você esta fazendo comigo? – eu perguntei aflita, a voz embargada.

- Você sabe... – ele sussurrou ao pé do meu ouvido e riu malicioso.

- Não isso... O que é você Thomas? O que você esta fazendo comigo.

- Você é esperta. – ele disse parando de beijar meu pescoço e me fitando nos olhos.

- Por que eu não consigo me mexer? – perguntei amedrontada.