O Coração de um Nerd escrita por LivyBennet


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Gente, nosso nerdinho está crescendo... ^^ #orgulhosa
Enjoy o/



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POV. GREG (Brooklyn Beach - 1986)

Respirei fundo, sentindo aquele cheiro familiar de celulose, e esfreguei os olhos levemente. Reprimi um bocejo e ergui a cabeça, estalando alguns músculos no processo. Não era tão cedo. Cerca de 11h45 da manhã. A Biblioteca Pública de Nova York estava silenciosa como sempre, embora várias pessoas tivessem tido a mesma ideia que eu em pleno sábado. Resolvendo variar um pouco a rotina casa-escola, eu havia me tornado assíduo naquela biblioteca em particular. Era perto da minha casa e conveniente. Lá eu tinha bem mais livros que no meu quarto. Devido à curta distância, eu podia vir tanto na semana depois da aula quanto no fim de semana, como era o caso.

Eu sempre me sentira bem em bibliotecas - surpresa nenhuma nisso— e normalmente as frequentava mais por prazer que por obrigação, como a maioria. Mas naquela manhã eu estava ali por obrigação.

Por ser nerd, negligência com os estudos nunca fez parte dos meus hábitos. Pelo menos não até certa loira aparecer na minha vida. Sorri levemente à lembrança dela. Meggie me convencia sutilmente a fazer coisas que eu normalmente não faria, como sair muito, ser menos responsável e adiar trabalhos da escola. E era exatamente pelo último exemplo que eu estava ali naquele momento.

Depois da segunda-feira cansativa por causa do show do Run DMC, ela me convenceu a sair com ela todas as tardes da semana, de terça a sexta. Eu hesitei, pensando em todos os trabalhos que tinha de fazer e as matérias de prova que tinha que estudar, mas minha dúvida desapareceu quando ela sorriu, me beijou e sussurrou ‘por favor’. Game over…

Mas tenho que admitir que ser irresponsável às vezes é bom. Deixar um pouco da carga de lado e relaxar sem se preocupar. Era assim que ela me fazia sentir: livre, e eu adorava isso.

Pelo que ela havia me dito, o irmão havia dado a semana de folga a ela antes de “transformá-la em uma escrava branca de escritório”, como ela mesma falou. Confesso que rolei de rir com o drama. Então, ela queria sair enquanto podia e, claramente, queria me levar junto. Valeu a pena cada segundo, e até as horas do meu sábado que eu estava gastando naquela biblioteca agora, estudando para a prova da segunda-feira.

Em relação à minha rotina casa-escola,  uma coisa me incomodava bastante: minha falta de ocupação. Meggie trabalhava com o irmão, e Chris trabalhava no Doc’s. Lizzy era a única desocupada como eu, mas ela era rica, embora não fosse desculpa. Eu queria arranjar algo para fazer, para me sentir útil e um pouco menos gigolô da Meggie. Sem falar que é bom ter seu próprio dinheiro. O ruim é que eu não fazia ideia do que eu poderia fazer. Quem daria emprego para um estudante de ensino médio de 17 anos?

Suspirei e consultei novamente o relógio, vendo que já havia passado do meio dia. Guardei minhas coisas na mochila e empilhei os livros que eu havia pegado, me levantando para entregá-los à bibliotecária no balcão da recepção. Ela sorriu para mim quando entreguei os livros, e eu sorri de volta, reprimindo a vontade de rir que eu sempre tinha quando a via. Ela parecia uma versão culta da minha avó escoteira. Porém, por mais engraçado que fosse, mantive minha educação e agradeci.

“Obrigado.”

“Não vai levar nenhum hoje, querido?”

“Não, Sra. Harris. Já li o que precisava.”

Corri minha vista pelo balcão e vi várias outras pilhas de livros como as minhas. Devo ter feito uma leve careta pois ela seguiu meu olhar e suspirou.

“Sim, tenho que colocá-los todos no lugar, sozinha.” Franzi o cenho, um pouco confuso.

“O que aconteceu com a garota que lhe auxiliava?”

“Ela se mudou para New Hampshire, e eu ainda não encontrei alguém interessado em ocupar a vaga dela. A maioria dos jovens hoje não se interessam por livros, e os que se interessam não têm tempo livre.” Ok, isso só pode ser um sinal do céu…

“Eu… estou interessado e tenho tempo livre até demais. Não sabia que precisava de ajuda.” O sorriso dela era de alegria e alívio.

“Ah, querido, é tão bom ouvir isso. Nessas duas semanas que Rebecca se foi eu fiquei tão sobrecarregada.” Sorri, divertido com a alegria dela.

“Pois não ficará mais. O que preciso fazer?” Ela remexeu uma pasta sob o balcão e me entregou um pequeno papel com uma lista de documentos.

“Venha segunda com estes documentos. Agendarei uma hora para você com o sr. Bane, o bibliotecário chefe. Ele vai ficar muito feliz em conhecê-lo. Pode considerar a vaga sua. Ninguém mais se candidatou. Você cursa o ensino médio, não é?” Assenti e guardei o papel na mochila.

“Ótimo. Até segunda às 15h e muito obrigada, querido. Não sabe o quanto vai me ajudar.” Ri levemente.

“É a senhora que não sabe o quanto está me ajudando.”

Despedi-me dela e saí da biblioteca com uma sensação de que segunda-feira seria incrível.

Do lado de fora da biblioteca, não fiquei tão surpreso ao ver uma loira encostada em um Porsche branco, aparentemente me esperando. Desci o resto das escadas da entrada rindo baixo e andei até ela. Fui recebido com um sorriso e um beijo um pouco demorado. Quando nos separamos, acariciei seu rosto e sorri.

“Você tem um radar que me acha?” Ela deu de ombros ainda sorrindo.

“Poderia ser, mas não tenho. Como você reclamou que iria passar a manhã de sábado na biblioteca para fazer o trabalho que não te deixei fazer na semana, só tive que procurar a biblioteca mais próxima da sua casa.”

“E se eu estivesse em outra biblioteca?”

“Eu entrei e te vi lá. Depois vim te esperar aqui para almoçarmos juntos.”

“Pode ser. Onde?”

“Tem um restaurante aqui perto. Passei por ele quando vinha para cá.” Assenti e curti por antecipação a surpresa dela com o que eu ia dizer.

“Ótimo. Eu pago.” Ela ergueu as sobrancelhas e me encarou chocada.

“Sério?”

“Claro. Tenho que comemorar meu novo emprego.”

Seus olhos se arregalaram, e sua boca se abriu formando um ‘O' perfeito.

“Como? Quando? Onde? E você só me conta agora?” Ri com o exagero dela.

“Calma, ok. Vamos comer e eu te conto. Não como nada desde as 8h.” Ela me deu uma cara fingida de desconfiada, mas aceitou minha sugestão.

Entramos no carro e pouco minutos depois estávamos no restaurante. Fizemos logo o pedido, e ela começou o “interrogatório”. Contei como tinha conseguido a vaga, deixando-a chocada com a minha sorte.

“Só aconteceu de eu estar no lugar certo na hora certa.”

“Isso parece acontecer com você frequentemente”, ela disse piscando para mim e segurando minha mão por cima da mesa.

Eu meio que já havia me acostumado com esses súbitos momentos carinhosos dela em público. Não me faziam mais ficar vermelho, mas meu coração acelerava de um jeito bom.

“Tem razão”, eu concordei e apertei levemente sua mão por cima da mesa.

De repente ela fez uma expressão um pouco confusa e me encarou, muda. Estranhei.

“O que foi?”

“Nada… é que… a gente está namorando?” Copiei sua expressão confusa.

“Estamos. Estamos?”

“Estamos”, ela confirmou, mais firme.

“Estamos”, concordei.

Nos encaramos por alguns segundos antes de cairmos na risada.

“Mas, falando em namorar”, ela começou, com uma expressão maliciosa, “eu tinha pensado em te perguntar isso, mas acabei esquecendo. Você viu os olhares que os seus melhores amigos estavam trocando no show de segunda?”

“Lizzy e Chris? Era bem óbvio né? Eles se gostam há milênios, mas são muito teimosos para admitir ou fazer alguma coisa. Eu já dei um empurrão, mas vou ficar na minha de agora em diante.”

“Lizzy me contou sobre o desentendimento dos dois, e eu tinha ouvido algo do Daniel, mas ela nunca me contou como se acertaram. Você sabe?” Sorri, meio sem graça.

“Sei. Na verdade, foi esse o meu empurrão. Conversei com os dois separadamente. Uma semana depois deu resultado.” Ela me olhou, aparentemente impressionada.

“Nossa. Cupido hein.” Ri e neguei.

“Cupido bem ineficiente. Por mim eles já estariam juntos; me daria menos dores de cabeça”, falei, mas logo percebi meu erro. “Ah, desculpe. Sei que seu irmão gosta da Lizzy.” Ela balançou a cabeça.

“Ele tem os sentimentos dele, e Lizzy tem os dela. Se Lizzy gostasse dele estaria com ele. Daniel tem que aprender que não pode ter tudo.” Assenti, distraído.

“Verdade. Só espero que tudo se resolva.”

“Também espero. Mas, mudando de assunto de novo, agora que você vai ser uma pessoa ocupada, temos que marcar um dia no fim de semana para você ir na minha casa.”

“Fato. Pode escolher o dia. Sempre estou desocupado no fim de semana.” Ela pensou um pouco e pareceu ter uma ideia.

“Podia ser no próximo sábado. Daniel vai ter que fazer uma viagem e só voltará no domingo. Pode ser?”

“Claro.”

“Ótimo. Estarei ansiosa.”

Sorri e afaguei seu rosto, sabendo que não ficaria ansioso. Já estava.

***


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Notas finais do capítulo

Não me aguento em mim de tanto orgulho desse menino!
Ele merece reviews, não é?
^^



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