Rosa. escrita por Hi Hiddy


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero muito que gostem. xD



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É uma verdade universal que qualquer toque de despertador depois de duas semanas se torna a melodia mais irritante de toda a galáxia. Quando as primeiras batidas de Take on Me começaram a soar às cinco da manhã, tudo o que a garota coberta por três lençóis quentinhos queria fazer era destruir em milhões de pedacinhos o seu celular. No entanto, ela não era uma mutante – não ser o Magneto era uma das suas maiores tristezas. E não tinha dinheiro para comprar um novo aparelho, pelo menos não agora.

Com uma raiva repentina ao se lembrar do acontecimento do dia anterior, onde a irmã petulante à fez fazer os pedidos no drive-thru sabendo do desespero de Ninfadora ao falar com estranhos, se levantou derrubando todos os ursinhos e se dirigiu cambaleando ao banheiro. Não se assustou quando se deparou com o cabelo cacheado espetado em todas as direções possíveis, mas quando viu uma pequena mancha preta no seu queixo prendeu a respiração.

Ah, Deus, eu vou morrer. Ela pensou enquanto encarava seu rosto. Câncer, certamente era isso. Ela sabia que o médico que fez o seu backup semestral não era confiável. Se tivesse descoberto isso antes a menina poderia ter feito um tratamento, ou aproveitado o seu pouco tempo de vida fazendo tudo o que queria antes de ter seu último suspiro. Invadir um café de madrugada, beijar o Tom Hiddleston e maratonar O Senhor dos Anéis era alguns itens da imensa lista.

Com as mãos trêmulas a menina jogou uma boa quantidade de água no rosto limpando a manchinha de chocolate deixada por aquele kit kat que comeu antes de dormir. Ela estava acostumada com esses pensamentos loucos que surgiam em sua cabeça sobre doenças que ela supostamente não tinha. Mas nos últimos tempos tentava ao máximo evitá-los, já que sua mãe havia começado a pegar no seu pé para deixar essas loucuras hipocondríacas e virar uma jovem normal.

Não era de seu feitio acordar tão cedo assim. Já que a escola só começava as oito ela havia se acostumado a dormir até mais tarde – sete horas ao seus olhos era o horário ideal para acordar, dormir até não aguentar mais era jogar fora preciosas horas de sua vida – mas como tinha que revisar o seu trabalho de literatura, uma analise psicológica dos personagens de O Grande Gatsby, decidiu madrugar e adotou o visual zumbi mesmo. Não é como se alguém na escola, fora seu amigo Charlie, fosse reparar na aparência da garota.

Após ter desperdiçado dois terços da sua pasta de dente – por alguma razão a pasta não ficava na sua escova – Tonks finalmente terminara sem grandes desastres a sua higienização matinal. Com seus cabelos rosa agora domados, ou o máximo que era possível, vestiu sua blusa favorita dos Beatles, colocou sua calça jeans cosplayer de Jessica Jones e calçou seus all star verde. Pegou tudo necessário para a escola e tomou o máximo de cuidado ao fechar a porta e descer as escadas.

Andrômeda Tonks era uma ótima mãe, sempre muito carinhosa e compreensiva, mas se fosse acordada antes das oito o mau humor da mulher seria sentido na China. Então todo o cuidado era pouco para não despertar a fera. Seu pai, Ted Tonks, era o contrário. Acordava cedo desde sempre para fazer café para a filha, no entanto, era muito mais rígido que sua mãe. Até hoje a cor dos cabelos de sua filha o chateavam profundamente.

— Pai! – a menina disse ao entrar na cozinha e o ver em frente ao fogão- Dessa vez se superou, não tinha te avisado que acordaria mais cedo.

— Te conheço na palma da minha mão, cenourinha. – respondeu sorrindo para sua filha – E te ouvi ontem dizendo ao Charlie pelo telefone que revisaria algum trabalho da escola.

Ao sentar na mesa de mármore branco no meio da cozinha e tirar seu caderno de literatura da mochila, Tonks derrubou o saleiro que estava no canto da mesa. Droga, pensou ao levantar e agachar-se para tentar salvar alguma coisa. A regra dos cinco segundos ainda estava valendo, afinal. Todavia, a menina ao descer da cadeira esbarrou seu braço no açucareiro que estava ao lado. Com um resmungo revoltado ela desistiu da missão e chamou seu pai.

Ela estava acostumada com esse tipo de coisa e seus pais estavam mais que acostumados a limpar a bagunça da filha. Seus 15 anos de vida foram repletos de acidentes constrangedores e pedidos de desculpa baixinho. Seu pai limpou o chão e não conseguiu segurar o riso ao ver a face ruborizada da garota.

Seu trabalho estava impecável e não precisava de revisão nenhuma. Mas a garota, com o sonho de se tornar a melhor juíza da Inglaterra, não bobiava com os estudos. Principalmente por querer algo em que o sexo masculino ainda era dominante. Bocejando de sono Tonks comeu seu café da manhã, deu um beijo na testa de seu pai e saiu de casa em direção a parada de ônibus. Claro, não sem antes tropeçar nos degraus em frente a sua casa.

Enquanto esperava seu ônibus ela ligou seu iPod no último volume. A sensação de ouvir Revolution tão alto enquanto observava todos a sua volta era confortante. A visão do mundo com uma trilha sonora ao fundo ficava muito melhor e, apesar de o dia estar nublado e extremamente frio, ela notou que as pessoas ao seu redor pareciam felizes. Ao puxar seu capuz para a cabeça, olhou para a rua que ficava a esquerda do banco onde estava sentada. Era por lá que ele vinha toda manhã, com um agasalho vermelho e a calça jeans meio largada.

Remus Lupin não a conhecia, apesar de estudarem na mesma escola desde sempre, mas a menina tinha certeza que ele era o amor de sua vida. Um garoto quieto, estudioso e engraçado. Perfeito para ela. Mas três anos mais velho. E popular. E com amigos que nunca olhariam para Tonks. Ele nunca olharia para ela.

Lupin parou encostado no banner da parada e não a olhou, como sempre. Estava entretido lendo alguma coisa no celular. A menina reparou que possuía olheiras fundas e seu cabelo estava consideravelmente maior. Ah, como ela queria perguntar se ele estava bem. Tonks o seguiu com o olhar enquanto o mesmo entrava no ônibus. Seus olhos castanhos ficaram ainda mais bonitos quando a luz do sol os encontrou.

— Esse não é o seu ônibus? – A sr. Morgan perguntou apontando para o automóvel.

—Oh! – ela disse levantando e derrubando seus matérias – Obrigada Momo!

Correndo desengonçada enquanto guardava o iPod na mochila, a menina deu um aceno para sua companheira de parada e entrou no ônibus. O cobrador já a conhecia, fazia anos que se viam diariamente, e com um sorriso de bom dia devolveu seu troco.

Ela sentou-se no lugar de sempre: terceira fileira, cadeira do centro. Espiando pelo canto do olho viu o seu amor fechar os olhos e se encostar na janela. Decidiu seguir seu exemplo e deixou de pensar em como as mãos dele pareciam se encaixar nas dela.


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Notas finais do capítulo

Beijos :D e... reviews?



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